A Ocupação e a Preservação do Vale do Paraíba: Ontem, Hoje e Amanhã
Resumo: O texto desta semana faz uma comparação entre o passado, o presente e o que se espera para o futuro de nosso Vale do Paraíba, considerando a situação que se produziu, ao longo de sucessivos erros no processo de ocupação do espaço regional. Fica claro que a região ainda pode atingir alto grau de desenvolvimento sustentável, entretanto tudo dependerá das ações políticas ambientais que forem tomadas, principalmente agora que compomos uma região metropolitana. Essas ações têm que seguir critérios rígidos de ocupação visando a sustentabilidade do Vale do Paraíba. Por outro lado, é fundamental que as posições assumidas e as posturas tomadas na região não sejam ações isoladas, porque há necessidade de que essas ações sejam promovidas, divulgadas e se possível multiplicadas por outras regiões, a fim de que se possa vislumbrar e tentar garantir cada vez mais a sustentabilidade ambiental planetária.
A Ocupação e a Preservação do Vale do Paraíba: Ontem, Hoje e Amanhã
Meu objetivo nesta palestra é tentar fazer uma comparação entre a situação ambiental existente no Vale do Paraíba, desde antes da chegada do homem branco até os nossos dias e, a partir disso, fazer uma projeção para a situação futura que poderemos esperar para a região. Farei na verdade uma viagem no tempo, tendo como base o Vale do Paraíba e colocarei aqui o meu sonho de futuro, não apenas para o nosso Vale, como também para todo o planeta Terra. Espero que Deus me ajude no desenvolvimento de minhas ideias e que os senhores possam acompanhá-las e assim, possam compartilhar do meu raciocínio.
COMO ERA O VALE DO PARAÍBA ONTEM?
- Antes da chegada do homem branco, cerca de 90% do Estado Primitivo da região do Vale do Paraíba do Sul era composto de Florestas. A Mata Atlântica Primária ocupava a grande maioria das áreas da região, mas existiam algumas áreas abertas de campos e campinas. Obviamente anda não existiam espécies exóticas na região.
- A ocupação antrópica era apenas da comunidade Indígena. Até a chegada do homem branco existiam várias grupos de Índios da tribo dos Puris espalhados pela região, desde o que hoje é a cidade de São José dos Campos até Bananal, adentrando por Resende já no Rio de Janeiro, porém todos os grupos continham populações relativamente pequenas.
- As Águas estavam em excelentes condições, livres de poluição. Havia grande diversidade de fauna ictiológica. Conta à história que os Puris eram bons pescadores e que a pesca era sua principal fonte de alimento. Além disso, havia ausência total de contaminantes e certamente havia muita luminosidade, muitas algas e muita fotossíntese, o que garantia grande quantidade de oxigênio disponível.
- A Fauna e Flora estavam quase que praticamente Intocáveis. As Florestas eram exuberantes e densas, por conta disso podiam abrigar grandes Populações de Animais. As Comunidades Biológicas (Biocenoses) eram ricas e os Ecossistemas naturais eram complexos e com alta biodiversidade.
- A Geologia era primitiva e natural, era um retrato da evolução e da geodinâmica que o planeta desenvolveu no local. Isto é, a Formação Geológica do Vale do Paraíba era aquela que a natureza havia desenhado ao longo a Evolução. As Intempéries eram fatores regulados pela própria natureza, que da mesma forma que destruía, também corrigia e reconstruía. Por pior que fosse a catástrofe, o seu limite dimensional era compatível com a resistência natural.
- O Solo da região era saudável o suficiente para garantir a vida nos ambientes terrestres e enriquecer bastante os ambientes aquáticos, quando carreado para os cursos d’água. Não havia nenhum tipo de contaminação dos solos e por isso eles eram capazes de manter a vida em qualidade e quantidade.
- O Ar era límpido e quase totalmente puro. Não existiam sustâncias estranhas no ar, quando muito uma queimada natural liberava um pouco mais de CO2 e alguma fuligem, mas não existiam outros contaminantes e poluentes químicos.
