O Poder e a Realização no Ambientalismo
Resumo: Nesse artigo, apresento minha proposta para aqueles que têm real e efetiva preocupação com a vida no planeta, visando as eleições municipais que acontecerão em outubro de 2020. Posso estar errado, masconto aqui um pouco da história, que tive a oportunidade de viver na luta pela regulamentação de minha profissão, que completou 40 anos de legitimidade no país. Estou certo que os jovens e futuros colegas de profissão, principalmente os meus ex-alunos, vão gostar de conhecer um pouco mais dessa história. Desta forma, leiam, reflitam, discutam e divulguem.
Certamente a grande maioria das pessoas já se viu numa situação em que teve que se espremer entre a necessidade de realizar alguma coisa e o poder para efetivamente fazer o que era necessário. Pois então, a falta de poder muitas vezes (quase sempre) acaba impedindo a possibilidade de realizar alguma coisa. Por outro lado, esse fato acaba por trazer grande frustração e sofrimento. É claro que essa é uma situação muito comum, que, como já foi dito, lamentavelmente muitas pessoas têm vivenciado.
Por isso mesmo é que resolvi escrever um pouco sobre esse tema, tentado fazer um paralelismo entre essa situação de necessidade do poder e da terrível situação atual, referente à questão ambiental planetária que todos nós estamos presenciando. Infelizmente a imensa maioria da humanidade não detém o poder para tentar resolver os problemas ambientais e os poucos que até são possuidores desse poder necessário, não parecem estar preocupados com a questão.
Em suma, a situação atual é a seguinte: enquanto muitos dos que podem nada fazem, porque não sabem como, ou não conseguem, ou mesmo não querem fazer nada; os que sabem e querem fazer alguma coisa, como não têm poder, também não conseguem fazer absolutamente nada. Das duas uma: ou o poder está em mãos erradas ou há verdadeiramente um grande desinteresse dos “donos do poder” em resolver questões ambientais, porque provavelmente, para eles, essas questões não são importantes, haja vista que muitas vezes elas acabam atrapalhando os interesses escusos dos poderosos picaretas.
Desta maneira o cenário global que temos, consiste numa ampliação progressiva das questões problemáticas ambientais, numa situação cada vez mais desoladora e perigosa, cujas perspectivas de melhoras ficam lamentavelmente sempre mais difíceis e longínquas. As questões ambientais trazem no seu bojo a ideia errônea e infeliz de que ajudar o meio ambiente é perder tempo e principalmente dinheiro e esse tipo de perda sempre desagrada a quem tem o poder e os incautos que ainda acreditam que “o dinheiro é a solução para tudo”. Então, como é possível resolver essa triste e descabida situação?
As possibilidades de solução envolvem direta e indiretamente alguns aspectos e pelo menos algumas perguntas contundentes. A primeira delas é como fazer para colocar o poder nas “mãos certas”? E depois de colocar o poder nessas “mãos certas”, num segundo momento, deveremos efetivamente questionar o seguinte: como será possível fazer para começar a solucionar os problemas? Isto é, como devemos proceder para não continuar produzindo mais problemas, que só ampliam o nível da desgraça e realmente começar a resolver as questões, sem criar outras que possam ser entendidas como mais importantes? Em suma, como demonstrar e convencer à comunidade, que os problemas ambientais são realmente aqueles que mais importam a todos?
Essas perguntas necessitam ser respondidas para que se possa colocar um final no crescimento continuado dos problemas ambientais planetários. A primeira das perguntas tem a ver com a eleição de pessoas vinculadas e preocupadas com o Meio Ambiente e a Qualidade de Vida no planeta. Essa primeira questão já está sendo resolvida em muitos países, na medida em que cada vez mais se elegem pessoas manifestamente envolvidas direta ou indiretamente com a questão ambiental. Entretanto, países como o Brasil, ainda não estão caminhando nessa direção e os políticos eleitos raramente têm qualquer compromisso significativo com o Meio Ambiente. Aliás, no Brasil, infelizmente os políticos depois de eleitos, costumeiramente não têm mais compromisso com quase nada e fazem o querem sem dar a mínima importância à população que os elegeram.
Assim, do ponto de vista teórico, para começar o trabalho, basta apenas votar em candidatos ligados à causa ambiental, independentemente de Partido Político, pois existe uma necessidade grande e premente de que sejam escolhidos candidatos com essa vocação e esse perfil. Mas, também é necessário analisar bem e ter cuidado para não servir de cobaia para os oportunistas de última hora, que sempre aparecem querendo tirar proveito da situação. Não se impressione com o Partido Político, já que existem alguns deles que até trazem a premissa ambiental manifestada no próprio nome. Porém, lembre-se que você irá votar em alguns sujeitos (candidatos) que, por força constitucional, necessitam de um Partido, ou melhor de uma sigla política, para serem candidatos.
Entretanto, é preciso estar atento de que, isso não quer dizer que esse sujeito tenha, de fato, qualquer compromisso com a sigla escolhida. Não se esqueça que, aqui no Brasil, na grande maioria das vezes, a sigla política é mera contingência, que serve apenas para cumprir algumas formalidades processuais e não há nenhum compromisso efetivo do candidato com ela. Assim, observe bem a história pregressa do candidato, antes de votar nele, para não correr o risco de se arrepender depois. É bom lembrar que, em tempos de eleição sempre aparecem os ambientalistas por contingência política ou por interesse momentâneo de votos.
