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Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

23 jul 2016

“COBRAS” QUE NÃO SÃO OFÍDIOS

Resumo: O texto atual traz pequenas descrições e imagens de alguns animais morfologicamente parecidos com Ofídios (cobras ou serpentes) e que até são conhecidos da população como se fossem cobras verdadeiras, mas que na realidade não são Ofídios. O objetivo do artigo é tentar minimizar ou mesmo evitar as confusões entre as verdadeiras cobras e esses animais.


“COBRAS” QUE NÃO SÃO OFÍDIOS

Os Ofídios constituem animais Vertebrados pertencentes a Classe dos Répteis, da Subclasse dos Escamados, vulgarmente conhecidos por cobras (serpentes), que se caracterizam por apresentar o corpo coberto por escamas ósseas envolvendo o corpo, assim como os seus primos os Lacertílios (lagartos), dos quais se diferem pela presença do palato quadrado que permite uma impressionante abertura bucal. Os Ofídios apresentam um corpo alongado, geralmente sem patas, que se locomove através de ondulações oriundas das fortes contrações da musculatura associada à grande coluna vertebral, na qual se ligam uma infinidade de costelas. Habitam os mais diversos ambientes terrestres e aquáticos e são naturalmente adaptados como animais predadores.

A dentição é, talvez a principal característica dos Ofídios, porque embora todas as serpentes sejam venenosas, é a partir da dentição que pode se considerar se uma serpente peçonhenta ou não. As serpentes peçonhentas são aquelas capazes de inocular o veneno diretamente e é somente com essas que devemos ter cuidados especiais. Existem quatro padrões de dentição: áglifa (sem dente inoculador de veneno), opistóglifa (dente inoculador posterior), proteróglifa (dente inoculador anterior e sulcado), solenóglifa (dente inoculador anterior e canalizado).

Os dois primeiros tipos envolvem serpentes que não têm como inocular veneno e assim não são consideradas perigosas e a grande maioria das cobras pertencem a esses grupos, particularmente o segundo. Os outros dois grupos envolvem as cobras que efetivamente oferecem perigo. As proteróglifas compõem o grupo das corais e najas, que apresentam dente inoculador pequeno e com uma calha externa por onde escorre o veneno durante a picada. As solenóglifas compõem o grupo das cascavéis, jararacas, urutus e jararacuçus, que apresentam dente inoculador grande e com um canal interno por onde passa o veneno durante a picada. Desta maneira, a eficiência das solenóglifas e maior que a das proteróglifas na introdução do veneno, mas isso não quer necessariamente dizer que suas toxinas sejam mais ou menos perigosas.

Os Ofídios lamentável e injustamente são, assim como outros animais pouco conhecidos, historicamente muito perseguidos pela maioria das pessoas, as quais por conta exata do desconhecimento, se limitaram a mata-los sem nenhum constrangimento. Atualmente essa carnificina tem diminuído, mas ainda existe muito desconhecimento e muita crendice sobre a realidade das serpentes e isso acaba complicando inclusive outros animais parecidos com serpentes. Esse artigo pretende tratar exatamente sobre esses outros animais que são confundidos com as serpentes e acabam sendo vitimados também por puro desconhecimento da população. Se matar as serpentes, pelo simples fato delas serem serpentes, já é um grande erro, então matar outros animais apenas por serem parecidos com elas é um absurdo muito maior.

OS DIVERSOS ANIMAIS ASSEMELHADOS ÀS SERPENTES

Como foi dito acima, existem vários animais que se assemelham morfologicamente com serpentes e por conta dessa “infeliz” semelhança, acabam sendo vitimados pelas pessoas e nesse artigo existe a pretensão de tentar esclarecer sobre essas situações e assim evitar, ou pelo menos minimizar, que se continue matando alguns desses animais indevida e indefinidamente. Se as serpentes merecem viver, mesmo sendo serpentes, certamente os demais animais também.

Tenho dito em minhas aulas, palestras e mesmo em alguns de meus textos que: “a ignorância (o desconhecimento) é o maior dos males da humanidade”. No caso em questão, em função das diferentes fobias que as pessoas podem apresentar em relação às serpentes, o nível da ignorância acaba produzindo inúmeros crimes contra a fauna, contra a natureza e contra a vida. Desta maneira, entendo que existe necessidade de explicar um pouco mais sobre essa questão.

Os animais que são perecidos com serpentes podem pertencer a diversos grupos zoológicos, pois podem ser desde anelídeos até mesmo outros répteis. O medo das serpentes é tal que, de maneira geral, quando uma pessoa observa qualquer animal de corpo alongado e ápode (sem patas), automaticamente imagina que se trata de uma serpente e, obviamente uma serpente peçonhenta, e assim a preocupação é imediatamente matar o animal. Entretanto, se as pessoas se derem o direito de, mesmo de longe, tentarem observar esses animais, certamente poderão identificar inúmeras diferenças entre eles e as verdadeiras serpentes e assim não precisarão mata-los.

Os diversos animais que se assemelham às serpentes, aqui no Brasil, são os seguintes:

1 – No filo do Nematomorfos existe o grupo dos Gordioideos, que se compõem de espécies de vermes parasitas de Artrópodes, principalmente Insetos e Crustáceos, que vivem na água doce ou na proximidade de ambientes hídricos. Os hospedeiros ingere os ovos dos Nematomorfos e as larvas se desenvolvem até atingirem o estágio jovem, quando saem através da abertura anal dos hospedeiros. Os hospedeiros morrem e a partir de então os Nematomorfos assumem a vida livre nos ambientes aquáticos, mas essa é uma vida curta, porque seu trato digestivo e atrofiado e praticamente vivem da reserva alimentar que trazem do hospedeiro, tendo tempo apenas para reproduzir e depois morrem.

Esses animais são conhecidos como “cobras-de-cabelo”, porque seu corpo longo (podem atingir 1 metro de comprimento) e fino (cerca de 1milímetro de espessura). De fato eles se assemelham aos fios da crina dos cavalos e a crendice popular imaginava que na verdade eram originados diretamente delas, Além disso, a crendice também sugere serem animais perigosíssimos e extremamente venenosos, o que obviamente não é verdade, pois são totalmente inofensivos.

[caption id="attachment_1100" align="alignleft" width="300"]figura 1 FIGURA 1[/caption] [caption id="attachment_1099" align="alignright" width="251"]FIGURA 2 FIGURA 2[/caption]


As figuras 1 e 2 apresentam dois exemplares de Nematomorfos do Gênero Gordius, na figura 1 observa-se uma animal adulto e na figura 2 um animal saindo pelo ânus de um grilo.

2 – No filo dos Anelídeos existem os Oligoquetos gigantes da família dos Glossoscolecídeos (os Minhocões ou Minhocuçus), que são animais exclusivos da América do Sul. Algumas dessas minhocas gigantes podem atingir 2 metros de comprimento e embora sejam totalmente inofensivos e não pareçam nada com cobras assustam aos menos avisados. As Minhocuçus são animais terrestres encontrados geralmente enterrados em galerias em locais úmidos, apresentam um corpo todo anelado e mole, com uma região diferenciada evidente (Clitelo), que guarda seus órgão reprodutivos. Tem uma cutícula externa fina, mas não existem nenhumas escamas e também não possuem nenhum tipo de estrutura esquelética, sendo portanto animais ainda invertebrados.

[caption id="attachment_1102" align="alignright" width="215"]figura 4 FIGURA 4[/caption] [caption id="attachment_1101" align="alignleft" width="229"]figura 3 FIGURA 3[/caption]

                        

 


As figuras 3 e 4 apresentam dois exemplares de Glossoscolecídeos (Minhocuçus).

3 – No Filo dos Cordados, na Classe dos Peixes, existem os Sinbranquídeos (Muçuns) e os Gimnotídeos (Tuviras), os Murenídeos (Moreias) e os Anguilídeos (Enguias).

Os Muçuns (Peixes-Cobras) são encontrados na água doce, não possuem as nadadeiras pares características dos peixes e têm pele lisa e sem escamas. As Tuviras também são peixes ósseos de agua doce, que também têm a pele lisa e uma longa nadadeira anal. A esse grupo pertence o famoso “Poraquê” (peixe-elétrico) da Amazônia. O movimento serpenteante é a característica mais chamativa na comparação desses animais com Ofídios, mas as diferenças são bastante fáceis de identificar.

As Enguias e as Moreias são peixes marinhos de corpo assemelhado aos muçuns, que algumas pessoas confundem com serpentes. Na verdade existem serpentes marinhas realmente perigosas, mas aqui na Costa Atlântica do Brasil não são encontradas nenhuma dessas espécies de Ofídios marinhos que ocorrem nas regiões asiáticas.

[caption id="attachment_1104" align="alignright" width="300"]FIGURA 6 FIGURA 6[/caption] [caption id="attachment_1103" align="alignleft" width="300"]FIGURA 5 FIGURA 5[/caption]        








 
 
[caption id="attachment_1105" align="alignleft" width="300"]FIGURA 7 FIGURA 7[/caption]
[caption id="attachment_1106" align="alignright" width="300"]FIGURA 8 FIGURA 8[/caption]
 
 
 
 
 
 



As figuras 5, 6, 7 e 8 apresentam, respectivamente, exemplares de Muçum, Tuvira, Moreia e Enguia.

4 – No Filo dos Cordados, na Classe dos Anfíbios, existem os Gimnofionos, da família dos Cecilídeos (Cobras-Cegas ou Minhocões). Esses animais, embora tenham o corpo alongado como o das serpentes, possuem uma anelação característica, que não é encontrada em nenhuma serpente verdadeira e não apresentam escamas dérmicas características dos Ofídios.

[caption id="attachment_1108" align="alignleft" width="300"]FIGURA 9 FIGURA 9[/caption] [caption id="attachment_1107" align="alignright" width="300"]FIGURA 10 FIGURA 10[/caption]






As figuras 9 e 10 apresentam dois exemplares de Cecilídeos (Cobras-cegas).

5 – No Filo dos Cordados, na Classe dos Répteis, na Subclasse dos Escamados, na Ordem dos Lacertílios, existem duas Famílias, os Anguilídeos (Cobras-de-Vidro) e os Anfisbenídeos (Cobra-de-Duas-Cabeças), que apesar de serem até conhecidos como cobras, não são ofídios e sim lagartos ápodes (sem patas). No caso dos Anguilídeos, ainda é possível identificar os vestígios das patas posteriores, mas os Anfisbenídeos são efetivamente sem patas.

O nome Cobra-de-Vidro resulta da semelhança com os Ofídios e da capacidade de quebrar (autotomia) e depois regenerar a parte posterior do corpo nesses animais, o que é muito comum nos Lacertílios. Já o nome Cobra-de-Duas-Cabeças resulta da pretensa semelhança que esses animais aparentemente apresentam entre a cabeça e a parte terminal do corpo, o que efetivamente é um exagero, porque as duas extremidades são bastante distintas.

[caption id="attachment_1112" align="alignleft" width="300"]FIGURA 11 FIGURA 11[/caption] [caption id="attachment_1111" align="alignright" width="300"]FIGURA 12 FIGURA 12[/caption]






As figuras 11 e 12 apresentam exemplares de Cobras de Vidro, destacando-se os vestígios das patas na figura 12.

[caption id="attachment_1110" align="alignleft" width="300"]FIGURA 13 FIGURA 13[/caption] [caption id="attachment_1109" align="alignright" width="300"]FIGURA 14 FIGURA 14[/caption]






As figuras 13 e 14 apresentam exemplares de Cobras de Duas Cabeças, procurando demonstrar a semelhança entre a cabeça e a cauda.

