Categoria: Artigos

Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

20 mar 2015

A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

Resumo: O texto desta semana é mais um daqueles textos “velhos”, pois publiquei pela primeira vez em 2005, mas que continua bastante atual, porque praticamente nada mudou ao longo desses 10 anos, no que se refere a população humana no planeta Terra. Ou melhor, mudou sim, mas para pior, porque ampliamos em pelo menos 1 bilhão de pessoas a população do planeta nesse período. Atualizei o texto para o memento e resolvi republicá-lo. O texto faz um relato da situação do crescimento população humana no planeta, como causa principal dos problemas ambientais e da necessidade de que seja desenvolvido algum mecanismo de controle desse crescimento.


A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

No dia 05 de junho de 2015, estaremos comemorando 43 anos do “Dia Internacional do Meio Ambiente”. Depois de, pelo menos, 3.000 anos fazendo somente coisas erradas, descobrimos, há apenas 42 anos atrás, que existe uma questão ambiental e que precisamos cuidar bem do único planeta que temos e de onde tiramos tudo o que usamos. Entretanto, é bom que se diga que o principal problema na questão ambiental que hoje estamos vivenciando não é, de forma alguma o aquecimento global, ou mesmo o desmatamento das florestas tropicais, ou ainda a poluição hídrica, ou atmosférica ou edáfica. Essas são meras consequências do único e grande problema que existe. O problema ambiental crucial é o crescimento descontrolado e absurdo da população humana sobre o planeta, porque é desse aspecto que decorrem todos os outros problemas ambientais.

Nossa espécie tem sido de uma eficiência reprodutiva tremenda, pois com todas as guerras, com todas as catástrofes, com todas as doenças e com todos os flagelos que a humanidade tem sofrido ao longo da história, nossa população nunca parou de crescer e nos últimos anos esse crescimento foi vertiginoso. Como uma bola de neve, o crescimento populacional da humanidade tem impulsionado os demais problemas ambientais, os quais, consequentemente, também crescem sem parar e estão cada vez mais difíceis de serem controlados. O planeta, por sua vez, tem nos avisado que não suporta mais, através da ocorrência de catástrofes cada vez maiores.

O aumento da população humana faz com que haja necessidade de aumentar a retirada de recursos naturais, aumenta a necessidade de espaço para os humanos e suas tarefas, aumenta a quantidade de resíduos, aumentando também a poluição e a degradação ambiental, além de várias outras coisas que prejudicam o meio ambiente global, danificando o planeta, extinguindo espécies e diminuindo a qualidade de vida da humanidade. Em suma: “não é possível controlar a degradação ambiental se não tivermos uma detenção no crescimento populacional da humanidade”.

Se fizermos uma revisão histórica e observarmos o que aconteceu com a curva do crescimento populacional humano, veremos que, para atingir o primeiro bilhão de humanos sobre o planeta foram necessários milhares de anos, pois isso ocorreu desde o início dos tempos humanos até aproximadamente o ano de 1750, coincidindo exatamente com a I Revolução Industrial. Para atingir o segundo bilhão, levou cerca de 190 anos, desde 1750 até mais ou menos o ano de 1940. Desta última data até o ano 2000, ou seja, em apenas 60 anos, atingimos a magnífica e assustadora marca de seis bilhões de humanos sobre a Terra. Quer dizer, levamos quase toda a história humana para atingir um bilhão, menos de duzentos anos para dobrar o bilhão e pouco mais de 50 anos para triplicar os dois bilhões e atingir a marca de seis bilhões e hoje já superamos os sete bilhões.

Não parece possível, mas alguma coisa tem que estar errado com a taxa de fecundidade de nossa espécie e com sua capacidade tão profícua de se reproduzir. Na natureza, não é comum uma população crescer tão rápido e as poucas que assim fazem, também decrescem muito rapidamente e não sobrevivem por muito tempo. Ou seja, a extinção chega muito rápido para essas espécies, exatamente porque elas esgotam os recursos à sua volta muito rapidamente.

Até onde iremos chegar? Até quando o planeta nos aguentará? Será possível reverter esse quadro? E se não for, o que faremos?

A situação e o momento que estamos vivenciando são, de veras, preocupantes, e não temos, efetivamente, produzido nenhuma resposta concreta para nenhuma das perguntas anteriores. Entretanto, não é esse o pior problema. A questão maior é que o tempo passa e continuamos coletivamente a não fazer absolutamente nada sobre a situação.

Tirando uns poucos cientistas e ambientalistas que vira e volta lembram do problema, ninguém mais discute e nem diz nada sobre esse tema. Parece haver um grande tabu, quanto ao crescimento populacional humano. Os governos, a sociedade civil e as instituições (principalmente as religiosas), não parecem estar preocupados com o assunto e continuam indiferentes ao problema. Todos falam da necessidade de resolvermos a questão ambiental, porém ninguém faz menção ao crescimento populacional, que precisa ser atacado e assim, nada acontece. Seguimos como se nada pudesse nos acontecer.

Enquanto a gente continuar se preocupando apenas com os efeitos produzidos pela degradação ambiental contínua e não nos detivermos e investirmos em nenhuma ação efetiva contra a causa primária, que é o crescimento populacional, não haverá como resolver os problemas ambientais. Quer dizer, tudo o que se fizer, será sempre paliativo. Estamos trocando seis por meia dúzia. E no fim o resultado é sempre zero. Ou melhor, na verdade, o resultado é sempre negativo, porque o empate, nesse caso, é uma derrota, haja vista que a degradação sempre acaba aumentando.

A ONU e todas as nações do mundo devem conduzir uma grande discussão internacional sobre a temática dos males produzidos pelo crescimento populacional desenfreado da população humana e sobre a necessidade de serem produzidos mecanismos que promovam o controle da natalidade. Esses mecanismos deverão ser viabilizados o mais rápido possível. Acordos internacionais são prementes nessa área e hoje, já virão com grande atraso.

O planeta que hoje abriga, além de toda a diversidade biológica (cerca de 20 milhões de espécies vivas), mais de sete bilhões de humanos e cujos recursos naturais já estão, em várias situações, quase totalmente exauridos, não suporta mais. A continuar assim, com esse crescimento populacional humano desenfreado e absurdo, o fim estará próximo, pelo menos para nós, humanos e talvez para todo o planeta. A Terra não suportará mais uma dobrada da população humana, nos próximos 30 a 50 anos.

Olhe para o seu lado e tente imaginar que a quantidade de tudo o que você vê (exceto de recursos naturais que já deverão ter se exaurido totalmente), daqui a 50 anos estará, no mínimo, dobrada. Ou seja, onde você está agora, existirão duas pessoas com todas as necessidades humanas que você tem, daqui a 50 anos. Acho que fica muito claro, que, por uma questão física, isso não vai ser possível.

Urge que alguma coisa seja feita para impedir o colapso que nos espera. É preciso que a sociedade como um todo e principalmente certos segmentos religiosos, caiam na realidade e parem de fazer devaneios e acreditar em milagres, pois efetivamente, pelo menos nessa questão, eles não existem. O mundo é físico e não metafísico e o que não cabe no mundo físico não pode ser discutido, por uma simples questão de sobrevivência humana.

A verdade física está na Lei de impenetrabilidade da matéria que diz que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” e sendo assim, não há como colocar mais humanos no planeta sem tirar outras coisas dele. Lamentavelmente, o planeta não cresce como a população humana. Nessa escalada, haverá (talvez, já esteja havendo) um momento em que faltará um dos dois, ou seja, ou faltam humanos ou faltam as coisas que os humanos e as demais criaturas vivas do planeta tanto necessitam. No caso em questão, algumas coisas já estão faltando há muito tempo para alguns humanos.

Sendo assim, o crescimento da população é, indiretamente, também o seu extermínio, pois a competição entre nós e as demais criaturas da Terra é cada vez maior e para sobrevivermos estamos sempre destruindo alguma coisa, até mesmo outros humanos. Ao invés de nos destruirmos, certamente será bem melhor mantermos a medida devida do equilíbrio para nós e para o planeta. O tamanho de nossa população parece já ter chegado nesse nível satisfatório e não deve crescer mais para o bem da Terra e de toda a humanidade.

Como espécie biológica só buscamos a nossa manutenção no planeta e, nesse sentido temos que tentar sobreviver a qualquer custo. Mas, por outro lado, como seres humanos, buscamos a felicidade e para tanto precisamos refletir e avaliar o que temos feito com o planeta, pois não poderemos ser felizes sem a nossa casa, a única que temos, o planeta Terra.

A maneira correta de mantermos o meio termo entre a nossa condição de ser biológico (natural) e a nossa condição de ser humano (social) é controlando o tamanho de nossa mancha populacional e o uso de tudo o que precisamos para nos manter vivos no nosso planeta azul. O Desenvolvimento Sustentável e a Sustentabilidade que tanto se fala, não são possíveis sem o controle do crescimento da população humana no planeta.

O planejamento familiar deve ser item prioritário nas pautas das reuniões dos governos e também deve ser matéria obrigatória nos programas de Educação. A Educação Ambiental, hoje tão em moda, deverá tratar a questão da reprodução humana e do planejamento familiar da maneira mais objetiva que puder, ressaltando as consequências desagradáveis e maléficas do aumento da população humana no planeta.

O mundo precisa saber que não podemos mais reproduzir indefinidamente, pois há um limite de suporte para a Terra. A imprensa precisa trabalhar essa questão da forma mais agressiva possível, para que as pessoas tomem consciência do que significa cada ser humano a mais no planeta.

No passado errávamos porque desconhecíamos, mas hoje, não há mais porque errar. Somos cientes dos males que produzimos ao planeta e a humanidade e quanto maior for a população humana maior será esse mal, até o momento em que entremos numa situação irreversível. Até aqui, só extinguimos prematuramente outras espécies, mas ao que parece, ainda não estamos satisfeitos e caminhamos para causar também o fim prematuro da espécie humana.

Apenas uma espécie nesse planeta é capaz de julgar os seus erros e modificar suas ações conscientemente. Se nós humanos não nos lembrarmos desse fato e se não quisermos, efetivamente, mudar a realidade das coisas, dificilmente o Homo sapiens sobreviverá.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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06 mar 2015

A Ocupação e a Preservação do Vale do Paraíba: Ontem, Hoje e Amanhã

Resumo: O texto desta semana faz uma comparação entre o passado, o presente e o que se espera para o futuro de nosso Vale do Paraíba, considerando a situação que se produziu, ao longo de sucessivos erros no processo de ocupação do espaço regional. Fica claro que a região ainda pode atingir alto grau de desenvolvimento sustentável, entretanto tudo dependerá das ações políticas ambientais que forem tomadas, principalmente agora que compomos uma região metropolitana. Essas ações têm que seguir critérios rígidos de ocupação visando a sustentabilidade do Vale do Paraíba. Por outro lado, é fundamental que as posições assumidas e as posturas tomadas na região não sejam ações isoladas, porque há necessidade de que essas ações sejam promovidas, divulgadas e se possível multiplicadas por outras regiões, a fim de que se possa vislumbrar e tentar garantir cada vez mais a sustentabilidade ambiental planetária.    


A Ocupação e a Preservação do Vale do Paraíba: Ontem, Hoje e Amanhã

Meu objetivo nesta palestra é tentar fazer uma comparação entre a situação ambiental existente no Vale do Paraíba, desde antes da chegada do homem branco até os nossos dias e, a partir disso, fazer uma projeção para a situação futura que poderemos esperar para a região. Farei na verdade uma viagem no tempo, tendo como base o Vale do Paraíba e colocarei aqui o meu sonho de futuro, não apenas para o nosso Vale, como também para todo o planeta Terra. Espero que Deus me ajude no desenvolvimento de minhas ideias e que os senhores possam acompanhá-las e assim, possam compartilhar do meu raciocínio.