- A Poluição não existia e os Ecossistemas estavam certamente bem equilibrados. Tudo que existia de vivo era consequência do Estágio Clímax Natural das Comunidades Biológicas existentes na região. Não havia nenhum tipo de agente biológico estranho.
- A Exploração dos Recursos Naturais era muito pequena. Havia caça e pesca, retirada de rochas e derrubada da mata, mas tudo em doses homeopáticas e pouco significativas. O Impacto Ambiental Antrópico sobre a região, embora já existisse, era praticamente desprezível.
- Além de tudo disso, havia tempo e havia espaço suficiente para corrigir possíveis danos ambientais. Mesmo que se produzisse algo de significativo impacto ambiental negativo, existia possibilidade de recuperação natural, porque todos os ecossistemas estavam em condições de se recuperar naturalmente.
COMO ESTÁ O VALE DO PARAÍBA HOJE?
- Mais de 90% de áreas naturais degradadas e quase totalmente sem florestas. Pouquíssimas Florestas naturais e grandes áreas plantadas com essências exóticas. Introdução de diferentes culturas agrícolas de diversas origens, além de áreas de pastagem com Brachiaria e áreas de reflorestamento com Pinus e Eucaliptus.
- A ocupação foi feita e continua sendo desordenada e sem critério, com a maioria das populações nas margens dos rios, em particular do Rio Paraíba do Sul, calha maior da região e por isso mesmo principal componente da Bacia Hidrográfica. Hoje a população do trecho paulista do Vale do Paraíba é superior a 2 milhões de habitantes. As cidades não crescem, porque a qualidade de vida piora progressivamente, entretanto essas cidades incham sem a infraestrutura necessária para suportar o aumento populacional inconsequente. 3. A Água está extremamente contaminada em vários locais, principalmente por conta do Esgoto Orgânico das cidades, mas ainda com altos padrões de toxicidade química em algumas áreas, inclusive com a presença de metais pesados. Há uma baixa diversidade faunística e florística nos ambientes hídricos. Pouco oxigênio disponível, com a taxa de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) chegando algumas vezes a 0% em vários locais da região. Alguns córregos e riachos que atravessam áreas urbanas estão totalmente mortos. 4. A Fauna e Flora quase que totalmente modificada pela introdução de inúmeras espécies exóticas para os mais diversos fins, muitas das quais já dominaram os ambientes locais e hoje são selvagens, pois se naturalizaram. Florestas pobres e frágeis e pequenas populações animais. As Comunidades Biológicas (Biocenoses) são pobres e os Ecossistemas estão pouco diversificados.
- A Geologia mudou tanto fisionômica quanto fisiograficamente. Derrubamos montanhas, abrimos túneis, destruímos pedreiras, retiramos minérios, secamos nascentes, represamos rios, mudamos os cursos de rios, criamos e destruímos lagos, fizemos transposições de águas. Agora mesmo estamos construindo novas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) absurdas na região e discutindo a possibilidade de mandarmos água de nossa Bacia Hidrográfica para a região metropolitana da capital do estado. Por conta desses absurdos, as intempéries agora são extremamente destruidoras e incontroláveis.
- O solo está quase totalmente perdido, degradado, compactado, contaminado e envenenado. Os microrganismos que lhe davam vida perderam-se por conta do mau uso e da destruição por conta de práticas agrícolas errôneas e infundadas, que aconteceram ao longo do tempo e que infelizmente ainda acontecem atualmente. Monocultura e Mineração ainda são palavras chaves no pensar de muitos e com isso o processo de desertificação já é realidade em algumas áreas.
- A qualidade do ar está bastante comprometida em algumas áreas, principalmente nas imediações das zonas industriais das cidades, onde há locais com grande acúmulo de poluentes atmosféricos, mormente no trecho compreendido entre os municípios de Jacareí e Pindamonhangaba. As chuvas ácidas já ocorrem e o aumento da concentração de poluentes ao longo da via Dutra e nos centro urbanos das cidades maiores, em consequência da fumaça produzida por veículos, já é uma perigosa fonte de doenças respiratórias. Não bastasse isso, somos a maior concentração bélica do país e a Via Dutra é o local de tráfego diário de inúmeras cargas perigosas e ainda por cima estamos dentro dos limites de abrangência de qualquer acidente Nuclear que possa ocorrer nas Usinas de Angra dos Reis.
