Categoria: Artigos

Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

09 mar 2014

O País do Futebol, do Carnaval e dos “Black Blocs”

Por conta do Carnaval, estamos tendo uma trégua nas “manifestações” contra o aumento das passagens e os gastos da Copa do Mundo de Futebol, porque obviamente os “black blocs” e outros baderneiros menos conhecidos estarão muito ocupados com outras questões que, para eles, talvez sejam mais importantes, pois estão relacionadas com a segunda maior paixão nacional, o carnaval. E assim, não é hora de fazer reivindicação política e muito menos social, no período do carnaval é só folia e prazer. Aliás, “é só alegria”, como diz o ditado popular. Durante o carnaval as passeatas são outras, elas consistem nos diferentes desfiles das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos nas avenidas pelo país afora, ou nos Grandes Cordões em Clubes, Praças e Ruas do Brasil, onde vão se desenvolvendo importantíssimas atividades festivas e carnavalescas, mas que não acrescentam efetivamente nada à vida das pessoas. Enfim, cobrança política não existe em tempos de carnaval.

Nessa época, nem mesmo o futebol é capaz de ser considerado algo de destaque no interesse nacional. O carnaval supera tudo e os “black blocs” estão aí para confirmar esse fato, tirando férias para se divertirem um pouco durante o carnaval. E assim, no momento presente, futebol não pode, política não pode, mas carnaval não só pode, como deve. Passeata só mesmo das agremiações carnavalescas como já foi dito e obviamente essas passeatas são regadas a muito álcool e outras drogas mais sofisticadas, mas, graças a Deus, nunca de “coquetéis molotov”. Como só se morre e se mata de prazer, costumam ser encontradas também muitas mulheres peladas e homens travestidos, além de obviamente muito samba no pé. Mas os “black blocs” continuam mascarados, apenas por hábito, mas não têm medo de que suas respectivas identidades sejam reconhecidas. É curioso, mas a máscara é uma característica marcante e comum nos carnavais e nas manifestações políticas.

Eu sinceramente não sei se o pior é o futebol ou é o carnaval para o Brasil e toda a sociedade brasileira, mas sei que ambos têm imensa capacidade massificante e que ambos fazem muito mal à política do país. De qualquer maneira, nesta semana, tudo será possível em nome da grande festa do Rei Momo. Aliás, é bom que se diga, uma festa efêmera e profana, que costuma trazer grandes prejuízos sociais, apesar da aparente alegria. Entretanto, por causa desse efêmera alegria, o carnaval sempre foi tempo de trégua e engodo para as lutas políticas.

Francisco Buarque de Holanda, o velho Chico Buarque, (o velho, porque o atual já mostrou que politicamente também é um mal caráter), já falou sobre o engodo carnavalesco no samba “Vai Passar”. Existe dois momentos da letra, particularmente interessante, no primeiro ela diz assim: “e um dia afinal, tinham direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia, que se chamava carnaval” e no segundo ela diz: “meu Deus vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar a evolução da liberdade, até o dia clarear”. Pois é, será que é isso mesmo que estamos vivenciando?

Sérgio Porto, o saudoso Stanislaw Ponte Preta, conta em seu “Samba do Crioulo Doido”, que o compositor crioulo ficou doido com tanta informação histórica e acabou trocando tudo e todos. O que chama a atenção nos inúmeros erros de fatos históricos apresentados na letra desse samba é que isso pode ser um indicativo de que a história do Brasil, talvez seja menos importante do que o carnaval e assim tanto faz os erros, o que importa é o samba e o carnaval.

É como disse o Músico Marcelo Nova, líder da Banda Camisa de Vênus, quando entrevistado pelo repórter de uma rádio de Taubaté/SP, na véspera de um show que a banda fez na cidade há alguns anos atrás. “Música aqui no Brasil é bumbo e bunda o resto não importa”. Pois é, embora o repórter estivesse se referindo à Música em geral, o Marcelo Nova respondeu que onde tem samba mulher de bunda de fora, todo o restante é insignificante. Pois então, é por isso mesmo que o Carnaval assume essa importância magnânima na massificação da população do país. Confesso que mesmo não gostando do tipo de música de Marcelo Nova e sua banda, tenho que concordar que ele tem razão.

João Bosco e Aldir Blanc também relatam a importância do futebol na letra do samba “Se meu time não fosse o campeão”, quando dizem assim: “e ele gritou gol, fiel a paixão. Salve o meu time querido do meu coração. Hoje eu só quero saber da comemoração e nem quero pensar, se meu time não fosse o campeão. Sorrindo ele me segredou, nós fazia uma revolução”. Os mesmos autores, na letra do samba “De frente para o Crime”, também citam “tá lá o corpo estendido no chão, em vez de rosto uma foto de um gol” …. “sem pressa foi cada um pro seu lado, pensando numa mulher ou num time, olhei o corpo no chão e fechei minha janela de frente pro crime”.

Bem, em suma, no carnaval tudo pode, até mesmo os Ministros do Supremo Tribunal Federal voltarem atrás, absolvendo e liberando bandidos políticos consagrados e contumazes, contrariando os interesses da opinião pública nacional e manifestando total dependência política do governo. Interessante é que sobre esse fato, estranhamente, não apareceu nenhum “black bloc” para fazer qualquer quebradeira ou mesmo alguma caminhada ou comentário crítico. Por que será?