COMO ERA O VALE DO PARAÍBA ONTEM?

  1. Antes da chegada do homem branco, cerca de 90% do Estado Primitivo da região do Vale do Paraíba do Sul era composto de Florestas. A Mata Atlântica Primária ocupava a grande maioria das áreas da região, mas existiam algumas áreas abertas de campos e campinas. Obviamente anda não existiam espécies exóticas na região.
  2. A ocupação antrópica era apenas da comunidade Indígena. Até a chegada do homem branco existiam várias grupos de Índios da tribo dos Puris espalhados pela região, desde o que hoje é a cidade de São José dos Campos até Bananal, adentrando por Resende já no Rio de Janeiro, porém todos os grupos continham populações relativamente pequenas.
  3. As Águas estavam em excelentes condições, livres de poluição. Havia grande diversidade de fauna ictiológica. Conta à história que os Puris eram bons pescadores e que a pesca era sua principal fonte de alimento. Além disso, havia ausência total de contaminantes e certamente havia muita luminosidade, muitas algas e muita fotossíntese, o que garantia grande quantidade de oxigênio disponível.
  4. A Fauna e Flora estavam quase que praticamente Intocáveis. As Florestas eram exuberantes e densas, por conta disso podiam abrigar grandes Populações de Animais. As Comunidades Biológicas (Biocenoses) eram ricas e os Ecossistemas naturais eram complexos e com alta biodiversidade.
  5. A Geologia era primitiva e natural, era um retrato da evolução e da geodinâmica que o planeta desenvolveu no local. Isto é, a Formação Geológica do Vale do Paraíba era aquela que a natureza havia desenhado ao longo a Evolução. As Intempéries eram fatores regulados pela própria natureza, que da mesma forma que destruía, também corrigia e reconstruía. Por pior que fosse a catástrofe, o seu limite dimensional era compatível com a resistência natural.
  6. O Solo da região era saudável o suficiente para garantir a vida nos ambientes terrestres e enriquecer bastante os ambientes aquáticos, quando carreado para os cursos d’água. Não havia nenhum tipo de contaminação dos solos e por isso eles eram capazes de manter a vida em qualidade e quantidade.
  7. O Ar era límpido e quase totalmente puro. Não existiam sustâncias estranhas no ar, quando muito uma queimada natural liberava um pouco mais de CO2 e alguma fuligem, mas não existiam outros contaminantes e poluentes químicos.
  8. A Poluição não existia e os Ecossistemas estavam certamente bem equilibrados. Tudo que existia de vivo era consequência do Estágio Clímax Natural das Comunidades Biológicas existentes na região. Não havia nenhum tipo de agente biológico estranho.
  9. A Exploração dos Recursos Naturais era muito pequena. Havia caça e pesca, retirada de rochas e derrubada da mata, mas tudo em doses homeopáticas e pouco significativas. O Impacto Ambiental Antrópico sobre a região, embora já existisse, era praticamente desprezível.
  10. Além de tudo disso, havia tempo e havia espaço suficiente para corrigir possíveis danos ambientais. Mesmo que se produzisse algo de significativo impacto ambiental negativo, existia possibilidade de recuperação natural, porque todos os ecossistemas estavam em condições de se recuperar naturalmente.

COMO ESTÁ O VALE DO PARAÍBA HOJE?

  1. Mais de 90% de áreas naturais degradadas e quase totalmente sem florestas. Pouquíssimas Florestas naturais e grandes áreas plantadas com essências exóticas. Introdução de diferentes culturas agrícolas de diversas origens, além de áreas de pastagem com Brachiaria e áreas de reflorestamento com Pinus e Eucaliptus.
  2. A ocupação foi feita e continua sendo desordenada e sem critério, com a maioria das populações nas margens dos rios, em particular do Rio Paraíba do Sul, calha maior da região e por isso mesmo principal componente da Bacia Hidrográfica. Hoje a população do trecho paulista do Vale do Paraíba é superior a 2 milhões de habitantes. As cidades não crescem, porque a qualidade de vida piora progressivamente, entretanto essas cidades incham sem a infraestrutura necessária para suportar o aumento populacional inconsequente. 3. A Água está extremamente contaminada em vários locais, principalmente por conta do Esgoto Orgânico das cidades, mas ainda com altos padrões de toxicidade química em algumas áreas, inclusive com a presença de metais pesados. Há uma baixa diversidade faunística e florística nos ambientes hídricos. Pouco oxigênio disponível, com a taxa de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) chegando algumas vezes a 0% em vários locais da região. Alguns córregos e riachos que atravessam áreas urbanas estão totalmente mortos. 4. A Fauna e Flora quase que totalmente modificada pela introdução de inúmeras espécies exóticas para os mais diversos fins, muitas das quais já dominaram os ambientes locais e hoje são selvagens, pois se naturalizaram. Florestas pobres e frágeis e pequenas populações animais. As Comunidades Biológicas (Biocenoses) são pobres e os Ecossistemas estão pouco diversificados.
  3. A Geologia mudou tanto fisionômica quanto fisiograficamente. Derrubamos montanhas, abrimos túneis, destruímos pedreiras, retiramos minérios, secamos nascentes, represamos rios, mudamos os cursos de rios, criamos e destruímos lagos, fizemos transposições de águas. Agora mesmo estamos construindo novas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) absurdas na região e discutindo a possibilidade de mandarmos água de nossa Bacia Hidrográfica para a região metropolitana da capital do estado. Por conta desses absurdos, as intempéries agora são extremamente destruidoras e incontroláveis.
  4. O solo está quase totalmente perdido, degradado, compactado, contaminado e envenenado. Os microrganismos que lhe davam vida perderam-se por conta do mau uso e da destruição por conta de práticas agrícolas errôneas e infundadas, que aconteceram ao longo do tempo e que infelizmente ainda acontecem atualmente. Monocultura e Mineração ainda são palavras chaves no pensar de muitos e com isso o processo de desertificação já é realidade em algumas áreas.
  5. A qualidade do ar está bastante comprometida em algumas áreas, principalmente nas imediações das zonas industriais das cidades, onde há locais com grande acúmulo de poluentes atmosféricos, mormente no trecho compreendido entre os municípios de Jacareí e Pindamonhangaba. As chuvas ácidas já ocorrem e o aumento da concentração de poluentes ao longo da via Dutra e nos centro urbanos das cidades maiores, em consequência da fumaça produzida por veículos, já é uma perigosa fonte de doenças respiratórias. Não bastasse isso, somos a maior concentração bélica do país e a Via Dutra é o local de tráfego diário de inúmeras cargas perigosas e ainda por cima estamos dentro dos limites de abrangência de qualquer acidente Nuclear que possa ocorrer nas Usinas de Angra dos Reis.
  6. Hoje, além da poluição, os ecossistemas naturais estão todos desequilibrados, degradados e descaracterizados. Poucos são os remanescentes de áreas naturais e mesmo o ambiente antrópico construído encontra-se em condições precárias à qualidade de vida. A modificação ambiental é extremamente degradante e muitos organismos já se extinguiram precocemente na região.  Os agentes estranhos (poluentes e contaminantes) lamentavelmente estão em todos os ambientes naturais e construídos, muitas vezes em níveis perigosos à saúde e alarmantes ao ambiente como um todo.
  7. A Exploração dos Recursos Naturais quase que exauriu todas as fontes que estão limitadas as Áreas de Preservação Permanente (APP) e algumas Unidades de Conservação Integral e de Uso Sustentável. O Impacto Ambiental Antrópico tem sido danoso, violento e tem causado muitas complicações, a maioria das quais, produziu mudanças irreversíveis sob vários aspectos. Mudamos praticamente toda a natureza da região. 10. Agora não há mais tempo e muito menos espaço para nada. Temos que pensar e fazer o Desenvolvimento Sustentável ou então pereceremos. Não há mais como os ecossistemas se recuperarem por si só. E mesmo com toda capacidade Tecnológica que hoje temos a nossa disposição é impossível recuperar tudo, até porque há coisas que não existem mais. Além disso, também seria impossível para nós, humanos modernos, retroagirmos aos modelos e mecanismos do homem primitivo. Temos que viver e conviver com a realidade que está aí estampada e mudá-la progressivamente para melhor. A qualidade de vida não pode ser diletantismo, ela tem que ser a meta que norteará a construção da nova realidade.

COMO DEVERÁ SER O VALE DO PARAÍBA AMANHÃ?

Não é mais possível retroagirmos e voltarmos às condições primitivas e creio eu que, nós também não queremos e nem devemos de forma alguma pensar dessa maneira, mesmo que fosse possível essa retroação. Ao contrário, nós temos que acreditar no homem, na sua inteligência e no seu poder criador e por isso mesmo, temos que admitir que a mesma Ciência e Tecnologia que nos trouxe ao atual estado de coisas, deverá ser também quem nos permitirá sair dele. Não queremos a volta às cavernas.

Nesse sentido vale a pena lembrar o saudoso Chico Xavier, quando ele disse que: “é impossível voltar no tempo e fazer uma novo começo, mas é possível [e bastante viável] modificar o rumo da história e produzir um fim diferente daquele que se anuncia”. Acredito que nós somos os próprios construtores de nossa história e podemos transformá-la da forma como quisermos.

Sendo assim, acredito que só existem duas formas distintas e bastante antagônicas de imaginarmos o Vale do Paraíba do Sul do futuro: Uma delas, numa visão pessimista e a outra numa visão otimista. A escolha é nossa, pois, como eu já disse, somos, além de atores, também os agentes de nossa história e da história próxima passada desse planeta que nos abriga.

Aliás, sempre é bom ressaltar. A opção sempre foi nossa, pois o homem é a única espécie capaz de mudar parcial ou totalmente a realidade a sua volta e desta forma, também é a única espécie capaz de planejar e desenvolver o seu futuro planetário. Portanto, se há um culpado pelo atual estado planetário, esse culpado é o homem como espécie.

Se nós somos os responsáveis pelos problemas, então também devemos ser capazes de, pelo menos, tentar soluções. Sendo assim, criaremos então os dois cenários para a resolução dos problemas de nossa região.

No primeiro cenário o Vale do Paraíba é parte integrante de um todo maior. Aliás, é uma pequeníssima parte desse todo maior chamado Planeta Terra. Nesse cenário não é possível resolver nada por aqui, se o todo não começar a se resolver também. Qualquer evento isolado é paliativo e não resolve o problema algum, embora até possa minimizar momentaneamente os efeitos do problema. Infelizmente não está parecendo que a maioria dos dirigentes dos diferentes países do mundo esteja pré-disposta a tentar mudar a cara do planeta.

Se até existem alguns humanos que estão propensos a melhorar a qualidade de vida, infelizmente muitos ainda não caíram na realidade ou não querem admiti-la e agem como se nada estivesse acontecendo com o planeta. A preocupação da grande maioria dos humanos continua sendo única e exclusivamente econômica. É de estarrecer, mas infelizmente o dinheiro ainda está acima de tudo na cabeça das pessoas.

Desta forma, não vai adiantar muito fazermos alguma coisa aqui no Vale do Paraíba, porque o planeta parece estar fadado a assumir condições piores e certamente o homem como espécie não sobreviverá a isso. Nem aqui e nem em nenhum outro lugar do planeta. Neste cenário, só nos resta o fim e a extinção compulsória de nossa espécie.

Isso é muito forte e nós, seres humanos sensatos e preocupados com a nossa espécie, não podemos nos dar o direito de nos acomodarmos com isso e de simplesmente esperarmos o fim, como verdade compulsória e única dos próximos e prematuros tempos. Não dá para ficar daquela forma como diz o ditado: “se é inevitável, então relaxe e goze”. Não, mil vezes não! Por mais que se pareça inevitável e irreversível o quadro atual, eu não quero acreditar nisso. Não vou ficar esperando a morte chegar, sem tentar mudar essa realidade. O homem tem que reagir e como eu mesmo já disse e publiquei numa outra oportunidade: “nossa espécie não pode morrer tão jovem, dentro de um universo tão velho” (LIMA, 1995).