- Hoje, além da poluição, os ecossistemas naturais estão todos desequilibrados, degradados e descaracterizados. Poucos são os remanescentes de áreas naturais e mesmo o ambiente antrópico construído encontra-se em condições precárias à qualidade de vida. A modificação ambiental é extremamente degradante e muitos organismos já se extinguiram precocemente na região. Os agentes estranhos (poluentes e contaminantes) lamentavelmente estão em todos os ambientes naturais e construídos, muitas vezes em níveis perigosos à saúde e alarmantes ao ambiente como um todo.
- A Exploração dos Recursos Naturais quase que exauriu todas as fontes que estão limitadas as Áreas de Preservação Permanente (APP) e algumas Unidades de Conservação Integral e de Uso Sustentável. O Impacto Ambiental Antrópico tem sido danoso, violento e tem causado muitas complicações, a maioria das quais, produziu mudanças irreversíveis sob vários aspectos. Mudamos praticamente toda a natureza da região. 10. Agora não há mais tempo e muito menos espaço para nada. Temos que pensar e fazer o Desenvolvimento Sustentável ou então pereceremos. Não há mais como os ecossistemas se recuperarem por si só. E mesmo com toda capacidade Tecnológica que hoje temos a nossa disposição é impossível recuperar tudo, até porque há coisas que não existem mais. Além disso, também seria impossível para nós, humanos modernos, retroagirmos aos modelos e mecanismos do homem primitivo. Temos que viver e conviver com a realidade que está aí estampada e mudá-la progressivamente para melhor. A qualidade de vida não pode ser diletantismo, ela tem que ser a meta que norteará a construção da nova realidade.
COMO DEVERÁ SER O VALE DO PARAÍBA AMANHÃ?
Não é mais possível retroagirmos e voltarmos às condições primitivas e creio eu que, nós também não queremos e nem devemos de forma alguma pensar dessa maneira, mesmo que fosse possível essa retroação. Ao contrário, nós temos que acreditar no homem, na sua inteligência e no seu poder criador e por isso mesmo, temos que admitir que a mesma Ciência e Tecnologia que nos trouxe ao atual estado de coisas, deverá ser também quem nos permitirá sair dele. Não queremos a volta às cavernas.
Nesse sentido vale a pena lembrar o saudoso Chico Xavier, quando ele disse que: “é impossível voltar no tempo e fazer uma novo começo, mas é possível [e bastante viável] modificar o rumo da história e produzir um fim diferente daquele que se anuncia”. Acredito que nós somos os próprios construtores de nossa história e podemos transformá-la da forma como quisermos.
Sendo assim, acredito que só existem duas formas distintas e bastante antagônicas de imaginarmos o Vale do Paraíba do Sul do futuro: Uma delas, numa visão pessimista e a outra numa visão otimista. A escolha é nossa, pois, como eu já disse, somos, além de atores, também os agentes de nossa história e da história próxima passada desse planeta que nos abriga.
Aliás, sempre é bom ressaltar. A opção sempre foi nossa, pois o homem é a única espécie capaz de mudar parcial ou totalmente a realidade a sua volta e desta forma, também é a única espécie capaz de planejar e desenvolver o seu futuro planetário. Portanto, se há um culpado pelo atual estado planetário, esse culpado é o homem como espécie.
Se nós somos os responsáveis pelos problemas, então também devemos ser capazes de, pelo menos, tentar soluções. Sendo assim, criaremos então os dois cenários para a resolução dos problemas de nossa região.
