“COMEMORANDO” OS 52 ANOS DO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Resumo: Na verdade, o texto propõe uma análise reflexiva nos “Dia Mundial do Meio Ambiente”, que hoje completa 52 anos, sobre o que a Humanidade tem feito pela Terra e pela vida ao longo desse tempo, para que essa possa, de fato, ser uma data efetivamente comemorada por todos.


A idade da Terra é estimada em cerca de 4,6 bilhões de anos. Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido por volta de 3,5 bilhões de anos e que a espécie humana está por aqui há apenas cerca de 250 a 300 mil anos. Entretanto, estranhamente, a humanidade só passou a “conhecer” e “identificar” o Meio Ambiente há ínfimos 52 anos, porém parece que até agora não descobriu, não inventou e nem desenvolveu um mecanismo capaz de parar a degradação do planeta.

Ou seja, apesar dos 52 anos, desde Estocolmo, no que tange a sustentabilidade ambiental, necessária para a continuidade da vida humana na Terra, continuamos praticamente no ano zero.  Por que será que a espécie humana é assim tão verdadeiramente incapaz de agir de acordo com os interesses maiores do planeta e da vida?  Eu não consigo acreditar e muito menos entender essa nossa ineficácia com o meio ambiente e nosso desrespeito com a Terra e com todos os organismos vivos, inclusive os da nossa própria espécie.

Meus amigos, com cerca de 300 mil anos de existência na Terra, o ser humano já deveria ter compreendido e aprendido que os valores do planeta e da vida não têm preço e que, deste modo, não podem ser negociáveis. Ao contrário, esses valores são condições sociais, éticas, morais, e sobretudo humanitários, que não podem, de maneira nenhuma, ser medidos ou quantificados por dinheiro. Enquanto a humanidade não compreender definitivamente isso, estamos fadados a viver no limbo, à deriva da sorte.

A História é a mãe das ciências sociais e nos conta quase tudo que já enfrentamos como espécie viva. E ela segue nos mostrando o caminho que devemos tentar seguir. Entretanto, o homem cego, rebelde, teimoso e idiotizado pelo dinheiro, que ele próprio inventou, continua à deriva dos seus próprios interesses e vai andando, a trancos e barrancos, contra a natureza, por conta de sua própria insensatez. O homem não busca aprender com os próprios erros e não faz de sua história uma fonte de informação e de aprendizado, pelo menos quanto ao meio ambiente, para tentar viver melhor.

A teimosia da espécie humana e sua opção primária pelo dinheiro e não pela vida é a causa principal desta carência humana e certamente está evoluindo para sua extinção prematura. Proteger o meio ambiente não é uma questão contemplativa e diletante de certos seres humanos desocupados, como querem alguns. Proteger o meio ambiente é uma obrigação moral da humanidade, além de ser, a única maneira possível da espécie humana conviver com o planeta e continuar existindo na Terra por mais tempo.

Enquanto os “seres humanos poderosos”, aqueles que se acham “donos do poder” e muitos efetivamente acabam sendo isso mesmo, tal é o domínio que possuem sobre os outros humanos, não se conscientizarem de que proteger o meio ambiente é uma condição “sine qua non” à vida humana, nossa espécie continuará seguindo na contramão da História. Parece que esses homens ainda não perceberam que a humanidade faz parte do planeta e que nós não temos nenhum controle sobre a Terra e nem força para suportar os fenômenos naturais. Esses homens ainda não entenderam que tudo que é vivo, certamente vai morrer, inclusive eles, porque está é uma condição única e não há como ser diferente.

Mesmo assim, há 52 anos (Estocolmo, 1972), depois de inúmeras guerras violentas, de muitas chacinas, holocaustos e de muitas discussões, começamos a falar e tentar entender um pouco sobre a questão ambiental planetária. Porém, tristemente, a grande maioria dos “seres humanos poderosos”, continua dando de ombros para o óbvio e a humanidade segue como se todos fôssemos camicases, pilotando os nossos aviões com destino à morte. Infeliz do ser humano que não crê no perigo que corremos, porém, mais infeliz ainda, o ser humano que nem desconfia e que não quer aceitar que a humanidade está se equilibrando sobre sério risco numa corda bamba ou margeando à beira de um abismo. Urge que se tomem providências para mudar esta situação, decadente, infeliz e insólita.

No mundo e mesmo aqui no Brasil, temos muitas histórias tristes para lembrar, de fatos que têm ocorrido mais intensamente nos últimos anos, tais como: grandes enchentes, grandes secas, incêndios e queimadas duradouras, furacões, tufões e tornados portentosos, além de desastres produzidos como rompimento de barragens e construções de grandes empreendimentos em áreas indevidas. Embora muitos desse eventos certamente não pudessem ser totalmente evitados, certamente alguns deles poderiam ter tido seus efeitos minimizados, se tivéssemos tomado providências preventivas.

