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Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

21 dez 2015

Mensagem de Fim de Ano 2015

Resumo: Pessoal, como de costume, venho deixar minha mensagem de fim de ano para vocês, leitores, a fim de agradecer pelo apoio durante o ano de 2015 e desejar sinceros votos de um excelente ano novo e natal para vocês e suas famílias.


Mensagem de Fim de Ano 2015

Meus amigos, estamos em dezembro e o ano está acabando. É tempo de Natal e de Festas, pois um ano termina e outro começa. Está é uma época onde os sentimentos estão à flor da pele é um momento de agradecimentos, de prestações de contas, de avaliações, de reflexões e principalmente de tirar conclusões a partir daquilo que já se fez e que ainda se quer fazer. Pois então, meus amigos, depois de muito analisar e refletir, cheguei à conclusão que parece estar valendo a pena manter o nosso www.profluizeduardo.com.br em atividade e que preciso agradecer muito e prestar contas aos leitores pelos números significativos conseguidos até este momento (15/12/2015).

No último dia 10 de dezembro o nosso “site” completou 1 ano e 5 meses de atividades (ou 17 meses, se preferirem). Nesse curto período de tempo publiquei 85 textos, os quais foram observados por 7.200 diferentes usuários, produzindo 9.150 sessões e 17.700 visualizações. Além disso, os registros oficiais do “Google Analytics” confirmam que o site já teve visitantes de todos os 5 continentes e 21 subcontinentes da Terra, tendo sido lido por pessoas em 103 países distintos e 1.409 cidades do mundo, em 54 idiomas diferentes. Sendo assim, só me resta agradecer a colaboração de todos os amigos e leitores que têm permitido a realização desse resultado, que eu considero um grande sucesso.

Além disso, quero também aproveitar a oportunidade para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo profícuo e pleno de realizações. Quero também manifestar o meu desejo pessoal de que no novo ano que está chegando, nós possamos estabelecer maiores contatos e melhores conexões e que meus textos possam continuar sendo úteis e interessantes às diferentes necessidades de vocês.

Por fim, quero mesmo manifestar os meus votos mais sinceros de que o ano de 2016 venha carregado de muita positividade para todos nós e principalmente para o nosso querido Planeta Azul, com o efetivo cumprimento dos acordos internacionais propostos na COP 21, em Paris.

FELIZ 2016!

Caçapava, 15 de dezembro de 2015.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

 
P.S. Quero aproveitar para dizer que durante o mês de janeiro eu estarei de férias e provavelmente não postarei nenhum artigo novo, mas o site continuará no ar e certamente ainda existem muitas coisas para serem lidas por vocês.
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09 dez 2015

Educação Ambiental: infelizmente ainda está faltando muito

Resumo: O texto atual diz respeito a necessidade premente de Educação Ambiental que existe em nosso país. Entretanto, ele chama a atenção de que a Educação Ambiental precisa estar voltada aos interesses próximos e à realidade local das comunidades. Para tanto precisamos passar a cumprir efetivamente as leis ambientais e desenvolver programas específicos de Educação Ambiental para as diferentes situações e regiões, mormente nas áreas de grandes projetos de Agricultura e Mineração.


Educação Ambiental: infelizmente ainda está faltando muito

O Brasil é um país onde o setor primário, isto é, a agricultura, a pecuária e a mineração se constituem na base da economia. Além disso, o setor secundário é quase totalmente ocupado por empresas multinacionais e a grande maioria delas é totalmente despreocupada com as questões ambientais e menos preocupadas ainda com o Brasil e a população brasileira. Se não bastasse isso, ainda temos essa mania terrível de achar que a economia é tudo. Em suma, aqui no Brasil, além de termos a infeliz mania de achar que a economia é, de fato, a única coisa importante para o país, ainda sofremos com a exagerada exploração dos recursos naturais e o desleixo das empresas multinacionais.

Assim, com essas condições funcionais e operacionais de nossa base econômica, associadas com essa mania inverídica da importância quase exclusiva de entender a economia como sendo o único mecanismo de avaliação do desenvolvimento, seguimos nosso triste caminho, quem nem Dom Quixote, na busca de dias melhores. É bom lembrar que essas condições estão tão arraigadas que lamentavelmente atingem tanto os dirigentes (governantes) nacionais, como a grande maioria das pessoas e por isso mesmo consistem claramente na raiz de nossa eterna dependência.

Um país que possui essas características básicas e ainda com essa população, de visão generalizadamente caolha, apresenta uma cultura que realmente não permite pensar que a Educação Ambiental seja realmente algo importante e necessário para melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas. Há necessidade de mudar essa cultura, desqualificando esse pensamento errôneo e criando novas maneiras de pensar que produzam novos comportamentos e que possam gerar novas atitudes na população brasileira. Temos sim que colocar metas de Educação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável na vanguarda de nossas ações para que ocupemos o nosso devido lugar no cenário internacional.

Mas, como no momento presente, a sociedade brasileira infelizmente ainda não está preparada para entender a importância de determinados conceitos, os quais deveriam ser consequências de uma base sólida de Educação Ambiental, temos muito que trabalhar para mudar o quadro. Palavras e expressões como Sustentabilidade, Biodiversidade, Economia Verde, Desmatamento Zero e outras tantas, ainda soam de maneira destoante e ilógica na mente da maioria dos brasileiros e isso ocorre exatamente porque para a grande parte das pessoas essas palavras são menos importantes, porque na visão delas, os conceitos por trás delas não têm nenhuma relação próxima com a Economia Nacional, o que certamente é um grande equívoco.

Desta maneira, como será possível fazer Educação Ambiental no país, se o propósito da Educação Ambiental é exatamente ao contrário dos valores culturais estabelecidos na população e se os interesses desse tipo de modelo educacional são totalmente antagônicos aos interesses primários dos dirigentes e das próprias pessoas? Assim, acaba se falando muito de Educação Ambiental, mas se faz efetivamente muito pouco (quase nada) sobre essa proposta educacional. Embora haja alguns bons trabalhos na área, esses são pouco significativos perto da necessidade e assim, o tempo passa e a caravana segue praticamente do mesmo jeito. Mudar essa imagem conflitante é realmente uma tarefa bastante difícil, mas que precisa ser cumprida.

Temos uma Constituição Federal que determina a Educação Ambiental como mecanismo obrigatório e orientador das atividades formadoras básicas na área ambiental. Entretanto, por outro lado, desenvolvemos uma ação efetiva que contradiz aquilo que a Constituição preconiza. Quer dizer, existe um grande contrassenso entre o que a diretriz legal maior do país propõe e aquilo que na realidade se aplica. Em contra partida, o mundo civilizado e os países desenvolvidos, cientes da necessidade da Educação Ambiental e clamando por melhor maneira de tratamento planetário, atua prioritária e exatamente nessa área, tentando orientar e criar melhores mecanismos e soluções ambientais, pelo menos no âmbito de seus respectivos territórios. Enquanto isso, aqui no Brasil, nós continuamos brincando de fazer Educação Ambiental e permitindo que muitas multinacionais, principalmente aquelas ligadas ao setor primário, façam o que quiserem do ponto de vista ambiental.

A Legislação Brasileira é muito boa, ouso dizer que talvez seja a melhor do mundo, no que diz respeito à área ambiental, porém, a nossa cultura de que “algumas leis pegam e outras não”, nos condiciona à eterna dependência do Poder Judiciário capenga (na verdade totalmente paralítico) que o país possui e que simplesmente não funciona. Assim, temos a necessidade premente de criarmos a prática efetiva de cumprir a lei, sempre priorizando o interesse maior da comunidade e deixar de lado esse “faz de contas legal” em que vivemos, mormente na área ambiental.

O caso recente da SAMARCO, que produziu o lamentável evento em Mariana/MG, retrata muito bem o que foi dito acima e que costumeiramente acontece em nosso país. A SAMARCO é uma empresa de Mineração, ligada diretamente a duas mega multinacionais do setor e que historicamente têm feito coisas erradas e não se preocupam muito em cumprir a legislação, aqui no Brasil. De repente ocorreu um grave problema e aí se descobriu que, de acordo com os preceitos legais, tudo estava errado há muito tempo e que essa é só uma pequena questão, apenas a ponta do iceberg e que obviamente trouxe consigo uma série de outros problemas muito maiores.

Mas, o que a legislação diz a esse respeito que a SAMARCO e tantas outras não cumprem? A legislação diz exatamente tudo o que a SAMARCO não fez e que a maioria das empresas do setor minerário também não fazem. Por sua vez, a população também não sabe e infelizmente nem quer saber o que a legislação diz, até ocorrer o grande problema, como aconteceu. A partir daí a coisa muda. Depois do problema estabelecido, isto é. depois que o leite foi derramado, é que se quer impedir o seu derramamento. Ora, isso é fisicamente impossível.

Então se começa a discutir outras coisas, que não são o problema em si, como, por exemplo: que coisas que deveriam ter sido feitas e que não foram? Quem vai pagar o quê a quem? Por que alguém tem pagar alguma coisa? Quanto e quando alguém tem que pagar? Mais uma vez só se pensa em economia (dinheiro). Enfim, nenhuma dessas coisas, principalmente dinheiro, resolve o problema depois dele já ter ocorrido, quando muito essas coisas podem servir como mecanismo para calar a boca de alguns e para que as coisas erradas continuem acontecendo. Tem um ditado muito antigo que diz: “prevenir é melhor do que remediar”, mas aqui no Brasil prevenção, embora esteja na lei, na prática não existe.

Passa o tempo e todo mundo se esquece, com aconteceu com a Vila Socó, em Cubatão/SP (1984), na Baia de Guanabara/RJ (2000), em Cataguases/MG (2008), São Sebastião/SP (2013), só para citar alguns e fica assim até que outro problema apareça. Essa situação viciada precisa ter fim e isso pode ser conseguido facilmente, com efetiva educação ambiental e naturalmente com cumprimento da legislação.

Assim, voltamos a nossa questão inicial, precisamos de Educação Ambiental, mas também precisamos aprender a cumprir as leis, além de fiscalizar e denunciar quem não as cumpre. Precisamos nos informar melhor sobre as potencialidades dos danos ambientais e sociais produzidos pelos setores primários e secundários da produção, principalmente pelas atividades ligadas à mineração.

Bem, depois de tantos esclarecimentos preliminares sobre esta problemática, que é de fato bastante confusa, fica a seguinte pergunta: como deveremos fazer para tentar solucionar essa situação e começar a resolver os problemas?

Acredito que primeiramente haja necessidade de informar os riscos efetivos produzidos pelas diferentes atividades antrópicas e a partir daí elaborar os planos de educação ambiental que viabilizem prioritariamente orientar as ações preventivas e secundariamente as ações corretivas. Por outro lado, também é fundamental obrigar e acompanhar as empresas dos setores interessados na produção de seus programas de prevenção, de fiscalização e de controle de suas atividades. Infelizmente na nossa cultura, sem fiscalização ninguém faz nada.

Com a tradição brasileira é de país pouco industrializado e de base agrícola, a Educação Ambiental tem que se implantar sobre os aspectos agropastoris e minerários incialmente e crescer a partir dessas possibilidades. A população brasileira necessita saber, de fato, sobre os riscos ambientais que está correndo, quando desmata uma área natural, cultiva um solo, planta determinada cultura agrícola, introduz um determinado fertilizante, aplica certo agrotóxico e principalmente quando extrai um mineral qualquer e acumula os rejeitos da extração. Além disso, também é necessário que se invista em orientar a população sobre as vantagens, as desvantagens e os possíveis riscos de cada um dos aspectos citados e também sobre a legislação relacionada com os mesmos.