No primeiro cenário o Vale do Paraíba é parte integrante de um todo maior. Aliás, é uma pequeníssima parte desse todo maior chamado Planeta Terra. Nesse cenário não é possível resolver nada por aqui, se o todo não começar a se resolver também. Qualquer evento isolado é paliativo e não resolve o problema algum, embora até possa minimizar momentaneamente os efeitos do problema. Infelizmente não está parecendo que a maioria dos dirigentes dos diferentes países do mundo esteja pré-disposta a tentar mudar a cara do planeta.
Se até existem alguns humanos que estão propensos a melhorar a qualidade de vida, infelizmente muitos ainda não caíram na realidade ou não querem admiti-la e agem como se nada estivesse acontecendo com o planeta. A preocupação da grande maioria dos humanos continua sendo única e exclusivamente econômica. É de estarrecer, mas infelizmente o dinheiro ainda está acima de tudo na cabeça das pessoas.
Desta forma, não vai adiantar muito fazermos alguma coisa aqui no Vale do Paraíba, porque o planeta parece estar fadado a assumir condições piores e certamente o homem como espécie não sobreviverá a isso. Nem aqui e nem em nenhum outro lugar do planeta. Neste cenário, só nos resta o fim e a extinção compulsória de nossa espécie.
Isso é muito forte e nós, seres humanos sensatos e preocupados com a nossa espécie, não podemos nos dar o direito de nos acomodarmos com isso e de simplesmente esperarmos o fim, como verdade compulsória e única dos próximos e prematuros tempos. Não dá para ficar daquela forma como diz o ditado: “se é inevitável, então relaxe e goze”. Não, mil vezes não! Por mais que se pareça inevitável e irreversível o quadro atual, eu não quero acreditar nisso. Não vou ficar esperando a morte chegar, sem tentar mudar essa realidade. O homem tem que reagir e como eu mesmo já disse e publiquei numa outra oportunidade: “nossa espécie não pode morrer tão jovem, dentro de um universo tão velho” (LIMA, 1995).
Desta maneira nos sobra apenas e tão somente a segunda solução possível, que embora pareça mais difícil, tem que ser aquela que abraçaremos e tem que ser aquela que dará certo e que nos levará a continuar essa caminhada evolutiva pelo nosso planeta azul. Entretanto, só existe um mecanismo capaz de nos permitir a chegada nessa meta. Esse mecanismo denomina-se SUSTENTABILIDADE ou DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Palavra que já está vulgarizada e gasta, mas cujo sentido ainda não foi entendido pela maioria das pessoas que a utiliza. Para somar a mídia ainda reforça progressivamente o conceito errado e ajuda a desinformar cada vez mais as pessoas (LIMA, 2005). Mas, como faremos para chegar à verdadeira Sustentabilidade?
Bom, primeiramente vamos tentar definir o que deve ser entendido como sustentabilidade de maneira mais ampla possível. De maneira simples a sustentabilidade consiste em garantir um mundo melhor para as gerações que ainda vão nascer e para garantir isso ela está embasada em três aspectos (pilares) fundamentais: o ecológico, o social e o econômico, nessa ordem. Pois então, a Sustentabilidade é por isso mesmo, um negócio extremamente diferente de quase tudo que temos visto até aqui, porque para agir sustentavelmente temos que pensar de outra forma, que é bastante distinta daquela que estamos acostumados a pensar, pois temos que sair do pensamento estritamente econômico. Isto é, o componente econômico até continua existindo, mas ele é o terceiro na ordem de importância.
A sustentabilidade também é algo bastante complexo porque envolve um alto grau de ações, as quais estão relacionadas com todas as atividades humanas produzidas na sociedade e no planeta. Por fim, sustentabilidade e um mecanismo extremamente abrangente porque engloba e interfere em todas as áreas e todas as coisas que o homem como espécie biológica viva atua, tanto no nível natural, quanto social.
Em suma, sustentabilidade é uma atividade que requer uma nova visão de mundo, uma nova Cosmologia e assim exige mudança de Filosofia, de Comportamento e de Conduta nos seres humanos. Na opinião de alguns cientistas a sustentabilidade é algo tão estranho a maioria dos nossos modelos de civilização que acaba por ser utópica, ou seja, é impossível de existir e de aplicar esse conceito genérica e generalizadamente. Entretanto, temos que buscá-la a qualquer preço. Temos que caminhar atrás dessa utopia, pois só ela pode nos conduzir ao futuro e aos dias melhores que queremos dar as gerações vindouras.