Eu particularmente não sou nada a favor do Brasil sediar uma Copa do Mundo, mas confesso que gosto de futebol, da mesma forma que gosto de samba, mas odeio o carnaval, porque acho que o carnaval é apenas um circo a mais nesse país tumultuado, onde o povo, infelizmente, ainda vive de pão e circo. Entretanto, independentemente desse meu sentimento pessoal, acredito que agora essa discussão sobre a ocorrência da copa do mundo no Brasil é inócua e inoportuna, porque agora, lamentavelmente, Inês é morta e não há como mudar a situação.

Minha dúvida é a seguinte: por que não se brigou contra a possível vinda de uma Copa do Mundo para o Brasil, no momento em que ainda era possível impedir a sua vinda? Será que esses “manifestantes” estão mesmo contrários à Copa do Mundo? Não sei não, mas para mim, isso é só pretexto para fazer tumulto e acabar, ainda que ocasionalmente, como já aconteceu, cometendo assassinatos de pessoas que estão trabalhando durante as passeatas.

Aliás, o que é típico da esquerda festiva que só sabe “agitar a massa para fazer bolo” e infelizmente nada mais. Infelizmente os manifestantes acabam sendo rebeldes sem causa que são usados como massa de manobra de alguns grandes figurões. Pena que os efeitos colaterais produzidos por essas “manifestações”, como a morte do jornalista da Bandeirantes, não sejam punidos exemplarmente. Alguém morre no exercício de sua profissão e fica por isso mesmo, pois tem até Deputado pronto para oferecer ajuda aos criminosos. Caramba! Esse país é coisa de doido mesmo.

O Governo Brasileiro que anda muito preocupado com a situação econômica dos médicos cubanos, com auxílio aos pobres do Haiti, com a crise política na Venezuela e outras coisas que não têm nada a ver com o Brasil, talvez precisasse passar a lembrar que foi eleito para administrar o Brasil e não outros países, por mais que eles necessitem. Além disso, precisa lembrar ainda que o Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas e não apenas aqueles cerca de 60 milhões que estão sendo compradas e usadas politicamente com inúmeros tipos de “Bolsas e de Cotas de qualquer coisa”. Mais uma vez eu pergunto: porque os “black blocs” não reclamam desses fatos? Será que essas “manifestações” são apenas para desviar a atenção?

É claro que, mesmo gostando de futebol, esse custo absurdo em estádios superfaturados é uma afronta e obviamente incomoda muito a mim e a qualquer brasileiro sensato, porém os estádios construídos serão de TODOS os brasileiros e “as bolsas e as cotas qualquer coisa” são apenas para os AMIGOS e algumas outras pessoas ocasionais, para fazer de contas que a coisa é séria. Além disso, aqueles que não recebem “as bolsas e cotas qualquer coisa”, acabam pagando para aqueles que recebem. Aqui cabe lembrar que o governo, em momento algum, questionou se aqueles que pagam, gostariam de estar pagando por tudo isso. O governo apenas decidiu que ia ser assim e pronto. Esse governo, na sua artimanha política de “favorecer aos pobres”, usa o dinheiro de alguns, no interesse de outros e que se exploda o avião. Aqueles que pagam não têm nem onde reclamar desse descalabro. O pior é que os membros do governo chamam isso de Democracia.

Não sei, mas eu devo ser muito ignorante, porque eu acho uma grande incoerência um governo que se diz democrático governar promovendo Medidas Provisórias, impondo regras absurdas, arbitrárias e ilógicas de distribuição de benefícios e de renda, definindo coisas a “bel prazer” e mandando os contribuintes pagarem, através da Maior Carga de Impostos do Mundo. Pois é, e o “black blocs” não parecem estar preocupados com isso. Os problemas deles são apenas as passagens de ônibus e os estádios da Copa do Mundo. Está parecendo até que os “black blocs” não são atingidos em nada pelos outros fatos. Para eles, legal mesmo é cobrir a cara com uma máscara e quebrar o patrimônio dos outros que trabalharam para conseguir, haja vista que nenhum deles e nem quem os financia deve pagar impostos normalmente e muito menos deve ser dono de lojas ou coisa parecida.

Bem, fica aqui a questão: depois do carnaval, teremos a volta da quebradeira? Se a resposta for sim, então talvez fosse interessante prorrogar o carnaval até a copa do mundo, pois assim não haveria quebradeira até lá. E durante a copa do mundo, os estrangeiros que aqui estiverem sofrerão em igualdade com os danos produzidos pela ira dos “black blocs”? E depois da copa, o que acontecerá? Bem, vamos aguardar para ver o desfecho.