A segunda pergunta será resolvida a partir da cobrança efetiva das políticas públicas que deverão ser propostas e estabelecidas pelos candidatos depois de eleitos, haja vista que, ao elegermos esses candidatos, nós colocamos o nosso poder pessoal nas mãos deles e precisamos ter certeza que eles irão utilizar esse poder no interesse maior do Meio Ambiente e da Qualidade de Vida. Se assim acontecer, começaremos a minimizar os problemas e poderemos começar a partir para impedir que novos problemas possam surgir.
Nenhum de nós individualmente detém o poder, mas todos nós coletivamente, somos poderosos se fizermos escolhas certas e exercermos as pressões devidas. Assim, se elegermos as pessoas envolvidas com a questão ambiental e se acompanharmos e cobrarmos o trabalho político e administrativo desses nossos candidatos depois de eleitos, poderemos ter sucesso na nossa empreitada pela causa ambiental. Participação política e exercício de cidadania são fundamentais para que possamos atingir os nossos intentos. Não podemos esquecer que político é movida à pressão e que não há pressão maior do que a do próprio eleitor.
Daqui a pouco mais de um ano teremos novas eleições municipais e, sempre é bom lembrar que “tudo acontece exatamente no município”, como já dizia o saudoso Governador André Franco Montoro. Pois então, o município é a menor esfera do poder e consequentemente também é a que mais sofre, porque é no município que as coisas efetivamente acontecem. Ou seja, é o município quem mais sofre com os problemas. Deste modo, nós devemos, desde já, estabelecermos um trabalho na escolha de candidatos que se adequem àquilo que estamos pretendendo e não podemos fazer concessões absolutamente nenhuma. Os votos têm que ser destinados para candidatos verdadeiramente vinculados à causa ambiental, ou então continuaremos a caminho da extinção, porque se as coisas continuarem como estão, resta pouquíssimo tempo para a humanidade continuar existindo no planeta Terra.
A realização daquilo que queremos, nos posiciona em duas situações antagônicas: ou nos tornamos candidatos e nos elegemos ou votamos em alguém que sabemos que irá trabalhar pelas nossas pretensões, que em última análise, não são somente nossas, mas sim planetárias e principalmente humanitárias. Desta maneira, aqueles que puderem se envolver diretamente, está aí uma excelente oportunidade, mas, antes de tudo, é bom lembrar que aqui também está um grande compromisso, um contrato ímpar com o seu município, com a sua comunidade próxima e sobretudo, com Humanidade e com o Planeta através de um mandato diretamente atrelado ao Meio Ambiente e à Qualidade de Vida. Por outro lado, aqueles que não irão se envolver diretamente têm que assumir posturas proativas e ajudar a eleger um candidato engajado na causa ambiental e posteriormente, cobrar as ações previstas.
Se existe necessidade de poder, que se busque o poder, mas que isso se faça em nome de causas nobres coletivas, no interesse da humanidade e não de causas efêmeras pessoais ou no interesse de grupos privilegiados, pois só haverá realização real e efetiva se a humanidade e o planeta puderem se tornar melhores a partir da ação política. Qualquer coisa em contrário será mais uma falácia, mais uma mesmice, um continuísmo sem sentido social e sem nenhum valor moral. O verdadeiro resultado só será obtido se as propostas feitas e as políticas implementadas forem vantajosas para todos e o poder só deverá existir se for para comtemplar esse fato.
O exercício do poder tem de servir a todos, ou seja, o efeito dos resultados sempre tem que ser coletivo, até porque o meio ambiente não pertence individualmente a ninguém. Como diz o “caput” do artigo 225 da Constituição Federal (1988): “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Por favor, atendem bem para esse fato: aqui no Brasil, defender o meio ambiente não é uma opção, mas sim um dever, ou seja, é uma obrigação de todos os brasileiros.
Sendo assim, a existência de políticos engajados com as questões ambientais é uma obrigação nacional e, por mais incrível que possa parecer, nós não estamos esse item constitucional desde outubro de 1988, há 31 anos, porque acabamos votando em qualquer indivíduo, sem nos preocuparmos com suas intenções e preocupações, no que se refere ao meio ambiente. Acabamos dando poder a quem não merece poder algum, porque não cumpre os preceitos constitucionais básicos, como o artigo 225 da Constituição Federal, nem como indivíduo e nem como administrador público.
Por conta disso, espero que em 2020, os cidadãos brasileiros votem pelo planeta e pela vida, escolhendo candidatos que realmente entendam que a causa ambiental é uma questão premente e que precisa estar na pauta de prioridades municipais. Ainda temos tempo e só depende de nós, basta que também cumpramos a Constituição Federal e votemos em candidatos envolvidos com a causa ambiental.
Referência Bibliográfica
BRASIL, 2016, Constituição da República Federativa do Brasil/05/10/1988, Senado Federal, Brasília, 496p.
Luiz Eduardo Corrêa Lima (63)
20/11/2019
Apreciei esse blog. a idéia é profundamente bom. Irei voltar mais uma vez.
29/11/2019
Muito obrigado.