Desta maneira nos sobra apenas e tão somente a segunda solução possível, que embora pareça mais difícil, tem que ser aquela que abraçaremos e tem que ser aquela que dará certo e que nos levará a continuar essa caminhada evolutiva pelo nosso planeta azul. Entretanto, só existe um mecanismo capaz de nos permitir a chegada nessa meta. Esse mecanismo denomina-se SUSTENTABILIDADE ou DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Palavra que já está vulgarizada e gasta, mas cujo sentido ainda não foi entendido pela maioria das pessoas que a utiliza. Para somar a mídia ainda reforça progressivamente o conceito errado e ajuda a desinformar cada vez mais as pessoas (LIMA, 2005). Mas, como faremos para chegar à verdadeira Sustentabilidade?

Bom, primeiramente vamos tentar definir o que deve ser entendido como sustentabilidade de maneira mais ampla possível.  De maneira simples a sustentabilidade consiste em garantir um mundo melhor para as gerações que ainda vão nascer e para garantir isso ela está embasada em três aspectos (pilares) fundamentais: o ecológico, o social e o econômico, nessa ordem. Pois então, a Sustentabilidade é por isso mesmo, um negócio extremamente diferente de quase tudo que temos visto até aqui, porque para agir sustentavelmente temos que pensar de outra forma, que é bastante distinta daquela que estamos acostumados a pensar, pois temos que sair do pensamento estritamente econômico. Isto é, o componente econômico até continua existindo, mas ele é o terceiro na ordem de importância.

A sustentabilidade também é algo bastante complexo porque envolve um alto grau de ações, as quais estão relacionadas com todas as atividades humanas produzidas na sociedade e no planeta. Por fim, sustentabilidade e um mecanismo extremamente abrangente porque engloba e interfere em todas as áreas e todas as coisas que o homem como espécie biológica viva atua, tanto no nível natural, quanto social.

Em suma, sustentabilidade é uma atividade que requer uma nova visão de mundo, uma nova Cosmologia e assim exige mudança de Filosofia, de Comportamento e de Conduta nos seres humanos. Na opinião de alguns cientistas a sustentabilidade é algo tão estranho a maioria dos nossos modelos de civilização que acaba por ser utópica, ou seja, é impossível de existir e de aplicar esse conceito genérica e generalizadamente. Entretanto, temos que buscá-la a qualquer preço. Temos que caminhar atrás dessa utopia, pois só ela pode nos conduzir ao futuro e aos dias melhores que queremos dar as gerações vindouras.

Numa visão mais simplista sustentabilidade quer dizer que: precisamos nos tornar um só.

Teremos que nos tornar numa grande colônia que tudo fará para continuar vivendo nesse planeta que nos abriga. Seremos um imenso organismo colonial. Isto é, seremos, a partir de agora, pouco mais de 7 bilhões de humanos agindo e pensando em continuar, em seguir em frente e evoluir, trabalhando efetivamente para que isso seja possível. É claro que muitos organismos da colônia naturalmente irão morrer como acontece em qualquer colônia, mas a colônia como um todo sobreviverá e assim terá continuidade futura. Esse deve ser o nosso objetivo fundamental.

Temos que mudar o nosso pensamento, mas para tanto, temos que acreditar que isso é verdadeiramente possível. Temos que entender que qualquer um de nós é parte de um todo maior e essa será a nossa grande mudança filosófica. O mundo não se esgota em mim, porque eu sou apenas e tão somente uma pequeníssima partícula dentro do universo populacional da humanidade que constrói a grande colônia humana no planeta. O outro, humano ou não, também sou eu, porque eu dependo dele, ele depende de mim e o planeta depende de ambos. O respeito ao outro ser vivo é fundamental, independente de quem seja ele, o planeta depende de sua existência, senão a evolução não teria permitido que ele sobrevivesse.

Temos que sair do egoísmo e esquecer certos valores falsos que nos foram estabelecidos e que infelizmente cultivamos e aprimoramos ao longo da história por várias causas distintas que não cabe serem discutidas aqui. Infelizmente, muitos desses valores estão arraigados ao nosso comportamento. Doravante deveremos pensar, partindo do pressuposto que o único valor real que existe é a vida e todo resto é efetiva e infinitamente menos, talvez nada, importante. Temos que priorizar a vida antes de qualquer coisa.

Concluída essa primeira etapa de pensar diferente, teremos que começar realmente a fazer diferente. Não apenas eu ou você, mas todos nós, seres humanos, teremos que fazer diferente do padrão habitual. Não pode haver divisão e nem interesses diversos no mundo. Praticar aquilo que seja bom para a vida tem que ser a meta da humanidade.

Todos nós teremos que trabalhar bastante para que um novo comportamento humano surja generalizadamente e para que a humanidade pense, queira realmente fazer e faça as coisas de forma diferente e nova, de uma maneira que objetive unicamente a continuidade da vida humana no planeta.

Certamente levará alguns anos para que todos nós possamos nos conscientizar desse fato e partamos para fazer o que tem que ser feito conjunta e coletivamente. Quando esse tempo chegar e ele terá que chegar necessariamente, aí sim é que começaremos a mudar a cara do mundo. Entretanto, sempre haverá algumas caídas e recaídas. Temos que estar atentos a nossa meta e não podemos esmorecer. Alguém já disse que “a carne é fraca”, mas nós teremos que ser fortes o bastante para que, mesmo que alguns busquem o retorno ao atual “status quo”, a maioria de nós não poderá fraquejar. Temos que estar cientes de que só poderemos continuar nossa história evolutiva se seguirmos em frente no novo padrão.

Ao longo do tempo e certamente levará muito tempo, chegará o dia em que finalmente teremos criado todos os hábitos que precisamos ter para garantir nossa existência planetária. Nossa conduta coletiva estará efetivamente mudada para melhor. Isto é, chegará o dia em que a sustentabilidade sonhada deixará de ser sonho e que a utopia terá virado realidade.

Com certeza, isso só dependerá única e exclusivamente de nós.  Talvez, precisemos apenas acreditar mais em nós mesmos e entendermos que é essa crença efetiva que está faltando à humanidade. O homem acreditando cada vez mais no próprio homem.

Como disse Einstein só há duas formas de pensar a respeito dos milagres: “uma é admitir que milagres não existem e a outra é admitir que tudo o que existe são milagres”. Temos que nos apegar de todas as formas e acreditar nessa segunda linha de raciocínio, independentemente do credo que cada um de nós possa ter, deveremos acreditar que os milagres existem e entender que somos os únicos seres capazes de manifestar o milagre maior, que é traçar a nossa existência e o nosso futuro aqui na Terra.

Meus amigos, num seminário sobre sustentabilidade, talvez eu esteja sendo utópico demais em minha fala, mas podem acreditar, eu acho que isso mesmo que está faltando. Falta um pouco mais de utopia para a nossa triste e cruel realidade cotidiana. Jamais conseguiremos mudar a nossa realidade se não sonharmos com essa possibilidade.

Somos seres superiores como verdade biológica, mas, precisamos nos mostrar superiores nos demais ramos de atividade. Temos que ir além da realidade biológica e, pelo que tenho percebido, só o sonho pode nos levar a isso. A humanidade e o planeta Terra nunca dependeram tanto do Homo sapiens quanto nesse momento, em que vivemos uma crise ambiental extremamente perigosa e sem precedentes históricos, mas que muitos de nós, pelas mais diversas justificativas infundadas, insistimos em não acreditar que existe.

Precisamos sonhar e torcer para que tudo acabe bem. Acreditemos nisso, pratiquemos o nosso sonho e programemos o nosso projeto mundial de Sustentabilidade, de Recuperação Física do Planeta e de Atitude Ética dos Humanos, pois só assim é que conseguiremos ser capazes resolver a maioria dos problemas ambientais da Terra e obviamente também do nosso Vale do Paraíba. Porém, o mais importante disso tudo é que só assim, também seremos capazes de salvar a nossa espécie de uma extinção prematura.

Como biólogo, sou ciente de que a extinção biológica é compulsória para todas as espécies da Terra e certamente ela virá um dia para o Homo sapiens. Entretanto, como ser humano, isto é, como indivíduo dessa mesma espécie, eu quero atuar ativamente no sentido de impedir a prematuridade de nossa extinção e tudo farei para tentar torná-la mais tardia que for possível.

Meus amigos, para encerrar, eu devo dizer que: somente nós, seres humanos, agindo juntos, poderemos impedir que essa tendência da extinção precoce se concretize. E quero também lembrar que alguém já disse a seguinte frase: “quando uma pessoa sonha sozinha, normalmente é apenas mais um sonho, porém, quando muitas pessoas sonham juntas um mesmo sonho, está tendo início uma nova realidade”.

Por favor, senhores, sonhem junto comigo.

Muito obrigado pela atenção.

REFERÊNCIAS

LIMA, L. E. C., 1995. A Transitoriedade do Homem, Revista Ângulo, Lorena, (61):4 – 5, jan/fev de 1995.

(Republicado no www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 25/04/2009).

LIMA, L. E. C., 2005. Sensibilidade X Ciência e o Papel Fundamental da Mídia, www.vejosaojose.com.br/correalima, 05/07/2005.

(Republicado no www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 31/05/2009).

*Palestra proferida no Primeiro Seminário sobre a Sustentabilidade do Vale do Paraíba – FATEA/Lorena/SP – 07 /XI/2009, sendo devidamente modificada e atualizada para esta publicação.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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25 fev 2015

Educação, Sustentabilidade e Política

Resumo: O texto aborda uma questão que está no “top” da falação atual, mas que ainda não é entendida pela grande maioria das pessoas. Trata-se do conceito de Sustentabilidade, que precisa efetivamente ser popularizado, porém dentro de sua ideia fundamental. A palavra sustentabilidade vem sendo gasta por todos os setores, porém a aplicabilidade da verdadeira noção de sustentabilidade ainda é um sonho que os ambientalistas querem ver acontecer. Devem ser efetivadas políticas públicas que viabilizem mecanismos de educação ambiental que possam contemplar essa necessidade, para a sustentabilidade saia da condição de sonho de alguns e passe a ser realidade de todos.


Educação, Sustentabilidade e Política

Sustentabilidade é um termo que já pode ser considerado relativamente velho, criado a partir da ideia de Desenvolvimento Sustentável definida por Ignacy Sachs, na década de 1980. Segundo o citado autor, o desenvolvimento sustentável é aquele que garante o crescimento econômico, a equiparação social e o equilíbrio ambiental. Isto é, a sustentabilidade é aquela característica que mantêm equalizados três aspectos fundamentais o meio ambiente, a sociedade e a economia. De acordo com o próprio Sachs, referendado por vários outros autores, não é possível pensar em outra forma de desenvolvimento, porque essa é a única maneira de garantir a manutenção da qualidade de vida do planeta. Bem, essa é a fala dos homens da Ciência.

Por outro lado, fica muito difícil falar sobre qualquer assunto quando a população não o conhece e consequentemente não está devidamente preparada para entendê-lo, aceitá-lo e assim, de alguma maneira, tentar colocá-lo em prática. Está é exatamente a situação em que se encontra a tão badalada, porém muito pouco entendida, sustentabilidade. A palavra sustentabilidade está na moda aqui no Brasil e no mundo, mas ao que parece é só isso, porque as coisas, pelo menos aqui no nosso país, continuam acontecendo da mesma maneira, sem nenhuma preocupação efetiva com as idéias estabelecidas pelo conceito de sustentabilidade. Quer dizer emprega-se um termo, mas não se pratica, nem de longe, os conceitos abrangidos por esse mesmo termo.

