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Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

12 out 2014

A ARTE DE EDUCAR BEM

Resumo:A partir de um caso imaginário, o Prof. Luiz Eduardo tenta apresentar uma situação referente aos principais problemas educacionais encontrados na sociedade, indicando como sendo possíveis culpados a família e o governo e ainda propondo uma conscientização das escolas para o orientação de que a coletividade deve ter prioridade sobre a individualidade como regra na sociedade.


A ARTE DE EDUCAR BEM

 

“Educação é fundamental”. “Sem educação não há solução”. “A educação é a base de tudo”. “Todos os problemas são, antes de tudo, problemas de educação”. Esses e vários outros chavões já foram ouvidos milhares de vezes por quase todas as pessoas, mas como são chavões não parecem ser verdades e as pessoas escutam e repetem, porém não acreditam, não investem e não vivem as verdades contidas em cada um desses chavões.

A confirmação destes fatos traz em si a própria necessidade da educação e a consequente carência educacional em que vivemos, pois não efetivamos os conceitos educacionais que proclamamos. Isto é, vulgarizamos a educação de forma tal que a própria noção que temos de educação é de algo que não tem muito valor, embora tenhamos que adquiri-la por conta de alguma convenção pre-estabelecida, algum mal sociológico ou talvez até, porque possa ser interessante ser educado.

A educação passou a ser, por contingência, o assunto da moda, que sempre está fora da moda. Falamos em educação todo o tempo, porém não fazemos educação em momento nenhum e o que é pior, deturpamos a noção de educação e criamos um cenário em que não ser educado acaba sendo uma grande virtude, pois estimulamos atitudes que refletem grande falta de educação.

Em suma temos uma situação conflitante entre a teoria e a prática, no que tange a educação. E esse quadro precisa ser modificado vertiginosamente, pois os abusos advindos desta confusão epistemológica, metodológica e conceitual têm produzido uma total inversão de valores na sociedade em todos os níveis. Sendo assim, vamos tentar demonstrar como imaginamos que será possível produzir uma boa educação.

Imaginemos a seguinte situação teórica.

Uma senhora com toda a preocupação possível vai atravessando a rua e eis que um menino de bicicleta, em alta velocidade e na contra mão, atropela a senhora, derrubando-a no chão, e vai embora, sem que ninguém se manifeste e ainda diz assim: “o velha cega olhe por anda, quase que me você derruba, sua nojenta”.

Na verdade, nos tempos atuais a falta de educação e a libertinagem é tal, que a terminologia utilizada certamente seria de mais baixo calão do este. Mas, isso não vem ao caso, até porque é só um exemplo.

Quero crer que qualquer pessoa já deva ter visto (talvez até vivido) uma situação parecida com esta.

Agora vamos tentar descobrir e analisar quantos problemas educacionais existem na cena:

1 – Menino de bicicleta na contra mão – O “Novo” Código Nacional de Trânsito, que lamentavelmente, não pegou, proíbe que ciclistas trafeguem na contra mão. Lei é lei e não tem que pegar ou não, ela tem que ser cumprida ou então não é Lei.

2 – Agressão física à Senhora – Derrubar uma senhora, de propósito ou não, é uma agressão física, que pode refletir, pelo menos falta de atenção, entretanto muitas vezes esse atropelamento é premeditado (desculpem-me pelo pré-julgamento).

3 – Ofensa moral à Senhora – Ofender, sem razão, com palavras de baixo calão uma Senhora é, no mínimo, uma falta de princípios éticos e de consideração com as demais pessoas da sociedade.

4 – Falta de respeito ao falar com uma pessoa, particularmente sendo mais velha – Desrespeitar uma pessoa mais velha demonstra total falta de escrúpulos e de noção de moralidade e da valorização que os mais velhos devem ter, pois precedem a nossa existência. Se eles não tivessem vivido, talvez também não vivêssemos.

5 – Segundo o ciclista, a senhora é quem quase derruba ele – O egoísmo e o individualismo são duas das principais características dos mal educados. Parece que só eles existem, pois só eles são importantes. As outras pessoas sempre os atrapalham, mesmo quando são eles quem protagonizam as ações drásticas.

6 – Total despreocupação com as pessoas do entorno – No momento da ofensa, o mal educado diz qualquer coisa para qualquer um, sem se preocupar com quem está por perto. Até porque, como foi dito no item anterior, as outras pessoas não são importantes.

7 – Alienação das pessoas do entorno, que não fizeram nada – A sociedade é hipócrita, apática e não reage às ações que ela efetivamente reconhece como sendo errôneas. Aceitamos tudo, desde que não sejamos envolvidos direta ou indiretamente.

8 – Essa cena acontece, várias vezes, todos os dias – A sociedade já se “acostumou” com as coisas erradas como estão e certas situações tornaram-se banalizadas a ponto de não fazerem nenhuma diferença no comportamento social.

Então eu pergunto: o que a sociedade tem feito para evitar isso? Eu mesmo respondo. Nada, absolutamente, nada.

Não fazemos nada porque todos somos mal educados e porque estamos bem com a nossa má educação. Só procuraríamos entender e talvez até discutir o problema se, por acaso, estivéssemos no lugar da senhora. Aí, ficaríamos aborrecidos e iríamos procurar aqui e ali uma maneira de culpar alguém do acontecido.

O mais interessante é que ainda assim, muitos de nós relutaríamos em culpar o menino, porque há um outro aspecto a ser considerado. A sociedade tem medo e nós não sabíamos quem era aquele menino, que passou tão rápido e não foi possível identificar. De repente, ele era filho de alguém importante, ou era filho de um parente ou amigo nosso, ou ainda poderia ser um aprendiz de marginal (“trombadinha”), que na verdade queria pegar a bolsa da senhora. Então, porque dizer alguma coisa e correr um risco desnecessário. Diz o ditado que: “em boca fechada não entra mosca” e que “quem não faz nada não vai preso”. Por outro lado, eu quero lembrar também que “quem não deve, não teme” e que “aquilo que eu não quero para mim, não devo fazer aos outros”. Aliás, esse último dito deveria ser o grande acordo de toda sociedade para poder viver bem.

Geralmente, o principal culpado que encontramos é o Governo, em qualquer dos seus níveis. Efetivamente o Governo tem a sua parcela de culpa, mas não é, de forma nenhuma o único culpado. A culpa é da sociedade mal educada que somos. Nossa sociedade, ao invés de tentar deter ou, pelo menos, remediar a tempestade, faz que nem avestruz, enfia a cabeça no buraco para não ver o que está acontecendo e espera a tempestade passar. Como não vimos o que aconteceu, pois estávamos com a cabeça enterrada, não podemos fazer nada em relação ao assunto. Assim, a cena se repete várias vezes e ninguém vê e muito menos diz alguma coisa.

O título desse artigo fala na arte de educar para o bem e a mim parece extremamente fácil. Basta começar a agir no sentido contrário da maré e ao invés de concordar com os erros, ou fingir não vê-los, ou ainda culpar o Governo por todas as coisas que acontecem, porque não começar um processo de depuração da sociedade pela sociedade. As coisas erradas (ruins para a coletividade) devem ser reprimidas pela sociedade, pois só assim elas tenderão ao desaparecimento.

Educar para o bem não é fazer só coisas boas ou benevolentes, mas é, antes de tudo, trabalhar pelo interesse coletivo e contra o individualismo. A sociedade é muito diversa pois é composta de vários setores, vários segmentos, vários profissionais que se unem e que se corporativizam em vários grupos, entretanto todos esses grupos são formados, sobretudo, por pessoas. O interesse das pessoas tem que estar acima do interesse dos grupos, pois esses últimos só existem porque as pessoas existem.

É preciso educar para o bem, fazendo o bem social e rechaçando o mal à sociedade. A família precisa se reestruturar e o Governo precisa fazer a sua parte, mas é preponderante que a sociedade diga o que quer e prove que quer o que diz querer. A ação social coletiva vai acabar com o menino na contramão em alta velocidade, porque não haverá interesse social que conceba este fato. A senhora vai poder atravessar a rua e talvez até ela seja atropelada, mas a postura do menino e das pessoas do entorno serão outras, basta apenas a sociedade querer.

As escolas deverão ensinar esse preceito, a vida em sociedade tem que ser boa para todos e “o direito de cada um acaba, quando começa o do outro”. Andar de bicicleta é um direito, mas andar a pé também é. As pessoas só andam de bicicleta porque primeiramente foram capazes de andar a pé, então andar a pé tem prioridade sobre andar de bicicleta. O menino precisa aprender isso e tem que entender que há uma Lei, o Código Nacional de Trânsito, que dispõe sobre a maneira correta de proceder quando se está dirigindo um veículo, seja um caminhão ou uma bicicleta. Mas ele terá que se conscientizar de que antes da bicicleta ou do caminhão estão as pessoas e que ele também é uma pessoa que tem direitos e deveres para com o resto da sociedade.

Será que isso é tão difícil assim? Será que acreditar que é possível educar para o bem é uma utopia? Será que todos males que afligem a sociedade não resultam desta falta de educação par o bem? Desta falta de vontade coletiva de viver melhor?

A educação é um processo e como tal só se desenvolve com trabalho e metodologia adequadas. A arte de educar bem deve ocorre a partir de princípios éticos que destinem a sociedade ao bem, isto é, princípios que evidenciem a importância e a necessidade do coletivo antes do individual. Arregacemos as mangas e vamos colocar as mãos na massa para construirmos uma nova sociedade, que se não beneficiar a todos, certamente beneficiará a grande maioria e que acabará com a nossa falta generalizada de educação.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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08 out 2014

O Professor e a Caixa de Fósforos


O Professor e a Caixa de Fósforos

Assim como é uma caixa de fósforos com seus respectivos palitos incineráveis, também é o professor com o seu conhecimento e sua capacidade de ensinar. Ambos têm um grande potencial para “botar fogo”, o fósforo nas coisas e o professor nas pessoas. Entretanto, se ambos não forem estimulados, apesar do potencial que possuem, nada acontece.

O tempo passa, novos mecanismos incineradores surgem, mas na hora de acender o cigarro, de produzir um fogueira para o churrasco, na hora de queimar qualquer um objeto qualquer, enfim, na hora de “botar fogo” em alguma coisa, a primeira ideia que se tem em mente é sempre aquela da caixa de fósforos, ainda que hoje em dia, possam existir inúmeros aparelhos e mecanismos, cada vez mais modernos para produzir a incineração.

Com o professor acontece, ipsis litteris, a mesma coisa. Os mecanismos de ensino, os chamados multimeios, estão aí, cada vez mais diversificados e mais sofisticados, entretanto ninguém pensa neles antes do professor, porque eles não são capazes de realizar nada sozinhos. Apenas o professor é capaz de ensinar e os multimeios, que até podem ser ferramentas úteis, sempre necessitam do professor.

Se até aqui, apesar das novidades, não trocamos as caixas de fósforos, também não podemos e nem devemos trocar os professores, haja vista que ambos são essenciais ao bom andamento das coisas e, em certo sentido, acabam sendo vitais às necessidades em que atuam. A figura do professor, com seus multimeios ou não, da mesma forma que a caixa de fósforos com seus palitos incineráveis, também é uma ideia simples, porém insubstituível, como dizia uma antiga propaganda de caixa de fósforos.

Entretanto, ultimamente, temos tido, infelizmente, algumas ideias absurdas quanto aos professores e suas maneiras de atuar, porque diferentemente dos palitos de fósforos que têm que ser acionados mecanicamente por ação externa humana, bastando apenas riscar o palito, os professores são humanos e precisam de uma série de outras coisas para funcionar, as quais são independentes de um simples ato mecânico. Os professores pensam, sofrem, amam e principalmente têm vontade própria para agir e qualquer ato mecânico, do mais simples até o mais extremamente complexo, depende dessa vontade.

Pois então, a vontade é o agente detonador da atividade do professor e obviamente de todo e qualquer ser humano. É através da vontade que o professor pode buscar todas as outras qualidades que necessita para desenvolver bem o seu ofício de ensinar. É através da vontade que o professor estuda, aprende e ensina. O professor, antes dos multimeios, precisa ter algum conhecimento e muita vontade para poder ensinar.