Enquanto a população continuar totalmente alheia e desinteressada sobre essa realidade, certamente não haverá um progresso efetivo nos mecanismos de Educação Ambiental e consequentemente também não haverá condições do país prosperar de maneira responsável e sustentável, tratando melhor os seus espaços ambientais e sua população. Particularmente as comunidades mais próximas de cada empreendimento, devem estar bem informadas e conscientes do que estão sujeitas.

É preciso que as verdades sejam ditas no que se refere as ações dos governos e dos empresários dos setores da agricultura e da mineração e de suas respectivas posturas, quase sempre contrárias ao interesse ambiental e a proteção da natureza. A população brasileira precisa saber que de um modo geral, os governos em todas as esferas do Poder e os produtores agrícolas e mineradores, por conta de seus respectivos interesses corporativistas, egoístas e imediatistas, além do pouco interesse ambiental, estão mais afim de burlar a legislação e enganar a população para ganhar mais dinheiro, do que trabalhar para garantir a qualidade ambiental e a sustentabilidade dos seus próprios empreendimentos agrícolas e minerários.

Os trabalhadores dos diferentes setores agrícolas, os mineradores e os demais segmentos da população do entorno dos grandes empreendimentos do setor primário da produção, precisam estar efetivamente informados sobre todos os procedimentos e sobre toda a legislação ambiental que se relaciona com o empreendimento. O Código Florestal e o Código de Mineração precisam ser conhecidos de toda população brasileira. As medidas compensatórias e mitigadoras e mesmo as maneiras de inviabilização de alguns projetos precisam estar presentes na educação básica e na formação dos cidadãos, para que eles possam conhecer, opinar, discutir e até decidir sobre essas atividades e as consequências de seus riscos potenciais.

Apenas dessa maneira é que estaremos realizando a verdadeira Educação Ambiental que o país tanto precisa e que poderá transformar a população brasileira, enquadrando cada setor dentro das devidas possibilidades legais, mas preservando suas necessidades e ampliando a capacidade de produção e de controle das diferentes atividades. Por mais que a produção agrícola e minerária sejam importantes e necessárias, do ponto de vista econômico, a educação ambiental pode, deve e tem que ser a mola mestre que poderá trazer dias melhores ao Brasil no futuro. Mas, é preciso que se queira realmente que isso aconteça e que se invista profundamente nisso. Para tanto, há necessidade de estabelecer Programas de Educação Ambiental específicos para as diferentes áreas, localidades, culturas florestais, tipos de minérios.

A Educação Ambiental tem que ser muito séria e tem que estar realmente adaptada ao ambiente a que se propõe, pois do contrário continuará sendo uma falácia que continuará fazendo pouca diferença no contexto real e na necessidade do país e da população brasileira. Urge que as autoridades constituídas se tiverem verdadeiro interesse no país e no seu desenvolvimento sustentável, passem a se manifestar ativamente, definindo critérios claros e atuando mais abertamente nessa direção.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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01 dez 2015

O Conceito de Ambiente Saudável e a Catástrofe Humana

Resumo: O texto atual é mais uma reflexão sobre a questão ambiental planetária e as perspectivas necessárias de mudança para a continuidade da espécie humana na Terra. É questionada a responsabilidade do homem como pretenso “Senhor da Terra” e citadas algumas coisas que deveriam ser feitas para a melhoria da qualidade de vida planetária. É citada também a COP 21 que está acontecendo em Paris, como efetiva fonte de acordo para começar a recuperação do Clima e do Planeta.


O Conceito de Ambiente Saudável e a Catástrofe Humana

O conceito de ambiente saudável deve ser compreendido numa amplitude que envolva objetivamente “aquele local (meio ambiente) que permite a geração, o desenvolvimento, a manutenção e a continuidade da vida”. Ao que parece, pelo menos até agora, a Terra é o único lugar no universo em que essas condições foram satisfeitas a contento e assim, somente aqui nesse planeta a vida se estabeleceu, evoluiu e diversificou. Entretanto, já faz muito tempo que o Planeta Terra vem progressivamente deixando de ser um ambiente saudável para grande número das espécies aqui viventes, inclusive e principalmente para a espécie humana. Aliás, sempre é bom lembrar que exatamente a nossa espécie é a principal responsável pela condição cada vez menos saudável do planeta Terra. Muitas espécies se extinguiram prematuramente e outras estão extremamente ameaçadas e certamente não terão mais salvação, por conta da situação lamentável situação de degradação que a espécie humana produziu no planeta até aqui.

Entretanto, nós temos certeza absoluta que não era para ser assim e o que o resultado deveria ter sido bem diferente, se o planeta tivesse seguido seu curso evolutivo naturalmente e sem a interferência humana. Com certeza, o ciclo planetário da vivência de grande número dessas espécies deveria ter sido bem maior e mais abrangente. Como o tempo de existência dessas espécies deveria efetivamente ser maior, eu estou me utilizando da expressão “extinção prematura” para o desaparecimento delas. Se a Evolução levou ao surgimento dessas espécies no planeta, certamente foi para que pudessem ter a oportunidade de lutar e tentar continuar evoluindo de maneira natural. A extinção poderia até acontecer para algumas delas, já que a extinção também é um fenômeno natural, mas essa extinção deveria ser decorrente de condições naturais aleatórias e não das imposições condicionadas pelas atividades humanas.

Os processos naturais de extinção normalmente costumam levar algum tempo para acontecer e quando se efetivam geralmente são resultantes de consequências evolutivas outras, oriundas das próprias atividades orgânicas (fisiológicas), genéticas, comportamentais, ou ainda ambientais das espécies e não provocadas quase que exclusivamente por ações antrópicas, como, por exemplo, a destruição de ecossistemas naturais. Algumas vezes, esses processos de extinção também resultam de atividades geomorfológicas catastróficas e grandes cataclismas, como foi o caso dos grandes dinossauros. Entretanto, esses fenômenos causam extinção em massa, o que não costuma ser uma regra, pois as extinções tendem a ser lentas e aleatórias, dentro do próprio processo de evolução biológica. Em outras palavras, as extinções naturais são consequências da própria evolução, onde umas espécies substituem as outras por estarem melhor adaptadas.

Pois então, nos últimos tempos, o que temos, infelizmente, observado é uma extinção prematura, rápida e progressiva de grande número de espécies, num padrão bem distinto daquilo que deveria ser naturalmente esperado. Isso significa que existe alguma coisa errada, talvez alguma coisa catastrófica e que por conta disso, a Terra não está mais parecendo ser um bom lugar para muitas dessas espécies viverem. É claro que as catástrofes ambientais “naturais” têm sido cada vez mais frequentes, o que também favorece à extinção.

Mas, o que realmente mudou ou está mudando? Que coisa é essa que está complicando cada vez mais os processos naturais? Por que o planeta vida, tem progressiva e acentuadamente rechaçado a própria vida?

Eu acredito que todas essas perguntas precisam ser respondidas sem paixão e lamento dizer que penso efetivamente que a causa de todos esses problemas seja a ação nociva da espécie humana no planeta. A ação do homem, talvez seja a maior catástrofe planetária já ocorrida até aqui e certamente muitos dos cataclismas que tem acontecido tem relação direta com as atividades antrópicas no planeta.

Nenhuma outra espécie planetária é capaz de ocupar e modificar o ambiente natural tão diversificada, desastrosa e perigosamente como a nossa. A rigor, ao longo de nossa história, nós destruímos, degradamos e modificamos de alguma maneira, todos os ecossistemas terrestres. Nós fizemos uma apropriação indébita do planeta e assim, derrubamos muitas florestas; matamos inúmeros animais; construímos fábricas, usinas, estradas, áreas agrícolas e cidades; mudamos cursos de rio e secamos rios; comunicamos oceanos e ligamos continentes; transpomos montanhas, rios, lagos e mares. Enfim, fizemos e ainda estamos fazendo, uma mudança imensurável no planeta. Essa ações certamente têm trazido consequências drásticas ao clima do planeta e ampliado a ocorrência de eventos catastróficos. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: até quando, nós continuaremos a agir assim, com essa postura degradadora?

Tenho certeza que existem muitas pessoas, muitos seres humanos, que já possuem essa noção de que o homem é o único grande degradador da Terra e assim, para esses indivíduos, obviamente eu não disse novidade absolutamente nenhuma, mas precisamos fazer com que todos os seres humanos passem a ver, entender e efetivamente trabalhar para modificar esse procedimento degradador e errôneo de nossa espécie. Temos que mudar o nosso padrão comportamental urgentemente, porque falta muito pouco, para que o processo de extinção atinja nossa espécie também. É isso mesmo a nossa degradação, que até extinguiu algumas espécies, ali na frente extinguirá a nossa espécie também e, como o processo está cada vez mais rápido, devo concluir que temos pouquíssimo tempo.

A catástrofe humana precisa ter fim, para que a Terra, que jamais voltará a ser a mesma, possa, pelo menos, abrigar e manter a nossa espécie a algumas outras por mais algum tempo. Que o nosso processo natural de extinção, que já não será natural depois de tudo que fizemos, possa ser mais tardio do que está se projetando. Temos que criar uma nova filosofia para a vida humana no planeta, que privilegie sobre tudo a vida como fenômeno natural e o planeta como casa que permite e capacita à vida. Para tanto, será preciso que tomemos certos cuidados fundamentais, alguns dos quais, mesmo sem nenhum poder sobre a possibilidade de aplicabilidade deles, vou me atrever a mencionar, obviamente de maneira aleatória e sem nenhuma ordem de prioridade ou preferência, porque todos são igualmente importantes. Quem sabe alguns administradores públicos ou outros poderosos achem interessante e resolvam apoiar e até mesmo investir nessas ideias.

1 – Controlar imediatamente a população humana no planeta. Cada ser humano que nasce é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois aumenta a necessidade de espaço físico e de recursos naturais.

2 – Acabar imediatamente com o desmatamento de áreas naturais (desmatamento zero). Cada árvore nativa derrubada é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois, além de diminuir a taxa fotossintética que mantém a vida no planeta, diminui também a biodiversidade planetária e aumenta a possibilidade de conter mais a taxa de gases de efeito estufa.

3 – Acabar imediatamente com as práticas mineradoras degradadoras e desnecessárias. Cada novo projeto de lavra é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois destrói o ecossistema, aumenta o desmatamento, extermina e extingue espécies, degrada e decompõe o solo, polui a água e outras coisas mais.

4 – Controlar progressiva e atentamente as atividades industriais. Cada nova indústria é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois utilizam recursos naturais, água, ar e energia, além de poluir o ar, a água e o solo.

5 – Controlar progressivamente a Poluição Química, o Lixo e os Resíduos Sólidos. Cada grama a mais de resíduo é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois degrada e polui o meio ambiente, gerando condições insalubres que favorecem a doenças e outras coisas mais.

6 – Investir maciçamente em Educação Ambiental. Cada procedimento pessoal e coletivo ambientalmente correto produzirá uma significativa melhora planetária, pois as pessoas mais bem orientadas saberão tratar melhor o planeta e assim garantirão a qualidade de vida que se espera, para as gerações atuais e futuras.

7 – Mudar gradativamente da noção de valor, que deverá deixar de ser estritamente econômica e passar a ser preferencialmente ecológica. O que tem valor são as coisas e não o dinheiro, portanto é preciso proteger as coisas antes do dinheiro. Lembrar que: “o valor não vale, o valor é”. Se existirem as coisas para todos, não haverá necessidade de existir o dinheiro apenas para alguns.