Ah! A propósito, eu ia me esquecendo. Mas, no segundo semestre desse ano de 2014, nós também teremos uma eleição nacional e logo depois da copa do mundo começa a campanha eleitoral. Ao que parece, segundo as pesquisas eleitorais prévias, a coisa não vai mudar e no fim a situação vai ficar do mesmo jeito que está aí, ou quem sabe pode até piorar. Aí eu pergunto, mais uma vez: porque os “black blocs” não aproveitam suas “manifestações” para tentar promover propostas claras de mudanças políticas profundas que possam efetivamente mudar a cara desse país? Porque, por exemplo, não trabalhar seriamente para propor a mudança desse governo que está aí?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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04 mar 2014

A População Humana também tem que seguir os Princípios Naturais de Crescimento

Apesar de toda a falácia existente sobre a questão do crescimento populacional humano, o número de seres humanos no planeta continua progressiva e perigosamente aumentando e todos os efeitos oriundos desse aumento populacional absurdo e inconsequente são cada vez maiores. Não creio que haja muita necessidade de esclarecer tecnicamente aqui o que acontece quando uma população natural cresce fora do controle. Entretanto, para não parecer aos leigos que estou inventando problemas onde eles não existem, farei um breve resumo da questão.

Toda população natural tem um potencial biótico teórico para crescer que a permitiria crescer indefinidamente, independentemente da sua taxa de mortalidade ou de emigração. Esse potencial biótico costuma ser representado por uma curva exponencial com a forma de “J”. Entretanto, esse crescimento indefinido não acontece na natureza, porque existe um conjunto de fatores, que constituem a resistência do meio (resistência ambiental), fazendo com que a curva que cresceria continuamente seja puxada para baixo, impedindo assim o seu crescimento indefinido. Essa curva é representada por uma forma sigmoide, semelhante a um “S”.

A resistência ambiental é condicionada por inúmeros fatores que podem interferir no crescimento da população como espaço físico, carência de recursos, carência de alimentos, presença de predadores e mesmo cataclismas ou grandes eventos geoclimáticos, que podem mudar a conformação do ambiente significativamente fazendo com que a população não seja capaz de resistir e subsistir. O caminho natural e único das populações naturais presentes nessas situações é a diminuição progressiva de seu tamanho e a consequente extinção. Quero ressaltar que tudo isso pode acontecer naturalmente com qualquer população de organismos vivos existentes no planeta, inclusive com a população humana. Somos organismos vivos como outros quaisquer e estamos sujeitos aos mesmos mecanismos planetários.

Assim, o crescimento real de uma população segue um padrão definido que é regulamentado pela capacidade reprodutiva do seu potencial biótico e pela resistência ambiental. Enquanto a população é pequena a resistência ambiental é pequena, mas quanto mais a população cresce maior fica a resistência. Essa situação é conhecida como capacidade de suporte do meio ou carga biológica máxima e em última análise e ela quem garante uma situação final de equilíbrio populacional. Essa situação final de equilíbrio populacional se mantém com flutuações médias em torno de um tamanho populacional ideal ao longo das gerações e desta forma as populações naturais tendem a se perpetuar no ambiente em que vivem.

É bom também lembrar que, salvo raras exceções, a maioria das populações naturais de organismos vivos não é cosmopolita. Aliás, a maioria das populações cosmopolitas hoje existentes assumiram essa condição em consequência da ação antrópica. Isto é, foi a população humana que propiciou o ir e vir de muitas espécies pelo planeta afora e que fez com que muitas dessas espécies hoje possam estar em quase todos os locais planetários. Entretanto, é preciso que fique claro que essas populações inicialmente se desenvolvem em áreas restritas, elas eram populações endêmicas que viviam em regiões com recursos naturais e espaço físico definidos.

Esse fato do endemismo primitivo precisa ser destacado, porque ele torna a resistência do meio ainda mais limitante ao crescimento populacional, haja vista que são necessárias características ambientais específicas para que as diferentes populações possam sobreviver nos diferentes ambientes. Algumas populações naturais foram capazes de desenvolver significativas possibilidades adaptativas e assim conseguiram resistir em outras regiões. Porém, essa não parece ser uma regra natural abrangente e efetiva na natureza, porque a grande maioria das populações naturais não consegue sobreviver sem essas condições ideais especiais.

No caso humano, em que pese o fato da população humana primitivamente também ser uma população natural, nossa condição endêmica foi desde o início mascarada por nossa capacidade migratória e exploratória. A espécie humana se distribuiu pelo planeta e se tornou uma espécie cosmopolita e além disso, também se tornou uma espécie capaz de criar mecanismos que podiam suplantar alguns dos limites impostos pela resistência ambiental, quando até foi capaz de modificar o meio à sua volta adequando esse ambiente ao seu próprio interesse. Não bastasse isso, a espécie humana inventou e incrementou a agricultura, a domesticação e a transformação física e química dos materiais. Além disso, ela desenvolveu a cultura e através dessa característica pode ir passando o que aprendia e conhecia através da educação e do ensinamento às gerações subsequentes. Nossa espécie criou muitas coisas e se aprimorou cada vez mais nessa capacidade quase exclusiva de se apropriar da natureza e de mudar significativamente o ambiente a sua volta.

Nesse sentido, a espécie humana é realmente muito diferente da grande maioria das demais espécies vivas. Entretanto, é necessário que fique claro, que isso não torna a espécie humana definitivamente independente do ambiente em que vive no planeta, seja esse ambiente qual for, porque tudo o que é utilizado pela população humana é necessariamente originário do planeta Terra que é finito e limitado de recursos naturais. Assim, o poder da espécie humana de modificar as coisas em seu interesse, embora real, é temporário, pois em última análise sempre há dependência do ambiente planetário como fonte de recursos, qualquer ocorre com qualquer espécie viva. A diferença efetiva é apenas o fato de que o espectro de captura e exploração da espécie humana é maior, em função de sua capacidade adaptativa maior e de sua expressiva tendência exploratória e criativa, além, obviamente, de sua condição de espécie cosmopolita assumida secundariamente e de seu próprio desenvolvimento cultural.