Ora, mas então, como fazer explodir essa vontade internamente no professor para que ele possa “botar fogo” nos seus alunos, produzindo uma boa qualidade de ensino?

Imagino que sejam necessárias algumas condições físicas e psíquicas, mais precisamente considero pelo menos quatro condições fundamentais, as quais podem agir como estimuladoras ideais da vontade do professor.

Primeiramente é fundamental que se tenha condições infraestruturas mínimas para exercer um bom trabalho, quais sejam: local de trabalho limpo e asseado, segurança garantida, material funcional disponível dentro da necessidade mínima do uso. Depois, vejam bem depois e não antes, é fundamental um salário compatível e digno, ao menos satisfatório para o exercício da função e organizado numa grade que permita vislumbrar uma condição de crescimento funcional na profissão. O salário tem que ser consequência do trabalho e não o contrário. Sendo assim, primeiro é preciso pensar no trabalho para depois pensar no salário, mas para que o trabalho se desenvolva a contento, há necessidade de que existam algumas condições físicas ideais.

Num segundo momento, é importante lembrar que o professor precisa gostar de ser professor. Ensinar é um ofício que tem peculiaridades como outro qualquer e exige cultura e curiosidade razoável, além de grande capacidade de argumentação, de conversação e de convencimento. Embora essas características andem bastante escassas nos tempos atuais, os professores não podem abdicar das mesmas para o cumprimento do bom exercício de suas respectivas funções. Professor que não se adequa a essas peculiaridades, que não gosta do que faz e que está dando aula por falta opção melhor precisa ser banido dos meios educacionais.

Outra coisa muito importante é que o professor, além de culto e curioso, como já foi dito, seja também conhecedor de sua matéria e que esteja sempre atualizado em relação a mesma. Para tanto torna-se necessário que existam cursos de extensão, de atualização, de reciclagem e de aperfeiçoamento que o professor possa cursar por conta dos empregadores, mas também por suas próprias expensas, haja vista que o interesse em melhorar profissionalmente deve ser, de forma precípua, do próprio professor. É fundamental que o professor saiba muito bem sobre aquilo que fala, pois ele tem que convencer ao aluno quando está falando e só quem conhece tem segurança e produz convencimento. Sem conhecimento não se cria bagagem, não se está seguro, não se desenvolve capacidade argumentativa e assim não é possível ensinar e muito menos convencer quem quer que seja.

Por fim, também é muito importante que o outro lado, os alunos, se predisponham a receber a informação e que vislumbrem aquele conhecimento contido na informação como fonte de interesse para sua vida individual ou social, tanto do pontos de vista teórico, prático, funcional, filosófico, ético e moral. Se o aluno não der importância ao ensino, certamente o ensino não acontece, porém o professor tem que procurar demonstrar essa importância que o aluno precisa ver e que muitas vezes ele infelizmente não quer. Embora o aluno deva vir para a escola cônscio de sua parte no processo educacional, a tarefa de motivar, em certo sentido, também pertence ao professor. Cabe a ele tornar a sua aula interessante para despertar um pouco mais o interesse de seu aluno.

Não sei se isso é bom ou ruim e nem vou discutir esse fato aqui, porque foge ao interesse deste modesto ensaio. Porém, a verdade é que no ensino privado as condições acima descritas estão mais bem estabelecidas do que no ensino público e assim fica fácil entender porque o ensino privado está significativamente melhor que o ensino público, embora isso não seja uma regra absoluta. Todavia, faço questão de lembrar que no passado a verdade era outra e ocorria exatamente ao contrário do que hoje acontece e muitos de nós, inclusive esse escriba, tiveram seus ensinamentos básicos em escolas públicas. Aliás, é bom ressaltar, que as vagas nas escolas públicas eram disputadas através de concursos e só os melhores, a partir de uma nota mínima estabelecida anteriormente ao concurso, conseguiam ingressar nessas escolas.

A caixa de fósforos exige condições especiais para produzir o efeito esperado, por exemplo, para “botar fogo” é preciso haver oxigênio no ambiente onde a riscagem do palito de fósforo acontece. Além disso, é necessário que o palito de fósforo e o local da riscagem na caixa estejam secos. Se essas condições mínimas forem estabelecidas e o ato mecânico que estimula o efeito se efetivar, certamente a incineração sempre acontecerá.

Com os professores a questão é bastante diferente, embora eles também sejam profissionais que têm necessidades especiais, não basta apenas satisfazer essas necessidades para que a ação esperada se realize. Os professores trabalham com um material que é especial, o aluno, o qual também é um ser humano. Como já vimos, esse tipo de material, o aluno, assim como o professor, tem vontade própria e essa característica pode mudar tudo, independentemente das condições ideais estarem todas estabelecidas. Ao contrário do que muita gente pensa, ensinar é uma tarefa muito difícil e não é qualquer um que pode estar em condições de desenvolver essa função, há necessidade de um bom preparo, de uma boa qualificação e sobre tudo de muita vontade.

Em suma, se todas as condições básicas forem satisfeitas e se os alunos e os professores tiverem vontade reciprocamente, os professores poderão “produzir boas chamas”, dar boas aulas e assim formar bons alunos. Porém, se não houver vontade, mesmo que todas as condições estejam estabelecidas, o palito que produziria a chama da Educação não se incinerará e as chamas não se formarão. Ou seja, sem vontade não há ensino. Aliás, sem vontade não há nada.

Então meus amigos, acabo finalmente de chegar onde eu queria. Estamos vivendo um momento em que somos cientes da necessidade dos professores como profissionais, porque estamos carentes de informação e de conhecimento. E mais, temos certeza de que a Educação é o único caminho que poderá nos levar a uma condição melhor. Entretanto, estamos fazendo a coisa errada, pois estamos tentando acender palitos de fósforos molhados e o que é pior, no vácuo. Desse jeito vamos ter que destruir muitas caixas de fósforos e gastar muitas vezes mais energia do que conseguiremos produzir. Isso admitindo que sejamos capaz de conseguir produzir alguma coisa, o que, pelo andar da carruagem, é bem pouco provável, para não dizer impossível.

Gente, está na hora de melhorar as escolas, mas de colocar gente boa e capaz dentro delas, de remunerar e qualificar melhor os professores, de questionar os pais para que ajudem a motivar seus filhos, de aprovar os bons e de reprovar os maus alunos, pois só assim, vamos poder “botar fogo” na educação do país, produzindo um ensino de boa qualidade que nossa gente tanto necessita. Chega de conversa mole, pois na vida tudo se põe à prova, até mesmo uma simples caixa de fósforos, se está em desacordo é descartada, então porque com a Educação, que certamente é a mais fundamental das atividades humanas, temos tentado mascarar a realidade e agir diferente.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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28 set 2014

Externalidades e Hipocrisia

Resumo: O Prof. Luiz Eduardo apresenta mais um artigo, dessa vez fazendo uma reflexão acerca do uso maciço e cotidiano da INTERNET e do afastamento entre as pessoas, o que ele acredita ser ruim para o relacionamento forte e real que precisa existir entre os seres humanos. O texto é relativamente curto, embora um pouco subjetivo e procura demonstrar que é preciso controlar o egoísmo que naturalmente existe nos representantes de nossa espécie. Apesar da complexidade do assunto, acredito que o artigo possa servir como boa fonte de reflexão para pensarmos juntos num mundo melhor, com humanos melhores. Leiam o texto e digam o que acharam do mesmo.


Externalidades e Hipocrisia

É claro que todo mundo tem problemas e que esses problemas lamentavelmente são pouco significativos para os outros, porém certamente os problemas são fundamentais para as pessoas que os têm. Assim, quase ninguém tem tempo efetivo para os problemas dos outros, haja vista que cada um está olhando para dentro de si mesmo, preocupado com seus próprios problemas. Quer dizer, de uma maneira geral, as pessoas só se preocupam consigo mesmas e seus respectivos problemas (umbigos), mas é óbvio que existem alguns seres humanos raríssimos, ilustres e quase santos que fogem a essa regra, como Madre Teresa de Calcutá, só para dar um exemplo. Mas, não é desses seres humanos especiais como Madre Teresa que eu quero falar. Vou me referir aos humanos comuns. Todos nós, meros seres humanos comuns, apesar de convivermos sistematicamente com outras pessoas, na verdade não conhecemos direito esses outros seres humanos que estão ao nosso lado e na verdade, parece que não queremos mesmo conhecê-los. Quando muito, nós temos apenas e tão somente uma visão externa, superficial e muito pouco abrangente das demais pessoas a nossa volta, salvo raríssimas exceções, como é o caso de pessoas mais próximas e importantes que nos surgem pelos mais diversos motivos e situações, como os pais, os filhos e aqueles amigos mais chegados. Quer dizer, de maneira geral quase todos nós somos bastante desconhecidos de nós mesmos, pois temos uma visão caolha dos outros com quem convivemos e ao mesmo tempo somos naturalmente falsos e hipócritas com os problemas dos outros, com os quais ladinamente fingimos nos preocupar. Não fazemos isso por mal. Na verdade, nós não participamos da vida das outras pessoas, porque estamos muito envolvidos com os nossos problemas e não temos tempo e nem nos damos o direito de conhecer o outro plenamente. Isso não bom e nem é ruim, esse fato é apenas natural, pois essa é uma característica muito marcante de nossa espécie. É duro ter que admitir, mas somos naturalmente uma espécie egoísta e o pior é que essa característica parece ter sido de significativa importância para a nossa evolução, mas essa é outra questão que não cabe ser discutida neste momento. Por outro lado, já que temos consciência desse fato, não podemos, de maneira nenhuma, deixar transcender o limite do possível e utilizar o nosso egoísmo natural como forma de prejudicar outros indivíduos deliberadamente e assim acabar prejudicando toda a nossa espécie. Somos indivíduos, mas temos que pensar como espécie, porque do contrário caminharemos muito rapidamente para a nossa extinção, haja vista que o egoísmo exacerbado de alguns indivíduos pode comprometer todo o grupo social. Essa é realmente uma situação complicada e difícil de entender. Temos que pensar como indivíduos para sobreviver, o que é fundamental para qualquer indivíduo, mas, em contra partida, temos que agir de forma que a nossa sobrevivência não afete a sobrevivência dos demais seres humanos do planeta. Como resolver esse impasse íntimo? Os “grupos sociais fortes” (coesos e melhor identificados) tendem a superar significativamente essa barreira e as pessoas, nesse caso específico, costumam se conhecer melhor e assim convivem bem e são mais francas e reais entre si. Nesses grupos é que encontramos aquilo que se convencionou denominar de altruísmo, embora dificilmente haja um altruísmo puro nos indivíduos da espécie humana. Aqui observamos e encontramos os companheiros, os camaradas e mesmo os grandes amigos da humanidade, mas ainda assim não é muito comum encontrarmos naturalmente esses “grupos sociais fortes”. Parar ilustrar o que estou tentando dizer, tomemos, por exemplo, o ambiente de trabalho, que é um grupo social onde as pessoas convivem e algumas até se relacionam muito bem. Nesse tipo de ambiente, seja ele qual for, cada um de nós, convive diuturnamente com uma infinidade de pessoas, mas não conhecemos, de fato, quase nenhuma delas. Nós apenas identificamos algumas de suas características externas e suas peculiaridades mais chamativas, o que eu vou chamar aqui de “externalidades”. Muitas vezes nós somos obrigados a emitir conceitos e pareceres sobre essas pessoas que não conhecemos direito e que são nossos colegas de trabalho. Exatamente nesse momento, surge a falsa impressão, a opinião, o palpite e muitas vezes a mentira, pois estamos falando daquelas pessoas que deveríamos conhecer, mas que na realidade não sabemos direito quem são. Desta maneira, acabamos por nos tornar hipócritas, desonestos e levianos. Julgamos as pessoas apenas e tão somente por “feeling” ou por “ouvir falar”, pois não conhecemos seu interior, suas vontades, seus pensamentos reais e muitas vezes não conhecemos, nem mesmo, suas opiniões e as possíveis ações que manifestariam nas mais diversas situações do cotidiano. Pois então, nos mais diversos grupos sociais acontece a mesma coisa que foi citada acima. As pessoas lamentavelmente julgam as outras a partir de pareceres e de “externalidades” que ouviram dizer, mas que na realidade não têm como comprovar. Vivemos num mundo de mentiras, onde é comum os filhos não conhecerem pais e vice-versa, irmãos não conhecerem irmãos e amigos não conhecerem amigos. Quer dizer, na verdade, muitas vezes não existe parentesco além da genética e nem afinidade social real entre essas pessoas, que se suportam ou se aturam e assim convivem por mera formalidade ou por pura contingência, graças exclusivamente às suas “externalidades”. Os laços afetivos são fracos e se originam de aspectos externos e pouco efetivos. Infelizmente o mundo moderno está cada vez mais constituído assim, através de conexões informais, frágeis e quebradiças, que não nos permitem saber efetivamente quem é o outro com quem convivemos cotidianamente. Não participamos da vida dos nossos mais afins e por isso mesmo, em dado momento, a relação (conexão) se rompe e já não temos mais aquele vínculo social. De fato, essa conexão nunca existiu, porque ela sempre foi superficial e externa. O comportamento humano precisa mudar para ser mais íntimo, mas real e menos externo. Precisamos conhecer realmente as pessoas com as quais convivemos e nos relacionamos. Precisamos saber efetivamente quem é o outro ao nosso lado. Estamos em tempo de INTERNET, de mundo virtual e desta maneira a situação ideal está ficando cada vez mais difícil de ser conseguida, porque estamos nos afastando sempre mais dos outros humanos e estamos tornando as conexões físicas progressivamente mais fracas. Está na hora de voltarmos a tentar encarar o mundo real, o mundo das pessoas que existem realmente e sairmos do mundo do faz de contas. A INTERNET é uma ferramenta útil e fantástica em alguns aspectos, mas ela não é nem pode ser nada além de uma ferramenta, como muitos têm tentado demonstrar. O mundo virtual não existe e nem pode existir mesmo, do ponto de vista físico. As pessoas, estas sim são reais e com elas é que devemos nos preocupar e nos comprometer. Penso que estamos à beira de um abismo e assim as “externalidades” e o nosso egoísmo natural têm crescido progressivamente por conta do “universo virtual” estabelecido pelas redes sociais. Essa situação precisa ser freada para manter a nossa necessidade existencial maior como indivíduos e permitir a continuidade planetária de nossa espécie. Temos que acabar com a hipocrisia e criar conexões embasadas em valores afetivos e morais mais fortes entre os humanos do presente, porque somente assim iremos garantir a humanidade do futuro.