A palavra sustentabilidade agora está inserida no contexto de tal forma que virou linguagem comum, ou melhor, linguagem viciada, de tanto que se repete. Isso deveria ser um bom negócio, mas infelizmente essa não é a verdade. O conceito de sustentabilidade não está sendo, de maneira absolutamente nenhuma, assumido pela sociedade de forma clara e abrangente como deveria, pois as premissas em que se usa o termo não são nada sustentáveis. Ao invés de se popularizar um conceito, na realidade apenas se vulgarizou mais uma palavra, a qual se relacionou erroneamente com a o crescimento econômico. Infelizmente, a sustentabilidade que é extremamente necessária ao planeta e ao ser humano, virou lugar comum, mera citação, que não demonstra absolutamente nada a ninguém, daquilo que pretendia como filosofia, pois suas vertentes ambientais e sociais são mascaradas pela ideia econômica imperante.

Em suma fala-se em sustentabilidade por simples modismo e isso lamentavelmente é bem pior do que se não se falasse nada sobre o assunto, porque assim não se poderia iludir tanto as pessoas e as organizações como até aqui se tem feito. Pior do que o não entendimento de um conceito é o seu entendimento errôneo. No que diz respeito à sustentabilidade, é exatamente isso que está acontecendo, pois se continua colocando o econômico antes de tudo, o que não se traduz como sustentabilidade. Atualmente quase todo projeto a ser desenvolvido traz a citação da palavra sustentabilidade no seu escopo. Entretanto, a maioria desses projetos não exerce nenhuma ação metodológica que sustente a aplicabilidade efetiva da sustentabilidade em si, a preocupação continua sendo única e estritamente econômica, as outras duas componentes do conceito continuam sendo deixadas de lado ou, quando muito, estão relegadas ao segundo plano.

Quer dizer a humanidade, mesmo sem saber, tem mais um grande problema para resolver, ou seja, entender efetiva e corretamente o que é a sustentabilidade. Porém, os “poderosos” estão trabalhando direitinho para manter esse “status quo” de desconhecimento coletivo, pois isso lhes garante a manutenção do poder. A maioria dos “poderosos” ainda não entende que todo e qualquer poder é provisório e transitório e que as coisas sempre mudam, embora algumas vezes demorem um pouco. Entretanto, no que diz respeito à sustentabilidade a demora das mudanças pode ser tão significativas que talvez levem a inviabilidade total da vida no planeta. Quer dizer, enquanto os “poderosos” mantêm o poder, os recursos naturais vão se extinguindo e a vida no planeta vai ficando cada vez mais ameaçada, mas eles não percebem ou não querem perceber.

Isso posto, fica claro que vivemos um problema real, pois a sustentabilidade é algo vital ao planeta e à humanidade. Porém, a partir disso, fica aqui uma primeira questão: o que deve ser feito para promover as mudanças necessárias que promovam a sustentabilidade e para suplantar os interesses dos “poderosos”?

Certamente aqui, como em quase tudo na vida humana, mais uma vez, entra a necessidade da Educação das pessoas para que a sustentabilidade tenha a sua devida importância estabelecida e o seu entendimento clarificado. Nesse momento surge uma segunda questão: como fazer para demonstrar essa importância, definir o conceito de sustentabilidade corretamente e popularizar esse conceito dentro das escolas para depois estendê-lo às populações? Para responder essa duas questões iniciais é relativamente fácil, como está apresentado a seguir.

Primeiramente é preciso formar professores capazes de entender e transmitir as idéias conceituais da sustentabilidade a partir do tripé em que ele está embasado: ambiental, social e econômico, sempre nesta ordem prioritária, que infelizmente há muitos que insistem em modificar, mesmo dentro dos que defendem a sustentabilidade. Depois devem ser criados mecanismos para contextualizar situações reais em que o conceito de sustentabilidade possa ser empregado amplamente, dando exemplos claros de sua aplicabilidade nas diferentes situações que envolvem o cotidiano das populações nas diferentes regiões. Posteriormente, deve-se promover a popularização dessas idéias a fim de que haja efetiva absorção das mesmas pelas diferentes comunidades.

Quer dizer não dá para falar em sustentabilidade sem que haja uma preparação específica para esse fim. Tem que haver uma educação para sustentabilidade, na qual seja possível distinguir toda abrangência e importância do termo. Mas, é nesse momento, que surgem duas novas questões, as quais são mais complicadas e consequentemente difíceis de serem respondidas. As escolas brasileiras estão preparadas para cumprir mais essa missão relacionada à sustentabilidade? Existem professores devidamente habilitados na questão para atuar como orientadores e multiplicadores do conceito?

Sinto dizer, mas me perece que estamos numa situação nada sustentável em relação ao problema da sustentabilidade, porque não podemos responder positivamente a nenhuma das duas últimas questões propostas. Estamos caminhando para o caos, continuamos explorando os recursos naturais de maneira indevida e degradando os ambientes, desintegrando grupos sociais locais e perdendo recursos econômicos por conta de nossa incapacidade de pensar de maneira verdadeira sustentável e não temos estrutura e nem gente capacitada para trabalhar na mudança desse quadro lamentável.

Como sempre a solução para todos os problemas é apenas e tão somente uma questão de estabelecimento de políticas públicas que priorizem aquilo que se pretende fazer, no caso em questão, a sustentabilidade. Nesse sentido, a boa notícia é que temos uma eleição aí na frente, na qual vamos escolher os novos dirigentes políticos e administrativos do país e dos estados brasileiros. Temos que pensar bem e escolher as melhores propostas, aquelas que envolvam as ideias de sustentabilidade. Mas, é fundamental que essas ideias integrem a educação dentro do contexto, porque da mesma forma que não existe mágica na natureza, também não existe mágica no comportamento humano. Assim, só é possível realizar direito aquilo que se aprende direito e a educação é a única base que pode garantir que os ensinamentos sobre a questão sejam ministrados de maneira eficiente.

As escolas são os agentes sociais efetivos para educar as populações também nesse sentido. Desta maneira, as idéias de sustentabilidade têm que passar a integrar diretamente os currículos escolares em todos os níveis e as escolas devem estar prontas para atuar nessa nova necessidade o mais rápido possível. O tempo urge e não podemos nos dar ao luxo de continuar imaginando que Deus vai dar um jeito naquilo que é atributo exclusivo e obrigatório da ação humana. Nesse contexto, a nossa responsabilidade tem que ser posta à prova e devemos ser capazes de resolver os problemas que são cruciais para a continuidade de nossa existência planetária.

Por fim, quero deixar claro que, com relação à sustentabilidade em si, aqui também, como acontece em outras áreas, o improviso e o empirismo têm se mostrado como maus exemplos. Sendo assim, insisto em que há necessidade de formar e habilitar pessoas nessa questão dentro das escolas. Por outro lado, para que se consiga atingir esse intento, é preciso que dentro dos postos de governança sejam colocados administradores preocupados e imbuídos em melhorar a qualidade de vida das pessoas social e economicamente. Porém, esses administradores, para atuarem efetivamente nesse sentido, têm que ser cônscios das responsabilidades com a manutenção ambiental do planeta e com o uso devido dos recursos naturais, porque é somente a partir dessa base ecologicamente correta que se garantirá a sustentabilidade do planeta e a continuidade da humanidade.

O planeta sustentável que todos queremos e merecemos passa pela nossa educação e esta, por sua vez, passa por nossas escolhas políticas. Está na hora de pararmos de “brincar de fazer de contas” sobre a sustentabilidade e assumirmos uma postura objetiva que possa propiciar um desenvolvimento sustentável dos diferentes grupos sociais nas diferentes regiões de nosso país. O compromisso com o Meio Ambiente e com os problemas ambientais têm que ser a preocupação primária de qualquer administrador público e a educação deve ser o esteio que dará a devida condição para o entendimento e o envolvimento das pessoas na resolução desse, que é certamente um dos maiores problemas de nosso país e do mundo na atualidade.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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18 fev 2015

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Resumo: Desta vez está sendo apresentado um texto recente que acabo de escrever, no qual procuro chamara atenção para uma questão cada mais esquecida e que precisa estar presente no pensamento coletivo do povo brasileiro. Trata-se da Biodiversidade do Brasil, a maior da Terra, e lamentavelmente esquecida pelas autoridades e em consequência disso, quase totalmente desconhecida da população brasileira. É preciso que se estabeleçam mecanismos que permitam informar melhor sobre essa questão e a grande mídia precisa se fazer presente nesse momento, para colocar os brasileiros cientes daquilo que possuem de mais relevante que a Biodiversidade existente no território nacional.


 

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Aqui no Brasil, lamentavelmente, as pessoas que militam profissionalmente nas áreas relacionadas com a biodiversidade parecem ser as únicas que são capazes de saber sobre a importância desse aspecto para o país. Não só porque as demais pessoas não sabem que o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, mas principalmente, porque mesmo aquelas que conhecem esse insigne fato, não compreendem o que isso pode representar. Aliás, mesmo os administradores públicos e os políticos do país, salvo raríssimas exceções, também não fazem a mínima ideia do venha a ser biodiversidade e nem a responsabilidade que o Brasil deveria ter em relação a esse aspecto, haja vista que cerca de 20% das espécies vivas do planeta estão aqui localizadas.

Quer dizer, as pessoas não são culpadas por não darem importância àquilo que elas se quer imaginam que possa existir e ser importante. Por isso mesmo, a maioria dos cidadãos brasileiros não está nem aí para a preservação dos Grandes Biomas ou dos inúmeros Ecossistemas degradados por conta da ação antrópica indevida e inescrupulosa. A visão geral da população infelizmente ainda é a seguinte: se a riqueza em alguma parte do Brasil vamos busca-la e transformá-la o mais rapidamente em dinheiro.

Pois então, foi essa visão que dizimou as populações do Jacarandá da Bahia, do Pinheiro do Paraná, do Palmito Juçara do Sudeste e que levou à míngua e quase extinguiu inúmeras espécies de animais utilizadas na alimentação ou temidas por conta de crendices absurdas como algumas espécies de aranhas, cobras, sapos e outros infelizes animais. O uso e a degradação das populações dessas espécies de organismos vivos foi feito sem nenhum critério, apenas para satisfazer o interesse de alguns seres humanos.

Vejam bem que eu só falei de organismos grandes facilmente visíveis e identificáveis. Entretanto, quem é capaz de dizer quantas espécies de pequenos organismos que já desapareceram, sem que a Ciência pudesse conhece-los, porque muitos deles, se quer foram vistos alguma vez por qualquer pessoa. É bom lembrar que a grande maioria dos organismos vivos é pequena e pouco conspícua. Pois então, por essas e outras é que a biodiversidade brasileira é desconhecida e naufraga cada vez mais por conta dessa falta de conhecimento que as pessoas têm a seu respeito.

Ao contrário do que se poderia pensar, essa situação está longe de melhorar e só tem piorado, porque os mais jovens (talvez não por culpa deles, mas por conta da situação imperante), acabam sendo os menos interessados em conhecer o patrimônio natural brasileiro, o qual é progressivamente sempre menos conhecido, tanto pela raridade maior dos diferentes indivíduos, quanto pela falta cada vez maior de informação sobre eles. Em suma, se observa menos, se conhece menos, se estuda menos, se identifica menos e por fim se importa cada vez menos com a realidade natural brasileira.

A biodiversidade do Brasil, que deveria ser enfatizada como a maior riqueza que o país possui, acaba sendo mais um apêndice burocrático aos entraves dos interesses econômicos de empresas que se utilizam de recursos naturais, mormente empresas mineradoras e agrícolas. As mineradoras na retiradas constante de recursos naturais não renováveis e na degradação ambiental desenfreada e as agrícolas na degradação de terras para aumentar as monoculturas, envenenado solos e plantando essências geneticamente modificadas, que além de ocuparem o espaço, são protegidas quimicamente para ficar livres de “pragas” (os outros organismos que poderiam habitar também a área).