Por mais semelhança que possa existir, é preciso deixar claro todos esses animais são praticamente inofensivos, a exceção do Poraquê, que só existe na Bacia Amazônica e de algumas enguias que podem produzir descargas elétricas e das moreias que podem morder seriamente, que só ocorrem nos mares. Os demais não oferecem qualquer tipo de perigo aos indivíduos da espécie humana e principalmente nenhum deles possui glândula de veneno. Além disso, se for observado atentamente todos eles apresentam características inúmeras externas muito distintas dos verdadeiros Ofídios, basta olhar um pouco mais atentamente que essas diferenças podem ser facilmente identificadas.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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25 maio 2016

Biodiversidade Brasileira, uma questão que precisa de cuidados

Resumo: O texto atual pretende ser um alerta para a população no que diz respeito à Biodiversidade Brasileira e a necessidade de informação sobre essa questão. O Brasil, historicamente nunca se preocupou com o fato de ter a maior biodiversidade planetária e já passou da hora de nos envolvermos mais proximamente com essa situação. É bom saber e lembrar que 1/5 das coisas vivas da Terra estão no Brasil e que isso é um problema da nação brasileira.


Biodiversidade Brasileira, uma questão que precisa de cuidados

Biodiversidade é uma palavra relativamente nova, pois até alguns anos atrás utilizávamos mais a expressão Diversidade Biológica para tratar das diferentes formas vivas da Terra, entretanto o conceito de Biodiversidade é antigo e bem conhecido da comunidade científica e dos interessados na questão, mas essa “nova” palavra expressa claramente significado que se quer abranger, Assim, Biodiversidade diz respeito a inúmera diversidade de organismos vivos existentes no planeta. A palavra Biodiversidade expressa então uma ideia geral sobre as diferentes espécies vivas que compõem todo o contingente de organismos vivos que em algum momento da história evolutiva da vida tenham ocupado a Terra.

Pois então, o Brasil é o país que possui a maior Biodiversidade do planeta, mas nem de longe, nós brasileiros, somos a nação mais preocupada com esse fato, porque a grande maioria da população brasileira não sabe disso e nem tem nenhuma informação sobre o que isso representa. Aliás, ao que parece, infelizmente, nós temos dado cada vez menos importância à Biodiversidade, a qual na verdade, consiste na nossa maior riqueza e a maioria dos brasileiros não tem nem condições de avaliar esse fato. Não sei se isso ocorre por desleixo, por desconhecimento ou por ambos, mas acredito que a falta de conhecimento sobre o tema e sua respectiva importância sejam fatores preponderantes nessa apatia sobre o assunto.

É lamentável afirmar, mas, aqui no Brasil, culturalmente sempre tratamos mal ou fomos indiferentes a nossa natureza e aos valores naturais. Vejam bem nossa postura histórica. Chamamos a mata de mato e esse mato é considerado assustador, feio e degradante, portanto precisa ser destruído. A Mata Atlântica e a Amazônia conhecem bem essa situação de destruição. Achamos nossos animais asquerosos, desinteressantes e preferimos os estranhos à nossa fauna. O coala é lindo e o gambá é nojento! Até mesmo nossa diversidade puramente antrópica (cerca de 220 tribos remanescentes, das mais de 1300 do passado e as 170 línguas ainda existentes) é totalmente desconhecida da imensa maioria da população brasileira. Legal mesmo são os Apaches e os Moicanos, que se danem os Tupiniquins. Enfim, de maneira geral, o cidadão comum não conhece a Biodiversidade, não se interessa e nem é levado a se interessar por ela.

Quando a ONU instituiu oficialmente o dia internacional da Biodiversidade, em 22 de maio de 1992, nós brasileiros ainda não tínhamos muita noção do que o termo significava e hoje, embora já saibamos o significado da palavra, ainda não temos a verdadeira dimensão do que isso implica e da responsabilidade que temos, por sermos abrigadores de cerca de 20% de todas as espécies vivas do planeta. Vejam bem, 20% de tudo aquilo que é vivo no planeta é brasileiro. Isto é, 1/5 das espécies da Terra estão no espaço geográfico brasileiro, aqui na Sub-região Brasiliana da Região Neotropical.

Lamentavelmente não se divulga esse fato e sua importância com a devida frequência e muito menos com a necessária ênfase, para fazer com que a população brasileira assuma uma posição proativa em relação a preservação da Biodiversidade nacional. Pouquíssimos brasileiros estão realmente cientes e envolvidos dessa situação e, aparentemente, cada vez mais esse contingente tem decrescido por falta de informação. Ou seja, nossa Biodiversidade é grande, mas nossa atenção e interação com esse fato é pequena e progressivamente tem ficado menor.

Em outras palavras, eu quero dizer o seguinte: os nossos bisavós, conheciam e se envolviam mais com a biodiversidade brasileira do que os nossos avós, e estes por sua vez, se envolviam mais do que nossos pais e os nossos pais mais do que nós”. Não posso falar dos meus bisavós taxativamente e exatamente, mas posso falar um pouco dos meus avós, dos meus pais, de mim e dos meus filhos. Ou seja, as quatro gerações com que tive contato próximo e acredito que isso permita confirmar a minha tese, de que cada vez mais se sabe menos sobre a nossa Biodiversidade, pelo menos aqui no Brasil.

A maioria das informações que tive sobre diversidade de fauna, flora e mesmo de tribos indígenas, me foram passadas pelos meus avós e pelos meus pais. Aliás, sou amante da natureza por questões “talvez genéticas”, haja vista que meu avô materno e minha mãe são a minha fonte primária de interesse pelos organismos vivos e pela natureza em geral. Embora eu tenha nascido e crescido numa grande cidade, ainda sou do tempo em que a gente andava descalço, mexia na terra, entrava na mata, tomava banho no mar, na cachoeira e no rio. Enfim, fazia todas essas “coisas absurdas”. Pois é, a gente vivia na natureza e aprendia quase tudo com ela, ou, pelo menos, a partir dela. Nossos avós e pais eram apenas para nos esclarecer dúvidas sobre plantas e animais e nos informar sobre os riscos potenciais, que naquela época não eram considerados tão importantes ou tão arriscados quanto hoje.

Assim, vivíamos mais ligados com as coisas naturais e aprendíamos mais com a própria natureza. Conhecíamos os animais e as plantas e fazíamos nossas brincadeiras a partir da nossa realidade natural, embora nunca tivéssemos ouvido falar de Biodiversidade. Confesso até que algumas vezes fazíamos coisas muito erradas, pois degradávamos ambientes e até mesmo judiávamos drástica e penosamente de alguns animais. Entretanto, essa nossa vivência nos ajudava a conhecer e consequentemente aprender relativamente bastante sobre os organismos vivos, que naquela época eram muito mais abundantes e conspícuos do que hoje, por inúmeros motivos que não cabem aqui serem discutidos.

Estudei Biologia e me formei como Biólogo não por acaso, mas porque eu sempre gostei dos organismos vivos, em particular os animais, e porque a grande diversidade e beleza deles, particularmente dos moluscos e suas conchas fabulosas, sempre me atraiu. O tempo foi passando e mesmo os meus filhos já não acompanharam os meus interesses pela natureza e suas formas. Sinto também que progressivamente os meus alunos, mesmo os do curso de Biologia, também estão cada vez mais distantes da realidade natural às suas voltas e cada vez conhecem e identificam menos as formas vivas.  A pouca convivência com a natureza tem afastado o homem da biodiversidade e do interesse por ela. Algumas dessas formas vivas, mesmo hoje, ainda extremamente comuns, a maioria dos alunos diz que nunca viu.

Observaram bem essa frase? Bem, eu vou repetir: “formas vivas, mesmo hoje, ainda extremamente comuns, a maioria dos alunos diz que nunca viu”.  Mas, como nunca viu, se ainda são extremamente comuns? Na verdade, os alunos viram sim, mas como eles não conhecem, não prestaram a devida atenção. As pessoas são incapazes de perceber e identificar o que não é interessante e aí algumas coisas passam despercebidas, porque não são importantes e não têm nenhum significado efetivo para elas. A memória não armazena ou, se armazena, não manifesta aquilo que não é importante e assim certas coisas não são gravadas ou são totalmente apagadas da nossa memória, porque não guardam relação com nada. A memória não tem registro efetivo dessas coisas e assim, elas passam despercebidas, como se simplesmente não existissem.

Vocês perceberam a gravidade dessa última frase? Vou repetir também, para que seja possível caminhar no meu raciocínio: “a memória não tem registro efetivo dessas coisas e assim, elas passam despercebidas como se simplesmente não existissem”. É exatamente isso que tem acontecido conosco, no que se refere à natureza e a Biodiversidade. Nossos valores mudaram, não se observa e não se contempla a natureza, a qual certamente não é mais um valor tão significativo e importante no pensamento coletivo, como foi para os nossos antepassados, por isso progressivamente temos dado menor importância a ela. A natureza não atrai mais como antes. Desta maneira, mesmo ocasionalmente vendo certos coisas e aspectos, não identificamos a grande maioria dessas coisas que a natureza nos apresenta, porque os nossos olhos estão lamentavelmente voltados para outros interesses.

Meus amigos, isso é um grave erro e um grande mal, particularmente num país que tem a maior biodiversidade do planeta e que precisa preservar, estudar e conhecer todo esse material natural. Como podemos fazer para que as pessoas possam agir de maneira diferente e procurem conhecer a Biodiversidade brasileira? Como preservar e proteger aquilo que não se conhece e que não se acha importante? Como é possível fazer com que as pessoas amem aquilo que não conhecem, ou melhor, que nem percebem, porque não dão nenhum valor significativo?

O Brasil tem que promover ativa e efetivamente a sua Biodiversidade e colocá-la no pensamento coletivo da sociedade brasileira, até porque o mundo lá fora sabe o que temos aqui e tem muita gente de olho nesse nosso patrimônio natural, enquanto nós mesmos aparentemente não estamos preocupados e nem interessados nas nossas riquezas naturais. É preciso inverter esse quadro e voltar aos valores antigos. Temos que divulgar e conhecer nossa fauna, nossa flora, nossos índios, nossos biomas naturais, nossas belezas cênicas, enfim, temos que propagandear nossa diversidade natural e destacar nossa condição de líderes mundiais de biodiversidade. Temos que criar mecanismos para apresentar nossa biodiversidade para os cidadãos brasileiros, para gerar uma noção de pertencimento e uma vontade de conhecer e preservar esse patrimônio na população brasileira.

O mundo hoje é quase totalmente tecnológico e eletrônico, por isso mesmo, a maioria de nós, age como máquinas e não sobra tempo para nada, principalmente no que se refere a contemplação da natureza. É claro que existem exceções e alguns abnegados, mas esse número está proporcionalmente diminuindo. Não sou contra os novos tempos e nem contra a tecnologia, ao contrário acho mesmo que a tecnologia é fundamental. Entretanto, a tecnologia é a parafernália instrumental. Isto é, a tecnologia são as ferramentas que deveriam nos ajudar a viver melhor e não pode ser nada diferente disso. Não podemos esquecer da natureza e trocar os valores naturais em prol de bens artificiais. Já inventaram até “bichinhos virtuais”. O pior é que a gente parece mesmo nem se importar com os valores naturais, pois eles acabam mesmo passando despercebidos da maioria das pessoas.

Nossa sociedade mata animais e destrói plantas como se fossem coisas de pouca ou nenhuma importância, porque nossa abundância de formas vivas é tal, que não temos a verdadeira dimensão da Biodiversidade brasileira e de seu significado para o Brasil. É preciso mudar esse quadro e construir uma nova visão que traduza para a nossa população a realidade de que a Biodiversidade brasileira é a maior riqueza nacional e que ela pode levar o país ao auge do desenvolvimento sustentável, muito mais facilmente do que pode ser imaginado no senso comum. A sociedade brasileira precisa estar engajada e inserida no contexto de que precisamos conhecer e preservar a nossa biodiversidade, até para que o Brasil possa tirar os devidos proveitos que ela permitir.