Ao longo do tempo, a espécie humana conseguiu fazer com que a resistência ambiental fosse mascarada e até certo ponto, suplantada pela sua capacidade criativa e modificadora. A população humana criou mecanismos adicionais que levaram a modificação dos padrões naturais de crescimento populacional, através da superação da resistência ambiental e do consequente aumento do seu potencial biótico. Assim, ao contrário de outras populações naturais, nós humanos, suplantamos um pouco os limites naturais, por conta de ações tecnológicas que modificaram as nossas possibilidades de crescimento populacional. Essas ações tecnológicas, além de reduzir as taxas de mortalidade e ampliar as taxas de natalidade, permitiram novas situações de ocupação de espaço, de produção de alimentos, de segurança e resistência as ações externas.

Enfim, a população humana, em certo sentido deixou de se enquadrar nos preceitos mínimos estabelecidos à uma população natural, pois foi capaz de adequar quase tudo ao seu interesse imediato e assim pode continuar crescendo de maneira aleatória, porque a maioria dos fatores limitantes estava aparentemente sob o seu controle. Nesse quadro, chegamos a 6 bilhões de habitantes no ano 2000, já passamos de 7 bilhões em 2012 e não sabemos onde vamos parar. Várias pesquisas existem sobre essa questão e os melhores cenários apontam para uma possível estabilização e um “equilíbrio natural” que se dará em torno dos 10 bilhões da habitantes. Na verdade, os cenários variam entre 9 a 12 bilhões. Mas, a que custas ambientais, sociais e econômicas vamos conseguir atingir essa pretensa estabilização?

Hoje quase ¼ da população humana já está vivendo na mais total miséria. Doenças degenerativas oriundas principalmente de maus hábitos alimentares, como o câncer nos diferentes órgãos digestivos, têm matado muita gente. Doenças respiratórias, oriundas de poluição atmosférica têm produzido outro enorme contingente de vítimas. Os ecossistemas naturais desaparecem e são degradados continuamente, por falsos interesses florestais, industriais e minerários. As cidades “incham” de indivíduos, prédios, carros, resíduos e não têm mais como permitir o transitar normal das pessoas e a assim, a violência urbana e mobilidade urbana viraram grandes problemas sociais em consequência da carência de espaço. O consumismo exacerbado e a falta de critério no uso dos recursos naturais, torna cada vez mais difícil e caro o custo de vida.

Em suma, o caos é total. Nada disso parece estar preocupando a população humana que não para de crescer e de aumentar as necessidades de recursos naturais. Será que teremos que produzir mais transgênicos; desmatar maia áreas naturais; utilizar mais agrotóxicos; destruir mais solos férteis; poluir e contaminar mais água, solo e ar; produzir mais resíduo sólido orgânico; gerar mais resíduo químico industrial; extinguir mais espécies vivas degradando ambientes naturais?

Nos últimos anos tem sido observado o aumento progressivo da temperatura planetária, originário principalmente das ações antrópicas, em consequência da produção e liberação excessiva de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O Aquecimento Global é um fato comprovado e o homem é o principal culpado desse fenômeno, embora muitos ainda insistam em não querer acreditar, esse é um efeito real e cada vez mais evidente das ações antrópicas no planeta. Por outro lado, também têm acontecido eventos geoclimáticos extremos com maior frequência e cada vez mais violentos, os quais também resultam das atividades antrópicas planetárias.

Ora, parece que a resistência ambiental finalmente está mostrando as suas garras e a população humana, como qualquer outra no planeta se evidencia incapaz de resistir e não está conseguindo vencer a natureza. Nós humanos, apesar das aparências e de nossa arrogância e egoísmo, nós não somos “super seres biológicos”, somos iguais a qualquer espécie viva existente no planeta. Nossa população também se comporta como qualquer outra e precisamos estar em acordo com as regras naturais de ocupação do espaço planetário, de limite da utilização dos recursos naturais e de tamanho efetivo da população.

Baseado nisso, precisamos estabelecer rapidamente um padrão de controle populacional planetário que seja compatível com os interesses naturais, pois todas as ações humanas decorrem da necessidade cada vez maior em função da população que não para de crescer e, o que é pior, cresce descontrolada e aleatoriamente. A espécie humana já superou os limites naturalmente estabelecidos e agora só existem duas alternativas possíveis à nossa sobrevivência: ou mudamos os nossos hábitos e tratamos o ambiente em que vivemos como algo efetivamente importante e, para tanto, é necessário começar a diminuir nossa pegada ecológica, o que só poderá acontecer, minimizando progressivamente o crescimento da população humana ou então continuamos a seguir o caminho errado em que investimos historicamente e que lavará certa e rapidamente em direção à extinção anunciada e prematura de nossa espécie.