Por outro lado, a legislação brasileira tem no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), uma lei (Lei 9985/2000) que tenta cumprir o previsto no Artigo 225 da Constituição Federal (1988) e ampliar as áreas de preservação, a fim de garantir a manutenção da biodiversidade do país. É bom lembrar que segundo a própria Constituição Federal, preservar áreas significativas dos diferentes biomas brasileiros é uma obrigação do governo e de todos os cidadãos desse país. Entretanto, esse mesmo governo atua na contra mão da constituição, quando deixa de assinar o acordo internacional da biodiversidade, como aconteceu no ano passado, e a população em geral nem ficou sabendo desse fato, porque infelizmente a “grande mídia”, aqui no Brasil, não divulga aquilo que o governo não quer que seja divulgado. Assim, a população segue sem saber o que acontece e o governo continua fazendo o que não deve nessa questão.

É preciso que se estabeleça rapidamente alguma maneira de informar a população do país sobre o verdadeiro significado e a grande responsabilidade que o Brasil tem, sendo o país de maior biodiversidade planetária, a fim de que seja possível exigir que o governo brasileiro cumpra os compromissos estabelecidos e respeite a legislação, principalmente não permitindo a utilização de áreas de preservação permanente para interesses de segmentos sociais específicos, mormente os ruralistas e os grandes mineradores.

Além disso, também é necessário que se divulgue o que já foi destruído da Biodiversidade brasileira e o quanto ainda existe desse patrimônio natural. Infelizmente, quando se fala de biodiversidade, a maioria das pessoas só relaciona o termo com a Amazônia, que é apenas parte do problema. Essa grande falação sobre o desmatamento da Amazônia, além de não resolver nada, porque até aqui o desmatamento só aumentou, também só tem servido para esconder o que está acontecendo nos outros biomas do país. A Mata Atlântica, quase desapareceu, o Cerrado está à míngua, a Caatinga praticamente inexiste, a Vegetação Litorânea (Manguezal e Restinga) sumiu com a especulação imobiliária no litoral brasileiro, o Pantanal está virando um grande areal. Enfim, a situação dos grandes Biomas brasileiros é muito grave na maior parte de suas respectivas áreas.

Mas, o pior de tudo é o que acontece com os microrganismos e com a fauna que habitam os diferentes biomas brasileiros, haja vista que esses tipos de organismos são os mais dependentes dos ambientes naturais e onde se degrada o ambiente natural eles tendem a desaparecer. Assim, a lista de espécies animais ameaçadas de extinção também só tem aumentado. A degradação da biodiversidade que se observa no macro nível, obviamente é significativamente maior no micro nível e produz um grande empobrecimento na biodiversidade das espécies que ocupam os diferentes biomas, principalmente das espécies de microrganismos do solo e de animais invertebrados, que constituem a grande maioria das espécies vivas.

A falta dos microrganismos torna solos pobres e incapazes de reter água e nutrientes. A falta dos pequenos animais invertebrados também empobrece solos e inclusive inviabiliza a polinização de algumas plantas, o que também atua no impedimento da regeneração natural dos próprios biomas. Quer dizer, a degradação ambiental também prejudica sensivelmente a possibilidade da própria recuperação dos ecossistemas naturais.

Enfim, é fundamental que se divulgue a biodiversidade brasileira aos habitantes do Brasil para que seja possível entender que essa é a maior riqueza do país e que o exercício de cidadania se faz necessário na defesa desse patrimônio brasileiro. O povo brasileiro precisa saber mais sobre os recursos naturais que o Brasil possui e precisa estar ciente de que proteger esses recursos é uma obrigação comum a todos os brasileiros.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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12 fev 2015

O Encontro Imprevisível e Inesperado de Darwin com Eva

Resumo: Desta vez está sendo apresentado um texto que escrevi em 2006 e que já foi publicado e até mesmo apresentado em forma de peça teatral inúmeras vezes, mas que ainda é inédito aqui nesse site. O texto é uma utopia, que mesmo abordando uma impossibilidade física, tenta trazer para a discussão dois temas interessantes e bastante atuais da Biologia: a Evolução e a Degradação Ambiental. A composição literária consiste num misto de poesia e prosa que se desenvolve numa discussão entre Eva e Darwin, na qual a evolução, a manutenção e a continuidade da vida são tratadas pelos dois lados, destacando a aparente ingenuidade de Eva e a forte preocupação de Darwin com as ações do homem sobre o Planeta Terra.


O Encontro Imprevisível e Inesperado de Darwin com Eva

Após muito vagar no evo e no pensamento pelos diferentes locais do nosso planeta à busca de entendimento de suas dúvidas, de esclarecimento para suas angústias e de resolução para seus problemas interiores e individuais, os espíritos de Eva e Charles Darwin se encontram em algum lugar perdido na imensidão da Terra.

Eva, aquela que segundo a Bíblia foi a primeira mulher, criada por Deus a partir de uma costela do primeiro homem, seu marido Adão, feito à imagem e semelhança do próprio Deus e Charles Darwin, defensor do Evolucionismo e autor da principal Teoria da Evolução das Espécies, que se opõe frontalmente ao Fixismo (Criacionismo) contido nas ideias bíblicas. Então meus amigos, imaginem comigo e viagem nesse encontro fortuito.

Pensem em Eva procurando compreender o que está acontecendo com a Terra, preocupada com a situação caótica, confusa e desarmônica entre os povos e também com a fisionomia degradada, descaracterizada e desagradável de ser vista, naquele planeta que já foi definido pelo próprio Deus, como sendo o Paraíso e que foi dado ao homem pela benevolência divina. Onde estaria Deus e a previdência divina neste momento terrível que o planeta atravessa? Teria Deus nos abandonado?

Pensem em Darwin, por sua vez, tentando demonstrar que o paraíso terrestre continua existindo, embora numa concepção diferente daquela indicada na Bíblia e por isso mesmo, com uma fisionomia muito distinta, em consequência das modificações ocorridas ao longo do tempo, graças ao processo evolutivo e que foram aceleradas, mais recentemente, por conta da ação muitas vezes maléfica do homem. O homem, criado a imagem e semelhança de Deus, veio destruir a criação divina? A Evolução das espécies é um mau para a vida e para o planeta?

Este encontro, embora seja uma incongruência biológica, filosófica, física e religiosa. Isto é, um absurdo que só é possível de ser concebido à luz da metafísica, se fosse verdadeiro, imagino que deveria ter transcorrido mais ou menos da seguinte maneira:

 

Eva: Olá Charles, tudo bem?

Charles: Tudo bem Eva e você como está?

Eva: Eu não estou nada bem e por isso mesmo resolvi fazer uma viagem. Meu amigo Charles, eu vou viajar.

Charles: Viajar é bom Eva, aproveite a coincidência do seu nome e vá.

Eva: E você Charles, não quer ir também?

Charles: Para onde você está pretendendo ir Eva?

Eva: Vou embora da Terra, eu vou partir para Marte.

Charles: Embora viajar seja bom, sair da Terra não vale a pena Eva. Vá sozinha, porque essa viagem eu não faço. Eva, não vai dar mesmo. Nasci e cresci na Terra e aqui eu quero ficar. A Terra é minha casa e não quero sair e nem trocar. Deus disse para você e para Adão que o paraíso é aqui. Deus tem sempre razão e por isso mesmo eu só viajo se for daqui para aqui.

Eva: Mas Charles conhecer outros lugares não é interessante? E, por outro lado, estão falando tanto de Marte.

Charles: Eva, primeiro vamos pensar e discutir um pouco, antes de você decidir sobre fazer a sua viagem. Quem sabe, depois disso você até não muda de ideia e de imagem. De qualquer forma, eu vou ficar por aqui mesmo, no nosso planeta azul. Posso até conhecer outras paragens, quem sabe ir para o Norte ou para o Sul, mas é aqui que quero ficar. Vou tentar ver se sou capaz de evoluir um pouco mais nesse planeta.

Eva: Mas, há Evolução na Terra, Charles?

Charles: É claro que há Evolução Eva. Existe uma bela e expressiva Evolução Biológica onde as espécies são e se dão evolutivamente numa teia. A intrincada teia da vida que cresce, diverge e multiplica em todas as direções.

Eva: Adão tinha me comentado alguma sobre isso Charles. E em meus pensamentos, Evo também me falou, mas não acreditei. Aliás, na verdade eu não entendi?

Charles: Mas você ainda pode e deve entender um pouco mais.

Eva: E você Charles, de Evolução você entende, não é?

Charles: Não sei se entendo, mas eu sinto a necessidade biológica de sua existência, por isso mesmo é que estou dizendo e pedindo: Eva não vá viajar para Marte, porque lá não existe vida, apenas a plenitude apática e o silêncio do Evo se mantém. Marte é sempre igual e lá não há nada e nem ninguém. Lá em Marte, ao contrário da Terra, lá em Marte só há morte. Morte, de Leste a Oeste. Morte, tanto no Sul quanto no Norte. Marte é o planeta vermelho, o planeta cor de sangue. O sangue que corre no corpo do homem e de muitos animais durante a vida, Sempre indo e vindo, parelho como se fosse um espelho, mas que estanca na morte, como um circuito que sofre um corte. Eva, Marte é o Deus da guerra e hoje em seu planeta não há nada.

Eva: Mas Charles, aqui na Terra também tem guerra.

Charles: Lamentavelmente, eu sei Eva, mas não devia e nem queria. Aqui na Terra, há, como eu, quem saiba que a guerra erra, pois com ela, toda a humanidade berra e a sociedade emperra. E isso, não adianta porque a boca cerra e como nada acontece e toda ação em prol da vida se encerra. Assim, nada se faz contra a guerra que parece eterna. Eva existe um Evo de guerras subsequentes que destrói a Terra e a gente. Eva, além da guerra, qual a outra marca de Marte? Lá em Marte o solo é rochoso, compactado e seco. Parece que em Marte não tem água. Há quem diga que já teve ou que tem, mas ainda assim é muito seco. Eva, aqui na Terra ainda tem muita água.

Eva: Ah! A água. Coisa boa que é a água, não é verdade Charles?

Charles: Muito boa Eva, talvez a melhor de todas as coisas do Universo. Porém o planeta aqui é a Terra. Ele tem água e vive em guerra. Lá o Planeta é Marte, não há água, nem guerra, mas o solo arde. Pois é Eva, Marte é ou foi o planeta de Tanatus, o Deus da morte!

Eva: Charles, como Marte ficou assim?

Charles: Não sei Eva, mas foi a Evolução ou então foi a “vontade” de Deus.

Eva: Charles, então a Evolução leva ao fim da vida.

Charles: Não Eva, a Evolução é o fim em si mesmo. Ela busca a melhora constante das espécies no planeta, porém, se ocorrerem coisas erradas, ela pode acarretar na extinção das espécies e no fim da vida. Eva, a Evolução é uma dádiva de Deus em prol a melhoria constante da vida no planeta.

Eva: Charles, Deus é bom, não é?

Charles: É Claro Eva, Deus é a própria bondade.

Eva: Então, que Deus é esse que você diz, que teria a “vontade” de destruir as espécies como aconteceu em Marte, meu caro Charles? Esse Deus é o meu ou o seu Deus Charles?

Charles: Eva, Deus é um apenas e sendo bondoso, não tem vontade de destruir nada. Deus é aquele que tudo sabe, aquele que tudo vê, e que acompanha o homem em suas ações. A vontade de Deus é consequência do livre arbítrio e das ações do homem no planeta. Podes crer Eva, agora mesmo Ele está nos vendo e observando a nossa conversa.

Eva: Vê nos como, Charles?

Charles: Ele está lá em cima, no alto, sempre perto da Lua, nos observando.

Eva: O planeta Vênus está perto da Lua, então Vênus é Deus Charles?