Nós Biólogos e Professores desse país temos uma obrigação maior na realização da tarefa de informar sobre a Biodiversidade à população brasileira, porque nós somos, por um lado, os geradores desse conhecimento e por outro, também os porta-vozes que deverão leva-lo, de maneira clara, comunidades. Para tanto precisamos estar devidamente capacitados sobre o que é a nossa Biodiversidade e sua verdadeira importância. Por conta disso, é necessário e urgente voltar a escrever sobre nossa natureza, para que nossas crianças, nossos jovens e nossos atuais e, principalmente, futuros professores fiquem interessados em conhecer melhor nossos recursos naturais e nossa biodiversidade.

No passado, alguns cientistas e divulgadores das ciências, como EURICO de Oliveira SANTOS, Cândido Firmino de MELO LEITÃO, RODOLPHO Von IHERING, CARLOS Nobre ROSA, José CÂNDIDO de Melo CARVALHO, AUGUSTO RUSCHI e também alguns outros escritores, como o próprio José Bento Renato MONTEIRO LOBATO e tantos outros que fizeram seus trabalhos famosos divulgando a natureza e assim os jovens liam e aprendiam sobre a Biodiversidade brasileira, mas isso ficou lá trás. Hoje, existe necessidade de que esse mecanismo de contar histórias e descrever a natureza seja renovado e ampliado para que a Biodiversidade brasileira não seja esquecida e permaneça inserida no pensamento comum de toda sociedade brasileira.

Eu, de cima dos meus 60 anos, estou aqui trazendo o meu chamamento, fazendo o meu alerta e dando minha contribuição pela nobre e importantíssima causa. Espero que mais pessoas capazes e envolvidas na questão também se manifestem em prol de chamar a atenção do país sobre a importância de conhecer e proteger a Biodiversidade brasileira.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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23 abr 2016

22 de abril de 2016, mais um “Dia do Planeta Terra”

O texto atual é mais uma citação sobre o Dia da Terra, na qual questionada a data em relação a realidade planetária. Há necessidade de que se reflita sobre e verdadeira necessidade de uma data planetária, quando na realidade a história tem demonstrado que a preocupação com o planeta praticamente inexiste, pois as ações humanas não são condizentes com essa condição.


22 de abril de 2016, mais um “Dia do Planeta Terra”

Pois então, hoje estamos comemorando mais um “Dia do Planeta Terra”, uma data estabelecida pela ONU, no ano de 2009, para lembrar a humanidade da responsabilidade que tem com o planeta que nos abriga. É muito estranho que o planeta Terra, que tem cerca de 5 bilhões de anos, hoje comemore apenas o sétimo aniversário. Mas, para a ONU isso não deve ter nenhuma significância, o importante é comemorar efusivamente a data. Entretanto, apesar disso, hoje foi um dia igual aos outros, onde nada de excepcional aconteceu, nem mesmo em relação ao próprio planeta, que continua sofrendo violentamente nas mãos do homem. Nos últimos 44 anos, desde que o Relatório do Clube de Roma (Os Limites do Crescimento, 1972) foi publicado e que passamos (ou deveríamos ter passado) a tomar efetiva consciência de que os recursos naturais planetários não são perenes e que a espécie humana, assim como todas as espécies vivas, também não viverá para sempre, deveríamos estar promovendo posturas em benefício do planeta, mas não é exatamente isso que temos visto. Mas, é claro que exatamente a partir da publicação do relatório começamos efetivamente a trabalhar um pouco mais com as questões ambientais e correr atrás do prejuízo e a criação e comemoração do “Dia da Terra” fazem parte desse pequeno progresso. Não sei o quanto isso pode ser benéfico ao planeta, mas satisfaz o ego, conforta o coração e ameniza a mente conturbada de alguns seres humanos. O homem é certamente a espécie mais dependente do planeta, porque ao contrário de outras espécies, possuímos uma voracidade pelos recursos naturais extremamente diversificada e bastante abrangente. Nossa necessidade de recursos quase infinita e alguns desse recursos há muito tempo já estão às mínguas no planeta e outros já se exterminaram. Assim, já faz tempo que estamos em dificuldade com a usurpação planetária. Por outro lado, grande parte dos recursos que necessitamos, são recursos renováveis e muitos desses nós aprendemos a reproduzir, o que nos permitiu alguma margem de segurança na sua utilização. Mas, é importante lembrar que não existe mágica na natureza e reações químicas não são milagres. Isto é, para fazer alguma coisa, sempre precisamos de alguma outra coisa e assim nos apropriamos do planeta e o transformamos exclusivamente ao nosso bel prazer, considerando apenas o interesse de nossa espécie. Algumas vezes, por questões várias, nem consideramos os interesses da espécie, mas apenas o de alguns grupos de indivíduos. Pois então, foi assim que criamos muitos dos problemas, além do simples consumo de uma infinidade de recursos da Terra. Já faz algum tempo que estamos tendo muita dificuldade para manter a qualidade do ar, da água e do solo, os três meios físicos que nos garantem a sobrevivência. Temos sérios problemas com a produção de alimentos, com novas doenças infectocontagiosas.  As cidades são sempre maiores, com mias necessidades e mais problemas, além da imensa dificuldade de transporte, o que dificulta sensivelmente a qualidade de vida. Temos investido cada vez mais na produção de novos mecanismos químicos que possam gerar novos materiais para a fabricação de roupas, calçados e inúmeras outras coisas, que há muito deixaram de ser questões estritamente naturais. Hoje somos levados a produzir cada vez mais, para garantir a nossa necessidade cada vez maior, até porque também não paramos de consumir. Por outro lado, nossa necessidade só cresce, haja vista que também não paramos de reproduzir (fabricar novos seres humanos). Já superamos a fantástica marca dos 7.3 bilhões de humanos e continuamos assustadoramente crescendo sem parar, embora com um leve declive na curva de crescimento, mas que nada significa no contexto geral. Verdade é que, quanto mais o tempo passa, vamos progressivamente precisando cada vez mais do planeta e apesar de todo o nosso imenso desenvolvimento tecnológico, nós somos uma espécie carente que depende diretamente de um planeta onde os recursos são limitados. Faz 44 anos que já sabemos que a Terra, além de ser a nossa fonte única de recursos, pois é dela que tiramos tudo que necessitamos, também não é um planeta infinito e que seus recursos também se esgotam ao longo do tempo. Resta agora saber, até quando ele nos aguentará e nos manterá sobre sua superfície, apesar do dano irreparável que temos causado ao longo de nossa curta história natural. Bem, por enquanto, vamos ficando por aqui, festejando mais um “Dia da Terra” e rezando para que esse planeta fantástico e que parece ser o único com vida, possa continuar suportando a investida violenta da espécie humana sobre seus recursos. Eu estou no fim da vida e confesso que tenho muito medo do que poderá ser daqueles que ainda virão se a humanidade não se comprometer rapidamente em mudar a postura e começar a construir uma “Nova Terra”, onde o fator humano seja significativamente menos impactante e possa viver no planeta sem acabar com os recursos que precisa e recuperando aquilo que for possível.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Referência Bibliográfica MEADOWS, D. H; MEADOWS, D.L.; RANDERS, J & BEHRENS III, W.W. The Limits to Growth, Universe Books, New York, 1972.]]>

10 abr 2016

Refletindo sobre a Assiduidade (Frequência) e a Pontualidade como Mecanismos Significativos de Avaliação

Resumo: O texto atual envolve questões ligadas a Avaliação Escolar e considera que assiduidade e a pontualidade sejam aspectos significativos dentro dos diferentes mecanismos de avaliação que devem ser estabelecidos no contexto do processo ensino-aprendizagem. É discutida a pequena importância dada a esses aspectos, discutido o possível erro existente nesse pouco crédito e sugerido que esses aspectos são fundamentais para uma participação maior dos alunos e mesmo para o conhecimento melhor entre alunos e professores.


Refletindo sobre a Assiduidade (Frequência) e a Pontualidade como Mecanismos Significativos de Avaliação

A maioria esmagadora dos profissionais, pesquisadores e pensadores da área de educação é unânime em concordar que a avaliação é um dos atributos mais importantes dentro do processo ensino-aprendizagem e obviamente eu também não penso diferente. Entretanto, quero colocar um pouco mais de pimenta nesse assunto, pois tenho visto que cada vez mais as questões relacionadas a assiduidade e a pontualidade têm sido deixadas de lado, no que se refere a avaliação e isso não me parece correto. Ou melhor, a assiduidade e a pontualidade ultimamente têm deixado de ser consideradas como atributos importantes no processo avaliativo do aluno, o que a meu ver é extremamente preocupante, haja vista que em todas as tarefas futuras na vida profissional, o indivíduo certamente terá que cumprir os compromissos assumidos, dentro dos prazos e horários estabelecidos.

Embora nenhum dos dois aspectos aqui considerados (assiduidade e pontualidade) possam isoladamente ser responsáveis exclusivos por uma avaliação definitiva dos alunos, com certeza ambos são mecanismos importantíssimos e como tentarei demonstrar, sempre devem ser considerados em qualquer processo de avaliação em todas as escolas nos diferentes níveis de ensino do país. Além disso, eu entendo que a escola é o primeiro local onde esses aspectos devem realmente começar a ser cobrados e consequentemente considerados no processo avaliatório, até porque ao longo da vida, essa cobrança será uma constante. O aprendiz precisa entender que cumprir os compromissos assumidos é a primeira das missões do cidadão de bem e que esse aspecto será sempre observado no seu comportamento.

Por outro lado, torna-se importante salientar que existe uma necessidade fundamental do entendimento correto e preciso dessas duas palavras antes que elas sejam efetivamente incorporadas e consideradas no processo avaliatório. Sendo assim, antes que possa ocorrer qualquer confusão, vamos fazer um pequeno esclarecimento conceitual sobre os dois termos.

A assiduidade consiste na frequência propriamente dita dos alunos na sala de aula durante o ano letivo, participando ativamente, desenvolvendo as atividades e discutindo os assuntos. O aluno assíduo é aquele que está sempre presente e quase nunca falta. É aquele aluno que, além de frequente, cumpre todas as suas obrigações didático-pedagógicas a contento. Por sua vez, a pontualidade; que em certo sentido, também tem relação direta com a frequência, haja vista que só pode ser pontual quem está presente; é aquela característica do aluno que cumpre as atividades propostas dentro dos critérios, limites e prazos previamente estabelecidos.

Assim, devo dizer que aluno assíduo não é necessariamente pontual, mas aluno pontual precisa ser assíduo, porque o aluno pode estar sempre presente (ser assíduo) e ainda assim, deixar de cumprir os compromissos (ser pontual) didático-pedagógicos. Desses fatos deriva o seguinte: “no processo de ensino-aprendizagem a frequência (assiduidade) e o cumprimento de prazos (pontualidade) devem sempre ser considerados mecanismos de avaliação, porque estar presente e cumprir deveres em prazos estabelecidos são duas regras fundamentais das atividades humanas e a escola certamente deve considerar essas condições como sendo importantes e significativas na formação do indivíduo.

Nesse momento de minha argumentação, já devem existir alguns leitores questionando o seguinte: “mas, o aluno não tem direito a faltar?” É óbvio que os alunos têm esse direito. Entretanto, deve ficar muito claro, tanto para o aluno, como para os professores, que se faltar é um direito, estar presente é um dever (uma obrigação) e obviamente as obrigações devem se sobrepor aos direitos, porque só se pode exigir direitos, quando se cumpre as obrigações. Assim, quando o aluno usa o direito de faltar, ele deixa de cumprir o dever (obrigação) de estar presente.

A falta deve ser sempre entendida como algo eventual no processo ensino-aprendizagem, uma possibilidade que só poderá ocorrer por efetiva necessidade. Em momento nenhum a falta deve ser considerada como algo normal ao processo, pois o normal é estar presente e a falta é uma anomalia que ocasionalmente pode ocorrer durante o processo. Faltar é uma possibilidade e não uma obrigação planejada, estabelecida no limite das faltas programáveis legalmente permitidas pelo sistema, como fazem alguns alunos e, o que é pior, algumas vezes até indevidamente orientados por determinados professores.