Luiz Eduardo Corrêa Lima 

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13 set 2014

A Qualidade de Vida tem que estar acima de tudo

Resumo: O Prof. Luiz Eduardo apresenta um texto chamando a atenção para o fato de que as pessoas e entidades que podem realmente intervir para melhorar a qualidade de vida planetária, efetivamente não se envolvem diretamente nas questões ambientais, porque estão preocupadas apenas com questões econômicas. O texto é denso, porém claro e objetivo. O tema é preocupante e paralelamente palpitante, por isso mesmo precisa ser muito discutido, até porque temos eleições pela frente e precisamos ter informações para cobrar as ações relacionadas com o meio ambiente e com a qualidade de vida, que atualmente devem ser as metas prioritárias de qualquer gestor. Leiam o texto que é muito elucidativo e certamente vocês não irão se arrepender.


A Qualidade de Vida tem que estar acima de tudo

Enquanto a humanidade segue se arrastando para entender e tentar superar alguns problemas geoclimáticos e geopolíticos graves, alguns homens que detêm grande parte do poder econômico planetário continuam trabalhando na contramão dos interesses dessa mesma humanidade.

Ora, a situação descrita no parágrafo acima consiste num grande contrassenso, o qual fica mais agravado ainda, quando os diferentes governos, principalmente aqueles que dirigem as grandes potências econômicas, agem de acordo com a vontade manifesta desses grupos econômicos empresariais dominantes, indo contra os interesses comunitários da grande maioria da humanidade e, mais particularmente, contra os interesses planetários naturais.

Em suma, vivemos uma crise planetária ambiental que é insuflada pelos seres humanos mais ricos com a anuência e a colaboração dos dirigentes e administradores públicos mundiais e contra os interesses maiores do planeta e da qualidade de vida da própria humanidade. Os governos se prendem ao capital e ficam na dependência das pessoas físicas ou jurídicas economicamente mais poderosas e assim não fazem o dever de casa e não cumprem as suas obrigações primárias de atender as necessidades humanitárias fundamentais, porque ficam à mercê dos interesses estritamente econômicos daqueles que possuem dinheiro.

Dessa maneira, exatamente quem poderia e legalmente deveria estar atuando no sentido de buscar melhorias para as diversas questões que afligem a humanidade é quem mais está intensificando os efeitos indesejáveis dessas questões e consequentemente aumentando as mazelas que cada vez mais destroem o planeta e prejudicam a qualidade de vida de toda a humanidade. Os governos necessitam reassumir suas respectivas funções na ordem social, pois a continuar assim, a humanidade rapidamente entrará numa situação irreversível de extermínio.

Como é possível reverter esse quadro?

Do ponto de vista teórico, a solução ideal está na produção de um modelo de Educação Básica para todas as comunidades humanas, na qual sejam revitalizados, intensificados e incentivados os estudos dos mecanismos naturais que permitiram e mantiveram a vida na Terra até aqui, a fim de que a humanidade possa ser fiadora da manutenção desses mecanismos, independentemente dos interesses particulares de alguns grupos. Entretanto, não parece haver muita vontade política e nem muita força efetiva para que essa situação ideal se transforme em plano real de ação, haja vista que esse é um processo caro e que atrapalharia principalmente aos interesses daqueles que dominam o poder econômico. Por isso mesmo, Educar, ainda que apenas basicamente a população humana mundial, lamentavelmente permanece sendo uma utopia pensada por poucos seres humanos e praticada por um contingente menor ainda.

Além do mais, mesmo que fosse possível o estabelecimento desse sonhado mecanismo de Educação, o tempo necessário para que os processos educacionais fossem assumidos pelas diferentes comunidades seria relativamente longo para disponibilidade temporal que ainda existe. Infelizmente, nós não temos mais tempo suficiente para depender de ações meramente educativas. Quer dizer, chegamos num nível tal que, somente a Educação não será suficiente. Há necessidade de agir imediatamente, pois a situação, além de calamitosa, também é urgente.

Assim, considerando que não dá mais para conduzirmos as questões pensando somente nos mecanismos educativos que possam produzir mudanças comportamentais e minimização progressiva dos problemas, resta agora a necessidade real e efetiva de implementarmos posturas radicais e atividades de choque, até mesmo algumas atitudes ditatoriais, que possam induzir e produzir mudanças significativas. Algumas dessas mudanças terão que ser, além de rápidas, também profundas e até drásticas, para conseguir viabilizar a melhoria das condições ambientais do planeta e consequentemente da qualidade de vida da humanidade. Não há mais o que negociar, agora só nos resta fazer as mudanças e obviamente cumpre aos diferentes órgãos governamentais a tarefa de estabelecer as normas e os procedimentos o mais rápido possível.

Até aqui, as inúmeras reuniões internacionais que têm tentado discutir sobre os grandes problemas ambientais planetários, cada vez mais, têm terminado sem nenhum acordo positivo. Discute-se, discute-se e não se chega a lugar nenhum. O que se decide é apenas e tão somente a data da próxima reunião e nada de positivo acontece. Dessa maneira, o tempo tem passado, a desgraça só tem se ampliado e a humanidade e o planeta só se deterioram cada vez mais. Quer dizer, estamos vivendo num ciclo vicioso que discute o que se deveria fazer, mas que não se propõe a fazer exatamente nada e assim nada se resolve.

É preciso que os governos parem de pensar e agir apenas no interesse do viés econômico, pois foi exatamente essa prática contumaz que nos trouxe a esse “status quo”. Além do mais, é preciso também lembrar que dinheiro só serve para a espécie humana e que nossa espécie só poderá utilizar esse dinheiro enquanto estiver vivendo no planeta. Quer dizer, se não pretendemos continuar aqui no planeta, também não precisamos de dinheiro. Quero crer que viver seja prioritário sobre ter dinheiro, mas não parece que os governos pensam desta forma e assim deve ser perguntado: queremos viver ou queremos ter dinheiro?

Os governos necessitam ser mais pragmáticos em relação a vida planetária e as comunidades, por sua vez, necessitam ser mais fortes para contestar, provocar e forçar os governos a tomarem as decisões e agirem no interesse maior da humanidade e do planeta e não no interesse dos grandes grupos econômicos. Aliás, está na hora dos próprios seres humanos que compõem os grupos econômicos privilegiados entenderem que o fim será de todos e não só dos pobres, pois o dinheiro sozinho não conseguirá fazer a mágica de manter a vida. Isso quer dizer que os ricos, se quiserem continuar ricos, terão primeiro que continuar vivos e do jeito que está a situação essa hipótese está ficando cada vez mais remota.

Para a humanidade, doravante, a busca constante pela melhoria da qualidade de vida deve ser a única moeda de valor, para que possamos conseguir reverter o atual estado de coisas e tentar salvar a nossa espécie da extinção prematura. Fomos nós humanos quem criamos esta situação e somos nós humanos quem temos que resolvê-la. Pois então, baseado no exposto, eu conclamo a todos os Senhores que façam suas respectivas opções no sentido de salvar a nossa espécie. Nós já passamos do ponto da conversa, agora temos que ter ações efetivas. Obviamente a Educação deverá continuar trabalhando para a orientação e o aprimoramento das novas práticas que serão transmitidas continuamente às futuras gerações e que garantirão a continuidade da espécie. Assim, as futuras gerações de humanos deverão estar preparadas para permitir o futuro efetivo do Homo sapiens.

Sinceramente eu não tenho mais muita crença nos dirigentes, mas como disse Zé Rodrix: “eu quero a esperança de óculos” e eu ainda acredito que o homem como espécie não deve ter vontade, de fato, de desaparecer do planeta. Certamente o que está faltando é encarar a questão com a devida seriedade e esse é um compromisso que os poderes constituídos podem e devem assumir, fazendo a verdadeira divulgação das reais condições planetárias para toda a humanidade e orientando os procedimentos a serem tomados. Talvez, o problema maior que ainda temos, seja o pensamento errôneo de que a situação ainda está toda sob o nosso controle ou, o que mais terrível ainda, de achar que Deus vai nos ajudar a superar o problema.

É preciso ter coragem de dizer para a humanidade que nós, os seres humanos, os pretensos “donos do planeta”, nunca tivemos as rédeas nas mãos e, o que é pior, agora temos a certeza de não possuímos efetivamente controle sobre nada. Ao contrário, nós sempre fomos dependentes do planeta e a nossa apropriação indevida da Terra e o consumo exagerado dos seus Recursos Naturais foram e são as principais causas dos problemas planetários e da grande ameaça que paira sobre nós. Por outro lado, também deve ser lembrado que Deus está em outro plano e que Ele não vai resolver nenhum problema causado pela humanidade. Nós criamos os problemas e nós temos que solucioná-los, independentemente da ajuda divina.

Se tudo isso acontecer de maneira contundente e efetiva, não há dúvida de que as diferentes comunidades, por si próprias, progressivamente arregaçarão as mangas e começarão a exercer as suas respectivas ações no que se refere a recuperação planetária, independentemente dos interesses particulares dos grandes grupos econômicos. Desta maneira, com apoio das comunidades, os governos ficarão livres para também agir e todos os humanos trabalharão no sentido de resolver todas as questões que ainda puderem ser sanadas. Assim, o poder econômico se dobrará aos interesses maiores da humanidade e do planeta.