Agora mesmo, aqui no Brasil, estamos tentando nos reestabelecer da recente catástrofe no Rio Grande do Sul, onde mais de 90% do estado ficou embaixo de água. Mas, nos últimos 20 anos tivemos catástrofes e eventos terríveis, Mariana, Serra Fluminense, Brumadinho e vários outros. Até quando vamos continuar achando que está tudo bem? Até quando vamos continuar não nos importando e nem tentando prevenir tais situações? É preciso parar de brincar com a vida e só a humanidade, os seres humanos, pode tentar reverter esse processo que tem se ampliado, cada vez mais drasticamente.

Pois então, os seres humanos continuam de braços cruzados esperando a desgraça acontecer e as mortes chegarem. Depois que a tormenta passa contamos os danos da destruição, lamentamos muito rapidamente as vidas perdidas e seguimos nossa trajetória infeliz, até que a próxima catástrofe aconteça, como se fosse mais uma novidade. Muitas dessas tragédias são anunciadas e todos, ou pelo menos os “poderosos” sabem que elas vão acontecer. E eu pergunto: por que não fazem nada?  Por que não investem seriamente no trabalho para tentar impedir a destruição dos ambientes e a mortandade de outros seres humanos?

Todavia, estamos completando 52 anos em que alguns seres humanos perceberam que nem tudo está perdido e que, talvez, ainda seja possível, fazer alguma diferença com referência a essas questões ambientais. O medo maior é que até isso deixe de ser possível e aí o caos estará totalmente estabelecido e todos perecerão, inclusive os “seres humanos poderosos”, com sua arrogância e seu cinismo.

Será que a Terra será melhor sem a espécie humana? Esta é a pergunta que apenas Deus poderá responder. Por enquanto, continuamos seguindo em frente, embora, no caminho errado e “comemorando” essa data que, na realidade, deveria ter grande significado para a Humanidade. Vamos torcendo e pagando para ver até quando o planeta nos suportará e permitirá a nossa existência em suas dependências. Precisamos entender que a Terra é da Terra e não da nossa espécie.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (68) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista.

4 comentário(s)

  1. Sua reflexão Luiz Eduardo é um convite profundo para que a humanidade repense sua relação com o meio ambiente e reconheça a urgência de agir de maneira responsável e sustentável. A Terra, com seus 4,6 bilhões de anos, viu a vida florescer há cerca de 3,5 bilhões de anos, e a espécie humana emergir muito recentemente em sua vasta linha do tempo. Contudo, é chocante perceber que, apesar de termos “descoberto” formalmente a importância do meio ambiente há 52 anos, os esforços para protegê-lo ainda são insuficientes e muitas vezes ineficazes.
    A reflexão coloca um foco crítico sobre a incapacidade humana de colocar os interesses do planeta e da vida acima dos interesses econômicos e individuais. A História nos fornece lições valiosas, porém, a cegueira e a teimosia humanas, impulsionadas pela busca incessante de lucro, continuam a ditar um comportamento que nos coloca em rota de colisão com a natureza. As consequências disso são visíveis em desastres ambientais que se tornam cada vez mais frequentes e devastadores, como enchentes, secas, incêndios e outros eventos extremos que você menciona.
    A questão central da reflexão é um grito por mudança: a necessidade de adotar uma postura ética, moral e humanitária em relação ao meio ambiente. Proteger a Terra não deve ser visto como uma atividade opcional ou de nicho, mas sim como uma obrigação moral para garantir a continuidade da vida humana. A reflexão sugere que a humanidade precisa urgentemente aprender a viver em harmonia com o planeta, sob pena de se auto-destruir. É uma chamada à ação para que paremos de “brincar com a vida” e comecemos a tomar medidas preventivas e eficazes para preservar o meio ambiente. A Terra não nos pertence, nós pertencemos a ela, e é vital que esta compreensão guie nossas ações daqui em diante. Parabéns!

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    1. Siomara, muito obrigado pelo comentário.
      Luiz Eduardo

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    2. Grande amigo, Professor Luiz Eduardo.
      Eu tenho comigo que, o dia em que os cidadãos verdadeiramente de bem, que assumirem os cargos públicos com possibilidade de apoiar bons projetos em prol do meio ambiente, seja de instituiçôes públicas ou privadas, realizarem estas tarefas a contento, não necessitaremos comemorar em um 5 de junho, o dia mundial do Meio Ambiente, mas este será comemorado todos os dias em que um grande projeto for aprovado, e que seja viável, tenha objetivos, metas e açoes conservacionistas de fato, preventivas como você deixou claro no seu texto, e todas as verbas passíveis de aplicação, serão gastas com honestidade, com técnicas atuais, pois estas não faltam, com visão de futuro, com orgulho de estar fazendo realmente algo para a sociedade humana, para a restauração de ambientes impactados, para a criação de corredores de biodiversidade, enfim, pelo uso consciente do patrimônio que temos à nossa disposição, que não é nosso, que é de todos, que é dos seres vivos.

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      1. Meu amigo, pelo que pude observar de seu comentario, parece que continuamos pensando da mesma maneira. Pena que esta aina não é maneira pela qual s administradores e políticos pensam (se é que pensam).
        Valeu, muito obrigado pelo comentário.
        Luiz Eduardo

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