O direito de faltar tem que ser entendido como algo que não se quer usar e que só se deve fazer uso desse direito, apenas e tão somente, quando não existe efetivamente nenhuma possibilidade de se estar presente. A assiduidade deve ser sempre de 100% das aulas, ainda que haja um direito (uma possibilidade) de que se cumpra apenas 75% do total de aulas do ano ou da disciplina. Muitos alunos, infelizmente usam esse direito (possibilidade); que em minha maneira de entender é bastante exagerado e necessita ser revisto; como uma regra absoluta e se programam deliberadamente para faltar aos 25% do total das aulas a que têm direito.

Se analisarmos friamente, observaremos que o aluno pode faltar em uma de cada quatro aulas, o que é um grande absurdo, porque esses 25% que ele não acompanha, certamente serão perdidos e obviamente farão significativa falta na sua formação. Vejam bem que dessa maneira, num curso de quatro anos, o aluno só precisa estar presente em apenas três anos. Isso não pode ser bom para ninguém de jeito nenhum e o maior prejudicado é o próprio aluno. Assim, me parece que fica bem claro que o aluno assíduo tem formação mais completa (abrangente) e consequentemente tende a ser melhor formado que o aluno não assíduo. Esse aspecto tem que ser considerado e deve ter alto grau de significância no processo avaliatório, porque, além do mais, quem se envolve e se preocupa mais com a escola, deve ter, pelo menos em tese, um reconhecimento maior do seu respectivo trabalho escolar.

A pontualidade, como já foi dito, é uma característica a ser exigida por dois aspectos. Primeiro, pelo fato de que o aluno ser assíduo não é garantia obrigatória de sua pontualidade e segundo, porque cumprir compromissos assumidos é uma regra de vida e a escola, como entidade social educadora, tem a obrigação moral de exigir esse comportamento de todos os seus alunos. Assim, tarefa não cumprida, ou não cumprida a contento, ou ainda tarefa cumprida em prazo extemporâneo, não deve ser considerada na avaliação e se, por acaso for considerada, deverá ser avaliada de maneira inferior aos padrões que haviam sido estabelecidos para os alunos que foram pontuais. Ou seja, deve existir alguma forma de penalização aos não pontuais.

Vejam bem, numa classe escolar tudo é possível, porque normalmente sempre vão existir alunos frequentes, alunos pontuais, alunos frequentes e pontuais e ainda alunos não frequentes e não pontuais. Acredito que essa classificação deva ser o primeiro critério para a avaliação dos alunos. Obviamente o aproveitamento cognitivo do aluno deve ser a principal preocupação no processo de ensino-aprendizagem, mas a assiduidade e a pontualidade não devem nunca ser deixadas de lado, até porque a ordem, a disciplina e a própria capacidade cognitiva dependem muito da frequência e da pontualidade dos alunos. É bom lembrar que a ordem (organização) e a disciplina (regras e foco) também são atributos importantes a serem identificados e considerados na avaliação dos alunos.

Em suma, no que diz respeito à avaliação, existem inúmeros mecanismos e várias são as tendências e os encaminhamentos dados nesse processo. Para muitos professores (educadores) a única coisa que efetivamente importa, ainda é o cumprimento integral dos programas, independentemente da capacidade de aprender e principalmente da participação ativa e efetiva do aluno e a avaliação deve estar restrita àquilo que o aluno conseguiu “aprender” do conteúdo. Esse é o grupo do chamado professor passador de matéria ou professor ministrador de conteúdo. Para esse tipo de professor, avaliar e apenas medir através de um instrumento, uma prova, por exemplo, o que o aluno “aprendeu”, daquilo que lhe foi informado no conteúdo ministrado.

Para outros, apenas o resultado medido através do conceito obtido pelo aluno nas diferentes formas de avaliações aplicadas são suficientes, pois constituem um conjunto significativo de fatores mensuráveis, que classificam os alunos entre si. Esses são professores mais exigentes, que cobram “tudo” dos alunos e muitas vezes, cobram até aquilo que nem eles próprios sabem, mas como está no livro, o aluno tem que saber. “O aluno que se vire, faça os seus trabalhos e tire as notas que precisa, porque essa é a parte dele no processo”.

E sobretudo, ainda existem aqueles professores radicais mais ferrenhos, que ainda dizem assim: “eu ensinei e se o aluno não aprendeu é problema dele, porque eu tenho certeza que fiz a minha parte e ele que faça a parte dele”. Esses últimos, além de tudo, contrariam drasticamente o famoso pressuposto pedagógico que diz: “se não houve aprendizagem é porque não houve ensinamento”, ou melhor, “se o aluno não aprendeu é porque o professor não ensinou”. É óbvio que essas duas afirmativas são extremamente subjetivas, mas é possível considerar que ambas sejam verdadeiras, pelo menos em parte, e que o professor é talvez, o principal responsável pela capacidade do aluno aprender, pois afinal essa é a função precípua do professor.

Bom, não quero aqui tomar nenhum partido absoluto de qualquer dos grupos, porque entendo que cada um, a seu modo, acaba tendo razão por alguns lados e certamente deixando de ter por outros, até porque existe, de fato, muita subjetividade implícita nessas questões. De qualquer maneira, neste momento, eu quero apenas me reportar aos aspectos aqui relacionados, independentemente das inúmeras indagações, das diferentes teorias e práticas pedagógicas.

Mas, antes de continuar, quero lembrar ainda, que antigamente era comum se ouvir a seguinte frase: “educar é preparar para a vida” e ainda que eu não seja um adepto assim, tão famigerado desse velho chavão, eu também não posso simplesmente desconsiderar que ele traga uma grande verdade no seu bojo e, por isso mesmo, eu vou explora-lo no interesse de minha argumentação. Considerando que a educação deve efetivamente ser uma aprimoração progressiva do indivíduo, visando melhorar a sua vida cada vez mais, então eu não posso de maneira nenhuma negar o velho chavão. Aliás, penso que nem eu e nem ninguém possa negar absolutamente a verdade implícita nessa frase.

Por outro lado, a vida está constantemente nos cobrando e avaliando, por isso mesmo é preciso considerar que é a própria vida quem às vezes nos educa, pois nos ensina e nos obriga a fazer reflexões, as quais nos levam a manifestar novas atitudes, as quais nos imprimem determinadas mudanças comportamentais. Nossas possibilidades de “sucesso” na vida, acabam sendo maiores ou menores exatamente em função das cobranças e das avaliações cotidianas oriundas de nossa própria vivência e muitas dessas cobranças são bastante tangíveis e, sobretudo, acabam sendo amplamente vitais para cada um de nós.

Nesse contexto, quando se fala em avaliação, sempre se deve ter em mente, que, como já foi dito, em certo sentido, é a parte mais importante da Educação, ou pelo menos do processo de ensino-aprendizagem, não se pode desconsiderar o aspecto, de que as cobranças cotidianas também devam ser avaliadas, ou pelo menos observadas de perto, embora não tenham necessariamente a ver com a escola ou com a educação formal. Ou seja, a avaliação é uma necessidade da vida e não apenas um atributo do processo educacional. Por conta disso, a avaliação deve ser feita a todo instante em todos os aspectos, inclusive, mas não exclusivamente, no ambiente escolar onde o processo educacional normalmente transcorre.

O aluno (aprendiz), de maneira geral, ainda não tem idade e nem discernimento sobre a maioria das coisas, por isso mesmo, ele deve ser sempre observado pelo professor (educador) em todo o seu caminhar rumo ao conhecimento e em todas as atividades e atitudes que, de alguma forma, se impliquem com esse caminhar, dentro e fora da escola. É claro que, na maioria das vezes, o professor não tem condições de acompanhar o aluno fora da escola, mas pode indagar questões, criar situações e conversar com o aluno e assim, saber um pouco mais de sua vida e de suas atividades extraclasse, pois certamente isso auxiliará bastante no momento de fazer a avaliação.

De minha parte faço minha avaliação do aluno, procurando acompanhar e observar os progressos existentes ou não no cotidiano escolar do aluno, além de discutir o máximo possível sobre seus interesses, suas aptidões e suas atividades externas à escola. Acredito que todo professor bem intencionado é capaz de fazer isso e assim também deve ser capaz de medir, ainda que subjetivamente, os progressos e retrocessos dos seus alunos, porque o professor sabe onde ele quer que o aluno chegue e pode perceber a caminhada desse aluno, com todos os seus avanços e percalços.

Além daquilo que o professor costuma observar e medir objetiva e diretamente, ele deve constantemente questionar o seu aluno sobre o que ele está achando de seu próprio aprendizado, pois certamente isso traz respostas significativas, tanto positivas, quanto negativas para a avaliação daquele aluno. Isso acontece porque o aluno obviamente sabe se auto avaliar e assim consegue perceber quando está melhor ou está pior e o professor que o acompanha também é capaz de saber.

 Essas questões são bastante subjetivas, porque acabam sendo situações mais de sensibilidade do que situações de valorização numérica imediata. Entretanto, essas situações são verdadeiras e na maioria das vezes acabam informando muito mais do que as notas oriundas de avaliações apenas medidas (quantificadas). Posso estar errado, mas entendo que a presença efetiva do aluno e sua participação costumeira, regrada e compromissada às atividades escolares, devem ser fatores relevantes e, muitas vezes, preponderantes no processo de avaliação, porque, sobretudo, permitem esse contato maior que leva a troca de informações mais próximas entre os professores e os alunos.

Acredito piamente que a convivência próxima entre professores e alunos também seja uma condição bastante importante na avaliação do processo ensino-aprendizagem e estou convicto que a assiduidade e a pontualidade são fatores indispensáveis à boa convivência. Entretanto, como não sou dono da verdade, estou apenas manifestando minha opinião sobre um assunto que reputo de suma importância à Educação e que precisa ser muito discutido. Por isso, deixo aqui um espaço aberto para que os colegas professores critiquem e opinem à vontade sobre essas minhas modestas reflexões e tragam outras observações interessantes sobre o assunto.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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20 mar 2016

A Mineração e os Riscos ao Meio Ambiente

Resumo: O texto atual discute sobre a mineração, os riscos ao meio ambiente por elas produzido e o Novo Código de Mineração que tramita no Congresso Nacional. O texto chama a atenção de que a mineração é uma prática muito lucrativa, bastante degradadora e que os interesses econômicos e financeiros costumam ser prioritários. Desta forma, é preciso ficar atento, porque existe grande possibilidade de que os riscos, relacionadas ao meio ambiente, oriundos de atividades mineradoras sejam drasticamente ampliados.


A Mineração e os Riscos ao Meio Ambiente

Os diferentes processos de Mineração, ainda que tragam vantagens necessárias ao desenvolvimento econômico de determinadas áreas e locais, além de melhoria nas condições materiais de vida das diferentes comunidades pelo mundo afora, é preciso refletir que a mineração sempre traz desvantagens ambientais. Não há como fazer mineração, sem produzir danos irreversíveis ao ambiente explorado. Desta maneira, a mineração é disparadamente o “principal inimigo” do meio ambiente. Assim, a humanidade tem vivido um impasse histórico, entre a necessidade de explorar os recursos minerais e garantir a qualidade do ambiente em que esses recursos são explorados e principalmente tentar garantir a melhoria da qualidade de vida das pessoas que trabalham e vivem nessas áreas de mineração. Obviamente, essa dicotomia de interesses consiste numa tarefa extremamente difícil, mas é uma equação que precisa ser resolvida para o bem da humanidade e do planeta.