A escolha é nossa. Agora não se trata mais de discutir picuinhas. Os fatos estão aí para quem quiser ver. A realidade à nossa volta fala por si. A questão é de vida (continuidade) ou morte (extinção) da espécie humana.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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17 fev 2014

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro

No passado as fantasias dos foliões nos grandes desfiles das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos e até mesmo as fantasias que concorriam nos grandes Concursos de Fantasias se utilizavam de muitos materiais retirados diretamente da natureza, tanto de origem inorgânica (mineral), quanto de origem orgânica (animal ou vegetal). Entretanto, a partir do início da década de 1980, o pensamento ecológico ganhou força no cenário nacional e mesmo o carnaval teve que ser repensado para que pudesse passar a ser “ecologicamente correto”. Desta maneira, vários produtos sintéticos começaram a ser desenvolvidos e a natureza também passou, progressivamente, a ser mais respeitada pela nossa festa maior. A utilização de material natural só não está totalmente extinta nos desfiles, por conta de ínfimos detalhes, os quais não representam nada de significante no todo.

Nos últimos 30 anos não se mata mais animal ou planta e nem se explora essa ou aquela pedra mineral para fazer fantasias para desfiles. Por outro lado, os grandes Concursos de fantasias também se extinguiram e o material que hoje é utilizado nas fantasias, ou é sintético e produzido especificamente para aquele fim ou é e reaproveitado de fantasias anteriores. Além disso, praticamente todo o material utilizado compõe-se de material que pode ser reciclado. Aquilo que acaba não podendo ser reaproveitado em fantasias nos anos seguintes é transformado através de diferentes ações de reciclagem, mas não se destrói mais a natureza e nem se produz mais resíduo como antes. As próprias entidades desenvolveram mecanismos, através de cooperativas par vender ou mesmo trocar os diferentes materiais de acordo com suas necessidades.

O custo operacional das fantasias hoje continua sendo caro, porém só atinge o bolso do folião ou da agremiação e não causa nenhum mal à natureza e assim não afeta a qualidade de vida de nenhum ecossistema natural e nem traz nenhum dano direto ao planeta. Hoje Carnaval e a natureza conseguem trafegar na mesma cadência e através de práticas ambientalmente e socialmente sustentáveis têm produzido um brilho, talvez até mais interessante para os interesses da festa popular e mesmo para os holofotes das televisões pelo mundo afora.

A Ecologia e o Carnaval Brasileiro – Guaratinguetá, 17 de fevereiro de 2014

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04 dez 2013

Ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável e interessante

Os padrões atuais de desenvolvimento estão altamente carregados de sustentabilidade, pelo menos na sua essência teórica e partem do pressuposto que a frase que intitula esse artigo seja uma premissa para todos os projetos que possam ser mentalizados e produzidos. Entretanto, será isso uma verdade? Será que a sustentabilidade pensada, preconizada e necessária está sendo praticada na íntegra?

Creio que não, pois normalmente não costuma haver comprometimento total da noção norteadora de sustentabilidade ao longo do andamento de todo o projeto, independente da área de atividade onde ele esteja inserido. O que acontece é que geralmente, no decorrer do processo, as coisas vão mudando e se travestindo gradativamente, o que acaba por mascarar a sustentabilidade prevista e assim a velha noção de progresso e de crescimento a qualquer custo infelizmente continua, ainda que indiretamente, imperando e comandando as ações. Por conta disso é que têm ocorrido inúmeros fracassos econômicos, sociais e principalmente ambientais em projetos intencional e primitivamente ditos sustentáveis.

Vejam bem, a consequência natural de tentar corrigir o fracasso, quanto à sustentabilidade do projeto, acaba produzindo malefícios piores e quem mais sofre com esse fato é o meio ambiente. Somos seres humanos e nos defendemos muito mais social e economicamente do que ambientalmente. Lamentavelmente, os nossos diferentes padrões culturais têm alguns aspectos comuns e a priorização socioeconômica em detrimento do meio ambiente é um desses aspectos. Independente de nossa Cultura original, nós temos sido histórica e generalizadamente levados a entender que o ambiente não é algo que tenha grande importância.

Em outras palavras, o que estou querendo dizer é que, embora a noção de sustentabilidade não seja em si mesma uma utopia, haja vista que é possível produzir bons projetos sustentáveis, essa noção, em certo sentido, é contra as culturas estabelecidas na humanidade, porque tenta priorizar algo que não estamos culturalmente preparados para dar a devida importância. Assim, a noção de sustentabilidade acaba sendo uma falácia, porque na prática o que continua valendo primeiramente é o interesse econômico, depois o social e por último fica o interesse ambiental, o qual deveria ser primário. Isto é, o meio ambiente está sempre sendo relegado para o terceiro plano em importância, quando na verdade deveria ser o primeiro.

Mas, como sanar essa deficiência sociológica e cultural da humanidade, tentando priorizar as questões ambientais em detrimento dos interesses da Economia? Como demonstrar que a sociedade e o planeta só ganharão com a priorização ambiental?

Aparentemente, em função do que já foi dito, essas questões propostas não têm respostas possíveis e definitivas, que produzam modificações positivas para o meio ambiente, no cotidiano da maioria das pessoas nas sociedades humanas, haja vista que elas estão culturalmente programadas exatamente para o contrário. Entretanto, essas respostas precisam existir e necessitam ser postas em prática para garantir a sustentabilidade e, em última análise, a manutenção da vida humana sobre a superfície do planeta.