Charles: Acho que não Eva, mas em certo sentido sim, já que Deus é tudo. Entretanto Eva, lá de cima, Vênus também tudo vê. Eva, Vênus é uma estrela branca e alva, a famosa Estrela Dalva, sempre brilhante e vigilante que não sai de perto da Lua, nem por um instante. Às vezes não o vemos, mas ele está sempre lá. E, como Deus, ele sempre nos vê.

Eva: Charles e a Lua, a Lua é sua Charles?

Charles: Não Eva, a Lua é o satélite da Terra. Mas, existem inúmeras outras Luas. Marte, por exemplo, tem duas Luas. E o grande planeta Júpiter, tem várias Luas no entorno de sua esfera.

Eva: Então Júpiter é melhor que a Terra Charles?

Charles: Penso que não Eva, porém não sei, mas até gostaria de saber. Mas, deixemos Júpiter de lado e voltemos à Terra e à vida Eva.

Eva: Que vida Charles? Aquela que só a Terra teve e que hoje se vê na TV? Ou aquela que se quer ter, mas que a própria TV indiretamente não deixa?

Charles: Aquela vida fabulosa, diversa, efervescente e brilhante Eva. Aquela diversidade de formas e espécies que só existe na Terra.

Eva: Brilhante que nem Vênus, grande e diversa como Júpiter e suas luas Charles?

Charles: Não, mais brilhante do que Vênus, maior e mais diverso que Júpiter Eva.

Eva: Então, que vida Charles? A vida fabulosa dos Deuses da Mitologia?

Charles: Não Eva, muito melhor ainda. A vida alegre da gueixa. Aquela que tudo deixa, apenas para dar prazer ao homem. A vida feliz e sem perigo, do planeta e do homem amigo. Sem tristeza e sem castigo, da mulher e do marido. A vida que Deus nos deu por conta de seu Evo de bondade. A vida do animal, que mesmo vivendo do vegetal, controla a sua ganância e seu apetite para garantir sua continuidade.

Eva: Que tipo de vida é essa que você fala Charles?

Charles: A vida que evoluiu na Terra Eva, apesar da motosserra, que hoje tudo pode e tudo ferra e que destrói a própria Terra. A vida que surgiu e evoluiu na água e que apesar de toda mágoa ainda cresceu e multiplicou.

Eva, A vida que Deus mandou e que a natureza herdou. A vida que virou morte. A vida de toda sorte, cujo azar tirou do Norte, e que eu mostrei que é forte e que a natureza selecionou, mas que agora, por pouco, quase acabou.

Eva: Então, não tem mais jeito Charles?

Charles: Não Eva, sempre há um jeito, basta sonhar e querer.

Eva: Então Charles, menos mal para nós!

Charles: Não Eva, porque o mal somos nós e o bem depende do mal. Eva, o bem, tal qual o mal, também somos nós. Eva, só nós podemos dar jeito. Um jeito que, com efeito, urge para ser feito, antes que se chegue ao leito.

Eva: Que leito Charles, o leito do Rio?

Charles: Não Eva, esse é outro que sofre, mas não é dele que falo. Refiro-me ao leito da morte Eva.

Eva: Assim como lá em Marte Charles?

Charles: Isso Eva, em Marte há morte. Aqui na Terra também tem havido morte. É morte de toda sorte, em todos os cantos de nosso Universo. O Universo da Terra é aquele que já foi diverso, mas que está ao inverso e que, se visto pelo anverso, não produz mais nenhum verso.

Eva: Por falar em verso, qual a poesia da vida Charles?

Charles: Eva, a vida é a própria poesia.

A vida dança, canta e rima, pula de cima para baixo, salpica de baixo para cima e explode por causa do clima.

Eva: Clima, o que é clima Charles?

Charles: Eva, o clima é o pai da vida na Terra.

Eva: Então o clima é Deus, Charles?

Charles: Claro que não Eva, mas é quase isso, pois o clima é tudo para a vida na Terra. Mas Eva, o triste é que estão mudando o clima.

Eva: Quem está mudando o clima Charles?

Charles: Nós Eva, o homem, o mal! Eva, está tudo virando sal, um sal do tipo da cal. Eva, o planeta Terra e a vida estão voltando ao caos.

Eva: Charles, o nosso planeta Terra está virando Marte?

Charles: Em certo sentido, é exatamente isso Eva.

Eva: Então a vida será morte, Charles?

Charles: Pois é, Eva, continuamos evoluindo, porém na direção errada. Hoje, estamos muito mais indo para a extinção do que qualquer outra coisa. Estamos nos dirigindo para o Evo da morte que nem em Marte. Por isso mesmo Eva, eu lhe peço: Não vá para Marte. Fique aqui mesmo na Terra, viaje pelo nosso planeta e veja como ainda é belo e diverso. Eva, ainda há muito o que ver aqui na Terra. Não deixe que a Terra vire Marte. Ajude a conservar a vida que nosso planeta encerra. Voltemos a evoluir na rota certa e por inteiro, esqueçamos o conforto e o dinheiro e recuperemos o planeta primeiro. Comecemos acabando com a guerra. Restabeleçamos o clima do planeta e continuemos e viver na Terra. Eva acredite, que isso será possível! Basta apenas que o bem ganhe do mal, que o planeta não vire sal e que o homem, como Deus, queira de fato ser imortal. Eva, isso vai ser muito legal, o homem, o vegetal e o animal. Todos num planeta natural, real e igual. Eva imagine só, que maravilha: No futuro próximo, quem sabe na próxima estação, você e Adão, eu e a Evolução e a Terra numa perfeição. E lá do alto, Deus acenando positivamente com a mão.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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05 fev 2015

Em Tempo de Crise a União é a Melhor Solução

Resumo: Há um ditado antigo que diz o seguinte: “devemos aprender com os erros”. Nesse pequeno artigo, a partir da atual crise da água, estou exatamente tentando chamar a atenção para o fato de que esse ditado, ao menos na área do meio ambiente, parece não verdadeiro, porque até aqui ainda não demonstramos ter aprendido nada e continuamos fazendo as mesmas coisas erradas e observando essas coisas acontecerem como se nós não tivéssemos nada a ver com elas. Convido a todos para começar uma mudança de postura, haja vista que o fim prematuro de nossa espécie será inevitável se continuarmos parados como até aqui.


Em Tempo de Crise a União é a Melhor Solução

 

Ao longo de minha vida tenho tido muitas experiências, algumas boas, outras ruins e outras mais ou menos. Bem, isso é uma verdade absoluta que acontece com todo indivíduo nesse mundo e quanto mais se vive, mais se aprende porque mais experiências se efetivam com a idade de cada ser humano. Entretanto, atualmente estamos passando por algumas situações que tendem a contradizer diametralmente esse aspecto. O mundo vive uma crise ambiental sem precedentes e aparentemente ninguém está nem aí com esse fato. Os problemas se multiplicam, as dificuldades aumentam, as catástrofes se sobrepõem e os governos ficam marcando encontros para definir datas para marcar novos encontros e nada se faz na tentativa de resolver qualquer questão. Na verdade, parece que, nessa área as experiências não se efetivam, pois ninguém aprende nada.

Nos últimos 30 anos muito se discutiu sobre as questões ambientais planetárias. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos, discutidos, definidos, ampliados e divulgados, mas até aqui (2015) nada de concreto aconteceu em prol de melhorias ao ambiente global e à qualidade de vida no planeta. O Clima, a Pobreza, a Biodiversidade, a Sustentabilidade e a Poluição embora sejam palavras vivas e presentes em todos os idiomas, parecem ser ideias e conceitos quase mortos, porque, de fato, não se tem trabalhado na direção de atender as necessidades que derivam dessas e de outras questões ambientais mais específicas. Continua faltando educação, conhecimento e seriedade no tratamento do planeta e dos recursos naturais.

Na maioria dos países do mundo, as preocupações fora do universo estritamente econômico praticamente não existem, pois tudo é visto como moeda e cifrão. O ter superou o ser de tal maneira que: “a coisa que eu tenho é mais importante do que a coisa que eu sou”. Em contra partida, as catástrofes ambientais planetárias são cada vez maiores e piores. Porém, estão virando acontecimentos tão corriqueiros, que nem abalam mais as pessoas, a não ser aquelas diretamente atingidas, e acabam sendo apresentadas diariamente como situações absolutamente normais nos diversos noticiários. Estamos nos acostumando as cenas terríveis de tsunamis, de terremotos, de furacões, de grandes queimadas, de destruições ambientais coletivas e até mesmo de criminalidade, atentados contra vidas humanas e práticas de corrupção generalizada em todos os lugares. O que importa é ganhar alguma coisa economicamente, independentemente de quem perca. Como eu já disse, isso tudo está parecendo ser normal e comum, mas não deveria ser assim.

Ultimamente nossos aprendizados  em consequência de nossas experiências ambientais não existem ou têm  sido muito pouco aproveitados e nós inexplicavelmente não temos nos dado conta desse fato, porque estamos nos acostumando com as coisas erradas. Ou melhor, os seres humanos de todo o planeta estão se habituando de maneira tal aos eventos incomuns, que estão passando progressivamente a identificar esses eventos como situações cotidianas vulgares. Isto é, nós estamos iludidos com o dinheiro e com o consumo e por conta disso estamos vulgarizando os megaeventos naturais como se fossem questões diminutas e sem nenhuma importância à manutenção de nossa espécie. A prática imperante é a seguinte: “o que não acontece comigo não é problema meu e segue o barco”.

Aqui no Brasil, essa terrível situação parece ser mais grave ainda, por conta da sensação terrível de incapacidade daqueles que estão preocupados e da total impunidade dos responsáveis pelos acontecimentos. Dentre os vários absurdos, o Brasil, que é o país que tem a maior reserva natural de água em estado líquido do planeta, está vivendo a mais grave crise hídrica de toda a história nacional. O pior é que, como já estamos acostumados com as notícias ruins, ainda não nos atentamos para o fato de que uma crise hídrica é na verdade uma crise geral, porque a água se aplica em tudo e a tudo que fazemos. Falta de água é falta de energia, falta de alimento, falta de asseio e limpeza, falta de lazer. Falta de água traz consigo carência na indústria, carência na agricultura, carência na pecuária, carência no turismo, carência no comércio, carência nos serviços em geral e principalmente carência nos empregos. Enfim, a falta de água é um caos, porque produz uma carência total.

Vejam bem, só aqui no Sudeste do Brasil, nós somos mais de 85 milhões de seres humanos (mais de 40% da população brasileira). Dos quatro estados da região, três deles são os estados mais ricos e mais populosos de todo o país e simplesmente nós não temos água. Porém, o mais grave é que as pessoas e particularmente os governantes em todos os níveis, continuam vivendo como se isso não fosse algo importante, a vida segue igual e normalmente. Continuamos caminhando no mesmo passo, sem pensar em mudar absolutamente nada. Quando muito, aparece alguém falando em racionar aquilo que já não se tem ou culpando os céus pela falta de água.

Isto quer dizer que desistimos de lutar pela vida e pela sobrevivência como as demais espécies planetárias e que nossas experiências ruins não são mais motivadoras de mudanças. Estamos fadados a deixar as coisas acontecerem por si sós e não fazemos nada para impedir ou minimizar os danos. É como se existíssimos apenas por existir e aguardamos estática e drasticamente o “juízo final”, aproveitando o tempo livre e a falta de água e de energia, para assistir à novela, ou ao BBB, ou para “achar” uma bala perdida, ou ouvir aquela “notícia nova e diferente” sobre mais um caso de corrupção, ou ainda para reclamar do fato de que algum marginal brasileiro tenha sido morto em outro país porque burlou as leis lá existentes.

Aliás, para muita gente aqui no Brasil, esse tal de Indonésia é uma “coisa muito chata e absurda”. Caramba! Como pode existir um país onde as leis existem e são cumpridas e onde a pena para traficante de drogas é o fuzilamento? Que violência! Mas, eu penso exatamente ao contrário e ainda bem que nem todo país é igual ao Brasil, onde os bandidos mandam e desmandam. Mas, vamos voltar ao nosso assunto.