No passado, nunca houve qualquer preocupação com os efeitos oriundos da exploração dos recursos minerais e a prática minerária sempre aconteceu sem absolutamente nenhuma preocupação ambiental. Nos tempos recentes, graças a preocupação ambiental planetária e a escassez cada vez maior dos recursos minerais, a prática minerária teve que ser determinada e prevista por ações e mecanismos legais que orientam e indicam como proceder para a retirada dos diferentes tipos de minérios que a humanidade constantemente necessita. Assim, surgiram pelo mundo afora, os diferentes Códigos de Mineração e as demais leis que regem a exploração mineral. Aqui no Brasil, não foi diferente e, por isso mesmo, aqui também foi produzido o Decreto Lei Nº 62.934, de 2 de julho de 1968 (Código de Mineração), que definiu os padrões legais para a exploração mineral em nosso país, naquela época, mas que, 48 anos depois, está em vigência até hoje.

Por outro lado, as necessidades ambientais atuais são cada vez mais prementes e as exigências legais, por sua vez, devem ser maiores e mais efetivas, tanto nos mecanismos de concessão das licenças e autorização para exploração mineral, como na fiscalização das ações desenvolvidas pelas empresas mineradoras, antes, durante e depois das respectivas explorações. A Constituição Federal Brasileira (1988) determinou que qualquer atividade minerária necessita apresentar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que demonstre a situação do local de lavra antes, durante e depois do processo exploratório, bem como as possíveis propostas e ações de minimização e compensação dos impactos e ainda a recuperação da área degradada depois de realizada toda a exploração mineral.

Pois então, o atual Código de Mineração, feito em 1968, está fora da realidade proposta pela Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6938 de 31 de agosto de 1981, que determina os procedimentos fundamentais na área ambiental no Brasil, e também está em desacordo com a própria Constituição Federal, que como já foi dito, é de 1988. Assim o Código de Mineração precisa ser atualizado e melhorado, para que sejam garantidas as práticas minerárias dentro de padrões factíveis aos interesses ambientais planetários, nacionais, estaduais, regionais e, principalmente, que essas práticas possam ser particularmente benéficas às comunidades próximas localizadas nas áreas de mineração. Eventos como os rompimentos das barragens recentemente acontecidos em Mariana /MG e em Jacareí/SP, aqui no Vale do Paraíba, poderiam ter sido evitados se a legislação brasileira sobre mineração fosse mais moderna, mais rígida e se houvesse efetivo acompanhamento e fiscalização dos projetos de mineração que são desenvolvidos no Brasil.

Por conta disso, foi elaborado pelo governo federal e está tramitando no Congresso Nacional, um Novo Código de Mineração, para definir novas práticas operacionais e novas possibilidades de ação das atividades minerárias.  Entretanto, é bom lembrar que os interesses ambientais costumam ser contrários aos interesses dos empresários e também não refletem obrigatoriamente os interesses de agentes e setores políticos, principalmente num país como o nosso, onde se compram leis como está sendo comprovado pela OPERAÇÂO ZELOTES da Polícia Federal. Além disso, também é bom ter em mente que nem sempre novas leis devam indicar melhores práticas, principalmente no que se refere a mineração. Um texto novo não quer dizer um texto melhor. Desta forma é preciso acompanhar proximamente os trâmites do Novo Código de Mineração no Congresso Nacional e exigir que o meio ambiente e a comunidade sejam contemplados prioritariamente no novo texto. Aos interessados devo finalmente dizer que o Novo Código de Mineração que está tramitando no Congresso Nacional é o Projeto Lei 5807/2013 e que a necessidade de ler o referido texto, acompanhar sua tramitação e propor as devidas mudanças e um direito de qualquer cidadão brasileiro. O texto pode ser conseguido na INTERNET e as propostas de mudanças devem ser encaminhadas ao Congresso Nacional, em Brasília.    Luiz Eduardo Corrêa Lima]]>

01 mar 2016

A Sucessão Ecológica, a Formação dos Ecossistemas e a Degradação Planetária

Resumo: O texto atual trata da questão da formação dos diferentes ecossistemas terrestres por conta das forças físicas e químicas planetárias e da rápida degradação ambiental produzida pela espécie humana. A abordagem tenta demonstrar que as atividades antrópicas têm descaracterizado o planeta e comenta comparativamente sobre equilíbrio e a solidez dos ecossistemas naturais e fragilidade dos ecossistemas produzidos pelo homem e do risco cada vez maior na ampliação desses ecossistemas artificiais.


Sucessão Ecológica, a Formação dos Ecossistemas e a Degradação Planetária

A estrutura externa do planeta Terra atualmente se apresenta esquematicamente definida numa constituição de delineamento que pode ser facilmente entendida quando se observa um mapa mundi ou um planisfério. Essa estrutura, porém, nem sempre foi assim e certamente no futuro também não será como hoje. As mudanças estruturais resultam do tectonismo, que faz com que as placas tectônicas se movam e assim permitem que a crosta terrestre também possa se movimentar sobre o manto. Essa propriedade do planeta então permite que a crosta terrestre esteja sempre em movimento e assim, se modificando ao longo do tempo.

Em síntese, por conta do tectonismo, qualquer que seja o lugar, do ponto de vista geográfico-geológico, certamente esse lugar nunca será o mesmo, porque épocas diferentes apresentaram condições geológicas diferentes, as quais produziram situações geográficas distintas. Essa é a geodinâmica do Planeta Terra. Obviamente essa mudanças são progressivas, porém muito pequenas e vagarosas. Por isso mesmo, as mudanças são quase imperceptíveis aos olhos humanos, só podendo ser percebidas quando são analisadas ao longo do tempo geológico.

Em 1915, quando Alfred Wegener, no trabalho intitulado “A Origem dos Continentes e dos Oceanos”, sugeriu a possibilidade do movimento da crosta terrestre e propôs a Teoria da Deriva Continental ou Translação dos Continentes, para muitos parecia que aquele cientista estava ficando louco, entretanto hoje sabemos que esse é um fato geológico efetivo e incontestável. Além disso, hoje também sabemos que é graças ao tectonismo que a geodinâmica planetária se mantém. Por conta desse fenômeno, diferentes locais geográficos, ao longo do tempo geológico, apresentaram características físicas, químicas e biológicas bastante distintas.

Na verdade, as atividades acontecem da seguinte maneira: as forças físicas que atuam num determinado lugar, levam ao desenvolvimento de mudanças nas características físicas e nas composições químicas das substâncias que lá existem e esse mecanismo vai acontecendo indefinidamente. Em certo momento da história geológica da Terra surgiram os organismos vivos (entes biológicos) e consequentemente esses organismos vivos que habitam o local, também têm que ir se modificando para poder ocupar essas áreas que estão sempre ficando diferentes. A Evolução Biológica nos mostra que essa ocupação foi gradativamente se estruturando de maneira progressiva e se complexando por conta das necessidades de adaptações aos “novos ambientes” naqueles “velhos lugares”.

O processo evolutivo assim, tende a caminhar das formas biológicas mais primitivas, as bactérias, passando pelos diferentes grupos de protistas, de plantas e animais, inclusive o homem. Obviamente não há obrigatoriedade de uma progressão, mas existe uma contingência progressiva condicionada pela capacidade maior ou menor de adaptação das espécies e a por isso mesmo não ocorre necessariamente o aparecimento de uma forma viva em função do desaparecimento de outra. A evolução é cumulativa e mantém populações diferenciadas em função das referidas capacidades de adaptação. Assim, existem estágios múltiplos diferenciados e convivência coletiva entre esses diferentes estágios.

Pois então, a vida, que até aqui parece ser um fenômeno exclusivo do Planeta Terra, se desenvolve, se adapta e se modifica sempre em função das condições físicas e químicas do local onde ela se encontra. Em outras palavras, a vida (a Biologia) se estabelece obrigatoriamente na dependência direta das condições físicas e da composição química do local. Assim, em última análise, são a Física e a Química quem determinam as condições básicas sobre as quais a Biologia se estabelece. Essa é uma verdade irrefutável e é através do mecanismo conhecido como Sucessão Ecológica que essa situação consegue se estabelecer e desenvolver.

Num primeiro momento, qualquer local é uma estrutura física, composta por diferentes substâncias químicas, ou seja, um componente mineral ou pura rocha. Com a ação das intempéries do tempo e dos microrganismos vivos que, por ventura, conseguem se estabelecer nesse local, progressivamente o local vai se modificando e permitindo a vinda e a permanência cumulativa e diversificada de novos organismos, até que se estabeleça um grau máximo de suporte, de ocupação e consequentemente de diversidade biológica (Biodiversidade), onde ocorre uma estabilidade da comunidade, que só irá se alterar profundamente se houver nova mudança significativa do local. É esse mecanismo crescente de ocupação e de aumento progressivo da biodiversidade que denominamos Sucessão Ecológica.

A Sucessão Ecológica a rigor se passa por 3 fases fundamentais. A primeira fase (Comunidade Inicial) é aquela em que estão presentes as espécies que primeiro conseguem se estabelecer e que iniciam o processo de colonização biológica e transformação química da rocha matriz e que irão permitir a ocupação da área por outros organismos. Exatamente por exercerem tais funções é que essas espécies são denominadas de Pioneiras ou Colonizadoras. A segunda fase (Comunidades Séries) é aquele que se compõem das espécies intermediárias que são substituídas progressivamente. As Séries podem se compor da várias subfases, que cada vez abrem mais caminhos à ocupação dos novos organismos, até atingir a terceira fase (Fase Final), onde o equilíbrio de comunidade e a sua Biodiversidade atingem o apogeu. Esta fase final é denominada de Comunidade Climácica ou Clímax, porque ela efetivamente consiste no grau máximo de complexidade biológica e estrutural daquele local. Enquanto as condições se mantiverem ambientalmente equilibradas o Clímax tende a se manter.

Foi exatamente desta maneira, que os diferentes processos de Sucessão Ecológica, ao longo do tempo geológico, foram capazes de formar os diversos Ecossistemas e os diferentes Biomas que nosso planeta apresenta hoje. O resultado da estrutura planetária atual é consequência das inúmeras Sucessões Ecológicas, até aqui, ocorridas nos diferentes tipos de locais da Terra.

Assim, a Terra levou vários milhões de anos de sucessões para atingir o estágio atual e os grandes Biomas nela existentes, Por outro lado, a humanidade em pouquíssimos anos tem atuado progressiva e rapidamente como modificador desses ecossistemas de maneira drástica e muitas vezes irreversível. Assim, enquanto a natureza cria e define a estrutura terrestre num eon (tempo geológico), o homem, por sua vez, está destruindo toda a obra natural, num “flash” de tempo.

É através das mudanças geológicas que um rio se transforma num lago, que uma baía se transforma numa lagoa, que uma lagoa se transforma num charco e que um charco se transforma em terra firme. Também é através das atividades geológicas que nasce uma ilha no oceano, que forma-se uma ilha num litoral. Mas, é através das sucessões ecológicas que ocorrem nesses diferentes locais que a vida surge, com as espécies pioneiras e se diversifica com as diferentes séries até chegar ao Clímax. E desta maneira que uma ilha recém formada no meio do oceano, em relativamente poucos anos estará repleta de vida.

Enfim, todas as possibilidades geológicas são acompanhadas por mudanças biológicas consequentes e isso produz cada vez mais diversidade de formas vivas na Terra. Entretanto, nem sempre foi assim, porque houve um momento em que a vida ainda não existia, mas, depois que a vida surgiu no planeta, essa história de sucessão ecológica tem se repetido inúmeras vezes em todos os lugares da Terra, independentemente da ação antrópica. Embora o homem não impeça diretamente as sucessões, ele minimiza suas potencialidades quando especifica determinadas áreas no seu interesse particular e isso leva à redução das possibilidades sucessivas e consequentemente diminui a Biodiversidade.