Tenho observado em várias oportunidades que ainda não há consenso entre a maioria das pessoas, mesmo aquelas preocupadas com o meio ambiente, sobre a importância das questões ambientais para a humanidade. Eu já ouvi, mesmo de alguns ambientalistas a seguinte questão: como o sujeito vai se preocupar, por exemplo, com o desmatamento das florestas, se ele não tem o que comer?

Aliás, não é só isso. Na verdade, ainda não há percepção de que as questões sociais cotidianas foram antes questões ambientais pontuais não cuidadas ou mal cuidadas. Problemas sociais são consequência de problemas ambientais. Pouca gente percebe, por exemplo, que falta de moradia é consequência de falta de espaço, que violência urbana é consequência de falta de alimento e de espaço, que a falta de critério político-administrativo é o que produz falta de saneamento básico e as doenças que advém disso.

Comer bem envolve em plantar bem, produzir bem, cozinhar bem. O problema é que parece que as pessoas esqueceram que têm que plantar para comer, pois a comida que comem vem do supermercado. Esqueceram da natureza. Na prática, hoje se entende apenas que alguns plantam para ganhar dinheiro e se esquece que plantar é fundamental para produzir alimento e poder comer, que é uma das necessidades biológicas (natural, ambiental) vitais. Estar socialmente bem é consequência de estar ambientalmente bem, ou seja, num ambiente ecologicamente equilibrado e compatível com a vida. Não entendo como é possível se pensar diferente. Assim, temos que pensar no meio ambiente prioritariamente.

Quer dizer, a sustentabilidade só existe se tivermos o meio ambiente na sua base e só há uma maneira de conseguirmos isso: temos que mudar o paradigma e criar uma nova Filosofia que possa discutir e introduzir a Educação Ambiental maciçamente nas diferentes sociedades humanas e produza um novo modelo de comportamento na humanidade. Precisamos acabar com essa coisa de que pequenos projetos podem resolver grandes questões. Infelizmente, não temos mais tempo para isso. Temos que partir para o grande projeto de mudança comportamental do homem atual, para produzirmos um homem do futuro consciente e já programado para priorizar as questões ambientais antes das demais. Precisamos de uma nova Cultura que privilegie o meio ambiente. Aliás, se isso efetivamente vier a acontecer, todas as questões sociais, ao longo do tempo, deixarão de existir, porque estaremos resolvendo todos os problemas da humanidade.

Partamos, pois, para discutir e efetivar esse nosso projeto de Educação Ambiental planetário, para todos os humanos e para bem de todos os demais habitantes do planeta. Que fique claro, de uma vez por todas, que a Educação Ambiental tem que ser definida e ensinada conceitualmente, para que possa ser entendida, vivenciada e produza modificações comportamentais efetivas e perenes na humanidade. O empirismo aplicado a projetos não justifica outras questões conceituais importantes e infelizmente, ainda cria modismos sem entendimento das reais necessidades planetárias.

Portanto, quero esclarecer que não estou aqui me referindo, por exemplo, a nenhuma orientação sobre um simples projeto envolvendo a reciclagem de resíduos, estou sim pensando em trabalhar conceitual e comportamentalmente para que a humanidade procure produzir mecanismos que não possibilitem a geração de mais nenhum resíduo. Por mais absurdo que isso possa parecer, essa deve ser uma meta. A reciclagem de resíduos é um pequeno detalhe que acontece em alguns locais, mas nós temos que pensar no todo planetário. Não quero apagar incêndios, quero acabar com a possibilidade de ocorrência deles.

Não devemos mais nos envolver apenas com pequenas experiências locais, temos sim, que mudar a forma de pensar do homem para que todos os humanos possam agir dentro de premissas ambientalmente corretas. Não há mais tempo para resolvermos apenas algumas questões locais, precisamos pensar e solucionar as questões planetárias. Cuidar do planeta deve ser entendido, por toda a humanidade, como algo tão vital quanto à necessidade de comer ou de respirar.

Temos que sair do paliativo e adentrar na construção de uma sociedade embasada filosoficamente na importância do planeta e de tudo que nele existe, inclusive nós. Porém, não devemos nos sentir como “seres superiores”, pois esse foi, historicamente, o grande erro cometido pela humanidade ao longo dos tempos. Isto é, nós humanos fomos levados culturalmente a acreditar que somos as coisas mais importantes que existem no planeta e assim nos assumimos como “Os Verdadeiros Donos da Terra”. A espécie humana não é dona de nada, além de seu próprio destino, que é o mesmo das demais espécies, ou seja, a extinção, que pode ser tardia ou prematura.

Nossa espécie é apenas uma pequena parte do planeta como tantas outras e deve respeitar a demais partes para garantir uma maior longevidade de sua existência na Terra. A única coisa que devemos obrigatoriamente ter é uma responsabilidade maior que as demais formas vivas, haja vista que aparentemente somos a única espécie que tem consciência de sua existência. Essa é a grande verdade que precisa estar clara na mente de todos os humanos do futuro.