Para mim, que já estou mais perto do final da vida e que já vi muita coisa, isso é deprimente e apesar de minha idade, ainda me incomoda muito esse marasmo nacional, esse desgoverno, esse desmando generalizado e principalmente essa alienação, quando vejo que a maioria dos jovens brasileiros segue o mesmo padrão da coletividade e não está nem aí com os acontecimentos. É bom lembrar que: “pior que um velho inoperante, somente um jovem alienado”. Como e quando o povo brasileiro vai ser uma nação de fato? Quando os jovens serão novamente os motivadores das mudanças necessárias?

Estou preocupado, pois o planeta vai mal e o Brasil vai pior. O planeta ainda tem alguns países que podemos considerar que sejam “pequenas ilhas de felicidade”, mas certamente o Brasil não é um deles e continuará não sendo com esse governo repleto de safados e picaretas que aí está, cujo único objetivo é continuar roubando e mentindo ao povo. Meus amigos, precisamos acordar e demonstrar para esse pessoal que o governo somos nós. As questões educacionais e ambientais devem ser a porta de entrada principal para começarmos a resolver as questões pendentes nesse país e quem sabe ajudarmos o mundo a também reagir.

A crise estampada aqui no Brasil é a crise hídrica, mas estamos passando mundialmente por crises de moralidade, de responsabilidade e principalmente de respeito ao planeta e aos organismos nele vivente, inclusive dos próprios seres humanos, que parecem estar divididos em grupos sociológicos totalmente distintos, como se fossem espécies diferentes e contrárias, onde os interesses individuais são sempre maiores que os coletivos e os planetários. Nosso egoísmo está nos levando a um caminho sem volta, que é a extinção da espécie humana.

Todos os grandes problemas mundiais hoje, podem ser reduzidos a dois temas específicos: Educação e Meio Ambiente. Esses dois aspectos terão que ser as prioridades planetárias, pois todos os outros problemas decorrem desses. No caso específico brasileiro, poderíamos estar preocupados com qualquer outro tipo de problema ambiental, mas nunca com a água, se fôssemos efetivamente educados sobre a sua importância efetiva, sobre a responsabilidade que deveríamos ter em relação a água e se soubéssemos dos riscos oriundos de seu uso indevido. Porém, a nossa falta de educação, o nosso desleixo e descaso com esse recurso natural, que é o mais importante de todos, nos levou a situação atual.

Acorda ser humano, acorda mundo e principalmente acorda povo brasileiro. Temos que voltar a aprender com as experiências e não nos acostumarmos com as situações ruins. É preciso sentir e viver como organismos vivos que somos e lembrarmos que nossa espécie, ainda que mais inteligente, é também a mais dependente de todas que habitam esse planeta. Temos que ter em mente que só continuaremos nossa jornada no tempo, aqui na Terra ou em qualquer outro espaço que possamos encontrar, se trabalharmos e agirmos no interesse maior da coletividade.

Nossa existência só depende de nós mesmos e da existência de algumas condições mínimas planetárias que podemos cuidar e manter, muitas das quais nós infelizmente já suplantamos e degradamos de maneira perigosa, mas penso que ainda podemos corrigir. Agora temos que dar um basta e aprender com os erros do uso indevido e exagerado dos recursos naturais. Temos rever nossas posições em relação ao planeta, aos organismos vivos e principalmente aos demais seres humanos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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22 jan 2015

Do ponto de vista ambiental, 2015 começou muito bem

Resumo: Voltando às atividades o Professor Luiz Eduardo começa o ano de 2015 cheio de esperança, trazendo aos leitores algumas novidades que sacudiram esse início de ano. A julgar pelos primeiros acontecimentos 2015 será um ano em que as questões ambientais preponderantes deverão ser tratadas com merecem e isso certamente implicará na melhoria da qualidade de vida dos humanos no planeta Terra. Leiam o artigo e as notícias alvissareiras que ele traz.


Depois de curtas e merecidas férias, eis que estamos aqui de volta, esperando que 2015 seja uma no maravilhoso para todos. A partir dessa semana, toda semana teremos um novo texto no site. Para começar o ano vou me ater a três notícias que foram trazidas à baila pela grande mídia na última semana, mas que não tiveram os devidos destaques que deveriam, porque a própria grande mídia não faz muita força em discutir um assunto, quando ele realmente interessa a todos.

Notícia 1 – O ano de 2014 foi mais quente da história.

A exemplo do que já havia acontecido em 2013, o ano de 2014 bateu novo recorde e continuou sendo o mais quente de todos os tempos e a julgar pelo mês de janeiro que estamos tendo agora, certamente 2015 irá superar 2014.

Mas, aí eu pergunto: onde está a novidade?

Qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabia que essa situação iria acontecer, porque vivemos em pleno aquecimento global e continuamos não fazendo nada para tentar amenizar o problema. Os grandes grupos econômicos e alguns países ainda insistem em não querer aceitar essa verdade e continuam a justificar o injustificável com argumentos torpes e mesquinhos, cujo fundamento é exclusivamente econômico. Mas as pressões são cada vez maiores e alguns governos estão começando a forçar barra para o controle de algumas coisas nessa área, com é o caso da China. Já é tempo desse pessoal entender, a exemplo do que disse o economista Paul Singer; “a economia é uma pequena parte da ecologia”.

Notícia 2 – Apenas 1% da população mais rica detém 50% de toda a riqueza do planeta.

Essa notícia chega a chocar de tão violenta, pois é inadmissível apenas 80 mil pessoas possa ter a mesma quantidade total de riqueza que 3,1 bilhões de pessoas. A pobreza planetária é muito grande e só tem aumentado. Cada vez mais o hiato entre ricos e pobres é maior e desse jeito não será possível resolver nada. Do ponto de vista ambiental, social e econômico, isto é, dentro dos preceitos da sustentabilidade é impossível manter a vida humana dentro desse status quo. Assim, ou dividimos as riquezas de maneira melhor ou nossa espécie estará fada a se extinguir pereceremos.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, porque está claro que precisamos dividir melhor as riquezas entre as diferentes nações e progressivamente acabar com a pobreza no mundo. Porém, os países e as pessoas ricas não parecem estar muito interessados nisso e assim os pobres vão sobrevivendo como puderem, onde puderem e até quando puderem. Os ricos precisam saber que eles só existem porque os pobres ainda existem e que se todos os pobres forem esmagados economicamente, certamente os ricos também não terão como continuar vivendo. O único consolo é que eles viverão um pouco mais tempo, mas seu fim também chagará. O Presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, está iniciando um trabalho interno naquele país, visando aumentar impostos dos indivíduos mais ricos para auxiliar no estabelecimento de medidas que favoreçam economicamente os indivíduos mais pobres.

Notícia 3 – O Papa disse que a Humanidade precisa parar de reproduzir igual aos coelhos.

Essa talvez tenha sido a mais importante notícia desse início de ano, porque finalmente, a maior autoridade da igreja Católica, o Papa Francisco, resolveu sair da toca e, mesmo sem contrariar os preceitos estabelecidos pelo catolicismo, sugeriu que a reprodução precisa ser responsável e que talvez fosse interessante não gerar muitos filhos.

Ora, estamos no meio de uma grande conturbação em consequência dos acontecimentos ocorridos na revista francesa Charlie Hebdo e da manifestação lamentável assumida pelos muçulmanos mais radicais. Não vou aqui discutir quem está certo ou quem está errado, mas acho que matar os autores das charges não resolve a questão, ao contrário, só trará mais problemas e mais charges. Entretanto, em meio a tudo isso, o Papa, resolve apresentar um argumento, ainda que tímido, em favor do controle da natalidade, o que também é uma afronta as essências das ideias, tanto católicas quanto muçulmanas.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, simplesmente porque não há recursos e nem espaço para todos. É preciso estabelecer critérios de ocupação planetária e de tamanho mínimo populacional, porque senão os recursos se findarão e aí não haverá como nossa espécie e muito menos as nossa religiões sobreviverem.

O Papa, toda a igreja católica e todas as religiões do mundo já sabem disso. Todos têm certeza de que não dá para a população humana continuar crescendo loucamente como aconteceu até aqui e que a violência, em certo sentido, é consequência direta desse crescimento populacional absurdo e aproveitou o momento de crise e de violência para sugerir uma maneira de pensar melhor sobre a aleatoriedade da reprodução humana nos diferentes credos religiosos, mormente nos dois maiores segmentos religiosos, os católicos e os muçulmanos. Na minha opinião o recado do papa foi o seguinte: “quanto mais reproduzimos mais ampliamos as nossa diferenças e radicalizamos os nossos pensamentos em relação aos diferentes e isso não é bom para nenhum de nosso segmentos”.

O estabelecimento de critérios populacionais também seria interessante para amenizar outros problemas de ordem ambiental e principalmente de ordem social. Além de diminuir as pressões econômicas sobre os recursos. Ou seja, o Papa Francisco está dando aulas de sustentabilidade ao tentar lembrar aos seguidores do catolicismo que o homem não é um coelho que reproduz por mero instinto, mas sim que precisamos ter consciência do que representa cada humano a mais no planeta Terra.

Pois então, meus amigos e leitores, creio que o ano de 2015 começou cheio de esperanças para todos os ambientalistas como eu. A China investindo mais em energia limpa. Os Estados Unidos pensando em taxar grandes fortunas. O Vaticano sugerindo reproduzir menos. Pelo que vimos nesse curto período, o ano está prometendo mudanças significativas e os grandes encontros internacionais na área ambiental, terão que se manifestar quanto a esses três assuntos e quem sabe as respostas, ainda que tardias não comecem a chegar, até porque nunca é tarde para começar e o planeta Terra e principalmente os mais de 7.2 bilhões de humanos, ricos e pobres, necessitam que algo seja feito.

Estou realmente acreditando que 2015 venha a ser um divisor de águas para o meio ambiente e espero particularmente que o encontro que já está acontecendo em Davos, na Suíça (World Economic Forum Annual Meeting 2015), onde se discute mais uma vez sobre a questão da pobreza no mundo, possa trazer posições extremamente importantes e positivas para as grandes questões ambientais planetárias. Tomara que eu tenha razão e que meus “feelings” se concretizem. Mas, só o fato do Papa pensar e falar em reproduzir com responsabilidade, já torna esse começo de ano muito especial para os ambientalistas e para as perspectivas planetárias futuras.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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25 dez 2014

Carta aos Leitores – 2014

Resumo: Carta aos leitores de agradecimento pelo apoio durante o ano de 2014.


Carta aos Leitores

Meus amigos nesse final de 2014 estou tendo a felicidade de superar as 250.000 (duzentos e cinquenta mil) leituras dos meus textos nos diferentes sítios (“sites”) em que tenho colocado textos na INTERNET. Na verdade, contando aproximadamente tudo já foram superadas as 275.000 leituras, mas muitas não existem registros precisos (conforme está apresentado na tabela abaixo).

No Recanto das Letras estou chegando a 198.000 (cento e noventa e oito mil) leituras, em 115 textos e 6 anos de postagem; no Portal da Educação estou chegando aos 14.000, em apenas 9 textos e 2 anos de postagem. Meu “site” particular (www.profluizeduardo.com.br) atingiu 6.300 visualizações e 2200 sessões, em menos de 6 meses no ar, já foram registradas leituras dos artigos de meu site em, pelo menos, 37 países e 233 cidades pelo mundo afora.

Nos demais “sites”, eu não tenho registro preciso dos números, mas tenho absoluta certeza que no Vejo São José, onde posto artigos desde 2002, tenho, pelo menos, 35.000 (trinta e cinco mil) leituras, em 54 textos ao longo desses anos. Os Senhores hão de convir comigo, que estas são realmente algumas marcas mais que significativas. Sou suspeito por falar de mim mesmo, mas penso que são marcas excelentes.

