O Pendrive e a procura eterna
Resumo: Desta feita estou trazendo um problema cotidiano, que está cada vez mais comum na atualidade, trata-se da perda de pendrives. Aproveito o fato de ter acontecido comigo, para tentar fazer um texto engraçado sobre a questão. Considerando que está é uma situação bastante comum, acredito que será possível produzir algumas risadas, porque certamente o leitor irá se lembrar de situações similares já vividas, no que diz respeito a esses pequenos dispositivos eletrônicos.
O Pendrive e a procura eterna
Diz o ditado que: “a vida é uma eterna procura” e eu complemento, principalmente para quem usa um pendrive como instrumento de trabalho. Na vida estamos sempre procurando uma nova oportunidade, a mulher amada, o amigo fiel, um emprego melhor, a casa dos sonhos. Enfim, a vida é realmente uma eterna procura, que algumas vezes chega a um resultado satisfatório e outras vezes não. Mas, no caso do pendrive, a procura é sempre (100%), ou seja, é uma procura eterna, da qual nunca se chega a solução nenhuma. Isto é, o resultado da procura é sempre uma nova procura. Você pode até mudar de procura, mas continuará procurando, com a certeza de que não irá encontrar um resultado final satisfatório para o que deseja. Bom, continuem lendo o texto que eu vou provar para vocês o que estou afirmando.
Antes de qualquer coisa, eu quero aqui deixar a minha declaração de que não tenho nada contra pendrives ou quaisquer dispositivos eletrônicos similares, que, aliás, são objetos fantásticos e extremamente úteis na sua função de guardar a informação. O que eu lamento e o fato de que o sujeito que inventou o pendrive, o qual obviamente tinha apenas a intenção de ajudar a resolver um grande problema das pessoas na vida moderna, nunca pensou na possibilidade de que o mesmo pudesse ser perdido. O pendrive é realmente fabuloso, pois permite reunir todas as informações em um único instrumento, pequeno, leve e capaz de ser transportado facilmente, mas certamente seu inventor nunca imaginou a possibilidade de que um objeto tão pequeno e útil, pudesse acabar produzindo problemas tão grandes, quando ele simplesmente desaparece, fato que é bastante comum, como todos nós podemos comprovar. Quem não perdeu ou não conhece alguém que tenha perdido um desses objetos?
A procura no que diz respeito ao pendrive começa pela procura do próprio pendrive, já que existem centenas de modelos diferentes no mercado, com capacidades de memória também diferentes. Depois disso a procura segue, porque na grande maioria das vezes você não sabe onde ele está, quando há necessidade de encontra-lo. O pior, é que muitas vezes você continua procurando e não achando o dispositivo, porque efetivamente já o perdeu. Há lugares em que o pendrive se esconde tão bem, que é muito pouco provável de ser encontrado. Coisa difícil, por exemplo, é encontrar um pendrive dentro da bolsa de uma mulher. Mas, vamos deixar isso para lá e vamos seguir com o assunto, até porque os pendrives não são os únicos objetos que não são encontrados nas bolsas das mulheres.
Podemos considerar aqui que você foi um sujeito feliz e rapidamente achou o seu “bendito” pendrive, quando precisou do mesmo. A partir desse momento você passa a ter um mundo diferente (o mundo pendrive), um mundo de novas procuras que irão se desenvolver paulatina e progressivamente. Após ler esse artigo, você verá que sua busca poderá ser eterna.
Primeiramente você tem que procurar um computador relativamente novo para introduzir o pendrive, porque as máquinas mais velhas muitas vezes não têm entrada para pendrive. Ao encontrar um computador compatível, você introduz o referido dispositivo na entrada própria do computador (entrada USB) e espera que ele abra, mas nem sempre o que você espera é o que acontece. Ninguém, nem os grandes especialistas em Informática, sabe bem porque, muitas vezes, o pendrive simplesmente recusa-se a abrir e não abre de maneira nenhuma. Bem, então você tira o nefasto dispositivo do computador e insere várias outras vezes sem sucesso, até que você desiste e procura outro computador ou já desiste daquele pendrive e joga ele fora.
Mas, vamos supor que dessa vez não ocorreu nenhum problema e o dispositivo abriu no primeiro computador que você colocou, embora tenha demorado um pouquinho porque o antivírus do computador resolveu fazer uma varredura para ver se o seu pendrive estava limpo de vírus. Mas, continuando, quando você consegue abrir o pendrive você se sente feliz, mas, na verdade, você não está nem na metade de sua procura porque é a partir desse momento, que o “bicho vai pegar” e as coisas vão se complicar muito, porque aí surge aquele outro probleminha: em que pasta está aquele arquivo que eu preciso encontrar? E então, você passa a procurar a pasta certa e abre pasta, fecha pasta, abre pasta, facha pasta e nada. Obviamente você vai ficando nervoso.