8 – Limitar ao máximo o uso dos recursos naturais não renováveis e obrigar legalmente a renovação dos renováveis. Tudo o que existe na Terra deverá usado em benefício da própria Terra. O homem como espécie dominante tem que ter responsabilidade no uso dos recursos naturais e tem que estar claro que qualquer atividade não seja boa para o planeta, também não poderá ser boa para a humanidade.

9 – Investir no conhecimento científico na área ambiental, afim de produzir novas tecnologias que propiciem a melhora progressiva e a recuperação do ambiente natural, pois isso nos conduzirá às novas práticas ambientais que nos permitirão progressivamente tratar o planeta de maneira menos degradante.

10 – Reduzir a uma escala compatível todas as atividades industriais que prejudicam direta ou indiretamente o meio ambiente, pois as indústrias a exemplo das demais atividades antrópicas deverão estar a serviço dos interesses coletivos da espécie humana, que serão primariamente condicionados pelos interesses planetários.

11 – Atuar para que as cidades devam ser espaços que permitam progressiva melhoria da qualidade de vida das pessoas e dos demais organismos vivos que nela habitem, pois as cidades, embora sejam ambientes modificados no interesse da humanidade, tem que guardar sua relação próxima com a natureza. O ser humano antes de ser urbano é natural e traz consigo para a cidade várias outras espécies que também ocupam a cidade e que competem com o humano sobre vários aspectos e que, por isso mesmo, o ser humano precisa aprender a conviver com elas.

12 – Atuar proativa e determinadamente visando sempre a sustentabilidade. Lembrar que tudo acontece num lugar (meio ambiente), que somos seres humanos (sociedade) e que compramos e vendemos coisas (economia). A sustentabilidade é o perfeito equilíbrio interesses três fatores e só seguiremos em frente se mantivermos esse equilíbrio.

13 – Garantir a manutenção da biodiversidade planetária, protegendo e preservando os bancos genéticos, pois no futuro será essa biodiversidade que poderá nos orientar e conduzir nos procedimentos corretos a serem tomados para continuar a nossa caminhada planetária.

 14 – Investir em tecnologia cada vez mais limpa para garantir a melhoria continua da qualidade ambiental e consequentemente da qualidade de vida. O planeta agradece e as gerações futuras também agradecerão para sempre aquilo que for feito hoje em prol delas.

O ambiente saudável que queremos, merecemos e que o planeta nos deu durante muito tempo, pode voltar a existir, só depende de nós mesmos. Apenas a espécie humana pode mudar as tendências que estão previstas, entretanto é preciso muita vontade e ação política para que isso aconteça. Nesse sentido cumpre a cada um de nós a obrigação de exigir que os governos dos entes federativos brasileiros nas três esferas do poder se envolvam seriamente se comprometendo com as questões ambientais.

 Por outro lado, no nível internacional, a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP21), que está acontecendo nesta semana e na próxima, em Paris e que reunirá pelo menos 190 chefes de estado, para discutir as questões relacionadas ao Clima da Terra, certamente é o melhor momento para que se consiga estabelecer alguns pequenos acordos que possam garantir o ambiente saudável. Se algumas das modestas citações aqui levantadas, forem de alguma maneira discutidas e implementadas, com certeza o resultado da COP 21 já terá sido positivo, mas é preciso que se procure estabelecer o número mais amplo possível de pequenos acordos relacionados aos diferentes temas citados. Os líderes estão confiantes e a secretária-executiva da convenção sobre mudanças climáticas da ONU, Christiana Figueres, afirma que efetivamente um grande acordo climático vai acontecer a partir do encontro.

Bem, ficamos por aqui aguardando as ações nacionais e internacionais, porque urge que a espécie humana se faça, de fato, “dona do planeta”, como tem historicamente se intitulado até aqui, mas sem o verdadeiro compromisso de cuidar daquilo que é seu. Doravante, esperamos que nossa espécie venha assumir a condição efetiva de proprietária da Terra, mas, que seja consciente da responsabilidade que tem, pensando e agindo como uma espécie planetária, isto é, no interesse coletivo de todas as espécies vivas da Terra e não somente no interesse de grupos de indivíduos humanos determinados que buscam solucionar suas questões particulares. Não sou pitonisa, mas acredito que apenas pensando e trabalhando coletivamente em prol do planeta é que poderá haver salvação da extinção prematura para o Homo sapiens.

Nossos filhos, netos, bisnetos e todos os que ainda virão, estão esperando que nós façamos a nossa parte, para que eles tenham condições de viver no nosso planeta azul.  A Terra ainda pode continuar a ser um ambiente saudável por muito tempo, apesar da catástrofe humana. Mais uma vez estamos sendo chamados e temos a oportunidade de minimizar problemas, para progressivamente começar a resolver algumas das principais questões ambientais e quem sabe garantir a manutenção de nossa espécie na Terra. Que Deus ilumine as decisões dos líderes presentes na COP 21, para que eles possam fazer o dever de casa corretamente.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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17 nov 2015

Rompimento de Barragens em Mariana/MG: uma tragédia anunciada

Resumo: O texto atual tem a pretensão de ser mais um alerta sobre a situação em que se encontram as inúmeras barragens com rejeitos de mineração existentes no país. É comentada a importância da Mineração como atividade socioeconômica histórica e de grande relevância aos interesses nacionais, mas também é questionada a sua exploração inconsequente e sua condição danosa como prática antrópica ambientalmente insustentável, principalmente aqui no Brasil.


Rompimento de Barragens em Mariana/MG: uma tragédia anunciada

A mineração sem dúvida nenhuma é uma das mais importantes atividades humanas, pois é fonte da produção de inúmeras coisas que favorecem amplamente a humanidade nos mais diversos aspectos e situações, nos diferentes setores da vida humana, tanto social, quanto economicamente. Por conta disso, as atividades mineradoras sempre se destacaram na vivência cotidiana dos diferentes grupos sociais nas várias civilizações humanas que se sucederam ao longo da história. Hoje não é diferente e a mineração continua sendo uma da mais importantes atividades da humanidade.

Por outro lado, a mineração também é uma atividade extremamente danosa e modificadora da condição ambiental, porque para se tirar o minério, seja ele qual for, sempre haverá necessidade de impactar drasticamente o ambiente, produzindo marcas profundas, com danos bastante significativos e muitas vezes (quase sempre) irreparáveis. Desta maneira, a mineração tem se constituído efetivamente na pior das atividades humanas ao longo da história, no que se refere ao meio ambiente. Entretanto, no afã de facilitar esse tipo de atividade, a humanidade tem desenvolvido técnicas e mecanismos cada vez mais capazes e mais eficientes para explorar os recursos minerais planetários. Desta maneira, aquilo que já era ruim para o meio ambiente, tem ficado progressivamente bem pior.

Até bem pouco tempo atrás, a humanidade não se dava conta de que a mineração trazia consequências drásticas ao ambiente de fato e ninguém nunca se importou muito com as consequências ambientais planetárias oriundas dos processos de mineração. O importante era retirar o minério e aproveitar sua utilidade, o resto não interessava e nem era importante. Esse foi e lamentavelmente ainda é, no pensamento de alguns cegos, a visão generalizada, principalmente daqueles que atuam no setor de mineração.

Graças a Deus, a história recente tem demonstrado claramente que esse procedimento consiste numa visão absurda e deturpada, pois nem sempre, apenas a retirada do minério é o mais interessante. Aliás, do ponto de vista ambiental, certamente essa é uma ideia totalmente errada. Baseado nesse fato, muitos acreditam que haja necessidade de uma nova visão sobre a atividade mineradora, sua importância econômica, social, ambiental e principalmente sua real necessidade. A prática do desenvolvimento sustentável é prioritária quando se pensa nas questões relacionadas à mineração. Assim, atualmente, as novas tecnologias nos dão conta de que muitos materiais e produtos podem ser desenvolvidos a partir de novos mecanismos de produção oriundos de outros processos, que muitas vezes eliminam a necessidade daquela matriz mineral que antes era necessária.

Desta maneira, hoje é preciso se colocar a real necessidade da mineração numa “balança de custo X benefício”, para avaliar objetivamente, as vantagens e as desvantagens de execução de determinado projeto minerário. Tal avaliação deve ocorrer sem paixões ou interesses outros, principalmente aqueles interesses estritamente econômicos, que costumeiramente priorizam e conduzem as ações nessa área. Além disso, se após a análise, a definição final for pela elaboração da extração do minério, ainda assim será de fundamental importância que se trabalhe, projete e execute todas as ações possíveis que permitam viabilizar a recuperação da área degradada que será utilizada no projeto minerário a ser desenvolvido.

A extração mineral não pode mais ser pensada como algo que termina em si, é preciso que sejam planejados, sempre que possível, novos usos sociais das áreas mineradas para depois da mineração. A mineração tem que deixar de ser uma simples retirada de minério, para passar a ser necessariamente uma retirada de minério objetivando causar a menor quantidade de danos ambientais e sociais possíveis, ainda que isso possa implicar em um lucro econômico proporcionalmente um pouco menor aos mineradores.

Em outras palavras, hoje existe uma necessidade de se pensar na mineração não somente como atividade econômica geradora de dinheiro, mas também como atividade ambiental altamente degradadora que precisa ser menos degradante e ainda como atividade social relevante, engrandecedora, enriquecedora da humanidade e produtora de significativos benefícios aos mais diversos grupos sociais. Porém, sobretudo, sempre deve existir a necessidade de se avaliar cada situação específica da maneira mais abrangente possível e sem nenhum tipo de prejulgamento, para que sejam evitados situações viciosas e conflitantes.

Como já foi dito, apenas nos últimos anos foi que os países desenvolvidos progressivamente foram se preocupando mais com a degradação consequente das atividades mineradoras e a partir de então começaram a produzir normas para retirada mineral e recuperação ambiental, através de mecanismos de disposição final dos rejeitos, tratamento devido dos resíduos e descontaminação dos ambientes explorados. Enfim, hoje existe todo um conjunto de procedimentos metodológicos e normas orientadoras, inclusive referente a postura e proteção dos trabalhadores das diferentes áreas de mineração, os quais estão sujeitos a constantes situações de risco de acidentes e muitos vezes acidentes fatais.

Pelo mundo afora, o licenciamento ambiental é uma obrigação real e efetiva que é cumprida à risca e sem concessões e principalmente as empresas mineradoras são fiscalizadas e orientadas em seus projetos minerários, os quais devem conter previamente todos os procedimentos que serão envolvidos na exploração do minério, desde a retirada até depois da consolidação final da área de exploração. Os projetos são apresentados e analisados detalhadamente em todos os seus estágios da exploração e do tratamento a ser dado aos rejeitos e resíduos dentro dos padrões legais estabelecidos.

Aqui no Brasil, também temos a obrigação do licenciamento ambiental e também não faltam leis específicas relacionadas às questões ambientais. Entretanto, a maioria dessas normas estão apenas no papel, porque não existe o cumprimento efetivo delas e por isso mesmo os desastres ambientais oriundos principalmente das atividades mineradoras são cada vez mais comuns e mais violentos. A falta de cuidado com as atividades mineradoras pode produzir e aqui no Brasil tem produzido situações decorrentes muito sérias, simplesmente porque ninguém ainda se preocupa com as consequências ambientais e sociais do processo minerário.

O “acidente” recém ocorrido na cidade de Mariana/MG, em área administrada pela empresa SAMARCO, vinculada diretamente à empresa VALE (maior mineradora do Brasil e terceira do mundo) e a empresa Australiana “Broken Hill Proprietary Company – BHP” (maior mineradora do mundo) foi, na verdade, uma tragédia anunciada e certamente outros do mesmo tipo deverão ocorrer e com maiores frequências, particularmente no estado de Minas Gerais, onde se concentram cerca de 700 represas em situações semelhantes àquelas que romperam. A grande maioria dessas represas não possui nenhum controle, nem monitoramento da situação e muito menos plano de emergência.