Não tenho nenhuma dúvida de que, por mais que alguns queiram admitir, lá no fundo todas as comunidades e todos nós, seres humanos, sabemos que a vida é única coisa que realmente importa, todo o resto é supérfluo e por isso mesmo, nós entendemos que a qualidade de vida é o bem maior e tem que estar acima de tudo. Por conta disso, mesmo sabendo que será muito difícil, eu ainda continuo torcendo e acreditando e acreditando na nossa espécie. Vida longa ao Homo sapiens no planeta Terra.

 Luiz Eduardo Corrêa Lima

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03 set 2014

A Biologia, o Pensamento Evolutivo e a Sociedade

Se formos levar em consideração o fato de que a Biologia como Ciência não pode existir sem a Teoria da Evolução, facilmente iremos entender e concordar que nós, Biólogos, somos pessoas diferentes da maioria das pessoas e acabamos incomodando bastante a sociedade por conta de nossas atitudes naturalmente desenvolvidas em prol do evolucionismo. Essa nossa maneira generalizada de pensar e de agir evolutivamente contraria direta e indiretamente certos preceitos e desagrada muitos setores da sociedade, mormente alguns dogmas religiosos. Além disso, essa nossa postura ainda questiona certos conceitos inverídicos (crendices) e padrões sociais absurdos arraigados em muitos indivíduos dentro dos mais diversos grupos sociais. Isso obviamente também esbarra no conceito que a Sociedade em geral tem sobre nós e nossa profissão.

Há momentos em que somos venerados por conta de nossa preocupação com a vida, somos quase “super-heróis da natureza” e há outros momentos em que somos odiados pela nossa pretensa condição ateísta, manifestada por alguns setores da sociedade, no intuito exclusivo de nos colocar contra a opinião pública. Assim, quando nos referimos as questões relacionadas a salvar a vida humana no planeta e a biodiversidade, por exemplo, somos adorados pela sociedade em geral, porém, quando nos referimos ao pensamento darwiniano básico da seleção natural ou ao nosso parentesco evolutivo com os demais Primatas, por exemplo, vamos ao inferno no conceito social.

Em suma, a Sociedade nos vê de uma maneira bastante controvertida e às vezes totalmente contraditória, embora cada um de nós seja uma pessoa única, parecemos ser camaleões, como se sofrêssemos uma adaptação mimetista no pensamento social. Nossa profissão, por sua vez, flutua desde a mais total pureza, chegando às raias da ingenuidade, até a absoluta maldade, com todos os ares de perversidade que se puder conceber. Num instante somos bons e justos e no momento seguinte somo maus e perversos.

Eu tenho mesmo alguns amigos que aparentemente me adoram pela minha preocupação com a natureza e com a vida, porém sou proibido de comentar com eles sobre qualquer tema relacionado à Evolução das espécies. Pois é, por mais que a Evolução tenha a ver com a Biodiversidade planetária, grande parte da sociedade separa essas questões de forma diametralmente oposta. Quer dizer, a verdade natural do processo evolutivo que permitiu construir toda diversidade orgânica do planeta ainda não consegue ser percebida pela maioria da sociedade e, o que é pior, por questões alheias ao problema em si.

Conheço mesmo algumas pessoas que acreditam que Darwin e seus seguidores (eu inclusive) são pessoas incoerentes e mal intencionadas que querem negar a existência de Deus e descaracterizar toda e qualquer crença divina. Por outro lado, fico pensando o que é mais incoerente: o Deus bom que deixa acontecer coisas ruins ou o homem ignorante que se mantém alheio à realidade planetária e que atribui a Deus os absurdos que são cometidos pelo próprio homem contra a natureza? Além disso, parece que para alguns basta pensar assim: “como foi Deus quem criou as espécies, então Ele que cuide, pois o homem não tem nenhuma responsabilidade sobre a natureza”. O homem se coloca numa condição de exclusão da natureza, esquecendo que também é produto dela e, o que é pior, que tem tudo a ver com o atual estado de coisas.

Assim, a humanidade pode ficar esperando que Deus resolva todos os problemas naturais que a própria humanidade criou, porque, segundo esse pensamento, a espécie humana obviamente é uma entidade diferente, que se encontra acima de toda a Biodiversidade planetária. Essa transferência de responsabilidade é, no mínimo, mais cômoda para a humanidade, entretanto, é tremendamente drástica para o planeta. A atitude humana, oriunda desse pensamento incoerente e inconsequente é mais ou menos o seguinte: “Deus que se vire e o planeta que se dane!” Até aqui, com esse pensamento irresponsável e anti-evolucionista da sociedade humana o planeta e a própria espécie humana só tiveram prejuízo.

Mas, por que isso acontece dessa maneira? O que faz a maioria das pessoas pensar e agir dessa forma tão radical e antagônica aos interesses planetários e mesmo humanitários? E nós, Biólogos, temos realmente alguma coisa a ver com isso?

Provavelmente eu também não tenha as respostas corretas para nenhuma dessas questões propostas, entretanto eu gostaria de dar alguns palpites e opinar um pouco sobre o assunto. É bem possível que eu não convença ninguém com meus argumentos, mas discutir certas questões é um bom exercício de intelecto, além de ser algo fundamental para o desenvolvimento final de conceitos e eu quero aqui expor e defender o meu pensamento.

Primeiramente eu quero dizer que independente de qualquer religião ou filosofia de vida, não dá mais, de maneira absolutamente nenhuma, para não se aceitar a Evolução como um fato natural, ao qual estão sujeitas todas as espécies vivas do planeta, inclusive nós, os seres humanos. Até porque, além da incoerência apresentada anteriormente, já está cientificamente provado, faz pelo menos 60 anos, que a vida teve uma origem bioquímica a cerca de 3,5 bilhões de anos atrás e a Evolução foi o mecanismo que permitiu a existência da grande diversidade de espécies vivas. O que ainda se discute e provavelmente nunca se deixe de discutir, são os diferentes mecanismos que propiciaram e capacitaram o acontecimento evolutivo ao longo do tempo.

Aliás, é exatamente aqui, onde a Ciência discute o “como acontece”, que os anti-evolucionistas, os embusteiros e os picaretas de plantão, teimam em questionar o “que acontece”, alegando os maiores absurdos possíveis e tentando negar à realidade científica, através de argumentos risíveis e que chegam às raias da idiotice. Lamentavelmente a opinião pública é facilmente direcionável e sofre grande influência da mídia, enquanto a Ciência não faz proselitismo de suas descobertas e convicções, até porque essa não é sua função. A Ciência apenas tenta progredir no conhecimento das coisas para tentar melhorar a vida da humanidade, enquanto alguns segmentos retrógrados dessa mesma humanidade querem continuar a demonstrar o que não existe para defender interesses questionáveis, burlescos e algumas vezes até mesmo escusos.

De qualquer maneira, é claro que eu entendo que seja pouco provável que a maioria das pessoas simplesmente abandone, de uma hora para outra, a ideia de que um demiurgo seja o criador de todo o Universo e do planeta Terra em particular, com todas as formas vivas nele existente. Até porque, isso envolve uma série de questões que, lamentavelmente, ainda não podem ser entendidas pela maioria da população humana, por conta da falta generalizada de informações e de conhecimentos, mormente conhecimentos científicos. Assim, não vou aqui tentar brigar com as crendices e nem com os picaretas de plantão, que se aproveitam da situação de ignorância da população. Vou apenas apresentar a minha opinião e sugestão sobre a questão que poderia ser bem aproveitada pela mídia, se existisse, de fato, um interesse em tirar a humanidade da ignorância.

Proponho que sejam unidas as duas maneiras fundamentais de pensar e que se crie uma terceira maneira oriunda dessa união e que possa ser admitido o demiurgo e também a Evolução concomitantemente. Quero deixar claro que não é impossível pensar assim, até porque eu e muitas outras pessoas que conheço somos exemplos vivos desse tipo de pensamento. Ao contrário do que muitas pessoas são levadas a pensar, acreditar em Deus não impede que se admita a Evolução e muito menos a Evolução impede ou desqualifica a crença em Deus. Como eu já disse lamentavelmente isso é um mito desenvolvido pelos picaretas de plantão, infelizmente reforçado pela mídia e distribuído para sociedade. Na minha maneira de pensar, Deus e a Evolução não são apenas compatíveis, ambos podem até serem concludentes.

Admitindo, a priori, que Deus tenha efetivamente criado o Universo como ele está até hoje e considerando o grau de diversidade biológica e de fenômenos naturais que existem no universo, certamente não haveria possibilidade nenhuma de manter o controle efetivo de todas as coisas ao mesmo tempo, pois o grau de complexidade de fenômenos é quase que infinito. Assim, certamente as coisas se organizam por processos físicos e químicos que acontecem por causas estritamente naturais e assim a Evolução, independente de Deus, segue seu curso. Deus pode ter definido os extremos, mas não tem como controlar indistintamente todos os processos ao mesmo tempo e assim esses processos só podem ocorrer aleatoriamente, isto é, ao acaso e por conta dos mecanismos evolutivos. As coisas que existem aqui no planeta podem até terem sido estabelecidas, a priori, por um Deus, mas sua continuidade é obra da seleção natural e do acaso evolutivo.

É bom a gente recordar que a Seleção Natural não dimensiona o acaso, mas dimensiona os resultados evolutivos como sendo obras do acaso que tenham valor de sobrevivência para as espécies. Na verdade, o que se chama de acaso é a escolha da melhor opção entre as inúmeras que são apresentadas. O que é vantajoso tende a sobressair sobre o que não é vantajoso e assim tende também a se manter evolutivamente. É importante que não se coloque uma condição totalmente aleatória e desvinculada do interesse da espécie em sobreviver quando se pensa em Evolução, porque é exatamente isso que as pessoas de má índole, que estão apenas preocupadas em negar o processo evolutivo a qualquer custo, fazem para tentar ridicularizar o pensamento e a lógica evolutiva aos que desconhecem totalmente o assunto.

A Evolução não tem nenhum propósito em si mesmo, a vida é que tem objetivos estabelecidos. O principal propósito da vida, aquele que realmente interessa, é continuar a viver e vivendo cada vez melhor. Isto é, a vida está sempre querendo melhorar a vida e o resultado dessa melhora é o que se chama Evolução. Assim, a Evolução se estabelece através de mudanças ocasionais boas e ruins. Entretanto, como as mudanças boas (aquelas que favorecem a vida) são mais interessantes ao propósito da própria vida, então elas tendem a se manter e a continuar ao longo do tempo. Já as mudanças ruins (aquelas que não favorecem ao propósito da vida) tendem a não se manter e assim desaparecer ao longo do tempo. Esse mecanismo que tende aglutinar o bom e rechaçar o ruim é muito fácil de ser entendido e não há nenhuma necessidade de interferência divina para que ele possa ocorrer. Além disso, também não há, a priori, nada de imoral, de herege ou contra a aceitação de um Deus nessa maneira de pensar e proceder. Esse é apenas um mecanismo natural e admitir que isso ocorra não é, em hipótese nenhuma, negar a existência de Deus ou tentar reduzir sua importância.

Se existe mesmo aquilo que grande parte da sociedade convencionou chamar de pecado, quero acreditar que pecado é negar a realidade biológica e natural para satisfazer interesses outros e se aproveitar da condição de dependência intelectual ou mesmo psíquica das outras pessoas, como fazem alguns setores da sociedade, particularmente certas religiões e alguns falsos profetas de determinadas religiões. Entretanto, em contra partida, é bom lembrar que existem outras religiões que entendem e acatam perfeitamente o processo evolutivo como sendo a única maneira possível de esclarecer o alto grau de diversidade biológica planetário.