Assim, quero concluir afirmando que a sustentabilidade, além de ser uma necessidade planetária e uma obrigação da humanidade. Entretanto, ainda temos que nos preparar mais seriamente para ela, priorizando o meio ambiente em relação aos demais interesses. Temos que sair da falácia e entrar na realidade, pois o tempo urge. Doa a quem doer, mas projetos não sustentáveis não podem mais ser pensados e muito menos operados e produzidos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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03 dez 2013

Um pouco sobre Educação

Bem todos aqui presentes sabem que não sou lá muito bom para fazer piadas, até porque gosto de um tipo de piadas que a maioria das pessoas não entende e assim elas acabam não achando nada engraçadas as minhas piadas. Entretanto, dessa vez, fiquei um pouco mais animado porque me pediram para vir até aqui neste evento para falar um pouco sobre Educação e ainda que eu também não entenda quase nada desse assunto, apesar dos mais de 37 anos de exercício do magistério, gostei da ideia de discorrer sobre o tema, porque esse é um assunto interessante e extremamente engraçado, pelo menos aqui no Brasil.

Nessa área já aconteceu de tudo, desde a existência de Presidente Semianalfabeto, com título de Doutor Honoris Causa, passando por um Ministro da Educação que comprou Diploma de Mestrado para tentar enganar o Congresso e a População Brasileira, até chegar a uma ex-terrorista de origem Búlgara, que por não conhecer nada da língua portuguesa vive insistindo em ser chamada de Presidenta da República. Em suma, Educação no Brasil é realmente algo que começa a inexistir, desde os altos poderes e faz a gente rir muito, por conta da picaretagem dos personagens poderosos.

Bem, mas, e nós aqui o que temos com isso?

Com tantas situações inusitadas na administração pública do país no que se refere a Educação dos nossos administradores, nós não poderíamos esperar assunto mais interessante para ser comentado e nesse sentido, penso que também posso dar os meus palpites, até porque eu talvez seja o sujeito mais burro que conheço. Digo isso, porque quase todas as pessoas que conheci entraram e saíram da escola, mas eu sou tão burro que que só entrei e até hoje, aos 57 anos de idade, ainda não consegui sair. E pelo jeito, só vou mesmo conseguir sair da Escola, quando estiver indo direto para o Cemitério. O pior é que de lá, do Cemitério, certamente eu não vou sair mesmo. Quer dizer, chegarei ao Cemitério com vasta experiência em Educação, mas que não terá me servido para nada, porque enfim a única coisa que, talvez terei conseguido, seja morrer educadamente.

Tem um ditado que diz: “educar é preparar para vida”, mas no meu caso específico “educar só parece ter me preparado para levar à morte”, haja vista que vou morrer na Educação. A única vantagem disso é talvez eu venha a ser um morto bem educado e depois de morto, efetivamente não falarei mais mal de ninguém.

Bem, mas vamos deixar a minha morte de lado e voltar ao assunto, a EDUCAÇÃO.

O termo EDUCAR vem do latim e no passado queria dizer “conduzir para fora”, no sentido de mostrar o mundo exterior ao educando ou aluno. Hoje o termo está mais para conduzir mesmo o aluno para fora da escola, haja vista o alto grau de evasão escolar, em consequência das diversas desistências e abandonos. Por outro lado, já que vivemos na era das máquinas e do lazer, alguns alunos preferem entender que EDUCAR é o nome de uma loja de carros cujo proprietário tem o nome de Eduardo e daí a loja ser conhecida como “EDU-CAR”. Outros alunos ainda vão mais além, porque como o Eduardo, o dono da loja, vive fazendo caça submarina de pequenos tubarões, dizem que ele pratica “EDU-CAÇÃO”.

Uma das dimensões da Educação é o ENSINO, palavra que na verdade é uma sigla que significa: “Eu Não Sei Isso, Nem Ouso”. O Ensino é consequência de ENSINAR, ou seja “Em si, no ar”, já que o aluno vai à escola para ser ensinado e continua sem saber absolutamente nada, ou seja, ele continua “no ar”.

Para ensinar existe a lendária figura do Professor, aquele que leva o conhecimento e a clareza. Aliás, a ideia contida na palavra PROFESSOR, tem variado muito ao longo do tempo e lamentavelmente tem diminuído bastante de crédito e de tamanho. No tamanho vejam o que aconteceu: o Professor foi “Catedrático”, foi “Professor”, foi “Mestre”, foi “Fessor”, foi “Prof”, foi “Prô”, foi “Sôr”, foi “Sô” e agora é apenas “P”. Como eu disse está diminuindo, porém chato mesmo acabou ficando para as filhos das Professoras que agora são conhecidas como “filhos da P”, o que há de se convir, não soa lá muito bem.

Quanto ao crédito, o Professor, que sempre teve salário baixo, mas sempre teve crédito, agora nem salário o infeliz tem mais. O Holerite do professor possui vários apelidos interessantes. Por exemplo: “Ejaculação Precoce”, porque acaba rapidinho para os homens e “Menstruação” porque nunca dura mais que três dias para as mulheres. Na verdade o Holerite acaba sendo a “declaração de pobreza” do professor. O crédito do professor, mudou de coluna e se transformou em débito. Desacreditado, debilitado e descreditado, o único banco onde você ainda é capaz de encontrar o Professor é sentado no “banco da praça”, mas mesmo assim isso é muito raro, porque já existem praças em que não estão deixando qualquer um sentar nos bancos. Tem mendigo mais feliz do que Professor, porque os mendigos ainda podem, pelo menos, sentar e dormir nos bancos das praças.