É exatamente nessas altura que chega aquele amigo legal, que acha que você é um sujeito muito burro ou pelo menos mais burro do que o normal e diz: “porque você não vai até a procura e digita o nome do arquivo?” E então, você para não mandar seu amigo para a “pqp”, você simplesmente diz o óbvio: “se eu soubesse o nome já teria feito isso”. E desse modo, você segue à sua procura interminável pelo arquivo desaparecido, mas que você tem certeza que está naquele maldito pendrive. Sim, naquele pendrive, porque pendrive é que nem chave, que você tem várias, mas cada uma delas é para uma determinada fechadura e muitas vezes você confunde as chaves e sofre para conseguir abrir as portas. Mas, esse é outro problema, vamos em frente.
Você estava com o pendrive certo, encontrou a pasta certa e finalmente abriu o arquivo certo. Caramba, quanta raridade (certeza) numa frase só. De repente, eureka! O arquivo é aberto, mas você olha, olha e olha e não entende nada, porque o computador abriu o arquivo num programa que não tem nada a ver. Aparece uns símbolos estranhos ou uma linguagem maluca e você não entende nada. Outras vezes, acontece que está tudo quase normal, apenas a formatação é que mudou e aí o arquivo está “apenas” desfigurado e assim não é bem aquilo que você queria, mas quem sabe pode servir ao seu interesse e, ainda que não esteja ótimo, sua procura poderá ter chegado ao fim.
Entretanto, você não é daqueles sujeitos que faz as coisas pela metade, não se conforma com o resultado “meia boca” e resolve melhorar a situação. Bem, aí começa tudo de novo, porque você terá que procurar outro computador para tentar abrir o desgraçado do pendrive. É claro que, dessa vez, você irá sofrer menos, porque você certamente lembra qual é a pasta e o arquivo que você deseja encontrar. Ou será que você, depois de tanto aborrecimento, acabou se esquecendo de tudo? Não, não é possível, você é uma pessoa sensata e se lembra exatamente de tudo, obviamente você não vai sofrer duas vezes ou vai? Bem, deixemos isso de lado e vamos em frente.
Encontrado o outro computador, você aproveita para olhar as horas e observa que já está fazendo mais de meia hora que você está ali tentando abrir um arquivo, o que, em condições normais, levaria apenas alguns segundos. Mas, você encontrou outro computador e novamente inseriu o pendrive no devido local. Dessa vez você não tem dúvidas de que “tudo vai dar certo”, a não ser que…. Pois é, acabou a bateria do “notebook” ou faltou energia no local onde está ligado o “deskbook”. Caramba! Você realmente é um sujeito de pouca sorte ou então Deus está contra você. Nesse momento, você se auto pergunta: porque eu não joguei esse negócio fora quando pude e não comprei logo uma HD externa? Assim, nessa situação difícil, você resolve deixar para depois e desiste momentaneamente de abrir aquele pendrive miserável.
Quatro horas depois ou, quem sabe, no dia seguinte, certamente você já está em outro lugar, dessa vez até com energia elétrica normalizada e você, que também está bem mais tranquilo e quase já havia se esquecido de todo o aborrecimento com aquela situação que deveria ser simples, mas que ficou complicadíssima. Bem, você está claramente mais determinado a resolver a sua pendência e decide que finalmente agora vai abrir o pendrive e resolver todo os problemas. Nesse momento você se toca: pendrive, que pendrive? Você acaba de lembrar que depois de tanta confusão, você simplesmente esqueceu de tirar o pequeno aparelho da última máquina em que o inseriu e aí fica desesperado. “Pqp”, que idiota que eu sou, esqueci de tirar o pendrive do computador! E agora? Meu Deus, minha vida está naquele pendrive, preciso encontra-lo ou o meu mundo vai acabar!