Obviamente estou muito contente com esses números, mas devo esse resultado expressivo aos meus amigos e leitores, os quais têm colaborado bastante comigo. Não tenho nenhuma dúvida de que, se não fosse o interesse pessoal de meus amigos e leitores pelos diferentes textos, esse sucesso não seria possível. Até porque, obviamente eu jamais pensei que seria capaz de atingir alguma dessas marcas tão significativas. É por isso que estou me dirigindo a vocês, para agradecer a colaboração que vocês têm me oferecido, tanto diretamente, através da leitura, quanto indiretamente, através da divulgação dos textos.

Muito obrigado a todos.

Mas, por favor, enquanto acharem que está valendo a pena, que os textos trazem alguma informação importante, continuem lendo e divulgando os textos. Aliás, aproveito o momento para dizer que é fundamental a crítica (tanto positiva, quanto negativa), por isso mesmo peço que me mandem comentários sobre os textos para que eu possa tentar aprimorar o meu trabalho.

Abraços a todos, Feliz Natal e um 2015 fabuloso e repleto de realizações.

Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

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22 dez 2014

TRÊS TROVAS SOBRE A PAZ

Resumo: Meus amigos, considerando a proximidade do Natal e da chegada de um Novo Ano, resolvi deixar aqui as minhas mensagens de PAZ, através de 3 Trovas que escrevi em 2002 e que até o momento, ainda não haviam sido publicadas. Espero que gostem e reflitam sobre o significado de cada uma delas.


TRÊS TROVAS SOBRE A PAZ

 

PAZ I

Povo que vive em paz,

Sabe muito bem viver.

Ensina tudo que faz,

Não tem tempo a perder.

PAZ II

A Paz para meu coração,

Depende d´eu ter vontade.

A paz no nosso coração,

Depende da amizade.

PAZ III

Pro mundo viver em paz

E com muita felicidade,

Só precisa muito amor,

Justiça e igualdade.

Feliz Natal e um 2015 com muita paz e repleto de realizações.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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13 dez 2014

O Lixo na Natureza e a Guerra Homem X Terra

Resumo: O Professor Luiz Eduardo recupera um artigo que escreveu faz algum tempo e nos leva a refletir sobre a questão do lixo que nós humanos produzimos e os malefícios que isso traz para o planeta e para nós mesmos. O artigo chama a atenção para o fato de que hoje existe muitas resoluções tecnológicas para a maioria dos problemas que causamos, mas parece, mais uma vez, faltar vontade política de resolver as pendências nessa área. A Política Nacional de Resíduos Sólidos que deveria ter entrado em vigência em agosto passado, ainda se encontra em discussões sobre sua impossibilidade de aplicação pela maioria dos municípios brasileiros e com isso nada se faz. Entretanto, é preciso que as faça alguma coisa e o texto está aí para lembrar que esse assunto não é novo, assim como a falta de vontade política de parte dos governantes desse país.


O Lixo na Natureza e a Guerra Homem X Terra

Todos os organismos vivos sem exceção, de uma forma ou de outra, se utilizam de recursos naturais para sobreviver e todos eles também produzem resíduos. Neste artigo vamos chamar generalizadamente os recursos naturais de “matéria prima” e os resíduos de “lixo”. Em geral, o lixo produzido por qualquer organismo vivo é de alguma maneira degradável e por conta dos mecanismos naturais acaba voltando ao sistema como fonte de matéria prima para novamente ser utilizado nos ciclos biogeoquímicos naturais e servir outra vez para os organismos vivos do ecossistema onde está sendo descartado. Assim, em condições naturais, como todo lixo é reaproveitado, não há acumulo do lixo produzido por praticamente nenhum organismo vivo, exceto o lixo produzido pelos organismos humanos.

Lamentavelmente, o caso humano é muito diferente. Somos uma espécie extremamente curiosa, inteligente, obreira e criadora, que tem a capacidade de modificar certos padrões naturais e mesmo de inventar novos padrões para satisfazer os nossos interesses imediatos. Por conta dessa nossa capacidade criadora cada vez maior, do nosso desenvolvimento científico e tecnológico progressivamente apurado, quimicamente nós somos capazes de criar artificialmente inúmeras substâncias novas e, o que é pior, o poder de resiliência do planeta Terra ainda não conseguiu recuperar e reaproveitar muitos dos ingredientes químicos encontrados nessas substâncias que nós temos fabricado.

Infelizmente, nós inventamos certos lixos que a natureza ainda não conhece e que, por isso mesmo, ela não sabe lidar com os mesmos e assim, geralmente não tem como degradá-los para serem reutilizados como matéria prima. Mesmo quando a natureza consegue produzir algum tipo de degradação, esta costuma ser muito demorada e não é possível o reaproveitamento daquele lixo como matéria prima ainda por bastante tempo. Desta maneira, nós humanos, minimizamos os recursos da natureza, tanto para nós, quanto para os demais organismos vivos, pois diminuímos potencialmente a ação naturalmente recicladora do planeta. Em suma, nós utilizamos (consumimos) os recursos naturais (matéria prima) e nem sempre devolvemos um resíduo (lixo) em condições de ser reaproveitado pelos ecossistemas naturais.

Parece incrível, mas o excesso de lixo é certamente o segundo maior problema que encontramos para a nossa continuidade como espécie viva no planeta Terra. O primeiro, obviamente, é o crescimento demográfico de nossa população, do qual decorrem todos os outros problemas, particularmente o aumento acentuado do lixo. Enquanto não controlarmos o nosso crescimento populacional, tudo sempre será muito mais difícil, em alguns casos será realmente impossível. Isso quer dizer que: o nosso segundo problema é a principal consequência do primeiro e se não resolvermos o primeiro, não teremos como resolver o segundo e também todos os outros que se sucedem.

Mas, a boa notícia é que hoje temos tecnologia para quase todos os males que cometemos. Seguramente 80 a 90% de todos os males causados pelo impacto humano sobre o planeta já têm possibilidade de serem solucionados. Isto quer dizer que a mesma tecnologia que nos trouxe os males, também já desenvolveu mecanismos capazes de minimizar ou mesmo extinguir esses males na grande maioria dos casos. Mas, então por que nós simplesmente não acabamos com os problemas e voltamos a viver em paz com o planeta e com as demais criaturas vivas?

Penso que a resposta para esta questão está relacionada com quatro aspectos: primeiro porque nós já ocupamos espaços demais da Terra com nossa grande população e com tudo que com ela se relaciona; segundo porque precisamos diminuir bastante as diferenças sociais criadas entre os homens ao longo do tempo; terceiro porque precisamos realmente assumir a importância vital dessa questão e querer resolver os problemas de fato e quarto porque necessitamos desenvolver ações de governança que invistam e promovam políticas públicas compatíveis com as reais necessidades das populações humanas, independentemente de custos econômicos. Temos que esquecer, coletivamente, algumas coisas que valorizamos muito, mas que não têm grande importância para a nossa vida e, por outro lado, temos que começar a nos envolver em novos valores que sejam de significado vital para nossa espécie. Esse ideário necessariamente passa por uma mudança de filosofia, que deverá produzir uma mudança de atitude e que finalmente promoverá a uma mudança de comportamento.

Embora isso, em tese, pareça ser relativamente simples, na prática essa questão é bastante complicada, até porque muitos dos governos não estão fazendo e nem têm a pretensão de fazer o dever de casa. Além disso, porque infelizmente a maioria das pessoas não está disposta a modificar os seus hábitos de pensar e consequentemente de agir. De um modo geral, ninguém está muito disposto a fazer coisas diferentes, principalmente no que diz respeito a perder determinados “confortos” que foram adquiridos ao longo da história. Em particular, o grupo dos grandes empresários que detém a maior parte dos recursos econômicos necessários para efetivar as ações, aparentemente, são os menos interessados em resolver os problemas, até porque a maioria dos representantes desse grupo acredita ser os que mais “perderão” com as mudanças.

Infelizmente nossa sociedade não está preparada para o que precisa ser feito e muitos ainda acham que as questões relacionadas com o meio ambiente são balela que não têm nenhum significado e que dinheiro, poder e conforto são efetivamente as únicas coisas que importam à humanidade na busca constante da felicidade. Nossas crenças erradas e nossos maus hábitos não serão facilmente apagados do pensamento coletivo de nossa espécie de uma hora para outra, porém, precisamos começar a pensar diferente. Toda essa mudança é um processo e todo processo é sempre gradativo. Mas, o tempo é insensível, implacável, severo e não para.

De qualquer maneira, nós necessitamos começar o mais rápido possível a fazer algumas coisas que possam minimizar os problemas, porque temos pouquíssimo tempo para tentar solucionar esses problemas, até porque grande parte da situação já está fora de controle. Já superamos em cerca de 30% a capacidade de utilização do planeta e por isso mesmo, já faz algum tempo que estamos efetivamente em guerra contra o planeta. A Terra, por sua vez, também já começou a se defender e em certo sentido está nos contra atacando. Ultimamente as batalhas têm sido muito ruins para nós humanos. As catástrofes são cada vez maiores em tamanho e piores em efeito.

Apesar de todo estrago que fizemos ao longo do tempo, nós não conseguimos e certamente não conseguiremos destruir o planeta, mas aos poucos ele está dando o troco, porque ao tentar se defender de nós, ele agora já está nos destruindo. Quer dizer, como já era esperado pelos mais sensatos, nós estamos começando a perder a guerra. O tempo para o planeta é quase eterno, mas para nós é extremamente curto e passageiro. Assim, ou mudamos de atitude e de comportamento ou simplesmente perecemos. Essa guerra não terá fim, enquanto nós não começarmos a trabalhar e auxiliar na recuperação do planeta. Portanto comecemos logo a fazer o dever de casa, pois a metade ainda cheia da ampulheta para a manutenção da vida humana no planeta está rapidamente se esvaziando. Vamos jogar a tolha e nos associarmos a Terra, enquanto ainda temos oportunidade de termos uma derrota honrosa, com vida. Do contrário, estaremos fadados a uma extinção precoce e extremamente próxima de nossa espécie.

Há urgência na resolução dos problemas e por isso mesmo precisamos partir para resolver aqueles que podem ser resolvidos mais rapidamente. O lixo humano, na minha maneira de entender, é a coisa mais fácil de ser controlada pelos governos e precisamos investir arduamente na tecnologia existente e no desenvolvimento de novas tecnologias para não aumentar a sua produção. A diminuição progressiva do tamanho das populações humanas, obviamente é algo mais complicado, porque é dependente de outros fatores, inclusive aspectos de cunho religioso, mas depende principalmente da vontade humana e precisa ser objeto de pauta e de trabalho dos governos. Com certeza, esse problema levará mais tempo para ser controlado, mas obviamente também deverão ser empregados esforços imediatos na tentativa de resolução dessa questão.

Não tenho dúvidas de que será muito difícil, mas também não tenho dúvidas de que a humanidade viveu dias muito ruins em outros momentos da sua história e até aqui, tem conseguido sobreviver. Estamos precisando apenas de um pouco mais de interesse de todos, de seriedade dos governos, de envolvimento real dos empresários e de empenho e participação das sociedades, para que possamos garantir a sobrevivência de nossa espécie e a qualidade de vida que as populações futuras são merecedoras.

Diz o ditado que: “o futuro a Deus pertence.” Entretanto, eu prefiro acreditar que o futuro se faz e se garante com as ações corretas do presente. Tenho certeza que Deus não vai se importar se começarmos a programar bem o nosso futuro. Aliás, creio mesmo que, ao contrário, se trabalharmos corretamente, Deus nos auxiliará e nos garantirá um futuro com qualidade de vida e com o planeta que desejamos. Se fizermos as ações certas hoje, certamente estaremos muito bem amanhã.

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