Os Grandes Biomas planetários e suas respectivas formas de vida características são consequência dos Movimentos Geológicos e das Sucessões Ecológicas naturais. A vida no planeta cresceu e se diversificou fantasticamente e por força de ações geológicas já existiram vários períodos de extinção, mas sempre houveram novas possibilidades e novas sucessões se desencadearam e o resultado atual é esse que podemos observar. Entretanto, mais recentemente, graças a ação do homem, a vida que cresceu e diversificou, agora está decrescendo e se extinguindo vertiginosamente, em consequência da destruição dos ambientes naturais e da homogeneização dos ambientes por força das atividades humanas. Muitas espécies já se extinguiram ou estão em processo acentuado de extinção e muitos ecossistemas já se exterminaram levando consigo várias comunidades naturais.

Aa ação antrópica também produziu novos ecossistemas, diferentes dos naturais, e que, por isso mesmo são muito frágeis e de pouca diversidade biológica, porque não contemplam todos os mecanismos de sucessão que seria necessários ao seu estabelecimento se ocorressem por forças naturais. Esses ecossistemas não possuem o grau de complexidade estrutural oriundo das ações naturais manifestadas pelos organismos vivos ao longo da ocupação e assim não estão efetivamente preparados para a vida. Esses ambientes são áreas agrícolas, áreas de silvicultura e mesmo as cidades, que hoje são muito mais artificiais do que nunca.

Todos esses ambientes antrópicos, além de frágeis e de difícil manutenção, são pouco capazes de sustentar uma vida muito diversificada, devido as suas condições artificiais e assim tendem, naturalmente a se desequilibrarem. Isto é, não existe possibilidade de qualquer desses ambientes atingir uma Comunidade Clímax. O homem precisa para e entender que não há nenhuma ética planetária nas ações da tecnologia, que cresce indefinidamente sem se importar com a Terra e com seus fenômenos naturais. E aí que, de repente, vem os grandes cataclismas: o terremoto, a tsunami, o furacão e simplesmente destroem toda a obra a algumas vidas humanas, na tentativa de refazer os processos naturais. Mas, o homem insiste na sua loucura sem tentar entender, que deve existir um limite natural para as coisas e principalmente para as possibilidades tecnológicas da humanidade.

A manutenção desse tipo de ambiente artificial é muito cara economicamente, pois custa muito dinheiro; é tremendamente perigosa sociologicamente, porque facilita e aumenta a destruição de vidas humanas e também é extremamente danosa ecologicamente, pois acaba com a Biodiversidade. Em suma, esses são ambientes que não apresentam nenhuma sustentabilidade natural e por isso mesmo devem ser mantidos numa condição apenas necessária. O aumento progressivo dessas áreas não é bom para o planeta e obviamente é pior ainda para a espécie humana, que é a que mais depende da Terra.

Está na hora de começarmos a procurar entender que não podemos tudo e que daquilo que podemos, também não devemos tudo. Por fim, creio que está na hora de nos preocuparmos mais com os processos naturais e tentar imitar a natureza nas suas coisas mais fundamentais e não tentarmos violenta-la cada vez mais como até aqui temos feito. Não estou dizendo para simplesmente deixarmos a vida seguir seu curso dentro dos padrões naturais puros e exclusivos, até porque isso obviamente é impossível. O que eu quero dizer, é que devemos nos comprometer a controlar as nossas ações no interesse maior da espécie humana, Isto é, dentro de limites tangíveis e de possibilidades que garantam a nossa sobrevivência sem extrapolar os limites naturais estabelecidos. Devemos caminhar ao lado da natureza e não contra ela.

O homem já conseguiu muito, particularmente nos últimos 60 anos da história humana, se fez muito mais do que em toda a existência humana no planeta, mas agora estamos cada vez mais caminhando numa direção perigosa, a qual têm nos conduzido progressivamente a um caminho contrário aos interesses planetários e, ao meu ver, sem retorno para nossa espécie. O planeta, através dos movimentos geológicos e das sucessões ecológicas certamente ainda vai sobreviver por muitos milhões de anos à frente, num tempo geológico, mas a espécie humana talvez não consiga caminhar muito a frente, talvez nem por um “flash” de tempo estritamente antrópico.

Obviamente, eu não sou pitonisa, mas em vista do cenário produzido pelos acontecimentos recentes, creio que estou certo e isso tem me preocupado bastante. Por conta disso, estou deixando aqui o meu ponto de vista.

Luiz Eduardo Corrêa Lima


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22 fev 2016

60 anos e agora?

Resumo: Meus amigos agradecendo as centenas de mensagens recebidas por conta da passagem de meu aniversário, aproveito a oportunidade para, além de agradecer, também compartilhar com os amigos a minha modesta reflexão sobre esse momento em que estou completando 60 anos de vida.


60 anos e agora?

Diz o ditado que a vida começa aos 40, então, se isso for mesmo verdade, aos 60, isto é, 20 anos depois da vida começar efetivamente, estamos atingindo o ápice da jovialidade. Desta maneira, eu posso me considerar um jovem que está na flor da idade, apesar dos 60 anos. Pois então, é assim mesmo que estou me sentindo.

Nesse período, obviamente deixei de fazer muitas coisas que gostaria, entretanto consegui fazer outras tantas que nunca havia se quer pensado, quanto mais planejado. Esse é lado interessante da vida, que só se descobre depois que se vive. Inúmeras coisas acontecem, simplesmente porque acontecem. Alguém que tenha efetivamente apenas 20 anos, certamente é incapaz de prever todas as situações boas e ruins que terá que passar ao longo da vida, mas quando chega aos 60 você olha para trás e diz: caramba! Eu já passei por tudo isso? O que importa é o resultado final da balança e no meu caso, apesar das dificuldades, pois trabalhei muito e lutei bastante, tive glórias e tristezas, mas tenho absoluta certeza de que o saldo foi (está sendo) tremendamente positivo.

Ao longo da vida viajei muito, estudei bastante e conheci muita gente pelo Brasil e pelo mundo afora. Saí de minha cidade e de meu estado natal e vim para o Vale do Paraíba e aqui em Caçapava conheci uma mulher maravilhosa com quem estou casado a 34 anos e com quem tive a felicidade de gerar duas filhas e um filho, que graças a Deus só me deram alegrias e que hoje estão todos formados e trabalhando. Aliás Caçapava é uma cidade especial na minha vida, pois Caçapava me deu tudo que tenho de mais importante: minha família, minha casa, meu trabalho e me deu o direito de tentar melhorar também a vida das pessoas, quando me permitiu ser Rotariano, me elegeu Vereador e assumir o maior posto no Legislativo local. Aqui em Caçapava, me tornei um sou um artigo definido e respeitado, o “Professor Luiz Eduardo”. Acredito que em qualquer outro lugar do mundo eu seria apenas mais um sujeito, um artigo indefinido e sem nenhum crédito pessoal particular.

É claro que essa condição especial para mim, aqui em Caçapava, só foi possível porque realmente sou muito responsável e procuro fazer bem o meu trabalho e também porque conheci pessoas especiais, tive alunos especiais que falaram bem de mim e dentre essas pessoas, selecionei amigos, muitos deles sempre presentes na minha vida, os quais me ajudaram e me orientaram no caminho certo entre as pedras. Mas, obviamente, como nem tudo são flores, também adquiri vários desafetos e também aprendi bastante com eles, pois me ensinaram o que eu não deveria fazer. Infelizmente, como eu sou teimoso, algumas vezes repeti os erros, mas a vida ensina e, na maior parte das vezes, a gente acaba aprendendo ou então morre acreditando naquilo que faz e eu não sou diferente das demais pessoas.

Depois de 60 anos a gente já aprendeu muito, porém, ainda falta muito, eu quero e preciso aprender mais. Tem muita coisa que eu ainda quero e certamente vou fazer. Aliás, agora é mais fácil porque a vida já me modelou melhor e já sou mais consciente daquilo que quero, que posso e que devo. Pois então, perceberam a diferença, quando a gente tem apenas 20 anos, a gente não reflete sobre aquilo que pode ou sobre o que deve fazer, a gente só consegue pensar naquilo que quer fazer e acaba descobrindo, às vezes de maneira árdua e sofrida, que nem sempre é possível. Todos nós passamos por isso.

Eu me lembro que quando era menino, eu vivia fazendo contas para chegar ao ano 2000, quando o mundo iria se acabar, e como eu nasci em 1956, eu teria que viver até os 44 anos, um tempo interminável, uma imensidão, que eu achava que seria muito difícil alcançar, porque com 44 anos eu provavelmente já estaria morto e assim não presenciaria o fim do mundo. Quando olho para trás e vejo que o ano 2000 já foi fazem 16 anos é que eu entendo como a idade ensina a gente a viver. Na verdade, o tempo passa e a gente não percebe. Ninguém, efetivamente ninguém, por mais velho que seja, sente que tem a idade que tem e eu que achava quase absurdo chegar aos 44 anos, hoje acho pouco ficar nos 60, porque, como quase todas as pessoas, eu não sinto o peso da idade.

Como Biólogo, sei que a vida; esse fenômeno fantástico, que até aqui, parece só estar presente no nosso planetinha azul esverdeado e que infelizmente nós humanos temos progressivamente tornado marrom. A vida é algo temporário e transitório, pois um “belo” dia certamente a morte vem. A morte é contundente, compulsória e implacável, mas ela também faz parte da vida e precisamos estar preparados para ela. Depois de 60 anos, o que vier é lucro, pois já vive bastante. Porém, não estou querendo dizer que vou jogar a toalha e esperar a morte chegar. Não é isso. Na verdade, o que estou dizendo é que não estou nem aí para a morte. Meus avós morreram, meus pais morreram, e vou morrer e minha mulher e filhos também, o que a gente torce é que a ordem natural das coisas seja mantida, ou seja, que os mais velhos morram primeiro e que os demais continuem vivendo, cada segundo como se fosse o último.

No meu caso específico, quero que a morte venha sorrateira, sem avisar. Assim, como um infarto no meio de uma aula, porque certamente ela vai me pegar trabalhando, porque não vou esperar por ela. Ela que venha atrás de mim e que me pegue de surpresa. Ainda tenho muitos sonhos e vou continuar trabalhando para torna-los realidade. Enquanto minha cabeça funcionar e meu corpo responder estarei buscando aprender mais e fazer mais. Quero que meus filhos, meus amigos e meus alunos me vejam como exemplo, como um bom exemplo de trabalho e busca constante pela felicidade minha, de minha família e das demais pessoas, a quem eu puder de alguma maneira colaborar e auxiliar.

Bem meus amigos, como sempre, acredito que já falei demais. Agradeço pela amizade de todos vocês e vou continuar minha caminhada sonhando, fazendo e seguindo para os 70, 80, sei lá…, mas sempre pensando que tenho apenas 20 anos e assim vou até onde Deus permitir e espero continuar com vocês ao meu lado.

Abraços a todos.

Caçapava, 22 de fevereiro de 2016.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Texto escrito na madrugada (entre 4 e 5 horas da manhã) do dia 26 de janeiro de 2016.
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24 jan 2016

COP 21: sucesso efetivo?

Resumo: O artigo aponta sobre as possíveis dificuldades de cumprimento dos compromissos planetários por parte de alguns dos países que participaram da COP 21. Embora tenha havido consenso no que se refere a necessidade de ações que garantam as taxas de CO2, na verdade nenhuma formalidade ficou estabelecida para o cumprimento das metas apresentadas pelos países. Assim, são questionados os possíveis riscos, haja vista as diferentes necessidades dos diferentes países.


COP 21: sucesso efetivo?

Existe um antigo ditado que diz: “o futuro a Deus pertence”, entretanto, eu penso que seja ilusão sempre deixar nas mãos de Deus todas as possibilidades de continuidade da vida futura. Penso que devemos tentar construir o nosso futuro através de ações que justifiquem os nossos interesses. Dessa maneira, é preciso projetar o futuro, aprendendo com os erros do passado, trabalhando dura e arduamente no presente, cumprindo todos os compromissos assumidos e assim tentando garantir construção do futuro. Obviamente também será necessário esperar que Deus permita que o nosso trabalho seja profícuo e que a nossa vida possa efetivamente alcançar o futuro, entretanto o projeto tem que ser nosso e não de Deus.

