Educação Ambiental: uma modesta opinião

Nos últimos tempos tanto tem sido usada a expressão Educação Ambiental, que até parece o grande tema da novela do horário nobre. Entretanto, a prática cotidiana sobre a Educação Ambiental tem estado mais para aquele “programa maravilhoso” das 4 horas da madrugada que ninguém vê. Em suma, o discurso é bom, mas a prática quase não existe. Mas, por que isso acontece, por que a pratica da Educação Ambiental quase não existe?

Eu quero acreditar que seja porque se criou um monstro maior do que de fato ele possa ser. Isto é, a Educação Ambiental, embora seja muito importante, não é nenhum “bicho de sete cabeças”, não faz milagres e certamente não irá resolver todos os problemas da humanidade. Ou melhor, na verdade, se a humanidade continuar agindo contra os interesses da própria humanidade e do planeta, a Educação Ambiental não irá, infelizmente, resolver problema nenhum.

A Educação Ambiental consiste num modelo educacional que prepara os seres humanos para viver respeitando e considerando que os espaços e os recursos são limitados e que devemos nos preocupar com os usos devidos desses aspectos a fim de permitir que outros humanos possam também ter os mesmos direitos que nós em qualquer tempo atual ou futuro. É preciso que nós humanos estejamos devidamente educados a proceder dentro dessa linha de pensamento, porque somente assim poderemos continuar tendo condições de viver aqui na Terra ou em qualquer outro que, por ventura, possamos habitar no futuro.

A Educação Ambiental deveria estar tentando produzir um “novo modelo de homem”, bastante diferente daquele que historicamente conhecemos. Mas, eu estou há mais de 30 anos ouvindo falar nesse assunto e trabalhando no sentido de procurar desenvolver esse “novo homem” e até agora nada, porque as mudanças são muitas. Se considerarmos Estocolmo, 1972 como ponto de partida, na verdade, já faz 40 anos que esse “novo homem” deveria estar vivendo, mas, até aqui quase nada aconteceu.

Pois é, continuamos fazendo as mesmas coisas erradas que o meu avô fazia há 80 anos, quando ninguém ainda falava em Educação Ambiental e quando não havia nenhuma preocupação com os problemas ambientais. Obviamente, o meu avô e toda sua geração não tinha o nível de conhecimento que temos hoje sobre as questões ambientais planetárias e talvez, por isso mesmo, ele e sua geração não tivessem culpa de cometer alguns dos erros que cometeram.

Aliás, é necessário dizer que na época do meu avô e seus contemporâneos, existia pelo menos Educação, hoje nem isso existe mais. Muitas vezes, nós ambientalistas, estamos nos esquecendo de que Educação Ambiental é, antes de qualquer coisa, Educação e que esse é atualmente o produto que está cada vez mais em falta no mercado, principalmente aqui no Brasil. Basta observarmos os nossos níveis internacionais no que diz respeito a questão da Educação. Sinto dizer, mas nós não conseguiremos nenhuma Educação Ambiental se antes não conseguirmos Educação no sentido mais amplo que a palavra possa ter.

A falta generalizada de Educação, que lamentavelmente, por vários fatores, só tem se ampliado ultimamente, tem elevado e incrementado muito a falta de valores morais e éticos. Ninguém está nem aí com a comunidade do seu entorno e muito menos com toda Sociedade. Os conceitos do que é certo ou do que é errado não existem mais, ou então estão totalmente esquecidos e muitas vezes foram deliberadamente invertidos para favorecer a outros interesses. A lógica social agora é a seguinte: desde que se ganhe (o verbo ganhar aqui tem o sentido mais abrangente possível) alguma coisa, tudo (tudo mesmo) se torna viável e possível de acontecer, independentemente do que ou de quem se possa estar prejudicando.

Infelizmente, essa é a regra, a já famosa “Lei de Gérson”. Temos visto de tudo, desde jogar filhos pelas janelas de apartamentos, até matar os próprios pais; roubar igrejas e instituições de caridade a até mesmo fazer relações sexuais com pessoas mortas. Não há nenhum parâmetro para delimitar a discrepância social e a insanidade humana. E nós estamos aqui tentando falar de Educação Ambiental, que envolve, além da Educação, também a Moral, a Ética e o exercício pleno de cidadania.

A libertinagem e o abuso são totais e estão cada vez mais descabidos. Mata-se do jogo de futebol à porta da casa, do cinema ao hospital, do mendigo ao milionário e do bandido ao Santo. E o pior é que ainda há quem fale em defender os direitos humanos. Pergunto eu: que direitos? Que humanos?

A vida humana passou a ser um brinquedo que alguns têm o direito de tirar e que outros não têm se quer o direito de reclamar, quanto mais de tentar defender. E Deus e as religiões, que postura (posição) essas entidades tomam nessa peleja de loucura?

Enquanto a desgraça acontece, há pastores brigando na mídia por mais audiência, e outros religiosos omitindo e escondendo crimes e criminosos para defender os interesses estritamente proselitistas de suas respectivas igrejas. Mas, não parece haver mais nenhuma religião indo além dessa simples questão de contrariar as outras para tentar aumentar o rebanho. Aonde vamos parar?

Pois então, como podemos tentar demonstrar a importância da Educação Ambiental se não temos Educação nenhuma? Temos uma Sociedade alijada de valores verdadeiros, os quais deveriam ser seus interesses primários e ainda por cima totalmente desinteressada em relação aos mecanismos democráticos que podem minimizar diferenças sociais. Além disso, temos uma mídia que está comprometida apenas com interesses venais, uma porção de religiosos de fachada, um nível de governança totalmente equivocada, no que diz respeito aos interesses da sociedade e, o que é pior, altamente corporativa e nefastamente corrupta.

O planeta está pedindo socorro e nós aqui pensando em fazer Educação Ambiental num mundo comprometido com causas sem significância nenhuma e com valores totalmente corrompidos e invertidos. Só o que importa é o dinheiro no bolso, todo o resto é secundário. Só o que se quer é ter. Só se pensa em ganhar mais dinheiro para consumir mais e ter mais. Onde vamos chegar com essa noção absurda de que estar bem é ter tudo de material para si próprio, independentemente de onde venha, de qual seja esse material e de quem possa estar, de fato, precisando dele?

Temos uma Terra só, mas há muito tempo já estamos vivendo como se tivéssemos duas ou três, porque o uso de recursos naturais, o consumo humano e a necessidade do lucro não querem mudar de procedimento e induzem a população, através da mídia e de muita picaretagem a manter o status quo. De repente, quando se tem uma grande oportunidade de tentar frear esse conjunto de absurdos, como aconteceu recentemente na Rio + 20, nós acabamos deixando tudo como está e continuamos mantendo o mesmo nível de incoerência e de insanidade com o planeta.

Meu Deus, será que a humanidade endoidou totalmente? Será que não há mais ninguém com sanidade mental suficiente para tentar acabar com esses absurdos? Por favor, alguém pare esse mundo maluco que eu quero e preciso descer? Que espécie estranha e inconsequente é o Homo sapiens!

Mas, a Educação Ambiental continua sendo necessária, porém, diante de tanta coisa errada na apropriação do homem pelo planeta, lamentavelmente ela é apenas mais uma das muitas necessidades. Esse quadro é grave e precisa ser modificado para o bem do planeta e da própria humanidade. Entretanto, infelizmente, não me parece que estejamos dando a devida importância que a questão necessita. Será que vamos continuar pagando para ver até onde é possível chegar?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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