É bom lembrar que em 2012, as barragens da SAMARCO foram consideradas de baixo risco pelo órgão responsável pela auditoria, o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM e por conta disso as barragens iriam passar por nova avaliação em 2015, o que não ocorreu. Vejam bem, uma barragem de baixo risco fez esse imenso estrago. Agora, imaginem então as barragens de alto risco, que estragam irão produzir se houver rompimento?

Hoje o Brasil possui cerca de 15.000 represas e barragens e apenas 15% delas têm algum plano emergencial que possa dizer o que fazer em caso de rompimento. Entretanto, tramita no Congresso o Novo Código de Mineração (Projeto Lei 5807/2013) que é uma proposta de autoria desse poder executivo que está aí e que dentre outras coisas estabelece e viabiliza novas áreas e novas vantagens econômicas às empresas mineradoras, mas pouco trata dos rejeito e das consequências posteriores às explorações minerárias.

O tempo passa, as coisas acontecem, mas existem coisas e situações que nunca mudam ou que só pioram com o tempo aqui no Brasil. A mineração é uma dessas coisas que se manteve igual, ou só piorou desde o Brasil colônia até hoje. Isto é, desde aquela época alguém tira o minério, leva para onde quiser e faz o que bem entender com o lucro. Os nativos e o território que possui aquele material que se danem. Alguém precisa apertar o botão e desligar essa máquina de destruição e de tragédias ambientais e sociais que ocorrem na mineração brasileira.

Temos um país rico em minérios e devemos sim explorar os recursos minerais que possuímos, porém é preciso que esta exploração não continue se traduzindo em lucro de poucos (na maioria estrangeiros) e prejuízo do país e da grande maioria dos cidadãos brasileiros. A mineração brasileira deve estar a serviço do Brasil e dos brasileiros e não aos interesses de grandes grupos econômicos internacionais, que pouco ou nada se importam com o Brasil e principalmente com a população brasileira.

O carvão de Santa Catarina, o manganês do Amapá, a bauxita do Pará, o estanho de Rondônia, o carvão de Santa Catarina e o Ferro de Minas Gerais, não devem ser tratados como o ouro e as pedras preciosas foram tratados no Brasil colônia. Esses e outros minérios encontrados no país, precisam realmente servir aos interesses do meio ambiente, do povo brasileiro e devem produzir benefícios econômicos. Além disso, também é importante que fique claro, que os riscos consequentes das respectivas explorações minerais são responsabilidade única e exclusiva dos mineradores e esses riscos devem ser tratados dentro das normas legais mais rígidas possíveis.

As represas, como as duas de Mariana de “baixo risco” e as demais (de médio e alto risco) devem ser controladas e monitoradas para que os acidentes já anunciados não ocorram e devem ter definidos os seus respectivos planos de emergência para atender aos acidentes futuros. O controle dos resíduos da mineração deve ser considerado como meta prioritária, pois ele é tão ou mais importante que a própria mineração em si, porque ainda que ele não traga dinheiro diretamente, ele procura garantir um ambiente sadio e manter a vida, inclusive e principalmente a vida humana, o que também acaba produzindo um lucro indiretamente.

Bem, vamos aguardar os próximos acontecimentos e ver a efetiva posição do governo brasileiro em relação a esse assunto. Quero salientar que apenas multar a empresa não resolve nada, porque não recupera o ambiente, não devolve a vida das pessoas que morreram e tampouco devolve as histórias de vida daquelas que sobreviveram às tragédias. E mais ainda, dependendo do valor da multa tem empresa que sempre vai preferir pagar a multa e continuar fazendo errado. Isso é, a multa em muitos casos é o preço a ser pago para ter o direito de fazer a coisa errada e assim quem tem dinheiro não está preocupado em pagar multas. O governo brasileiro deve parar de “pensar com o bolso” e já que aparentemente não consegue pensar com a cabeça, deve procurar passar a “pensar com o coração”, lembrando carinhosamente dos 205 milhões de brasileiros que são os verdadeiros donos do Brasil e todo o seu rico território.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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02 nov 2015

Papa Francisco: o Jesuíta de Coração e Mente Franciscana

Resumo: O texto atual aborda a encíclica papal “Laudato si”, que foi publicada essa ano e, de certa forma, também é uma homenagem ao Papa Francisco, que resolveu conclamar os católicos para ajudar o planeta e ao mesmo tempo uma solicitação aos católicos para que promovam e pratiquem aquilo que o Papa está pedindo na Carta Magna, pois a salvação da “mãe Terra” depende exclusivamente das atividades promovidas pela humanidade.


Papa Francisco: o Jesuíta de Coração e Mente Franciscana

No século XVI, graças a Nicolau Copérnico, o Heliocentrismo passou a ser considerado o modelo verdadeiro para explicar a composição do Sistema Solar, entretanto a Igreja Católica sempre manteve essa evidência científica fora de suas verdades primárias, haja vista que isso era desinteressante e contrariava preceitos dogmáticos da doutrina. Apenas no ano de 1922 foi que finalmente os líderes do Catolicismo perceberam que admitir que a Terra não é o centro do mundo, talvez não fosse um problema tão grave aos interesses da Igreja Católica e, a partir de então, eles reconheceram e aceitaram o padrão heliocêntrico como sendo uma verdade.

Daquela época até recentemente, mais precisamente até o dia 24 de maio de 2015, quando o Papa Francisco admitiu que a Teoria da Evolução e a “Teoria do Big Bang” são reais e não contradizem o Cristianismo, praticamente não tinha acontecido nada de significativamente diferente nas posições da Igreja Católica. Obviamente é bom ressaltar que Pio XII, em 1950, já havia admitido que a aceitação da Evolução como Teoria Científica era plausível para explicar biologicamente a diversificação da vida e, além disso, também deve ser lembrada a citação de João Paulo II, em 1996, de que: “a evolução é compatível com a fé cristã”. Entretanto, a atual colocação de Francisco foi peremptória.

O Sistema Solar sempre foi o mesmo, custamos a entende-lo corretamente, mas no século XVI a Ciência já não tinha mais dúvidas de sua organização estrutural. Entretanto, como já foi dito, a Igreja Católica só reconheceu esse padrão organizacional em 1922. Quer dizer, levou cerca de 300 anos. A Teoria Darwiniana da Evolução Biológica, foi estabelecida formalmente em 1859, no livro “A Origem das Espécies” de Charles Darwin, mas ela já vinha sendo discutida, pelo menos 30 anos antes por seu apresentador e alguns amigos nas esferas científicas. Mas, a teoria só foi reconhecida por Pio XII em 1950, isto é, levou cerca de 100 anos. A atual teoria do “Big Bang”, que começou a ser discutida por volta de 1925, sendo proposta definitivamente por George Gamow, em 1948, mas Francisco já está considerando a mesma como um fato verdadeiro com menos de 70 anos de seu surgimento formal, embora essa teoria contradiga muito as bases da Religião Católica.

Eu, embora leigo no que se refere ao Catolicismo, depois da declaração do Papa Francisco, ouso dizer que nunca houve tantos motivos para que todos os católicos do mundo e mesmo os não católicos preocupados com o planeta se sintam radiantes e esperançosos quanto aos destinos do Igreja Católica e quiçá de toda a humanidade. O comando dos católicos por um homem da grandeza e da coragem do Papa Francisco, certamente só trará benefícios ao planeta Terra e a todos os seus habitantes, principalmente os seres humanos.

Em suma a Igreja Católica, assim como a grande maioria das religiões nunca foi muito ligada nas afirmações e nas conclusões científicas, principalmente naquelas questões que de alguma maneira desagradavam seus interesses confessionais. Mas, eis que surge um Papa genial, que parece pensar diferente e que tem se utilizado dos argumentos científicos para engrandecer sua Igreja e se manter em paz com a os demais interesses da humanidade e do planeta.

Três aspectos devem chamar a atenção dos leitores, principalmente os leitores católicos, das colocações feitas nos parágrafos anteriores. O primeiro aspecto é que a Igreja Católica, ao contrário do que acontecia no passado, está progressivamente deixando de ser alheia ao conhecimento científico, mas o segundo aspecto é exatamente que a Igreja Católica, embora venha tomado decisões mais rapidamente, ainda demora muito para assumir suas posições e tomar as devidas decisões. O terceiro aspecto, que é o melhor deles, é que, apesar da demora, a igreja está percebendo que a crença na Ciência não atrapalha a fé e, talvez até possa favorece-la e por isso mesmo a igreja está assumindo uma postura também científica e investigatória mais aberta e paulatinamente tem resolvido não entrar em discussão com as verdades impostas pelo conhecimento científico.

Que bom seria para a humanidade se todas as outras religiões anticientíficas também tomassem uma postura, ainda que paulatinamente, nessa mesma direção, ou seja, de caminhar em paralelo com a Ciência. Mas, vamos voltar ao nosso assunto e deixar essa discussão para outro momento.

O Papa Francisco recentemente, em 24 de maio de 2015, resolveu publicar a Encíclica “Laudato si” (Louvado sejas) e colocou o subtítulo muito interessante e pertinente que diz: “sobre o cuidado da casa comum”. No texto, o Papa propõe aos católicos, numa manifestação clara e objetiva, que se comprometam com o planeta e com as diferentes formas de vida nele existentes. Cita São Francisco de Assis como modelo de ser humano e convida os católicos a assumirem as mesmas atitudes que o São Francisco tinha em relação à mãe Terra e as demais criaturas, que ele tratava como “irmãos” e “irmãs”.

Meus amigos, depois dessa atitude de Francisco, se João Paulo II havia sido um Papa carismático e agradável, que quase todas as pessoas, católicas ou não, adoravam pela sua gentileza e por suas posturas políticas e sociais em prol dos mais necessitados. Se, por outro lado, Bento XVI certamente foi um grande fiasco como líder maior da Igreja Católica, da qual se viu obrigado a renunciar, porque não teve pulso suficiente para tocar a batuta de papa e não cabe aqui discutir os porquês, mas que levou a Igreja Católica a uma visão de desagrado e descrédito para muitas pessoas no mundo. É exatamente nesse momento conturbado da história do Catolicismo, que aparece o Papa Francisco e ele reencontra a partitura, seguindo na mesma linha que João Paulo II e agora se assume na condição do “Papa Amigo da Terra, da Vida e da Ecologia”.

Francisco é um tipo de Papa ambientalista, ou melhor, socioambientalista, preocupado com a “mãe Terra”, com sua biodiversidade, com a poluição, com a desigualdade planetária, com a degradação da qualidade de vida humana, principalmente com a situação dos seres humanos mais carentes. Até aqui, nenhum Papa tinha se manifestado tão claramente em prol do ambientalismo, mas Francisco faz isso e mais, quando produziu uma encíclica galgada nos problemas e questões ambientais que têm assolado o planeta, mormente nos últimos anos e que tem levado a uma descaracterização cada vez maior da humanidade.

As posições proativas do Papa Francisco quanto as questões socioambientais têm trazido significativas situações de progresso e satisfação interior ao público católico e a alguns leigos, que têm se manifestado positivamente sobre essas posições, como é o caso particular deste escriba. A encíclica “Laudato si” aborda aberta e amplamente as questões ambientais, além de convocar os governos e pessoas a tomarem posturas efetivas sobre as atividades antrópicas que comprometem a Terra e que têm gerado muitas das grandes catástrofes, como por exemplo, o Aquecimento Global, em consequência do aumento da concentração de gás carbônico.