Não há pecado e nem crime nenhum em admitir a Evolução e muito menos certamente existe ateísmo nessa maneira de pensar. Ao contrário, para os mais religiosos, talvez até o mecanismo evolutivo possa ser considerado uma maneira mais eficaz de demonstrar a beleza, a capacidade e a grandeza de Deus, quando deixa a vida traçar o seu ritmo a partir do interesse e da necessidade natural da própria vida em se manter e continuar. A genialidade de Deus poderia estar demonstrada no fato de ter permitido a existência de um mecanismo que se auto gerencia e se mantém independente de qualquer infortúnio ou ação externa. A natureza segue seu caminho no interesse único da vida.

A perfeição de Deus poderia ser dimensionada quando atribuiu a possibilidade da Evolução produzir uma espécie como a nossa. Pena que as pessoas são tão pequenas que se quer se disponham a parar, pensar e tentar compreender que se Deus existe, Ele é algo muito maior e está muito acima dessa discussão tola que só favorece a alguns embusteiros e que acaba por garantir à manutenção da ignorância de muitos indivíduos da espécie humana.

Mas a manobra articulada foi tão bem feita, que os embusteiros de plantão polarizaram a coisa de tal forma que parece que humanidade é composta apenas de dois grupos radicais e distintos de pessoas: os cegos pela fé e os cegos pela razão. Talvez, seja melhor a espécie humana começar a enxergar e ver que cegueira nenhuma é boa e que a manutenção do planeta e da vida independem das pessoas serem evolucionistas ou não. Com ou sem pensamento teísta, pelo menos até aqui, só destruímos o planeta e a vida. Isso certamente não é bom e o pensamento evolucionista sempre nos mostrou essa verdade, mas a maioria de nós nunca se dispôs a ver a realidade natural.

Alguns amantes da Biologia e os Biólogos mais especificamente, talvez componham o grupo profissional em que a realidade do processo evolutivo esteja mais clara, mais evidente e mais presente. Por isso a sociedade algumas vezes desconfia desses profissionais de Biologia. Estou convicto de que a sociedade quer estar do nosso lado, mas ela precisa ser mais bem informada sobre a realidade e nós temos que continuar fazendo o nosso trabalho, procurando trazer a sociedade cada vez mais próxima de nós. Isso só será possível, quando conseguirmos fazer com que as verdades sejam ditas e popularizadas nas populações sem qualquer conotação pejorativa e sem qualquer atitude inconveniente dos setores que querem manter o atual status quo.

Albert Einstein disse certa vez que só existem duas maneiras de pensar sobre milagres: “ou os milagres não existem ou todas as coisas são milagres”. Pois então, eu sugiro que fiquemos com a segunda alternativa, isto é, que “todas as coisas são milagres”, inclusive Deus e a Evolução. Porque só assim, independente de nosso nível intelectual e de nossa posição pessoal em relação à aceitação da Evolução Biológica e dos processos evolutivos, seremos capazes de deixar o milagre da vida continuar existindo em nosso planeta. Que Deus tenha pena de nós, mormente daqueles entre nós que insistem em negar a realidade natural, pois, a meu ver, esses é que são os verdadeiros ateus e que fazem um grande mal à humanidade e ao planeta.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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30 ago 2014

A Mobilidade Urbana e a Realidade das Pequenas e Médias Cidades

A grande maioria das cidades brasileiras não tem nem 20 mil habitantes, isto é, são cidades quase sempre muito pequenas. Entretanto, a muitas dessas pequenas cidades já apresentam trânsito caótico, pelo menos em suas áreas mais centrais. Mas, por que será que esse fenômeno ocorre, haja vista que não há gente e nem veículos (carros, ônibus, caminhões, tratores, carroças, motocicletas, bicicletas e outros) suficientes para produzir os engarrafamentos e outras complicações de trânsito nessas cidades?

Penso eu que isso acontece primeiramente porque nesse país se outorga Carteira de Motorista indiscriminadamente para qualquer pessoa, independentemente dela possuir ou não condições intelectuais ou psíquicas para se locomover no trânsito e, o que é pior ainda, independentemente dela possuir de fato qualquer habilidade para desenvolver a prática de dirigir. Os “DETRANs” são meros guichês de distribuição de carteiras de habilitação para qualquer indivíduo, que a partir daí passam a estar devidamente autorizados pela Lei e podem sair pelas ruas dirigindo carros e fazendo todo tipo de absurdo no trânsito. Além disso, e óbvio que, por outro lado, existe também a carência generalizada de educação e mais especificamente a falta de educação direcionada para os problemas de trânsito das cidades, sejam essas cidades quais forem e independentemente do tamanho que elas possam ter.

Os problemas relacionados ao trânsito e à morosidade urbana decorrem exatamente dos aspectos acima e também porque as orientações teóricas são oriundas de Legislação Federal, o que está corretíssimo, enquanto a prática do trânsito é dada pela orientação estadual e normalmente essa prática segue os modelos das capitais estaduais que costumam ser cidades grandes e cheias de outros problemas que favorecem a complexidade do trânsito, o que está completa e tremendamente errado. As práticas de trânsito devem ser desenvolvidas em função da necessidade local. Isto é, o trânsito de qualquer cidade deve ser trabalhado no sentido e na vocação própria daquela cidade e não ser adaptado a partir de outra, principalmente quando essa outra é muito maior e repleta de outras complicações, como acontece na maioria das principais capitais estaduais brasileiras.

O trânsito em São Paulo, por exemplo, ou em qualquer outra megacidade brasileira é um caos e não pode ser modelo para nada. Sua resolução, se é que existe, deve ser encontrada a partir da realidade da própria cidade de São Paulo e não pode de maneira nenhuma ser aplicado como orientação para outra cidade que não tenha os mesmos problemas. São Paulo é uma cidade imensa, a maior do Brasil, tem um grande número de pessoas, de carros, de ruas, de obras e outros transtornos. Enfim, em São Paulo, como em qualquer megalópole, tudo é mais complicado e como a base em que se implantou todo o sistema de trânsito nessas cidades costuma estar totalmente ultrapassada e desajustada, dificilmente haverá solução possível para a maior parte dos problemas de trânsito, quando muito poderá haver minimização de algumas questões em alguns locais, mas é quase impossível admitir resolução com eficácia total.

Pois então, as cidades pequenas não podem e não devem, de maneira nenhuma, seguir esse modelo, porque essas cidades estão em outra situação e seus problemas são localizados e muitas vezes fáceis de serem resolvidos, basta interesse real, boa vontade e bom senso de quem administra. Entretanto, os administradores do trânsito das pequenas cidades vão ser orientados a partir de aulas e palestras ministradas nas grandes cidades, por agentes de trânsito das cidades grandes, que orientam sobre o trânsito dessas cidades e aí o administrador da pequena cidade volta à sua cidade e quer fazer nela, aquilo que acontece na cidade grande. Obviamente isso não pode dar certo, pois as realidades são diferentes. Dessa maneira, ao invés de melhorar o trânsito e resolver os problemas, o administrador acaba piorando e muito a situação, porque ele está projetando e atuando para o trânsito da cidade grande e não para a sua realidade (cidade pequena). Penso que todas as pessoas que vivem no trânsito cotidianamente como eu, têm inúmeros exemplos do que acabo de dizer e estão cansadas de ver como isso, lamentavelmente, é uma verdade recorrente em inúmeras cidades pequenas do interior.

Embora a Legislação seja Federal e a orientação prática do trânsito seja estadual, a funcionalidade e a aplicabilidade têm que ser locais. Não é possível e muito menos pertinente aquilo que acontece no trânsito de uma cidade de 1 milhão ou mais de habitantes, seja aplicado da mesma maneira para uma cidade de 10 ou de 100 mil habitantes. As realidades físicas do espaço e de sua ocupação são imensamente diferentes, as necessidades são diferentes e até mesmo as pessoas e os seus respectivos comportamentos são diferentes. Uma cidade com 10 mil habitantes tem, quando muito, cerca de 2 mil carros, enquanto que uma cidade com 10 milhões de habitantes tem, no mínimo, cerca de 3 milhões da carros e isso gera um grau de necessidades específicas no trânsito que transcende infinitamente o limite do próprio trânsito.

Por conta desse disparate de números e do treinamento errôneo do pessoal, as cidades pequenas estão repletas de sinais de trânsito absurdos, de mãos de direção incoerentes, de caminhos confusos, de estacionamentos ilógicos, de orientações esdrúxulas, de investimentos (gastos) desnecessários, de agentes de trânsito mal formados e algumas vezes até mesmo mal intencionados e de várias outras coisas inoperantes e ineficientes, como acontece nas grandes cidades. Isso ocorre exatamente porque as cidades pequenas “querem imitar” as cidades grandes, ou seja, os administradores das pequenas cidades projetam os seus respectivos sistemas de trânsito da mesma maneira que as cidades grandes. Ora, não pode dar certo e o resultado só pode ser o caos.

É preciso que os administradores de trânsito das pequenas cidades tenham sensibilidade, não queiram perder tempo, nem jogar dinheiro fora e que atentem para o seguinte detalhe: o trânsito de uma cidade é diferente de outra, principalmente se uma delas for uma megalópole e a outra for uma cidade pequena. Por exemplo, não faz sentido absolutamente nenhum ter um sinal de 4 tempos numa cidade com menos de 100 mil habitantes. Também não faz sentido impedir o acesso à direita num cruzamento, obviamente com atenção. Também não há porque encher a cidade de lombadas, ou, o que é ainda muito pior, de valetas nas esquinas. Outro absurdo é achar que mão única é uma necessidade. A mão única é muitas vezes bem-vinda, mas não deve ser entendida como uma necessidade (obrigação) do trânsito nas cidades pequenas, como querem algumas pessoas ligadas aos setores de trânsito, em algumas situações a mão dupla não só é útil, como necessária para manter a velocidade controlada em níveis urbanos satisfatórios e mesmo facilitar o acesso de moradores e trabalhadores em certas áreas. Aliás, é bom lembrar, que os limites de velocidade definidos também são absurdos em muitos casos, pois não existe nenhum critério na sua definição, além da vontade pessoal de alguém. Na maioria das cidades pequenas, certamente metade dos sinais de trânsito são desnecessários. Enfim, são tantos exemplos de absurdos que não é possível entender.

Outras coisas que acontecem nas cidades pequenas e que eu não entendo é o seguinte: uma determinada via tem três faixas de rolamento, mas não sei o porquê, todos andam pela faixa do meio e as outras duas ficam vazias. Além disso, agora se criou uma ideia de “orientar” (forçar) o trânsito e obrigar o motorista a fazer o que os outros querem que ele faça, através de tachões de sinalização no chão. Entretanto, quem inventou esse absurdo, se esqueceu que quem está dirigindo é o motorista e que somente ele é quem sabe como conduzir o veículo durante uma determinada situação de trânsito. Assim, por exemplo, três quarteirões antes de um cruzamento o motorista já é obrigado a levar seu carro na direção a ser seguida lá na frente e se, por ventura, acontece algum problema, aí para tudo, porque se ele sair daquela faixa certamente será multado. Caramba! Não é mais fácil deixar o trânsito seguir o seu curso naturalmente, até mesmo para que o motorista possa desviar se preciso for, porque é isso que favorece a mobilidade urbana e a fluidez do trânsito. Talvez, numa cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro, isso possa ser importante, por causa da grande quantidade de carros, mas certamente isso não é importante para uma cidade pequena. Entretanto, esse tem sido um fator significativo de causa de engarrafamentos de trânsito.

Outra coisa que precisa ser discutida é o seguinte: qual a função da Secretaria ou do Departamento de Trânsito de uma Prefeitura? Se eu não estiver errado, penso que, obviamente, seja cuidar do trânsito. Isto é, fazer com que o trânsito flua e que não haja morosidade na sua fluidez. É bom lembrar que só existe trânsito quando efetivamente está havendo movimento (fluxo), pois o verbo transitar está diretamente relacionado com a mobilidade. Os diferentes fatores que interferem nesse desejo de fluidez, certamente são adversidades ao trânsito e obviamente devem ser pensados, mas não são prioridade para o trânsito. Por exemplo, a arborização urbana não é um problema do trânsito, mas interfere diretamente nele, constituindo-se numa adversidade à fluidez. A segurança dos pedestres e dos motoristas, a educação dos pedestres e dos motoristas também interferem na fluidez do trânsito. Todas essas coisas são adversidades aos interesses do trânsito e não devem ser as prioridades para o trânsito, até porque existem outros setores que devem cuidar dessas atividades. É claro que o trânsito deve estar em concordância com esses fatores, porém eles não podem ser as prioridades do trânsito como querem alguns. Até, porque, se for assim, não há necessidade nenhuma de existir um Departamento ou Secretaria de Trânsito.