Pois então, a COP 21 (21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC) ocorrida em Paris, em dezembro de 2015, apresentou um relatório final em que fica evidenciada preocupação de todos os 195 países presentes com a questão climática planetária e que todos pretendem fazer alguma coisa para minimizar o aquecimento global. Porém, não ficou decidida nenhuma obrigação para ninguém. Isto é, cada país deverá ser responsável por aquilo que se comprometer e ponto final. Não sei, mas penso que faltou alguma coisa mais. Faltou a amarração final do acordo, mas como foi dito acima, o futuro pertence a Deus, no entanto eu acho que estamos atribuindo muita responsabilidade para Deus e nenhuma para nós mesmos.

Infelizmente, a história passada da humanidade não nos permite ter muitas esperanças sobre as possibilidades de cumprirmos os compromissos e o relatório final da COP 21 deixou uma agenda aparentemente muito frouxa de compromissos para os países signatários, no que diz respeito às diversas possibilidades de garantir a manutenção climática da Terra e vida futura da humanidade. Na verdade, nem se cogitou de uma efetiva agenda de ações e compromissos. Apenas se decidiu que os países membros, independentemente de qualquer exigência inicial, assumissem suas respectivas responsabilidades, se programassem e projetassem suas ações futuras para controle das emissões de carbono e outras atividades afins, visando a minimização dos problemas climáticos planetários.

Se, por um lado, os avanços científicos e tecnológicos nos animam, porque nos demonstram que somos capazes e que existem possibilidades reais de minorar os problemas ambientais e climáticos progressivamente, através dos novos mecanismos alternativos que têm sido desenvolvidos. Por outro lado, as profundas diferenças entre os países do mundo em nível cultural, educacional, econômico, científico e principalmente moral, não nos permitem ter grandes expectativas quanto à capacidade generalizada de ações promissoras e muito menos de que haja real interesse dessas ações por todos os países envolvidos. Não só as diversidades são muitas, como as necessidades também e são essas últimas, mais contundentes, que se manifestam primeiramente nos países pobres.

É bom lembrar que existem países na Terra cuja realidade é muito mais que triste, pois esses países não apresentam nenhuma condição para estar preocupados com aumento da temperatura do planeta, porque suas necessidades próximas são outras e certamente são mais prementes. Seus habitantes vivem numa imensa miserabilidade, sem condições nenhuma de qualidade de vida. Esses seres humanos precisam comer, beber, morar, vestir, além de inúmeras outras coisas menos importantes para se manter vivos. Enfim, a questão é muito complexa e depende de um significativo investimento do resto do mundo, em especial dos países ricos, para minimizar a pobreza no mundo.

Embora os países mais pobres contribuam individualmente pouco com as emissões de carbono, na somatória entre todos eles a quantidade total é bastante considerável e também precisa ser controlada. Entretanto, certamente eles não vão, a bel prazer, de maneira nenhuma, se preocupar com suas emissões de carbono, haja vista que têm problemas mais sérios e imediatos para resolver. Sair da miséria deve ser, antes de qualquer coisa, a prioridade desses países.

Penso que a COP 21 poderia e deveria ter criado mecanismos para, pelo menos, tentar garantir a diminuição das diversidades degradantes entre os países ricos e pobres, sugerindo, promovendo e comprometendo alguns mecanismos que viabilizassem a diminuição da pobreza no mundo, ainda que isso representasse um decréscimo econômico para os países ricos e possivelmente até mesmo para a economia mundial. Mas esse é o preço que tem que ser pago para garantir a nossa vivência no planeta e certamente essas medidas de redução da pobreza mundial, ao longo do tempo, se mostrarão mais eficientes e satisfatórias ao meio ambiente global, que determinadas atividades específicas de interesses nacionais restritos para algumas das nações mais ricas.

Assim, sou de opinião que, se nosso navio não continua à deriva, pelo menos continuamos sem o compromisso real de um projeto concreto mundial de trabalho e esforço coletivo dos países para garantir a diminuição das emissões de CO2 (Dióxido de Carbono, Anidrido Carbônico ou Gás Carbônico), ou seja, o navio está adernando e certamente poderá naufragar a qualquer momento. Ainda que os países, principalmente aqueles que mais contribuem para o aquecimento global, tenham apresentado as suas metas e que efetivamente deverão tentar cumpri-las, na realidade a responsabilidade para o cumprimento dessas mesmas metas, continua sendo um compromisso individual de cada país consigo mesmo e depois, sempre existe a possibilidade de mudança de planos pelos mais diversos motivos. Assim, a falta de amarração é um fato, no mínimo, perigoso e temerário, haja vista que a história humana não nos anima a realmente acreditar no cumprimento correto desse tipo de acordo.

Aqui no Brasil, por exemplo, temos a experiência de que para cada governo novo, surge uma nova política que desconsidera tudo que estava sendo feito pelo anterior e resolve começar algo diferente. Assim, a cada quatro anos muda praticamente tudo e quase nada tem continuidade. Além disso, existem acordos que alguns grupos (Partidos) distintos se recusam a cumprir, por simples pirraça. De maneira geral, o país é o que menos interessa aos administradores e políticos, os interesses dos grupos é que são importantes. Assim, lamentavelmente, se alguma questão anteriormente acordada por um grupo, que já não está mais no poder, for desinteressante ao novo grupo que passar a assumir o comando nacional, simplesmente aquela questão anterior deixa de ser considerada importante e passa a não mais existir. É duro e triste, mas infelizmente é assim mesmo que esse país funciona. Obviamente, o Brasil não deve ser o único desse jeito.

Depois de toda essa discussão, o que eu efetivamente quero dizer é que acredito que o nosso navio continua à deriva. Penso que o limite de aquecimento de 2 graus Celsius, até o ano 2100, dificilmente será mantido. Não se pode nem dizer que o acordo final da COP 21 foi um contrato de risco, porque na verdade não há contrato, existe apenas a certeza de que vamos continuar correndo sérios riscos, os quais seria melhor que não corrêssemos. Infelizmente, isso é muito pouco perto daquilo que a maioria dos ambientalistas esperava da COP 21.

Em certo sentido, aparentemente continuamos do mesmo jeito, a única coisa que mudou é que agora somos cientes da possibilidade de naufrágio e que cada passageiro do navio deve, por si só, elaborar o seu programa a seu bel prazer e se for possível (ou se for interessante), deverá cumprir esse programa no interesse de todos os demais passageiros da embarcação. Ora, isso é acreditar e depender muito de quem até agora nada tinha feito em relação às possibilidades consideradas. Ou seja, isso é achara que o naufrágio não precisa ser evitado, porque não existe risco.

Não quero ser pessimista, mas como eu já disse, essa situação de atribuir responsabilidade está muito tênue, sendo quase como mandar um “lobo bom” tomar conta do galinheiro, porque por mais que ele possa fazer de produtivo, haja vista que ele é um “lobo bom”, sempre haverá alguma galinha que terá que ser comida, ou por necessidade ou até mesmo por uma questão de sua índole de lobo. Lobo é lobo e, nesse caso, cabe ressaltar que Thomas Hobbes já disse que o homem é o lobo do próprio homem. Em suma, sem compromisso formal, acredito que vamos continuar a enxugar gelo, o qual, aliás, não para de derreter, porque a temperatura não para de subir.

Enfim, temos que parar de pensar isolada e individualmente, cada país com seus problemas. Temos que ressuscitar John Lennon e pensar num único país, um país chamado Terra, onde todos os seres humanos vivem a vida em paz. Temos que assumir Gaia, como propôs James Lovelock, entendendo que somos parte de um todo maior, viajantes dentro dessa grande nave espacial, pois só assim teremos certeza de que trabalharemos para tentar garantir o futuro, pois independentemente da vontade de Deus, estaremos fazendo nossa parte.

Senhores, vejam bem, como as coisas são difíceis e como o ser humano é complicado. Enquanto a gente sai de uma reunião internacional com 195 países reunidos, ao fim da qual se ajusta um grande acordo de cavalheiros, dentre nós mesmos existem alguns que não estão nem aí com toda a conversação produzida. Por exemplo, logo depois da COP 21, a Coréia do Norte afrontou o mundo fazendo testes bélicos, explodindo uma bomba de hidrogênio. Mas, tudo bem, temos certeza que a maioria dos humanos não são como o líder norte coreano. Não sei até quando, mas vamos tentar acreditar na raça humana mais uma vez, até porque todos os humanos da Terra estão na mesma dependência de que esse navio não naufrague.

Acredito que os países deveriam ter firmado alguns acordos mais contundentes, os quais, de alguma maneira, obrigassem a assumirem suas responsabilidades individuais e coletivas em prol do planeta e da humanidade, porém não foi isso que aconteceu. De qualquer forma, nós já vimos que a espécie humana é genial e que obviamente também não é impossível que as coisas possam efetivamente melhorar. Agora só nos resta aguardar o futuro e embora devêssemos caminhar sozinhos, porque fomos nós que criamos os problemas. Mas, vamos acreditar na espécie humana, mormente nos dirigentes das nações e esperar que Deus nos ajude e nos conduza mais uma vez na direção certa.

Luiz Eduardo Corrêa Lima



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21 dez 2015

Mensagem de Fim de Ano 2015

Resumo: Pessoal, como de costume, venho deixar minha mensagem de fim de ano para vocês, leitores, a fim de agradecer pelo apoio durante o ano de 2015 e desejar sinceros votos de um excelente ano novo e natal para vocês e suas famílias.


Mensagem de Fim de Ano 2015

Meus amigos, estamos em dezembro e o ano está acabando. É tempo de Natal e de Festas, pois um ano termina e outro começa. Está é uma época onde os sentimentos estão à flor da pele é um momento de agradecimentos, de prestações de contas, de avaliações, de reflexões e principalmente de tirar conclusões a partir daquilo que já se fez e que ainda se quer fazer. Pois então, meus amigos, depois de muito analisar e refletir, cheguei à conclusão que parece estar valendo a pena manter o nosso www.profluizeduardo.com.br em atividade e que preciso agradecer muito e prestar contas aos leitores pelos números significativos conseguidos até este momento (15/12/2015).

No último dia 10 de dezembro o nosso “site” completou 1 ano e 5 meses de atividades (ou 17 meses, se preferirem). Nesse curto período de tempo publiquei 85 textos, os quais foram observados por 7.200 diferentes usuários, produzindo 9.150 sessões e 17.700 visualizações. Além disso, os registros oficiais do “Google Analytics” confirmam que o site já teve visitantes de todos os 5 continentes e 21 subcontinentes da Terra, tendo sido lido por pessoas em 103 países distintos e 1.409 cidades do mundo, em 54 idiomas diferentes. Sendo assim, só me resta agradecer a colaboração de todos os amigos e leitores que têm permitido a realização desse resultado, que eu considero um grande sucesso.

Além disso, quero também aproveitar a oportunidade para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo profícuo e pleno de realizações. Quero também manifestar o meu desejo pessoal de que no novo ano que está chegando, nós possamos estabelecer maiores contatos e melhores conexões e que meus textos possam continuar sendo úteis e interessantes às diferentes necessidades de vocês.

Por fim, quero mesmo manifestar os meus votos mais sinceros de que o ano de 2016 venha carregado de muita positividade para todos nós e principalmente para o nosso querido Planeta Azul, com o efetivo cumprimento dos acordos internacionais propostos na COP 21, em Paris.

FELIZ 2016!