Por outro lado, o conceito de vida é traduzido e ampliado numa noção ecossistêmica, em que nada está isolado e por isso mesmo a vida deve ser preservada e protegida na sua integridade, incluindo aí, todo o ecossistema em que ela se encontra. O Papa Francisco foi prolixo em sua encíclica e promoveu uma verdadeira aula de Ecologia para ser seguida pelos católicos do mundo, dentro da mais singular postura franciscana, isto é, simples, humilde, realista e com o pé no chão como São Francisco de Assis. Além disso, ele foi ainda mais ousado em sua proposta, quando questionou conceitos tradicionais arraigados nos segmentos mais ortodoxos da religião católica.

Francisco só não mexeu diretamente no problema da natalidade e do crescimento populacional humano, que acaba sendo o maior de todos os problemas ambientais, porque todos os outros derivam dele, porém isso talvez seja exigir demais, pois certamente qualquer posição imediata do líder maior de igreja sobre essa questão, certamente teria consequências drásticas à própria religião e abalaria as bases da Igreja Católica de forma bastante violenta. Creio que Francisco foi prudente e mesmo sabendo da necessidade de controle populacional, ainda está cedo para envolver essa questão numa encíclica papal. Acredito que ele está guardando uma carta na manga e que irá progressiva e cautelosamente abordar essa questão em futuro próximo, até porque sem esse cuidado especial com a “mãe Terra”, dificilmente poderemos resolver os demais problemas, quando muito, nós apenas minimizaremos alguns deles.

De qualquer maneira, solicito aos católicos que leiam e reflitam bem a encíclica e façam de tudo que for possível para acatar as palavras do seu líder maior, o Papa Francisco, que até aqui tem surpreendido o mundo. Aliás, sempre é bom lembrar que as surpresas vêm desde sua eleição (escolha) como Papa, que não era planejada por Roma, mas que repentinamente aconteceu.

Enfim, Francisco está dando um banho na sua função de conduzir o maior rebanho do planeta. Se João Paulo II foi o “Papa pop”, Francisco está sendo o “Papa telúrico” ou talvez “Papa sideral”, e como o espaço aparentemente não tem limites, a mente e o coração de Francisco também não devem ter. Assim, estou certo de que devemos esperar novas surpresas desse Papa fabuloso que veio para sacudir, acordar e ajudar os católicos do mundo e todos os demais seres humanos, além de todos os outros “irmãos” existentes e dependentes da “mãe Terra”.

Nós, humanos sensatos e preocupados, que queremos um mundo melhor, independentemente de qualquer credo religioso, vamos ficar aqui aguardando ansiosamente os próximos acontecimentos e as próximas orientações vindas do Vaticano e quem sabe de outros setores religiosos também.

Por enquanto, o que temos a dizer é apenas o seguinte: “Laudato si, mi Signore Francisco”.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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24 out 2015

A condição faz o ladrão, mas quem sabe faz a hora

Resumo: O texto pretende ser uma chamada às pessoas mais preocupadas, aos políticos sérios e aos membros mais esclarecidos da população brasileira, no sentido de questionar as ações que deveriam nortear os procedimentos do país nesse momento triste e lamentável de nossa história em que estamos vivenciando uma total inversão de valores, onde o certo virou errado e o torto virou direito. O Brasil necessita de uma nova postura moldada na educação dos interesses do povo brasileiro e dos interesses nacionais, para ganhar a verdadeira condição de país democrático e desenvolvido, cuja nação é consciente de sua verdadeira dimensão no cenário internacional.


A condição faz o ladrão, mas quem sabe faz a hora

Diz o ditado popular que as dificuldades sempre levam a ampliação das possibilidades e que situações complicadas tendem a ficar mais simples, porque exigem maior preocupação e investimento nas suas respectivas soluções. Assim, também se costuma dizer que: “a condição faz o ladrão”. Isto é, se existe a possibilidade fácil de roubar, sem nenhum risco de ser flagrado ou preso, então os ladrões se multiplicam, aproveitam as oportunidades e roubam cada vez mais.

Pois então, é essa a situação atual em que aparentemente o Brasil se encontra. Existe um grande contingente de ladrões no comando do país e não existe praticamente ninguém que queira impedir que os roubos se estabeleçam e continuem acontecendo, porque a justiça infelizmente não parece existir e também porque quase ninguém se manifesta e nem faz efetivamente nada de significativo para tentar modificar essa condição. A roubalheira, as falcatruas e as mentiras deslavadas imperam soberanas, sem nenhum risco de serem importunadas e muito menos impedidas de continuarem a fazer suas vítimas.

Dessa maneira, o número de ladrões e picaretas, aqui no país, não só tem aumentado, como tem aumentado vertiginosamente numa velocidade inimaginária. Não vou aqui me ater as causas históricas e políticas que permitiram a produção dessa conjuntura terrível, porém vou tentar discutir o que pode ser feito para que o trem do Brasil possa voltar aos trilhos e para que a ordem nacional possa ser reestabelecida.

Primeiramente é preciso tirar essa corja de ladrões que estão no Poder dando maus exemplos à população brasileira, particularmente às crianças que estão perdendo a infantilidade e a pureza por conta dos inúmeros maus exemplos. Entretanto, isso não poderá ser feito apenas pelas vias eleitorais tradicionais, haja vista que somente trocaríamos de ladrões, como, aliás, já fizemos outras tantas vezes. Também não poderá ser feito por via jurídica, porque nem o órgão máximo da justiça brasileira não é mais confiável, haja vista que os componentes desse órgão são indicado pelos ladrões que comandam o poder executivo.

Deste modo, só existe uma maneira capaz de reverter o quadro lamentável em que nos encontramos. Essa solução depende de uso da força e pode ocorrer através de dois mecanismos distintos: ou as forças armadas tomam o poder, o que é pouco provável, porque infelizmente existem setores também comprometidos com o que está aí; ou a população toma o poder para tentar compor um novo estado de direito, onde a prioridade seja efetivamente a ORDEM. Infelizmente, qualquer outra maneira menos drástica estará fadada ao insucesso, haja vista que a cachorrada não vai querer largar o osso e seguirá mentindo e inventando coisas para continuar no poder.

Após o reestabelecimento da ORDEM e o afastamento dos ladrões, será preciso investir na reconstrução do país. Para tanto, deverá existir uma nova prioridade, a qual deverá pautar todo o processo de restauração. Essa prioridade não poderá ser outra, que não seja a EDUCAÇÃO. Como diz o velho chavão: “sem educação, não há solução”. O Brasil necessita urgentemente educar todos os mais de 200 milhões de almas que habitam seu imenso território. Antes que alguém critique, eu quero dizer que não me enganei não, eu quis dizer 200 milhões mesmo, porque não se trata de alfabetizar e sim educar. Há muitos alfabetizados e até mesmo doutores sem educação nesse país.

Sem educação, não existe possibilidade nenhuma de crescer, tanto moral, quanto social e principalmente economicamente e tampouco existe condições de entender o quanto vale para o Brasil, ter a condição de ser o país com maior reserva de “água doce”, que possui a maior Floresta Tropical do planeta e principalmente de ser o país que comporta a maior biodiversidade da Terra. Além de ser uma das principais potencias econômicas e o quinto país do mundo em área geográfica e em população. Somos um país grande e naturalmente muito privilegiado, mas a nossa falta generalizada de educação não nos permite identificar a verdadeira dimensão do quanto somos importante.

Não adianta querer começar a construir uma casa pelo telhado, a construção tem que começar pela base e esta base certamente é a educação da população brasileira, num projeto que vise, antes de qualquer coisa, “abrasileirar o povo brasileiro”, destacando a responsabilidade planetária do Brasil como país.  Apenas e tão somente um povo educado e consciente de suas obrigações e responsabilidades poderá assumir a verdadeira dimensão social e o equilíbrio democrático que se pretende nesse país. O Brasil tem que deixar de ser o país do futuro e começar a ser o país do presente, mas a população brasileira tem que ser o agente principal desse mecanismo de mudança e a educação é a condição precípua para que isso aconteça. Qualquer coisa diferente é falácia e especulação, que só serve aos interesses dos ladrões e malfeitores

Em suma, a fórmula para resolver os problemas nacionais é simples. Basta derrubar os ladrões, reestabelecer a ordem e investir na educação do povo, com base na importância do Brasil no cenário internacional. Mas, quem está realmente disposto a começar a fazer o dever de casa e tentar mudar a cara desse país?

Infelizmente está parecendo que o título desse artigo já está estabelecido na quase totalidade da população brasileira e que hoje tristemente já somos uma população formada apenas por ladrões, haja vista que quase ninguém demonstra uma atividade contrária ao “status quo” nacional. Isto é, na atual condição, somos todos potencialmente ladrões, porque a condição nos levou a isso e, o que é pior, a maioria de nós, parece estar gostando de ter assumido essa postura lastimável. Assim, ficamos aqui, vendo a banda passar, sem tomar nenhuma atitude efetiva que possa produzir mudança na situação. A diferença é que alguns roubam muito e se dão bem e a maioria inativa rouba pouco e ainda tem que pagar pelos grandes roubos dos outros.

Estamos no fundo do poço, mas podemos sair se quisermos, porém só nós mesmos poderemos nos tirar dessa situação terrível. O Brasil tem jeito, desde que o cidadão brasileiro queira ter jeito e passe a agir no interesse maior da sociedade brasileira. Se você se sente bem, sendo apenas mais um ladrão na sociedade brasileira, continue parado. Entretanto, se você acredita e quer ver as coisas melhorarem e principalmente se você não quer assumir essa pecha de ser mais um ladrão, então faça a sua parte e comece a pensar e a agir de maneira diferente e contundente para acabar com a festa dessa corja que está aí, enganando grande parte da população desse país.

A mesma condição que faz o ladrão, poderá criar a justiça social e estabelecer uma nova situação no Brasil. Isso só depende do interesse real da nação brasileira. Se a nação quiser, não há como o governo não querer. O governo não é o estado brasileiro. As pessoas que compõem o governo são empregados da nação, que foram colocadas no governo apenas para administrar o país no interesse coletivo da própria nação e não nos seus interesses particulares e pessoais. O Brasil somos nós, que compomos toda a população brasileira.

Gente brasileira: vamos fazer o dever de casa, exigindo dos governantes o nosso direito inquestionável de ter um governo sério, ético e comprometido com os interesses nacionais.  A eterna canção de Geraldo Vandré já nos disse que; “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Pois então meus amigos, vamos fazer a nossa parte.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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14 out 2015

COMO MUDAR A REALIDADE DO PROFESSOR NO BRASIL?

Resumo: Por conta de estarmos na semana em se comemora o Dia do Professor, nesse artigo é apresentada uma abordagem da situação lastimável em que a profissão de professor foi colocada e também é solicitado um envolvimento maior da população no sentido de tentar minimizar o desleixo das autoridades constituídas sobre a questão profissional do professor, quando se compara essa profissão com outras. É preciso que sejam analisadas as causas e corrigidas as pendências que produziram essa situação.


COMO MUDAR A REALIDADE DO PROFESSOR NO BRASIL?

Nesta semana estaremos vivenciando mais um 15 de outubro. Desde de 1963, nessa data, comemora-se o Dia do Professor no Brasil, portanto nesse dia 15 de outubro, nós professores deveríamos estar em festa, porque estamos oficialmente completando 52 anos da nossa data comemorativa e que, no passado, já foi motivo de orgulho, de festa e de júbilo para muitos professores como nós. Entretanto, hoje é apenas mais uma data marcada no calendário, a ser comemorada por alguns obstinados e outros poucos “loucos e idiotas”, como eu, que ainda acreditam na Educação como solução e que sabem que sem o professor a Educação é apenas uma balela dos inúmeros politiqueiros de plantão que existem no Brasil. Entretanto precisamos ir em frente, pois temos um país e mais de 205 milhões de almas para melhorar de vida em todos os níveis e sem educação isso efetivamente será impossível.