Vejam bem, eu não estou dizendo que Segurança e Educação não são importantes para o trânsito. Eu estou dizendo que essas atividades são secundárias ao interesse primário do trânsito. Obviamente que temos que ter segurança e educação no trânsito, mas isso, embora necessário, não é prioritário para o trânsito em si. Uma característica oriunda de outro setor deve ser pensada e tratada em comum acordo com o outro setor, mas há de existir um ponto de estabilidade média entre ambos os setores envolvidos. A Educação para o Trânsito é quem deve estabelecer os critérios, os limites e mesmo os mecanismos de orientação de pedestres e motoristas. O guarda ou agente de trânsito deve orientar, mas não pode querer ser o “dono da verdade”, até porque, na maioria das vezes eles são jovens que pouco ou mesmo nunca dirigiram diuturnamente e não têm experiência prática como motoristas.

Enfim, dirigir é uma tarefa complicada, que depois de muita prática parece ser simples e algumas vezes até prazerosa. Pois é, essa tarefa, além de cada vez mais perigosa, também está ficando chata, desagradável e terrivelmente mais complicada do que sempre foi. O pior de tudo é que os carros são melhores, as vias são melhores, a educação é melhor, tanto para pedestres como para motoristas, a sinalização é melhor. Enfim, a única coisa que piorou foi a qualidade de quem organiza e orienta o trânsito, principalmente nas pequenas cidades.

Aqui no Vale do Paraíba, só para dar uns exemplos, sugiro que as pessoas venham conhecer o trânsito de Guaratinguetá. Uma cidade média com um centro velho, cheio de ruas estreitas, que quase não possui sinais de trânsito, nem lombadas, nem valetas e que o trânsito funciona muito bem, perto de outras tantas que conheço na região. Lorena é uma cidade cheia de bicicletas e de ruas de paralelepípedos, onde a velocidade é efetivamente baixa, mas o trânsito flui relativamente bem. Faz pouco tempo que a Prefeitura criou uma coisa absurda: uma rua no centro (que antes era a rua principal da cidade, por onde passava todo o trânsito) e que agora só pode passar um carro, pois suas margens são para ciclistas, pedestres e também para estacionamento, mas mesmo assim o trânsito flui bem, porque não existem sinais desnecessários atravancando o trânsito. São José dos Campos, apesar dos cerca de 700 mil habitantes, tem um trânsito melhor que muitas cidades da região, porque o trânsito da cidade é bem planejado e sinalizado, além disso o anel viário facilita muito o deslocamento dos veículos pelas diferentes regiões da cidade. Em Caçapava, o trânsito começou a melhorar nas áreas centrais porque vários sinais de trânsito incoerentes que existiam, começaram a ser desligados ou mantidos em atenção, mas ainda existem algumas coisas sem sentido no trânsito da cidade que podem ser melhoradas. Enfim, vários são os bons exemplos, mas ainda há muito por fazer.

Por outro lado, Aparecida tem uma avenida de mão única e com faixa extra de acostamento, fora do centro da cidade, com cerca de 4 quilômetros, mas cuja velocidade máxima é de 40Km/h e ainda por cima cheia de radares e lombadas, o que não faz o mínimo sentido, a não ser como fonte adicional de renda para a Prefeitura através da aplicação de multas aos turistas desavisados. Nessa mesma cidade, outra avenida que atravessa grande parte extremamente populosa, cuja faixa da direita serve de estacionamento e que ainda é repleta de áreas comerciais tem o mesmo limite de velocidade. Quer dizer, ou uma das avenidas está com limite abaixo ou a outra está com limite acima do que deveria ser, o que não pode é ter a mesma velocidade nas duas, haja vista que são ambientes de trânsito tão diferentes. Na cidade de Jacareí, as avenida que ligam a cidade com a Dutra, têm excessivos radares e sinais e por outro lado falta sinalização para as pessoas que não conhecem a cidade. Em Taubaté, com as ruas estreitas do centro, o trânsito é historicamente caótico e quanto mais se mexe, mais a coisa complica e agora, por conta de uma série de novos erros, a complicação atingiu também outras áreas mais afastadas do centro.

Enfim, o trânsito das pequenas cidades da região pode e deve melhorar, mas essa melhora está na relação direta da qualidade educacional e prática do motorista e do bom senso do dirigente de trânsito das cidades. É preciso exigir a formação de bons motoristas e acabar com técnicas de trânsito importadas das cidades grandes, pois só assim poderemos ter um trânsito mais confiável e compatível com a dimensão real de nossas cidades. Talvez dê um pouco mais de trabalho, mas certamente não é impossível produzir um trânsito de qualidade e efetivamente menos perigoso nas cidades da região.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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26 ago 2014

Existe apenas um Planeta Terra

O título desse artigo, por mais óbvio que possa parecer, de vez em quando precisa ser lembrado, para que todos os humanos possam manter esse pensamento efetivo e ativo nas suas respectivas mentes. Digo isso, porque a grande maioria das pessoas, embora saiba; que existe apenas um Planeta Terra e que todos os recursos naturais que nós humanos utilizamos são tirados direta e exclusivamente desse único planeta que habitamos; parece que se esquece desse detalhe fundamental na sua vida cotidiana e acaba usando os recursos naturais indevida e levianamente, desperdiçando esses recursos absurdamente e, o que pior, produzindo alguns resíduos que a natureza muitas vezes não conhece e que nós humanos resolvemos chamar de resíduos ou simplesmente lixo.

É bom lembrar que na natureza não existe lixo e assim o lixo é um produto de origem exclusiva da espécie humana. Existe uma boa parte desse material, que nós chamamos de lixo, que pode ser reaproveitado e reutilizado para outros fins e hoje há muitos humanos trabalhando no sentido de tratar melhor esses resíduos e conhecer suas diferentes utilidades. Mas, por outro lado, também existe uma boa parte desses resíduos que não pode ser reutilizada e outra que nem a natureza e nem nós mesmos sabemos como usar ou mesmo exterminar. Desta forma, esse tipo de material totalmente inútil e principalmente indesejável, vai se acumulando pelo planeta afora, ocupando espaço e degradando novas áreas que também poderiam ser utilizáveis.

Em suma, cuidamos muito mal do Patrimônio Natural, pois usamos pessimamente os recursos naturais e pioramos a qualidade do meio ambiente e da vida que nele se insere, inclusive e principalmente a nossa. Desta maneira, precisamos estar constantemente nos lembrando que temos apenas um Planeta Terra, do qual tiramos absolutamente tudo o que utilizamos, para sempre tentarmos agir no sentido de garantir que os recursos naturais sejam utilizados de maneira respeitosa, precisa, coerente e, sobretudo, sem desperdício.

O uso do planeta de forma precisa e coerente pelo homem recebeu recentemente o nome de SUSTENTABILIDADE e é sobre isso que vamos conversar um pouco. Primeiramente devo dizer que a Sustentabilidade consiste num princípio básico que determina que nenhuma geração tem direito de esgotar os recursos planetários, pois todos os humanos e as demais criaturas vivas que já viveram, que estão vivos hoje e aqueles que ainda irão viver tem os mesmos direitos ao uso do Planeta Terra e de seus recursos naturais.

A apropriação do planeta não é um direito exclusivo do homem, mormente do homem atual. Nenhuma espécie, em momento nenhum pode se considerar “dona do planeta”, até porque, na verdade nós e as demais coisas vivas é quem pertencemos a Terra. Isto é, a Terra é que a “dona de todos nós”. O Homo sapiens tem um compromisso maior com a preservação do planeta, primeiro porque é quem mais o explora e segundo porque é a única espécie capaz de explorar os recursos planetários até a exaustão, como já aconteceu em alguns casos.

Por outro lado, devo esclarecer que a ideia de Sustentabilidade transcende bastante essa nefasta capacidade de apropriação indébita que a espécie humana assumiu com o Planeta Terra. O conceito de Sustentabilidade tenta conter a progressão e mesmo impedir esse absurdo. A Sustentabilidade está basicamente contida num tripé que envolve o Ambiente, a Sociedade e a Economia, de forma tal que qualquer mecanismo só pode ser considerado sustentável se todos esses três itens estiverem satisfeitos de forma igualitária na sua composição. Sendo assim, não é possível conceber mais, nos tempos atuais, qualquer tipo de mecanismo que prestigie, mas esse ou aquele aspecto do tripé.

Durante muito tempo a humanidade sempre procurou priorizar o lado econômico, como sendo o mais importante para o seu desenvolvimento. Entretanto, nos últimos tempos, por conta da necessidade imperante e do crescimento do pensamento sustentável nas diferentes sociedades humanas, a visão estrita da Economia precisou perder um pouco de sua avidez. Desta maneira, o componente social passou a ser mais bem considerado nas diferentes situações e também, o componente ambiental, que antes nem era pensado pela maioria dos humanos, passou de insignificante para uma posição de igual importância na escala de prioridades a serem atendidas. Assim, o Desenvolvimento Sustentável passou a ser o mecanismo principal para que se possa tentar alcançar e garantir a Sustentabilidade planetária.

Algumas ações individuais e coletivas, não só podem como devem, ser estabelecidas pelas pessoas físicas (indivíduos humanos) e jurídicas (empresas e grupos socais) no sentido de trabalhar em prol da sustentabilidade e dentre essas, podemos destacar as seguintes:

1 – Desenvolver uma postura ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, visando o interesse das futuras gerações, ou seja, aqueles seres humanos que herdarão o planeta a partir de nossas ações atuais. Lembrar que o mundo não é só meu, nem é só dos outros seres humanos, mas que também existem inúmeras outras formas de vida que tem o mesmo direito que eu tenho ao planeta. Lembrar, principalmente que dinheiro é um meio e não um fim, o qual só interessa ao homem e não serve em absolutamente nada para as demais criaturas do Planeta.

2 – Redução do Consumo de Recursos Naturais, não comprando coisas supérfluas ou desnecessárias, investindo em Reutilização, no Reaproveitamento e na Reciclagem de materiais e minorando a produção de lixo e resíduos indesejáveis. Avaliar efetivamente a real necessidade do produto antes de adquirir. Não comprar por impulso, nem porque está na moda, ou porque o seu amigo tem aquele produto. É bom lembra que essa também é uma das principais causas da violência urbana. Se você tem uma bicicleta e o outro não tem, ele toma a sua.

3 – Redução e racionalização do Consumo de Energia, principalmente a energia oriunda da queima de Combustíveis Fósseis, que geram muita poluição, gases de Efeito Estufa e que atuam fortemente para o Aquecimento Global e consomem Recursos Naturais não renováveis. Reduzir o uso do carro, do chuveiro elétrico, da geladeira e mesmo da pilha e das baterias elétricas, as quais produzem resíduos tóxicos e altamente contaminantes. Se o quarto está vazio, por que a luz está acesa?

4 – Investimento em Tecnologias Limpas que propiciem novas formas alternativas de obtenção Energia não poluentes e que não ofereçam risco à saúde humana ou planetária. Ser proativo em relação a Energia Solar, Eólica, das Marés, das Correntes e outras não poluentes e naturais que possam existir. Ser atuante em práticas ambientalmente corretas. Pequenas ações como apagar a luz e usar mais a luz solar, desligar o computador, a TV e os demais eletrodomésticos quando não estão sendo usados, não desperdiçar água, reaproveitar o papel, as caixas, reduzir, ou mesmo acabar com o uso de sacolas plásticas e outros produtos descartáveis, que têm grande custo energético e levam anos para se decomporem na natureza.