Numa visão mais simplista sustentabilidade quer dizer que: precisamos nos tornar um só.
Teremos que nos tornar numa grande colônia que tudo fará para continuar vivendo nesse planeta que nos abriga. Seremos um imenso organismo colonial. Isto é, seremos, a partir de agora, pouco mais de 7 bilhões de humanos agindo e pensando em continuar, em seguir em frente e evoluir, trabalhando efetivamente para que isso seja possível. É claro que muitos organismos da colônia naturalmente irão morrer como acontece em qualquer colônia, mas a colônia como um todo sobreviverá e assim terá continuidade futura. Esse deve ser o nosso objetivo fundamental.
Temos que mudar o nosso pensamento, mas para tanto, temos que acreditar que isso é verdadeiramente possível. Temos que entender que qualquer um de nós é parte de um todo maior e essa será a nossa grande mudança filosófica. O mundo não se esgota em mim, porque eu sou apenas e tão somente uma pequeníssima partícula dentro do universo populacional da humanidade que constrói a grande colônia humana no planeta. O outro, humano ou não, também sou eu, porque eu dependo dele, ele depende de mim e o planeta depende de ambos. O respeito ao outro ser vivo é fundamental, independente de quem seja ele, o planeta depende de sua existência, senão a evolução não teria permitido que ele sobrevivesse.
Temos que sair do egoísmo e esquecer certos valores falsos que nos foram estabelecidos e que infelizmente cultivamos e aprimoramos ao longo da história por várias causas distintas que não cabe serem discutidas aqui. Infelizmente, muitos desses valores estão arraigados ao nosso comportamento. Doravante deveremos pensar, partindo do pressuposto que o único valor real que existe é a vida e todo resto é efetiva e infinitamente menos, talvez nada, importante. Temos que priorizar a vida antes de qualquer coisa.
Concluída essa primeira etapa de pensar diferente, teremos que começar realmente a fazer diferente. Não apenas eu ou você, mas todos nós, seres humanos, teremos que fazer diferente do padrão habitual. Não pode haver divisão e nem interesses diversos no mundo. Praticar aquilo que seja bom para a vida tem que ser a meta da humanidade.
Todos nós teremos que trabalhar bastante para que um novo comportamento humano surja generalizadamente e para que a humanidade pense, queira realmente fazer e faça as coisas de forma diferente e nova, de uma maneira que objetive unicamente a continuidade da vida humana no planeta.
Certamente levará alguns anos para que todos nós possamos nos conscientizar desse fato e partamos para fazer o que tem que ser feito conjunta e coletivamente. Quando esse tempo chegar e ele terá que chegar necessariamente, aí sim é que começaremos a mudar a cara do mundo. Entretanto, sempre haverá algumas caídas e recaídas. Temos que estar atentos a nossa meta e não podemos esmorecer. Alguém já disse que “a carne é fraca”, mas nós teremos que ser fortes o bastante para que, mesmo que alguns busquem o retorno ao atual “status quo”, a maioria de nós não poderá fraquejar. Temos que estar cientes de que só poderemos continuar nossa história evolutiva se seguirmos em frente no novo padrão.
Ao longo do tempo e certamente levará muito tempo, chegará o dia em que finalmente teremos criado todos os hábitos que precisamos ter para garantir nossa existência planetária. Nossa conduta coletiva estará efetivamente mudada para melhor. Isto é, chegará o dia em que a sustentabilidade sonhada deixará de ser sonho e que a utopia terá virado realidade.
Com certeza, isso só dependerá única e exclusivamente de nós. Talvez, precisemos apenas acreditar mais em nós mesmos e entendermos que é essa crença efetiva que está faltando à humanidade. O homem acreditando cada vez mais no próprio homem.