Algumas vezes ainda é possível voltar ao local, outras vezes não e aí você tem que fazer uma série de ligações para perguntar as pessoas se, por acaso, alguma delas viu o seu pendrive ou se alguém conseguiu pegá-lo e guardou para você e assim a coisa se complica cada vez mais. Alguns colocam até anúncio no jornal, no rádio e na TV. Entretanto, você está num daqueles dias de sorte e volta ao local facilmente, mas quando chega lá, o susto é muito maior. Caramba! Cadê o pendrive que estava aqui? Pois então, já era, o seu pequeno dispositivo eletrônico sumiu. É um mistério impressionante a capacidade que esses pequenos dispositivos eletrônicos têm de desaparecer. Pendrive às vezes parece coisa do diabo! Quem já teve a infeliz oportunidade de perder algum pendrive, sabe muito bem o que estou dizendo.
Agora sua vida está realmente destruída, seu pendrive, com todos os seus trabalhos, seus compromissos e seus segredos desapareceu e sabe lá na mão de quem foi parar. E se tiver algo comprometedor dentro dele? Em algumas situações, algumas pessoas começam até a pensar no suicídio, porque perderam o pendrive, no qual existiam informações comprometedoras. Mas, você não é esse sujeito e vai conseguir superar, pela terceira vez, essa grande perda, apesar do objeto ser pequeno. Além disso, você reflete bem sobre a questão, depois de passar três noites sem dormir, pensando no pendrive e nos possíveis locais onde ele possa estar ou nas pessoas que podem ter ficado com ele.
Finalmente você conclui, que o pendrive é uma porcaria, um objeto muito pequeno e que o pendrive ideal deveria ser como um tijolo, porque aí, nem você e nem ninguém conseguiria mais perder esse tipo de dispositivo. Isso, certamente irá gradativamente satisfazendo o seu ego, porém, efetivamente, não resolverá a situação e você continuará sempre pensando: onde estarão os meus pendrives perdidos? Quem é o “fdp” que encontrou o meu pendrive e não me devolveu? E você seguirá sua vida na eterna busca dos pendrives perdidos.
Essa coisa de perder pendrive está tão comum, que tem um amigo meu que já define felicidade como sendo: “o reencontro ocasional de um pendrive, após uma semana de tê-lo dado como perdido”. Segundo esse meu amigo, reencontrar um pendrive perdido é o êxtase, embora seja algo muito raro, quase impossível, algo apenas comparável a possibilidade de fazer um político petista falar uma verdade.
Algumas vezes, embora também seja raríssimo, você consegue, através de causas estranhas e milagrosas, encontrar o pendrive, que por acaso tinha resolvido se esconder de você, dentro da bolsa de sua mulher. Certamente ela irá jurar que não colocou o “aparelhinho nojento” dentro da sua bolsa e deste modo aquele “pendrive atrevido”, deliberadamente, quis se esconder dentro da bolsa. Obviamente você não vai discutir sobre o absurdo, porque senão ela é capaz de jogar o coitado do pendrive dentro da panela de pressão, cozinhá-lo junto do feijão e jurar que: “esse objeto que você procura nunca existiu”. E é aí, que você está definitivamente ferrado.
Então, é nesse momento que você relaxa e descobre que a felicidade efetivamente existe, porque, além de achar o pequeno objeto, você ainda consegue deixar sua mulher sem razão e sem nenhuma condição de reclamar, porque o pendrive esteve o tempo todo na bolsa dela. Entretanto, algumas vezes ela ainda vai tentar explicar que, na verdade, ela estava guardando o dispositivo para que você não o perdesse ou que fez tudo de propósito para que você percebesse claramente a importância do pendrive e tomasse o devido cuidado para não permitir que ele sumisse. Mas, como eu disse, essas duas coisas: você reaver o pendrive e sua mulher não reclamar, são realmente muito raras.
Conclusão, depois de uma semana de muito sofrimento, sem o pendrive e ouvindo sua mulher dizer que você é um irresponsável e relaxado. Além disso, com a absoluta certeza de que aquele objeto importante não retornará mais ao seu convívio, como ninguém é de ferro e como na vida moderna, nem você e nem ninguém consegue viver mais sem um pendrive, sua providência final é começar tudo de novo. Assim, você entra na loja de materiais eletrônicos mais próxima e “vai tentar comprar” um novo pendrive, no qual burramente você vai, mais uma vez, colocar toda sua informação útil e necessária, até a próxima perda e a consequente procura.
A propósito, eu disse “tentar comprar”, porque nem sempre você consegue, haja vista que muitas vezes você tem que procurar por várias lojas, pois muitas pessoas já chegaram na sua frente e compraram todo o estoque de pendrives disponível, exatamente porque essas pessoas também já haviam perdido os seus respectivos dispositivos.
Luiz Eduardo Corrêa Lima
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