5 – Buscar a ampliação das Áreas de Preservação Naturais e a Recuperação de Áreas Verdes Urbanas, no sentido de garantir a manutenção dos Ecossistemas Terrestres com seus respectivos Bancos Genéticos e sua Biodiversidade e também de melhorar a qualidade do ar nas cidades. Por exemplo, plantar árvores e não cortar as existentes é um mecanismo simples que garante a absorção da água pelo solo, diminui aquecimento global, refresca os ambientes, atrai pássaros e embeleza os ambientes sobremaneira.

6 – Recuperar, dentro do possível, os ambientes naturais degradados, a fim de minimizar as áreas comprometidas com ações antrópicas insustentáveis ocorridas no passado. Reaproveitar áreas antes impermeabilizadas, onde calçamento indevido ocorreu, aumentando as áreas de jardins e quintais. Nas áreas urbanas é onde mais há necessidade de melhorar a qualidade do ar, portanto faça a sua parte para que isso aconteça.

7 – Educar ambientalmente as populações dentro do preceito de que a sustentabilidade é a única maneira possível de garantir a qualidade e a continuidade da vida humana no planeta. A prática educativa tem que trazer no seu bojo os princípios de garantir a manutenção e a continuidade dos recursos naturais não renováveis e a recuperação efetiva dos renováveis; de não degradar; de não sujar e efetivamente de chamar a atenção de quem age de forma contrária aos interesses do Planeta e da Sociedade, independentemente da justificativa apresentada.

8 – Definir criteriosamente as áreas agricultáveis e as culturas nelas desenvolvidas, visando minimizar o uso indiscriminado de Agrotóxicos e Defensivos Agrícolas, garantindo a manutenção dos solos naturais como forma de produção agrícola. Isso começa na sua casa, não usando veneno nas suas plantas ornamentais e também desenvolvendo sua pequena horta orgânica, da qual você pode tirar a sua alface, o seu tomate e outros alimentos.

9 – No plano político-administrativo, devemos procurar apoiar políticos e administradores públicos que estejam determinados a investir em políticas públicas, que favoreçam a sustentabilidade e que priorizem o interesse ambiental planetário, antes de qualquer interesse econômico particular ou qualquer grupo social específico, de acordo com a máxima ambientalista que diz: “agir localmente, pensando globalmente”. Oriente as pessoas de que as suas ações cidadãs em prol do planeta começam nos seus respectivos votos. Lute e trabalhe para que os seus candidatos tenham postura proativa, para que proponham as mudanças devidas que são necessárias à Sustentabilidade.

10 – Enfim, como ação precípua, procure ser um exemplo daquilo que pregar. Ninguém vai acreditar em você, se realmente você não demonstrar aquilo que fala. Acredite e pratique a sustentabilidade em todas as suas ações, pois assim você estará demonstrando que não é impossível, basta apenas vontade, coerência e persistência. Se você consegue, certamente também é possível que outros consigam.

Por fim, quero dizer que é preciso repetir muito a frase: “Existe apenas um Planeta Terra” e esta é a única morada; o único planeta; a única nave espacial dentro da qual estamos todos nós, mergulhados no espaço universal. Todos nós somos passageiros e estamos na mesma viagem dentro do mesmo veículo denominado Terra. Não é muito pedir para que cada um faça a sua parte no processo de garantir que a viagem continue sem conturbações e realmente não é necessário nada mais que isso, porque se cada um fizer efetivamente a sua parte o todo estará sendo feito.

Sempre vale a pena ressaltar que “os maiores interessados em manter o planeta somos nós mesmos”, pois só assim garantiremos a nossa existência. Isto é: “o planeta não depende de nós, nós é que dependemos dele”. Então, cabe lembrar também, que para que o planeta continue seguindo em frente e com segurança, só depende de nós mesmos, os seres humanos. A nossa continuidade no mundo vivo está em nossas mãos, pois só nós temos o poder da escolha e da definição. Nossas atividades atuais definirão sobre a nossa existência planetária futura.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Este artigo foi inicialmente publicado em www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 23/06/2011, tendo sido modificado e atualizado para esta publicação.
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16 ago 2014

A Transitoriedade do Homem

Quando o homem apareceu aqui na Terra, todo o resto do que existe no planeta ou, pelo menos, a maior parte do que existe na Terra, aqui já se encontrava há muito tempo. Essa é uma verdade insofismável.

Se nos utilizarmos do modelo do “Calendário Cósmico”, proposto por Carl Sagan, na década de setenta, vamos observar que, naquela analogia, o homem surgiu somente nas duas últimas horas do último dia do ano, num ano de trezentos e sessenta e cinco dias. Mais precisamente, os primeiros Homo sapiens teriam surgido às vinte e duas horas e trinta minutos, do dia trinta e um de dezembro. E mais, a nossa história só começa a ser conhecida e contada efetivamente a partir das vinte e três horas e cinquenta e nove minutos daquele mesmo dia. Pois é, tudo que sabemos sobre nós mesmos, resume-se a pouco mais de um minuto do Tempo Geológico.

Se continuarmos a analogia, podemos dizer que estamos vivendo o primeiro segundo do ano novo. Todo o nosso conhecimento do homem moderno, não ultrapassa a marca de um minuto e um segundo do “Calendário Cósmico”. Há de se convir que somos quase nada no tempo, nossa existência é insignificante perante a grandiosidade do Tempo Geológico.

Por outro lado, parece que somos o nível máximo de organização biológica em nosso planeta, pelo menos até aqui, e nenhuma espécie desenvolveu-se tão rápida e perigosamente como a nossa. Mas, por que evoluímos tão rapidamente? Por que queremos e podemos tanto? Por que surgimos? Qual o nosso significado? Como chegamos até aqui?

É muito difícil entender porque o processo evolutivo parece ter estacionado na forma humana, pelo menos aqui na Terra. Porém, mais difícil ainda é se admitir um “salto evolutivo” tão grande, apesar de tanta semelhança morfológica e fisiológica entre o macaco e o homem. Ainda que, biologicamente, sejamos macacos (não há como negar nossa condição de Primata), intelectualmente, somos muito superiores a qualquer macaco, por mais evoluído e inteligente que ele possa ser. Talvez, a distância intelectual entre nós e os macacos seja equivalente à distância temporal entre nós e a grande explosão que originou o Universo.

Não há dúvida que algo aconteceu evolutivamente entre os macacos não humanoides, macacos humanoides e o homem, pois esse algo, talvez nunca saibamos explicar fisicamente, ou para explicarmos, deveremos nos reportar a explicações metafísicas e abordagens religiosas, que transcendem a intenção desse artigo.

Por outro lado, temos certeza de nossa transitoriedade. Como tudo que existe e que é vivo, nós também nascemos, crescemos e morremos. Nesse sentido, somos tão frágeis como qualquer outro organismo vivo. Aliás, nesse aspecto, talvez sejamos até mais frágeis do que as outras espécies vivas, porque somos a única espécie que tem consciência desse fato e isso nos faz temer a morte.

Então eu pergunto: se estamos aqui, dependemos daqui, nascemos aqui, crescemos e embora tenhamos medo de morrer não conseguiremos evitar a morte e morreremos aqui, por que então não pensamos em melhorar ao invés de destruir o planeta? A Terra é a nossa casa, por enquanto a única que temos e é bem possível que jamais encontremos outra casa para nós em todo o Universo. Por que não nos utilizamos de nossa razão para tratarmos de preservar as condições de vida do planeta, o que, em última análise, significa tentar preservar a nossa própria vida.

Só existem três respostas compatíveis com essa situação antagônica em que nos colocamos, em relação ao planeta: ou somos alienígenas, ou somos loucos ou somos ignorantes.

Como alienígenas talvez tenhamos tido nossa origem em outro corpo celeste, que se destruiu por qualquer motivo desconhecido e chagamos aqui na Terra e nos mantivemos, até hoje, com o espírito e a índole do colonizador que só quer para si. Mas, se isso for verdade, tudo o que escrevemos sobre evolução, particularmente sobre evolução do homem com todas as analogias e homologias entre nós e outros organismos vivos do planeta, inclusive os macacos, são, na verdade, homoplasias, Isto é, meras coincidências fortuitas e sem nenhum relacionamento evolutivo.

Como loucos, talvez sejamos loucos o bastante para não termos consciência de nada. Se assim fosse, jamais teríamos nos preocupado com a evolução e com a nossa origem, porque sendo loucos, o que menos pesaria em nossas mentes seria a responsabilidade histórica, tanto futura, quanto a passada. Nesse sentido, não valorizaríamos a família, hábitos culturais, arte e outras coisas.

Como ignorantes talvez todos os nossos problemas residissem no nosso desconhecimento generalizado das coisas a nossa volta. Por mais que cada um de nós saiba, sempre há uma infinidade de coisas muito maiores que cada um de nós não sabe. A nossa ignorância não tem limites. Mas isso também não justifica a nossa desunião e as nossas discrepâncias ideológicas e morais, a ponto de se desenvolverem culturas tão diferentes em áreas geográficas tão próximas. Por exemplo, um palestino e um israelita, ou mesmo uma civilização grega e outra romana, para quem quer lembrar-se do passado.

Alienígenas ou não, temos um mundo, o planeta Terra, e estamos saindo à busca de outros. Já estivemos na Lua, conhecemos Marte, Vênus, Saturno, e vamos por aí a fora. Sabemos que esse nosso mundo, o planeta Terra, é nosso. Nosso no sentido mais estrito da palavra, pois somos as únicas criaturas que temos o poder de modificar o ambiente a nossa volta e, consequentemente, podemos mudar toda a fisionomia do planeta. Sempre é bom lembrar, que nós podemos até destruir todo o planeta em poucos segundos. Ou seja, muito mais rapidamente que a natureza levou para produzi-lo e para deixá-lo conforme se encontra nos nossos dias. Mas, por que chegamos a esse nível? Que força maligna ou benigna nos move para tanto? Aonde chegaremos?

Loucos ou não, vivemos. E a maioria de nós não só vive como gera filhos, aumentando assustadoramente nossas populações. Fabricamos crianças, como se fôssemos todos crianças irresponsáveis, que acabamos de ganhar um brinquedo novo de presente. Nosso brinquedo novo é o sexo, do qual fazemos uso indiscriminadamente e que a história nos mostra que sempre foi assim. Sigmund Freud disse que o sexo está presente em todas as nossas atividades e que nós somos quase que totalmente movidos por esse brinquedo diabólico. Nossa loucura chega assim, muito mais para um fanatismo sexual do que para uma neurose, uma psicose, uma demência ou outra doença neurológica qualquer. Somos, generalizadamente, “doentes neurossexuais”.

Ignorantes ou não, muitos de nós procuram abrangência dos conhecimentos e tentam começar a entender o porquê das coisas e das situações. Muitos de nós são conscientes de que existem situações corretas e situações errôneas e, por isso mesmo, procuram acertar mais do que errar. Muitos de nós seguem princípios, mais ou menos, rígidos de conduta ética e moral e, esses princípios não justificam a nossa ignorância, nem nossa loucura e, muito menos, a nossa alienação para com as coisas, em qualquer situação ou lugar, sobre a superfície do planeta.

Que estranho ser o Homo sapiens. Que mistura de coisas e situações produziu essa espécie diferente de todas as outras que vivem no planeta, se não dos pontos de vista anatômico e fisiológico, pelo menos, do ponto de vista comportamental?

Uma espécie que age como um estranho em seu próprio planeta, pois o destrói indiscriminadamente. Que age como um louco em seu próprio planeta, pois se reproduz sem avaliar a consequências do aumento exagerado de suas populações. Que ignora quase tudo que acontece em seu próprio planeta, pois só faz o que não deve, quando não deve e onde não deve, no que tange a preservar a vida na Terra.

O homem é uma anomalia, cuja origem e o entendimento talvez estejam fora dos limites físicos, mas ainda assim, é preciso que se discuta sobre o que fazer. Por menos que nos importemos sobre nossa própria existência, devemos ter em mente que ela é transitória e que essa transitoriedade será maior ou menor em função do destino que dermos a ela. Se temos medo de morrer, é melhor que assumamos o nosso medo abertamente e cuidemos para que nossas vidas valham um pouco mais para nós mesmos.