Caçapava, 15 de dezembro de 2015.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

 
P.S. Quero aproveitar para dizer que durante o mês de janeiro eu estarei de férias e provavelmente não postarei nenhum artigo novo, mas o site continuará no ar e certamente ainda existem muitas coisas para serem lidas por vocês.
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09 dez 2015

Educação Ambiental: infelizmente ainda está faltando muito

Resumo: O texto atual diz respeito a necessidade premente de Educação Ambiental que existe em nosso país. Entretanto, ele chama a atenção de que a Educação Ambiental precisa estar voltada aos interesses próximos e à realidade local das comunidades. Para tanto precisamos passar a cumprir efetivamente as leis ambientais e desenvolver programas específicos de Educação Ambiental para as diferentes situações e regiões, mormente nas áreas de grandes projetos de Agricultura e Mineração.


Educação Ambiental: infelizmente ainda está faltando muito

O Brasil é um país onde o setor primário, isto é, a agricultura, a pecuária e a mineração se constituem na base da economia. Além disso, o setor secundário é quase totalmente ocupado por empresas multinacionais e a grande maioria delas é totalmente despreocupada com as questões ambientais e menos preocupadas ainda com o Brasil e a população brasileira. Se não bastasse isso, ainda temos essa mania terrível de achar que a economia é tudo. Em suma, aqui no Brasil, além de termos a infeliz mania de achar que a economia é, de fato, a única coisa importante para o país, ainda sofremos com a exagerada exploração dos recursos naturais e o desleixo das empresas multinacionais.

Assim, com essas condições funcionais e operacionais de nossa base econômica, associadas com essa mania inverídica da importância quase exclusiva de entender a economia como sendo o único mecanismo de avaliação do desenvolvimento, seguimos nosso triste caminho, quem nem Dom Quixote, na busca de dias melhores. É bom lembrar que essas condições estão tão arraigadas que lamentavelmente atingem tanto os dirigentes (governantes) nacionais, como a grande maioria das pessoas e por isso mesmo consistem claramente na raiz de nossa eterna dependência.

Um país que possui essas características básicas e ainda com essa população, de visão generalizadamente caolha, apresenta uma cultura que realmente não permite pensar que a Educação Ambiental seja realmente algo importante e necessário para melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas. Há necessidade de mudar essa cultura, desqualificando esse pensamento errôneo e criando novas maneiras de pensar que produzam novos comportamentos e que possam gerar novas atitudes na população brasileira. Temos sim que colocar metas de Educação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável na vanguarda de nossas ações para que ocupemos o nosso devido lugar no cenário internacional.

Mas, como no momento presente, a sociedade brasileira infelizmente ainda não está preparada para entender a importância de determinados conceitos, os quais deveriam ser consequências de uma base sólida de Educação Ambiental, temos muito que trabalhar para mudar o quadro. Palavras e expressões como Sustentabilidade, Biodiversidade, Economia Verde, Desmatamento Zero e outras tantas, ainda soam de maneira destoante e ilógica na mente da maioria dos brasileiros e isso ocorre exatamente porque para a grande parte das pessoas essas palavras são menos importantes, porque na visão delas, os conceitos por trás delas não têm nenhuma relação próxima com a Economia Nacional, o que certamente é um grande equívoco.

Desta maneira, como será possível fazer Educação Ambiental no país, se o propósito da Educação Ambiental é exatamente ao contrário dos valores culturais estabelecidos na população e se os interesses desse tipo de modelo educacional são totalmente antagônicos aos interesses primários dos dirigentes e das próprias pessoas? Assim, acaba se falando muito de Educação Ambiental, mas se faz efetivamente muito pouco (quase nada) sobre essa proposta educacional. Embora haja alguns bons trabalhos na área, esses são pouco significativos perto da necessidade e assim, o tempo passa e a caravana segue praticamente do mesmo jeito. Mudar essa imagem conflitante é realmente uma tarefa bastante difícil, mas que precisa ser cumprida.

Temos uma Constituição Federal que determina a Educação Ambiental como mecanismo obrigatório e orientador das atividades formadoras básicas na área ambiental. Entretanto, por outro lado, desenvolvemos uma ação efetiva que contradiz aquilo que a Constituição preconiza. Quer dizer, existe um grande contrassenso entre o que a diretriz legal maior do país propõe e aquilo que na realidade se aplica. Em contra partida, o mundo civilizado e os países desenvolvidos, cientes da necessidade da Educação Ambiental e clamando por melhor maneira de tratamento planetário, atua prioritária e exatamente nessa área, tentando orientar e criar melhores mecanismos e soluções ambientais, pelo menos no âmbito de seus respectivos territórios. Enquanto isso, aqui no Brasil, nós continuamos brincando de fazer Educação Ambiental e permitindo que muitas multinacionais, principalmente aquelas ligadas ao setor primário, façam o que quiserem do ponto de vista ambiental.

A Legislação Brasileira é muito boa, ouso dizer que talvez seja a melhor do mundo, no que diz respeito à área ambiental, porém, a nossa cultura de que “algumas leis pegam e outras não”, nos condiciona à eterna dependência do Poder Judiciário capenga (na verdade totalmente paralítico) que o país possui e que simplesmente não funciona. Assim, temos a necessidade premente de criarmos a prática efetiva de cumprir a lei, sempre priorizando o interesse maior da comunidade e deixar de lado esse “faz de contas legal” em que vivemos, mormente na área ambiental.

O caso recente da SAMARCO, que produziu o lamentável evento em Mariana/MG, retrata muito bem o que foi dito acima e que costumeiramente acontece em nosso país. A SAMARCO é uma empresa de Mineração, ligada diretamente a duas mega multinacionais do setor e que historicamente têm feito coisas erradas e não se preocupam muito em cumprir a legislação, aqui no Brasil. De repente ocorreu um grave problema e aí se descobriu que, de acordo com os preceitos legais, tudo estava errado há muito tempo e que essa é só uma pequena questão, apenas a ponta do iceberg e que obviamente trouxe consigo uma série de outros problemas muito maiores.

Mas, o que a legislação diz a esse respeito que a SAMARCO e tantas outras não cumprem? A legislação diz exatamente tudo o que a SAMARCO não fez e que a maioria das empresas do setor minerário também não fazem. Por sua vez, a população também não sabe e infelizmente nem quer saber o que a legislação diz, até ocorrer o grande problema, como aconteceu. A partir daí a coisa muda. Depois do problema estabelecido, isto é. depois que o leite foi derramado, é que se quer impedir o seu derramamento. Ora, isso é fisicamente impossível.

Então se começa a discutir outras coisas, que não são o problema em si, como, por exemplo: que coisas que deveriam ter sido feitas e que não foram? Quem vai pagar o quê a quem? Por que alguém tem pagar alguma coisa? Quanto e quando alguém tem que pagar? Mais uma vez só se pensa em economia (dinheiro). Enfim, nenhuma dessas coisas, principalmente dinheiro, resolve o problema depois dele já ter ocorrido, quando muito essas coisas podem servir como mecanismo para calar a boca de alguns e para que as coisas erradas continuem acontecendo. Tem um ditado muito antigo que diz: “prevenir é melhor do que remediar”, mas aqui no Brasil prevenção, embora esteja na lei, na prática não existe.

Passa o tempo e todo mundo se esquece, com aconteceu com a Vila Socó, em Cubatão/SP (1984), na Baia de Guanabara/RJ (2000), em Cataguases/MG (2008), São Sebastião/SP (2013), só para citar alguns e fica assim até que outro problema apareça. Essa situação viciada precisa ter fim e isso pode ser conseguido facilmente, com efetiva educação ambiental e naturalmente com cumprimento da legislação.

Assim, voltamos a nossa questão inicial, precisamos de Educação Ambiental, mas também precisamos aprender a cumprir as leis, além de fiscalizar e denunciar quem não as cumpre. Precisamos nos informar melhor sobre as potencialidades dos danos ambientais e sociais produzidos pelos setores primários e secundários da produção, principalmente pelas atividades ligadas à mineração.

Bem, depois de tantos esclarecimentos preliminares sobre esta problemática, que é de fato bastante confusa, fica a seguinte pergunta: como deveremos fazer para tentar solucionar essa situação e começar a resolver os problemas?

Acredito que primeiramente haja necessidade de informar os riscos efetivos produzidos pelas diferentes atividades antrópicas e a partir daí elaborar os planos de educação ambiental que viabilizem prioritariamente orientar as ações preventivas e secundariamente as ações corretivas. Por outro lado, também é fundamental obrigar e acompanhar as empresas dos setores interessados na produção de seus programas de prevenção, de fiscalização e de controle de suas atividades. Infelizmente na nossa cultura, sem fiscalização ninguém faz nada.

Com a tradição brasileira é de país pouco industrializado e de base agrícola, a Educação Ambiental tem que se implantar sobre os aspectos agropastoris e minerários incialmente e crescer a partir dessas possibilidades. A população brasileira necessita saber, de fato, sobre os riscos ambientais que está correndo, quando desmata uma área natural, cultiva um solo, planta determinada cultura agrícola, introduz um determinado fertilizante, aplica certo agrotóxico e principalmente quando extrai um mineral qualquer e acumula os rejeitos da extração. Além disso, também é necessário que se invista em orientar a população sobre as vantagens, as desvantagens e os possíveis riscos de cada um dos aspectos citados e também sobre a legislação relacionada com os mesmos.

Enquanto a população continuar totalmente alheia e desinteressada sobre essa realidade, certamente não haverá um progresso efetivo nos mecanismos de Educação Ambiental e consequentemente também não haverá condições do país prosperar de maneira responsável e sustentável, tratando melhor os seus espaços ambientais e sua população. Particularmente as comunidades mais próximas de cada empreendimento, devem estar bem informadas e conscientes do que estão sujeitas.

É preciso que as verdades sejam ditas no que se refere as ações dos governos e dos empresários dos setores da agricultura e da mineração e de suas respectivas posturas, quase sempre contrárias ao interesse ambiental e a proteção da natureza. A população brasileira precisa saber que de um modo geral, os governos em todas as esferas do Poder e os produtores agrícolas e mineradores, por conta de seus respectivos interesses corporativistas, egoístas e imediatistas, além do pouco interesse ambiental, estão mais afim de burlar a legislação e enganar a população para ganhar mais dinheiro, do que trabalhar para garantir a qualidade ambiental e a sustentabilidade dos seus próprios empreendimentos agrícolas e minerários.

Os trabalhadores dos diferentes setores agrícolas, os mineradores e os demais segmentos da população do entorno dos grandes empreendimentos do setor primário da produção, precisam estar efetivamente informados sobre todos os procedimentos e sobre toda a legislação ambiental que se relaciona com o empreendimento. O Código Florestal e o Código de Mineração precisam ser conhecidos de toda população brasileira. As medidas compensatórias e mitigadoras e mesmo as maneiras de inviabilização de alguns projetos precisam estar presentes na educação básica e na formação dos cidadãos, para que eles possam conhecer, opinar, discutir e até decidir sobre essas atividades e as consequências de seus riscos potenciais.

Apenas dessa maneira é que estaremos realizando a verdadeira Educação Ambiental que o país tanto precisa e que poderá transformar a população brasileira, enquadrando cada setor dentro das devidas possibilidades legais, mas preservando suas necessidades e ampliando a capacidade de produção e de controle das diferentes atividades. Por mais que a produção agrícola e minerária sejam importantes e necessárias, do ponto de vista econômico, a educação ambiental pode, deve e tem que ser a mola mestre que poderá trazer dias melhores ao Brasil no futuro. Mas, é preciso que se queira realmente que isso aconteça e que se invista profundamente nisso. Para tanto, há necessidade de estabelecer Programas de Educação Ambiental específicos para as diferentes áreas, localidades, culturas florestais, tipos de minérios.

A Educação Ambiental tem que ser muito séria e tem que estar realmente adaptada ao ambiente a que se propõe, pois do contrário continuará sendo uma falácia que continuará fazendo pouca diferença no contexto real e na necessidade do país e da população brasileira. Urge que as autoridades constituídas se tiverem verdadeiro interesse no país e no seu desenvolvimento sustentável, passem a se manifestar ativamente, definindo critérios claros e atuando mais abertamente nessa direção.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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