Agora nossos “brilhantes” dirigentes inventaram o Plano Nacional de Educação (Lei 13.005 de 25/07/2014), que se compõe basicamente de 20 metas para serem implantadas e estabelecidas entre 2014 e 2024 e mais uma vez, esse plano “fantástico e revolucionário” envolve muito pouco a figura do professor. Apenas as metas 15, 16, 17 e 18 abordam alguma coisa sobre a profissional do magistério. Entretanto, somente as metas 17 e 18 falam alguma coisa, mas muito genericamente, sobre a questão salarial, o que é muito pouco. Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art.06 da Constituição Federal”.

Em suma, criar um Plano Nacional de Educação sem atribuir a devida importância ao professor é o mesmo que querer jogar futebol sem ter contato com a bola, ou seja, mais uma vez não deverá funcionar.

Ora, só pode ser piada querer falar de Educação, sem, se quer, discutir detalhadamente a melhoria das condições de trabalho e principalmente de salário do professorado nacional. Nesse país, que me desculpem as funções úteis e os seus profissionais sérios, mas, nesse país, onde a grande maioria dos profissionais ganha o suficiente para sobreviver, o professor tem que ganhar a sua vida nos bicos que consegue fazer, porque a educação, que é a área de atuação do professor, não é tratada a sério. Assim, o trabalho do professor é uma atividade quase voluntária, um sacerdócio como diziam os antigos, no qual ele se oferece prontamente por conta da paixão que tem pelo trabalho que executa e não exige nada em troca. É preciso acabar com essa lenda de achar que o professor é um tipo diferente dos demais e que não está sujeito às mesmas necessidades dos outros seres humanos.

A coisa já começa errada quando a gente observa que sempre, em qualquer profissão, alguém vende alguma coisa, mas o professor não vende nada, o professor dá aulas. (Grifo proposital do autor.) Está mais que na hora desse negócio mudar e a função de ministrar aulas passar a ser um negócio efetivo, onde o professor deverá entrar com o seu conhecimento e sua didática para vender alguma informação e produzir algum conhecimento no seu aluno, mas principalmente onde deverá ser pago condizentemente por aquilo que faz.

Cabe aqui lembrar que segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Artigo sétimo, que trata sobre os direitos dos trabalhadores, e o professor obviamente é um trabalhador, traz estabelecido em seu inciso IV o seguinte texto: “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. Assim, o salário é muito mais que um direito, ele é sagrado e tem que ser suficiente para suprir as necessidades mínimas de quem o recebe, mas essa não tem sido a realidade para muitas profissões e muitos profissionais, principalmente para os professores, que têm necessidades específicas nas suas respectivas formações e na grande maioria das vezes, não recebem condizentemente com a formação que possuem.

Entra ano e sai ano, entra político e sai político e a situação salarial do professor nunca é resolvida. Por que isso acontece? Por que tanto desprestígio com a profissão de professor, num país onde a educação ainda é a maior carência nacional? Que mal histórico os professores fizeram aos políticos e dirigentes desse país? Só pode haver uma resposta para as perguntas acima: educação não é algo realmente que possa interessar a quem administra o Brasil e já faz muito tempo que a realidade é essa.

Mas, por que a educação não é importante para um país de mais de 205 milhões de habitantes?  Também só existe uma resposta para essa pergunta: os poderosos preferem manter o “status quo” de uma população ignorante para continuar dominando a massa idiotizada nacional. Quanto mais ignorante for a população, melhor será para quem administra, pois a fiscalização popular será sempre menor e a capacidade de cometer absurdos administrativos (leia-se roubos e falcatruas) com a conivência, ou pelo menos sem a devida cobrança da população, será sempre maior.  Os indivíduos que se sucederam no comando do país vêm, há muito tempo, trabalhando direitinho para manter esse “status quo”. Vou fazer 60 anos e não vi ninguém, ao longo desses anos, absolutamente nenhum dirigente nacional, independentemente de partido político, tentar mudar efetivamente a situação salarial do professor. Ou melhor, mudou sempre para pior. Quer dizer: ou os dirigentes são todos indivíduos de mal caráter ou são todos indivíduos contrários à profissão de professor.

Analisando friamente as duas possibilidades, eu chego à conclusão que mesmo que todos fossem realmente sujeitos de mal caráter, eles certamente teriam amigos e parentes professores e assim, mesmo por puro nepotismo, não seriam tão maldosos o quanto efetivamente são com os professores. Sendo assim, a única explicação é a segunda, isto é, os dirigentes são indivíduos contrários à profissão de professor. Mas, por que esses indivíduos teriam uma briga específica contra a profissão de professor? Talvez, porque essa é a única profissão que pode demonstrar à população, o quanto muitos desses sujeitos são canalhas e safados. Além disso, existem muitos que não eram primitivamente canalhas e nem safados, mas que são ludibriados e ficam magicamente iludidos pelos cargos que ocupam, quando se assumem dirigentes. Obviamente, todos esses indivíduos, direta ou indiretamente, temem que a população possa saber a realidade que acontece com eles.

Espera aí Luiz: você está afirmando que todos, efetivamente todos, sem exceção, todos os dirigentes do país são sujeitos canalhas e safados, que não querem ver, ou bobos que são levados a não querer ver a população brasileira ficar mais esclarecida e melhor preparada para ajudar o país a se desenvolver sustentavelmente? Infelizmente, é exatamente isso que acontece.

Obviamente muitos desses indivíduos não chegaram ao poder pensando assim, mas ao atingirem o topo, foram obrigados a assumir uma postura que privilegia tudo, menos a educação e o infeliz do professor é quem paga o pato, exatamente porque ele é o sujeito que vive em função direta da educação. Essa postura que o país apresenta e que no primeiro momento pode até não ser culpa do dirigente, mas que acaba sendo principalmente dele, em consequência de suas ações, voluntárias ou não, contra a educação e contra o professor é que precisa ser combatida. As organizações em defesa da profissão de professor têm que lutar frontalmente contra esse aspecto para que a situação econômica do professorado possa melhorar.

A propaganda, o marketing, o consumo, enfim as empresas e atividades que promovem e dependem de ações que cegam a população e apresentam inverdades como formas de felicidade é que devem ser combatidas para melhorar a educação a situação dos professores. São essas empresas e atividades que invertem a realidade e que mentem veementemente sobre as necessidades que levam alguns dos governantes a vender a alma e esquecer que foram eleitos para tentar melhorar a vida das pessoas e do lugar. O poder dessas instituições físicas e principalmente jurídicas na compra de opinião pública e na capacidade de manipular os interesses governamentais é que mascara o interesse da educação e que inibe a possibilidade de transformar o professor num profissional como outro qualquer.

Veja bem, não quero que o professor seja melhor que ninguém, só quero que ele receba o mesmo tratamento dos demais. Por que a hora de trabalho de determinados profissionais no serviço público vale R$100,00 (cem reais) e a hora da grande maioria dos professores gira entorno de R$10,00 (dez reais)? Alguma coisa está errada com esse país ou com esses profissionais, porque a diferença, nesse caso, é da ordem de 10 vezes mais. Se isso é legal, certamente não é moral. Acho que o sujeito que recebe R$100,00 reais por hora ganha de mais e o recebe R$10,00 por hora ganha de menos. Mas, eu não quero e não vou discutir sobre esse aspecto absurdo agora.

Para essas entidades do mal, aquelas que mentem para a população, o professor é realmente um monstro que precisa ser combatido, porque ele traz problemas aos seus interesses escusos e exclusivamente econômicos. As instituições que atuam na defesa dos profissionais de educação devem declarar guerra contra essas entidades, ou então a educação continuará andando na contramão e os professores, que hoje já estão na pobreza, estarão fadados a miserabilidade eterna. Os políticos sérios, que eu acredito que ainda existem, por sua vez têm que ficar atentos às manobras dessas entidades que chegam sorrateiramente evidenciando outras importâncias e esquecendo cada vez mais a educação e o infeliz do professor. Esses políticos devem tomar cuidado e se vacinarem, para também não serem infectados pelos vírus do fim da educação e da pobreza eterna dos professores.

São 52 anos da data, porém, nos últimos 40 anos, certamente só andamos na contramão, mas ainda é possível mudar a história e melhorar a vida de nossos 205 milhões de almas penadas. Entretanto isso só acontecerá, quando a educação for realmente prioridade e quando esse momento chegar (se chegar), obviamente o professor passará a ser prioridade também, porque não existe educação sem escola, da mesma forma que não existe escola sem aluno e não existe aluno sem professor.

A história recente do Brasil trabalhou para extinguir o professor e não conseguiu e nem vai conseguir nunca, porque a escola, mesmo essa escola mentirosa que está aí, também depende desse infeliz que ensina e que tenta transformar para melhor a vida das pessoas. Se nessa escola ruim o professor já é indispensável, imaginem então, quando o Brasil tiver uma educação de verdade, como esse profissional será extremamente necessário. Senhores, busquemos pois, a verdadeira educação, sem a intromissão de mídia e dos picaretas de plantão que estão historicamente fazendo desse país um local digno de pena e motivo de chacota internacionalmente.

Um pais que se estabelece entre os 10 primeiros na economia mundial, mas que está próximo de ser o centésimo em qualidade de vida e bem depois dessa condição de centésimo quando se avalia apenas a educação. Um país que possui a quinta maior população do planeta, que tem centenas, talvez milhares de Universidades, (estão cadastradas cerca de 2.400 instituições de ensino superior no Brasil), mas em que a maior e a principal delas (USP) não se encontra nem entre as 100 primeiras do mundo. Um país efetivamente carente de Educação como o nosso, precisa investir muito no professor para tentar mudar de cara e se desenvolver com toda a sustentabilidade que o mundo necessita.

O professor é certamente o único profissional que pode mudar a realidade educacional do Brasil, mas é preciso que as pessoas que atuam na área queiram verdadeiramente ser profissionais professores. Com o salário que se paga ao professor, infelizmente, só alguns “loucos” e muitos incompetentes, que não servem às outras profissões, têm se manifestado no interesse de trabalhar nessa “profissãozinha”. Se quisermos mudar essa situação, temos que melhorar a situação profissional, particularmente a situação financeira da profissão de professor, que urge por ser mais valorizada pelo bem da educação nacional.

É bom lembrar que o professor é profissional que forma todos os outros e assim, se o professor é ruim, os demais profissionais certamente também serão. Acho que o Brasil precisa refletir mais e rapidamente sobre esse significativo aspecto. (Grifo proposital do autor.)

Feliz 15 de outubro para aqueles professores que, como eu, ainda acreditam que as coisas podem mudar, que esse país tem jeito, desde que os professores competentes, os políticos sérios, a população pensante e decente queiram efetivamente se envolver na melhoria da educação nacional. Ainda poderemos viver verdadeiramente felizes dias dos professores no futuro, pois tudo pode ser melhor para a Educação, para nós professores e para o Brasil.

Referências:
BRASIL, 2012. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988 (35ª Edição), Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Brasília, 446p.
BRASIL, 2014. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação, MEC/SASE, Brasília, 62 p.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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06 out 2015

A Ilusão do Relógio e a Realidade do Tempo

Resumo: O artigo aborda a questão da forma degradante como a espécie humana trata o planeta e das consequências drásticas que esse fato tem causado ao longo da implacabilidade do tempo. Além disso, o texto sugere que nossa espécie procure mudar de postura, a fim de garantir uma existência maior para nós aqui na Terra.