É possível que não sejamos nem alienígenas, nem loucos e nem ignorantes o suficiente. É possível que sejamos uma espécie suicida, que da mesma forma repentina que surgiu, poderá também desaparecer. Não gostaria de discutir aqui, as questões metafísicas e religiosas que envolvem o problema, mas é possível que as respostas estejam nessas questões. Quantos de nós não preferimos cruzar os braços, alegando que “Deus sabe o que faz”.

Sinceramente, eu espero que Deus saiba realmente o que faz e que em breve ele arrume um novo Noé, uma nova arca e novos passageiros (se sobrar alguma). Do contrário, essa anomalia biológica, esse contrassenso filosófico, essa entidade fisicamente inexplicável, esse monstro ideológico, essa figura ímpar chamada homem, terá acabado com o planeta.

Mas, por outro lado, eu prefiro não ter que depender de Deus para resolver os problemas terrenos criados pelo homem. O ano novo está apenas começando agora, estamos apenas no primeiro segundo do ano novo do “Calendário Cósmico” e o homem tem que ser capaz de sair da ignorância, da loucura e da alienação em relação às coisas do planeta. Nossa espécie não pode morrer tão jovem, dentro de um Universo tão velho.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

*Artigo escrito em 1994 e publicado na Revista Ângulo, Lorena/SP, Número 61, p. 4-5, jan/fev. 1995; também publicado no site www.recantodasletras.com.br/autores/profluizeduardo, em 25/04/2009.
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05 jun 2014

Dia Internacional do Meio Ambiente

Hoje, 05 de junho, Dia Internacional do Meio Ambiente, pois é, o Meio Ambiente completa 42 anos. A Terra tem 4,5 bilhões de anos e só comemora o Meio Ambiente (todos os espaços físicos da Terra) apenas nos últimos 42 anos e ainda assim, a festa não é para todos, ela serva apenas para pouquíssimos convidados, que manipulam o pensamento coletivo da humanidade. Isso é mesmo muito engraçado, não é? Ou será muito triste?

Com 42 anos, se o Meio Ambiente hoje fosse um ser humano, ele seria um jovem senhor no auge de sua competência e na plenitude de seu trabalho profissional e intelectual, porém, infelizmente, o Meio Ambiente não é um ser humano e assim, apesar da tenra idade, sua situação continua indefinida e seus problemas estão cada vez maiores. Existe mesmo quem seja capaz de imaginar que, na atual situação, o suicídio talvez fosse a melhor solução para o Meio Ambiente planetário. Mas, vamos deixar essas conjecturas de lado e entender os fatos, independentemente de qualquer conotação pessoal que se queira atribuir ao Meio Ambiente.

Todo mundo já sabe que o Planeta, do ponto de vista ambiental, vai de mal a pior e que o ser humano, insistindo em fazer coisas erradas, é o único e grande culpado por esse fato. Assim, a pergunta que fica é a seguinte: Até quando, nós humanos, continuaremos degradando inconsequentemente o planeta, brincando com o Meio Ambiente e com a vida?

Nossa mancha populacional, já superior a 7,2 bilhões de seres humanos no planeta, não se satisfaz com a usurpação da Terra e quanto mais essa mancha cresce, maior a desgraça planetária e mais perto a extinção da humanidade. Embora haja muitos que não acreditem nessa possibilidade, certamente estamos caminhando para o fim, porque não há como impedir o processo de extinção se não mudarmos radicalmente a nossa prática cotidiana. Entretanto, o tempo passa rapidamente e nada se faz. Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.

Fome, pobreza e miséria humana; poluição e degradação ambiental; destruição de ecossistemas naturais e extinção de espécies são cenários costumeiros e já quase naturais de tão comuns em várias áreas do planeta. E as “autoridades nacionais” dos diferentes países o que dizem? E as populações humanas o que fazem? E os grupos sociais e a as diferentes congregações comunitárias o que sugerem? Quem se responsabiliza por tentar mudar a cara do mundo para que a vida humana possa ter continuidade?

É preciso ficar claro que não se trata de salvar o planeta, até porque o planeta vai continuar existindo, independentemente de nós e de qualquer coisa que fizermos. A questão aqui é salvar a espécie humana, que parece não estar muito afim de continuar existindo, pois caminha a passos largos e em uníssono em direção ao suicídio coletivo. Não sei quanto tempo ainda temos, mas sei que está faltando pouco.

Acorda humanidade e para de brincar que a coisa é muito séria. Todo dia estão chegando novos avisos, através da ocorrência de eventos extremos e de grandes catástrofes ambientais. O que mais será preciso para que descruzemos os braços e tomemos uma atitude em prol do planeta e da vida?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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22 abr 2014

Dia Mundial do Planeta Terra

Hoje é o Dia Mundial da Terra, data criada nos Estados Unidos pelo Senador Gaylord Nelson e comemorada desde 22 de abril de 1970 naquele país, porém só reconhecida pela ONU em 2009, sendo assim a Terra hoje está comemorando oficialmente apenas 5 anos. O Brasil também aniversaria hoje e completa 514 anos de descobrimento. Em que pese o fato de aniversários serem datas comemorativas, ao meu ver, nessa data, não deveria haver motivo para festa, para ambos os aniversariantes.

Na verdade, o Planeta Terra surgiu por volta de 4,5 a 5 bilhões de anos e não 5 anos apenas e ao que parece, pelo menos até aqui, é o único que conseguiu desenvolver o fenômeno da vida, há pouco mais de 3 bilhões de anos atrás e, sempre é bom lembrar, até aqui é o único local no Universo, onde o fenômeno vida foi observado, pelo menos a vida como conhecemos e entendemos fisicamente. Pois então, esse pequeno prodígio em forma de astro celeste, que superou seus primos maiores está carente e perigosamente doente.

Sua carência obviamente não é fruto de uma deficiência própria, mas, ao contrário, ela é resultante do mal tratamento que a espécie humana (seu habitante mais ilustre) tem lhe dado, mormente nos últimos 250 anos e mais propriamente nos últimos 70 anos, através da degradação significativa e violenta de sua condição primária, que tem mudado sua perigosamente sua conformação original. A transformação geomorfológica sofrida pelo Planeta, acabou por produzir inúmeras outras modificações, as quais têm influído drasticamente nos ecossistemas naturais e na qualidade de vida dos organismos vivos que ocupam esses diferentes espaços planetários, inclusive e principalmente o próprio Homo sapiens.

O clima certamente é a característica planetária que mais se modificou por conta da ação antrópica, em que pese o fato de alguns governos e alguns pseudocientistas que estão a serviço de interesses puramente econômicos, insistirem que tudo o que acontece com o planeta hoje é natural e cíclico. Todos nós, inclusive esses sujeitos de índole e moral inescrupulosa, sabem que a verdade é uma só: “o homem é o grande culpado das mudanças climáticas atuais”. O excesso de C02 na atmosfera produzido pela queima cada vez maior de combustíveis fósseis que é produzida pela humanidade é que tem causado a aumento alarmante e cada vez mais significativo da temperatura da Terra e esse fato é o grande causador das alterações climáticas extremas e catastróficas que temos observado ultimamente de maneira intensa, progressiva e mais frequente.

Derivando diretamente desse fato, não só o ar, como a água e também o solo estão deteriorados e comprometidos e parece que o ser humano ainda não reparou as seguintes consequências desses detalhes: falta água potável, falta ar puro, falta áreas verde natural, falta vida animal, falta espaço físico habitável, falta solo em condições agricultáveis, falta alimento e falta energia. Em suma, falta tudo aquilo que a espécie humana necessita para sua continuidade sobre a superfície do planeta e sobram degradação, destruição e poluição ambiental e orgânica.

O outro aniversariante, o Brasil, além de fazer parte do planeta e possuir todas as carências já citadas, também falta cidadania, falta vergonha na cara, falta brio, falta dignidade, falta honestidade, falta sobretudo ética e seriedade dos administradores públicos e dos magistrados, além obviamente de decência da população. O país virou terra de ninguém, ou melhor, terra de alguns malfeitores que em conluio com pessoas de estirpes ruins e magistrados safados, criaram essa “democratura” do mal que assola o país.

Mas, alguns dirão: nós não estamos aqui para discutir sobre esse fato aqui, afinal estamos num evento para discutir sobre o dia da Terra e o Brasil é pequena parte nesse todo. Entretanto eu quero ressaltar que não somos tão pequenos do ponto de vista planetário e, digo mais, talvez sejamos a parte mais importante, já que possuímos a maior biodiversidade, o maior rio, a maior reserva de água doce, a maior floresta tropical, a quinta área geográfica e a quinta população planetária, dentre outras coisas que não precisam ser citadas no momento. O que infelizmente ainda não temos é gente educada e administradores sérios no país.

Pois então, nessa data tão marcante para a Terra e para o Brasil, que como já demonstrei acima é uma parte importantíssima desse planeta, eu estou aqui para pedir a todos que procurem fazer uma pequena reflexão e ao mesmo tempo proponho uma grande revolução comportamental no ser humano, em particular nós, os brasileiros, para que trabalhemos no sentido de permitir que o planeta possa continuar cuidando da vida como sempre cuidou, em especial à vida humana.

Aos brasileiros especificamente, eu proponho também que desenvolvamos uma nova postura, que nos permita assumir outros valores, os quais nos possibilitem uma saída da mediocridade da eterna condição de país do futuro e nos coloque definitivamente na condição de país do presente. Precisamos “abrasileirar” o Brasil, como dizia Mario de Andrade. Para tanto, temos educar as pessoas e acabar com modismos estrangeiros e com essa corja de canalhas que enganam o povo e que só tem trazido malefícios ao Brasil e sua gente. Precisamos fazer o Brasil Moreno de Darcy Ribeiro. Nosso compromisso prioritário nas eleições desse ano e de todos os anos daqui para frente, será tentar mudar o que está estabelecido nessa ditadura comunista que quer se instalar e que não medirá esforços para degradar ambientalmente ainda mais o nosso país, como se vê, por exemplo, em obras absurdas como Transposição do São Francisco, Rodovia Transpacífica, Usina Hidrelétrica de Belo Monte, entre outras.

Precisamos de Liberdade no seu sentido mais amplo para construir o Brasil que Capistrano de Abreu sonhou e descreveu no final do século XIX, quando propôs a resolução de todos os problemas do Brasil com uma Lei de apenas dois artigos: “Artigo Primeiro – Daqui para frente todo brasileiro toma vergonha na cara; Artigo Segundo – Revogam-se as disposições em contrário”.

É bom lembrar também Cecília Meireles, quando disse a seguinte frase: “Liberdade é a palavra que o sonho humano alimenta, que não ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Acredito mesmo que está na hora de nosso grito de liberdade e de emancipação dessa corja que tem estado aí humilhando os mais capacitados, envergonhando os remediados e destruindo os mais carentes. Parece que deixamos de sermos seres humanos, pois nos tratam como coisas totalmente inúteis e o que é pior, nada fazemos.

O Planeta Terra e o País Brasil podem e devem ter mais coisas em comum que o dia 22 de abril para comemorar, mas essas coisas dependem fundamentalmente dos seres humanos que habitam esses lugares. Façamos pois, um Brasil melhor e lutemos por fazer também uma Terra melhor, “antes que a natureza morra”, como disse Jean Dorst e que seja tarde demais para a nossa liberdade, no dizer e no mesmo sentido sugerido por Cecília Meireles.

Há uma máxima ambientalista que diz: “pensar globalmente e agir localmente”. Pois então meus amigos, o nosso local é o Brasil, a nossa “Terra Brasilis” e nosso global é a Terra, a nossa “Orbi” e o único planeta habitável que se conhecemos. Se fizermos a nossa parte aqui em nosso país, estaremos fazendo a nossa parte no interesse do planeta também. Por favor, pensem nisso.

Lorena, 22 de abril de 2014.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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