Como disse Einstein só há duas formas de pensar a respeito dos milagres: “uma é admitir que milagres não existem e a outra é admitir que tudo o que existe são milagres”. Temos que nos apegar de todas as formas e acreditar nessa segunda linha de raciocínio, independentemente do credo que cada um de nós possa ter, deveremos acreditar que os milagres existem e entender que somos os únicos seres capazes de manifestar o milagre maior, que é traçar a nossa existência e o nosso futuro aqui na Terra.
Meus amigos, num seminário sobre sustentabilidade, talvez eu esteja sendo utópico demais em minha fala, mas podem acreditar, eu acho que isso mesmo que está faltando. Falta um pouco mais de utopia para a nossa triste e cruel realidade cotidiana. Jamais conseguiremos mudar a nossa realidade se não sonharmos com essa possibilidade.
Somos seres superiores como verdade biológica, mas, precisamos nos mostrar superiores nos demais ramos de atividade. Temos que ir além da realidade biológica e, pelo que tenho percebido, só o sonho pode nos levar a isso. A humanidade e o planeta Terra nunca dependeram tanto do Homo sapiens quanto nesse momento, em que vivemos uma crise ambiental extremamente perigosa e sem precedentes históricos, mas que muitos de nós, pelas mais diversas justificativas infundadas, insistimos em não acreditar que existe.
Precisamos sonhar e torcer para que tudo acabe bem. Acreditemos nisso, pratiquemos o nosso sonho e programemos o nosso projeto mundial de Sustentabilidade, de Recuperação Física do Planeta e de Atitude Ética dos Humanos, pois só assim é que conseguiremos ser capazes resolver a maioria dos problemas ambientais da Terra e obviamente também do nosso Vale do Paraíba. Porém, o mais importante disso tudo é que só assim, também seremos capazes de salvar a nossa espécie de uma extinção prematura.
Como biólogo, sou ciente de que a extinção biológica é compulsória para todas as espécies da Terra e certamente ela virá um dia para o Homo sapiens. Entretanto, como ser humano, isto é, como indivíduo dessa mesma espécie, eu quero atuar ativamente no sentido de impedir a prematuridade de nossa extinção e tudo farei para tentar torná-la mais tardia que for possível.
Meus amigos, para encerrar, eu devo dizer que: somente nós, seres humanos, agindo juntos, poderemos impedir que essa tendência da extinção precoce se concretize. E quero também lembrar que alguém já disse a seguinte frase: “quando uma pessoa sonha sozinha, normalmente é apenas mais um sonho, porém, quando muitas pessoas sonham juntas um mesmo sonho, está tendo início uma nova realidade”.
Por favor, senhores, sonhem junto comigo.
Muito obrigado pela atenção.
REFERÊNCIAS
LIMA, L. E. C., 1995. A Transitoriedade do Homem, Revista Ângulo, Lorena, (61):4 – 5, jan/fev de 1995.
(Republicado no www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 25/04/2009).
LIMA, L. E. C., 2005. Sensibilidade X Ciência e o Papel Fundamental da Mídia, www.vejosaojose.com.br/correalima, 05/07/2005.
(Republicado no www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 31/05/2009).
*Palestra proferida no Primeiro Seminário sobre a Sustentabilidade do Vale do Paraíba – FATEA/Lorena/SP – 07 /XI/2009, sendo devidamente modificada e atualizada para esta publicação.
Luiz Eduardo Corrêa Lima
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06/03/2015
O ser humano precisa entender que não precisa de desenvolvimento e/ou de crescimento. Somos mais de 7 bilhões de pessoas… precisamos de contentamento, no sentido de reaproveitar, reutilizar, reciclar e reparar. Como foi citado no texto devemos ter pensamento ético, que para mim inclui agir na micro esfera pensando na todo. Parabéns pelo texto!!! bem bacana! Um abraço!
11/03/2015
É exatamente isso, meu caro Rodrigo.
Muito obrigado pela leitura e pelo comentário.
Um abraço.
Prof. Luiz Eduardo