A Ilusão do Relógio e a Realidade do Tempo

É muito comum as pessoas se enganarem ou mesmo se iludirem com o tic tac de um relógio qualquer, ou mesmo com o vai e vem do badalar de um relógio de parede e entenderem que a cada segundo o tempo vai e vem, porque a representação do segundo é exatamente o tempo compreendido entre essas idas e vindas. Pois é, meus amigos, isso é apenas uma representação, porque na realidade, o tempo não vai e vem, lamentavelmente o tempo só vai e não há como nos iludirmos com esse fato.

 Nós, organismos vivos, sofremos isso mais seriamente, porque temos um tempo de vida definido e quanto mais o tempo vai, efetivamente menos tempo nós temos para viver. Quero crer que muitas das espécies vivas não tenha de fato essa dimensão de que a vida é um caminhar para a morte, mas nós, seres humanos, certamente temos ou, se alguns de nós não tem, deveriam ter também. Bem, verdade é que a cada badalada, a cada vai e vem do badalo do relógio, a cada tic tac, enfim, a cada segundo, nós estamos envelhecendo e ficando mais próximos da morte.

Até aqui, já existiram cerca de 30 milhões (30.000.000) de espécies na Terra, algumas viveram muitos milhões de anos, outras viveram milhares, outras somente centenas ou mesmo décadas, mas todas se extinguiram ou ainda vão se extinguir. A extinção é compulsória e chega para todas as espécies vivas. Todas as espécies que vivem e viveram, sempre estiveram em total dependência daquilo que o planeta lhes permitia fazer, pois nenhuma dessas espécies tinha como tratar ou sabia cuidar do planeta para seu próprio interesse. A espécie humana é diferente, pois é a única que pode modificar o planeta e acredito que ela deveria procurar fazer essas modificações no seu interesse como espécie. Entretanto, não é exatamente isso que acontece, porque temos uma tendência individualista muito forte e quase nunca pensamos no coletivo.

Nossa contagem de tempo é interessante: segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos, milênios. Cada indivíduo da espécie humana está limitado a viver décadas, muito raramente alguns de nós atingem um século, mas nenhum indivíduo conseguiu passar muito desse limite e nem vai conseguir passar nunca, porque a “máquina humana” está programada para viver apenas algumas décadas. No meu caso específico, só para dar um exemplo, estarei completando seis décadas, sessenta anos, setecentos e vinte meses, 21.900 dias, 525.660 horas, 31.539.600 minutos, 1.892.376.000 segundos. Pois então, é preciso ficar claro que números são apenas números e nada mais, o que importa mesmo é o que cada um faz com o tempo que dispõe na sua vida, ou seja, o que fazemos efetivamente com o tempo que passamos pela vida.

Enfim, nesses 1.892.376.000 segundos eu, como qualquer indivíduo da espécie humana, fui capaz de uma infinidade de coisas, cresci, estudei, me formei, trabalhei, casei, reproduzi, viajei e várias outras coisas mais. Entretanto, tudo o que fiz, ainda é muito pouco, porque certamente ainda quero fazer muitas coisas mais. É certo que já vivi muito mais do que ainda tenho para viver, mas tenho absoluta convicção de que ainda existe muito por fazer e eu vou continuar fazendo. Com um pouco de sorte, talvez eu ainda tenha 20% ou 30% (mais números) a mais de tempo para viver. Isso significa, algo entre 12 e 18 anos, o que obviamente não vai ser suficiente para aquilo que ainda almejo, até porque eu sou um sonhador e, como tal, estou sempre na expectativa de poder fazer algo mais e quando a morte chegar, certamente vai ser de chofre, até porque embora ela seja compulsória, por outro lado, ela nunca é esperada.

A minha morte, assim como a morte de qualquer pessoa ou indivíduo humano, causa uma grande ruptura nos sonhos, mas não é por isso que eu pararei de sonhar a partir de agora e nem será pelos números imprecisos que eu ficarei esperando a morte chegar. Nada disso. Eu vou viver até meu último segundo, como se ele fosse o primeiro, lutando e sonhando com dias e coisas melhores para o Planeta, para a Humanidade e obviamente fazendo a minha parte para que as coisas que eu acredito sejam possíveis de acontecer. Eu fui programado para décadas e já cumpri algumas e certamente faltam poucas, mas o planeta foi programado para bilhões de anos e a Humanidade foi programada para milhares ou milhões de anos e deve faltar muito tempo para que ambos cheguem naturalmente ao fim.

A Terra é muito velha, mais ainda vai envelhecer muito mais, apesar do homem. A Humanidade é muito jovem e precisa ficar um pouco mais de tempo aqui na Terra, muito embora a tendência observável e de que isso não aconteça, exatamente por conta das ações desenvolvidas pelos próprios seres humanos, que quase sempre colocam os interesses pessoais acima dos interesses coletivos de nossa espécie, como já foi dito, e obviamente isso não faz bem a Humanidade.

O tempo é contumaz, compulsório, implacável e ainda assim, segue sempre jovem como se ele próprio não existisse. Para as coisas não vivas, o tempo não representa nada, mas para as coisas vivas, que envelhecem na sua frente, ele demonstra sua força, independentemente de qualquer coisa que possa acontecer. Aliás, o tempo deve ser ateu, ou melhor o tempo é o seu próprio Deus, porque ele tudo pode, tudo vê e tudo faz, além de ser onipresente. A grandeza do tempo tem nos impedido de pensar a nosso favor, porque nos preocupamos mais com ele e menos conosco. Na verdade, nós temos que viver, independentemente do tempo e apesar de sua nefasta existência.

Obviamente o tempo continuará passando, mas nós não precisamos, até porque não podemos, tentar acompanha-lo. Nós precisamos parar e mesmo sabendo que no final nós vamos perder, porque a morte é certa, tanto individual como coletivamente, porque não existe indivíduo e nem espécie eterna.  Entretanto, ainda assim, nós temos a obrigação de lutar para conseguir ampliar um pouco mais a existência de nossa espécie aqui na Terra.

O Planeta Terra, até aqui, já viveu cerca de cinco bilhões (5.000.000.000) de anos, ou seja, 4.730.400.000.000.000.000 de segundos (mais números grandes e inúteis) e independentemente das mudanças naturais do clima, ou de qualquer outra catástrofe geomorfológica provocada pela Humanidade, a Terra continuará existindo, por um período certamente ainda maior de que o que já passou. É claro que a Humanidade não seguirá sobrevivendo na Terra por toda essa quantidade de tempo, pois como todas as espécies, o Homo sapiens naturalmente se extinguirá, mas é possível que ainda possamos nos manter por alguns milhares de anos aqui nesse planeta, se houver um trabalho efetivo e direcionado buscando esse propósito. O empreendimento em prol da longevidade maior para a espécie humana, só dependerá única e exclusivamente da vontade coletiva do homem, isto é, do interesse precípuo da própria Humanidade.

Não falo por mim particularmente ou de você em especial, seja lá quem você for, o que eu quero é falar pela Humanidade. É preciso que a Humanidade queira fazer frente ao tempo e isso só será possível se agirmos coletivamente e com afinco. É besteira lutar contra o tempo, pois todos vamos morrer, ao longo de algumas décadas e a espécie humana vai se extinguir em algumas centenas, talvez milhares ou mesmo milhões de anos, como já foi dito. Porém, nós podemos e devemos agir no sentido de garantir que o ciclo da vida humana no planeta se refaça ainda pelo maior número de vezes que for possível sobre a superfície da Terra. Não precisamos e nem devemos adiantar os processos naturais de extinção como temos feito até aqui. Está na hora de agirmos em prol de nós mesmos.

 O nosso objetivo maior como seres humanos deveria ser exatamente o de tentar garantir a permanência da Humanidade no planeta pelo maior tempo possível. Para tanto, temos que trazer o tempo para o nosso lado. Tem um ditado antigo que diz: “se você não pode com o seu inimigo, junte-se a ele”. Pois então, está na hora da Humanidade se aliar ao tempo e buscar uma convivência planetária melhor com ele. A fórmula é extremamente simples: queremos viver mais, então temos que cuidar mais do planeta, porque assim teremos menos situações conflitantes e degradantes. Com isso, o tempo será menos contundente conosco e nos permitirá sobreviver mais.

Para muitos seres humanos, em certo sentido, o tempo é sinônimo do clima, e embora isso efetivamente não seja uma verdade, do ponto de vista da Física. Mas, por outro lado, é certo que nós precisamos cuidar do clima para garantir que nossa espécie vá sobreviver por mais tempo. Dessa maneira a metáfora que confunde tempo com clima é benéfica, porque deveria nos conduzir a um estado de cumplicidade com a conservação do clima na Terra e isso seria muito interessante e positivo, tanto para a Humanidade como para o Planeta. Entretanto, nós mesmos negamos a metáfora que pregamos, quando degradamos o Planeta, interferindo drasticamente no clima e assim encurtando o nosso tempo planetário.

Quer dizer, mesmo sabendo que o tempo não para, nós, infelizmente, ainda continuamos na ilusão do relógio, de que o tempo vai e vem e estamos esperando que o tempo bom volte, para que possamos solucionar os problemas climáticos que nós mesmos criamos e que precisamos resolver, para ganhar mais tempo de sobrevivência na Terra.  A realidade está estampada na nossa frente, isto é, o tempo só vai e para nossa espécie, ele está indo numa velocidade surpreendentemente alta, mas parece que nós estamos parados e dormindo, ou então nós continuamos não querendo enxergar os problemas e assim, vamos caminhando progressiva e rapidamente para o terrível e triste fim da Humanidade.

Quando será que iremos cair na realidade e mudar o nosso comportamento coletivo?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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28 ago 2015

Sobre a Reprodução Sexuada e a Formação de Híbridos

Resumo: O texto trata da Reprodução, em particular da Reprodução Sexuada e das possibilidades de formação ou não de organismos híbridos resultantes do encontro reprodutivo entre espécies próximas e das consequências oriundas desses encontros. A abordagem tenta esclarecer que a Hibridização é naturalmente dificultada, mas que muitas vezes os mecanismos de isolamento falham e os híbridos acontecem e que isso pode favorecer ou prejudicar o processo de Especiação.


 

Sobre a Reprodução Sexuada e a Formação de Híbridos

Esse talvez seja o assunto de cunho biológico mais envolvente e o que mais interessa as pessoas em geral. Digo isso porque ao longo dos meus quase 35 anos de magistério nas diferentes áreas da Biologia, certamente esse foi o assunto que mais vezes tive que responder a questionamentos, tanto dentro quanto fora das escolas. Ou seja, os questionamentos ocorriam tanto por parte de alunos e de colegas professores, como também a partir de outras pessoas totalmente desvinculadas da atividade escolar ou biológica, as quais tinham grande interesse e curiosidade sobre a questão. Por conta disso, resolvi me atrever e escrever esse artigo, onde tentarei informar aos não biólogos e principalmente aos curiosos um pouco mais sobre o assunto.

Começarei informando que a Reprodução é o mecanismo pelo qual as espécies vivas se perpetuam no espaço e no tempo. Ou seja, só pode ser considerada uma espécie aquele grupo de indivíduos semelhantes que é capaz de gerar descendentes e se manter vivo numa determinada área ao longo do tempo. A Reprodução Sexuada é um mecanismo mais seguro de manter e perpetuar as espécies, pois garante a variabilidade e gera a diversidade necessária entre os indivíduos da espécie. Entretanto, é preciso saber clara e conceitualmente o que é esse mecanismo e que implicações ele traz para a vida como um todo e para vida animal particularmente.

Na verdade, muita gente pensa que Reprodução Sexuada é aquela que envolve cópula, assim confunde Reprodução Sexuada com Ato Sexual (Cópula) e, o que é pior, pensa que só existe reprodução sexuada nos animais que copulam. Isso está muito longe de ser verdade, mas este erro é consequência de outro anterior, que é o próprio conceito de sexo, o qual a grande maioria (quase a totalidade) das pessoas não conhece ou, se até conhece, tem uma noção bastante errada sobre o mesmo.  A cópula é apenas um detalhe que envolve o processo reprodutivo sexuado de alguns organismos vivos.

Infelizmente, a farta propaganda existente hoje na mídia e a divulgação intensiva sobre o sexo na espécie humana não traduz conceitualmente o que seja sexo de uma maneira objetiva e definitiva. Fala-se muito de sexo, de “fazer sexo”, de “utilizar o sexo”, de diferenças entre os sexos, de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e outras coisas mais. Porém, lamentavelmente, não se define realmente o que seja sexo. Na verdade, não se discute a importância biológica efetiva que o sexo tem para as espécies vivas, pensa-se apenas no sexo como objeto de prazer, de encantamento e de sedução humana, numa atitude social e estritamente antropológica, que leva ao entendimento errôneo da importância da função sexual nas espécies vivas. Assim, embora se fale também em Educação Sexual, na realidade está se deseducando, pois não se aborda o sexo num contexto biológico mais amplo.

A palavra sexo é oriunda da existência das células sexuais (gametas), os quais são, apenas e tão somente, de dois tipos: feminino e masculino. Então um organismo vivo é do sexo feminino porque suas Glândulas Sexuais (Gônadas) produzem gametas femininos ou é do sexo masculino porque suas gônadas produzem gametas masculinos. Entretanto há espécies, em vários grupos de organismos vivos que têm os dois tipos de gônadas e por isso mesmo produzem os dois tipos de gametas. Nesse caso os organismos são denominados Hermafroditas, em alusão aos deuses Hermes (masculino) e Afrodite (feminina), significando que o organismo em questão apresenta os dois tipos de sexos ao mesmo tempo.

A condição de pertencer ao sexo masculino, ao sexo feminino ou a ambos (hermafrodita) pode existir aleatoriamente em qualquer espécie viva (animal ou vegetal) sexualmente reprodutiva e a reprodução sexuada resulta do encontro entre os diferentes sexos (gametas) dessas espécies, através de um fenômeno denominado Fecundação ou Fertilização. Esse encontro pode ocorrer dentro do corpo de apenas um dos organismos (fêmea) ou de ambos (no caso de Fecundação Cruzada entre hermafroditas). Nesse caso a fecundação é denominada de Fecundação Interna. Entretanto, a Fecundação também pode ocorrer fora do corpo, num ambiente aquático externo, sendo denominada de Fecundação Externa. Então, toda vez que um gameta masculino de uma determinada espécie, encontra um gameta feminino dessa mesma espécie e o fecunda, ocorre uma reprodução sexuada, independentemente do local onde isso aconteça.

Na maioria das espécies em que ocorre uma Fecundação Interna, geralmente há nos indivíduos a presença de um órgão copulador (Pênis) e consequentemente ocorre uma cópula, mas isso não é uma obrigatoriedade, porque existem muitas espécies hermafroditas em que ocorre uma Autofecundação, isto é, os genitais liberam os gametas que se encontram dentro do próprio indivíduo, sem que haja uma cópula. Por outro lado, também existem espécies de Fecundação Externa com uma “pseudo-cópula”, como acontece nos Anfíbios Anuros (sapos), haja vista que embora aconteça algo parecido com uma cópula, na verdade a cópula não ocorre porque os machos não têm um órgão copulador e a fecundação é externa. Nas aves, embora a maioria dos machos também não tenha órgão copulador, as fêmeas desenvolveram mecanismos que levam os gametas masculinos para o interior de seus respectivos corpos e ocorre uma Fecundação Interna.

Assim, fica claro que a fecundação pode acontecer de várias maneiras, porém o resultado da fecundação, independentemente de qual tenha sido a sua maneira, sempre irá originar uma célula ovo ou zigoto, a qual, por sua vez, irá se desenvolver para formar um novo organismo com uma carga genética própria, que é oriunda dos dois gametas iniciais. Isto é, o novo ser que irá ser produzido sempre resultará de uma mistura genética dos dois ancestrais que forneceram os gametas, o que gera uma variabilidade cada vez maior das espécies que realizam a reprodução sexuada e que consequentemente resultam de uma fecundação.

Nas espécies animais denominamos o gameta masculino de Espermatozoide e o feminino de Óvulo e nas espécies vegetais, geralmente os gametas masculinos são denominados de Grão de Pólen e o feminino também é denominado de Óvulo. Entretanto, existem outros tipos de nomenclaturas atribuídos aos gametas nos diferentes grupos vegetais, mas vamos deixá-los de lado para não trazer à baila outros nomes pouco comuns e principalmente para não aumentar o tamanho da possível confusão na cabeça do leitor.

O ato sexual (cópula) é um dos mecanismos que permite o encontro entre os dois tipos diferentes de gametas de uma determinada espécie, porém está muito longe de ser o único mecanismo que permite esse processo, porque, além da fecundação externa na água, no caso dos animais, os gametas podem se encontrar e assim se fecundarem de várias formas nas espécies vegetais, através da ação dos agentes polinizadores, como o vento, os insetos, as aves e os morcegos. Enfim, sexuado é tudo que envolve gametas e que resulta de fecundação e como já foi dito, existem várias formas de fecundação, ou melhor, existem vários mecanismos que permitem a reprodução sexuada e consequentemente a fecundação, além daquele que a maioria das pessoas acredita ser o único.

Desta forma quero crer que agora posso dizer, sem medo de estarrecer o leitor ou de parecer que eu esteja louco, que, além do homem e dos animais vertebrados terrestres, muitas outras formas de vida, inclusive muitos invertebrados aquáticos, além dos peixes e também as plantas superiores são entidades sexuadas que podem se reproduzir e efetivamente se reproduzem sexuadamente, independente de realizarem uma cópula ou não. Aliás, é bom ressaltar que alguns organismos, são capazes de se reproduzirem também assexuadamente, isto é, sem a participação das células sexuais (gametas), mas esta é outra história e penso ser melhor não discuti-la nesse momento.

Dito isto, acredito que agora devo passar ao segundo item de minha breve explanação, na tentativa de poder esclarecer um pouco mais as pessoas sobre a reprodução sexuada e a formação de híbridos. O meu segundo item é a hibridização, ou seja, o processo de formação de híbridos.

Primeiramente é preciso definir o que seja um híbrido. Biologicamente um híbrido é aquele indivíduo resultante do cruzamento de dois ancestrais de espécies distintas. Isto é, alguém que se origina de dois contingentes genéticos distintos, que podem ser e geralmente são parecidos, mas que necessariamente são efetivamente diferentes. Costuma-se usar como exemplo o burro, que resulta do cruzamento entre a égua e o jumento ou entre o cavalo e a jumenta. Embora, pudessem ser usados outros inúmeros exemplos existentes, vou continuar me utilizando desse modelo porque, além de satisfazer a necessidade do momento, esse é também um exemplo bem conhecido da maioria das pessoas.

O cavalo e a égua pertencem à espécie Equus caballus, enquanto o jumento e a jumenta pertencem à espécie Equus asinus, ou seja, são duas espécies distintas. Quando são cruzadas (reproduzidas sexualmente) duas espécies diferentes, mesmo aparentadas, como é o caso de cavalo e jumento, o produto é um híbrido (Burro ou Mula). No que se refere aos animais, os híbridos são quase sempre inviáveis e quando são viáveis costumam ser estéreis. Porém, no caso das plantas, isso não é verdade, pois os híbridos vegetais costumam ser sexualmente férteis. Essas duas respostas diferenciadas entre plantas e animais quanto à hibridização são bastante intrigantes e parecem estar na fundamentação básica da própria condição do que seja um animal ou um vegetal.

Na natureza existem vários mecanismos que favorecem a formação de híbridos nos vegetais, o que possivelmente esteja relacionado com a limitação dos vegetais quanto à locomoção, embora, como já foi dito, também existem muitos animais que auxiliam no processo de polinização das espécies vegetais. A diversidade vegetal é muito menor que a animal, por causa da dependência ambiental maior e, ao que parece, também em consequência da impossibilidade motora. O vegetal tem que se desenvolver onde estiver e assim a mistura genética entre as espécies é muitas vezes vantajosa, sendo inclusive um fator significativo de evolução e formação de novas espécies (Especiação) entre as plantas.

Por outro lado, nos animais, em função basicamente da possibilidade motora, ocorre uma diversidade muito maior em consequência da possibilidade de procurar e assumir diferentes nichos ecológicos. Desta maneira, como a hibridização poderia ser algo extremamente comum, naturalmente foram desenvolvidos vários mecanismos que dificultam e tentam impedir a formação desses híbridos e garantir a individualidade das espécies. Ao contrário dos vegetais, nos animais a hibridização não é um fator de evolução nem de formação de novas espécies.

Os mecanismos que dificultam a hibridização em animais são classificados em dois grandes grupos: Mecanismos Pré-zigóticos (que impedem a formação do Ovo ou Zigoto) e Mecanismos Pós-zigóticos (que não impedem a formação do Ovo ou Zigoto, mas impedem o desenvolvimento, ou a formação do indivíduo, ou a sua reprodução ou ainda a reprodução futura de sua linhagem). No exemplo do Burro, acontece a formação do indivíduo, entretanto ele é incapaz de reproduzir. Assim, o Burro não é uma espécie verdadeira porque não pode gerar descendentes.

Geralmente ocorre impedimento antes de qualquer possibilidade reprodutiva, por questões limitantes de naturezas geográficas, por questões de impossibilidades mecânicas e mesmo por questões de diferenças comportamentais entre as espécies. Mas, mesmo quando esses fatores Pré-zigóticos falham e o encontro dos gametas acaba ocorrendo, ainda existe a possibilidade não haver fecundação, ou mesmo de haver fecundação, mas não haver desenvolvimento, ou ainda de haver desenvolvimento mais gerar um ser estéril, ou até de gerar um ser reprodutivamente ativo na primeira geração, porém estéril nas gerações subsequentes. Todos esses últimos são os mecanismos Pós-zigóticos e de todos esses casos há exemplos bem conhecidos na natureza. Além dos vários exemplos naturais de híbridos bem conhecidos da ciência, há também situações artificiais que o homem propiciou através das experiências mais diversas.

Concluindo, devo dizer que a Reprodução Sexuada tem sido um mecanismo fundamental para a manutenção e para a diversificação das espécies vivas do planeta, entretanto a formação de híbridos naturais é uma constante e esses híbridos muitas vezes são entidades comuns em função da grande possibilidade de combinação genética entre as espécies vivas. Algumas vezes, esses “erros reprodutivos” levam à produção de novas espécies, mormente nos vegetais, e outras vezes levam a formação de híbridos, nos animais, que não conseguem se estabelecer como espécies verdadeiras dentro da classificação biológica, exatamente porque apresentam limitações reprodutivas marcantes.

No pensamento popular coletivo os híbridos são conhecidos pela “força” que possuem, denominada genericamente de “Vigor Híbrido”, que é resultante da mistura dos dois genomas distintos ancestrais e que garante boas condições de resistência e de manutenção viva, o que para os vegetais condiciona numa melhor adaptação e consequentemente numa melhor capacidade de sobrevivência. Porém, nos animais, essa mesma mistura genética que gera o “Vigor Híbrido”, parece ser traduzida como uma imperfeição (anomalia) genética e passa a ser um reforço negativo, o qual é responsável pela inviabilidade reprodutiva e que não deixa esses organismos terem continuidade.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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