O Professor ensina ao aluno, aquele sujeito que deveria ir à escola para aprender, o apedeuta à busca de clareza e conhecimento. Pois então, o aluno é o outro lado do processo educacional. Primitivamente o termo ALUNO fazia referência àquele indivíduo jovem e ainda “sem luz”, que iria até a escola para receber a clareza e a orientação daquele que lhe professaria palavras que lhe forneceria essa luz, o Mestre. Bonito isso, não é? Mas, entender esse negócio era tão complicado, que parece que faltou energia, a luz sumiu e não se faz clareza nenhuma.

Hoje, o aluno é o sujeito que vai à escola somente para fazer algazarra e bagunça, inclusive apagando mesmo a luz, causando “blackouts” em grupos afinadíssimos em uníssono. Assim o termo ALUNO pode ser entendido hoje como “ALL-UNO”, do tipo: “um por todos e todos por um”, como no velho slogan dos Três Mosqueteiros. O Mestre, por sua vez, é aquele sujeito que atribui nota a algazarra do aluno e a escuridão da escola. Como a nota é dada a cada dois meses, ela é conhecida como NOTA BIMESTRAL, ou seja a nota dada pelo Mestre a cada dois meses.

Outro aspecto muito interessante na Educação é o famoso Livro Didático. O Livro Didático é aquele objeto que deveria ter a função de fazer o aluno estudar. Entretanto, o tiro saiu pela culatra e esse tipo de Livro desobrigou o aluno de escrever, pois com esse material o aluno só precisaria passar a ler. Por outro lado, como o livro é ilustrado, cheio de figuras, (mesmo não sendo lá uma figura muito ilustre), o aluno que já não escrevia, passou também a não ler, porque agora ele pode simplesmente apenas passar a ver figuras. Um certo aluno me confidenciou o seguinte: “Genial esse tal de Livro Didático, tem uma imagens interessantes. Caramba! porque vocês demoraram tanto para inventar esse negócio?”.

Mas o Livro Didático não é tão maravilha assim, folhear páginas vendo figuras, para lá e para cá, criou um problema sério em alguns alunos que desenvolveram LER. Não, não, por favor não confundam. Eles não passaram a desenvolver a Leitura, eles apenas adquiriram LESÃO DE ESFORÇO REPETITIVO – LER, nos dedos das mãos. Entretanto, muitos têm achado excelente, porque agora, por ordens médicas, eles são obrigados a ficar cada vez mais longe dos livros e não têm que ler absolutamente mais nada. O Livro Didático também é conhecido como Livro de Texto e sobre esse aspecto ele apresenta outra peculiaridade interessante, porque como diz o nome Livro de Texto, o aluno aproveita e também diz eu “detesto” esse tipo de livro, aliás, assim como “detesto” qualquer outro livro ou coisa que eu tenha que ler.

Outra dimensão importantíssima da Educação é a avaliação, mas atualmente ela está mais para “avariação”, pois o que se avalia na escola hoje é a incapacidade de educar, a qual é cada vez maior. Não se mede aquilo que é melhor, mas sim o que é menos pior. O nível educacional já virou subnível e falta pouco para sair do prumo e entrar totalmente em desnível. Quer dizer, está mesmo uma “avariação”. Nosso recorde mais honroso na educação é estar sempre entre os piores, ajudando a segurar a lanterna, em todas as avaliações internacionais e dizem que estamos melhorando muito. Basta ver os resultados dos PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – sigla em inglês) para ver as sucessivas PISADAS que temos tomado por ficar sempre embaixo dos outros. Caramba! No que tange à Educação, nós somos sensacionais. Nós somos mesmo danados ou será que deveria dizer danosos (avariados)?

A Escola que já foi uma importante instituição social, onde os atores (Professores e Alunos) trabalhavam pela Educação, agora é um ponto de encontro onde professores e alunos se encontram, algumas vezes por semana, para discutir futilidades e ampliar o relacionamento social e o grau de conhecimento sobre a DIVA (Departamento de Informações da Vida Alheia) e outras coisas desimportantes. Na verdade, em geral, a escola virou um enorme teatrão onde os professores são artistas a fingir que ensinam e os alunos são artistas a fingir que aprendem. Ainda que seja triste afirmar: “a Educação é a maior piada desse país”.

No passado a escola era conhecida como COLÉGIO, que primitivamente trazia a idéia de reunir, talvez reunir para colar (Cola – légio: “a Cola diabóloca ou o Centro da Cola”). No Colégio os alunos colavam e assim tinham aprovação. Hoje a coisa mudou, agora os alunos não precisam mais colar, porque serão aprovados de qualquer maneira, haja vista que a aprovação é automática e por isso o nome mudou e agora o antigo Colégio denomina-se ESCOLA (Ex – Cola) e assim, por convencimento, estamos extinguindo também a cola nas ex-colas.

Antigamente, qualquer aluno, bom ou mal, tinha pelo menos que ler, porque quando o Professor lhe perguntava: menino você leu o a assunto? Ele respondia: “LI-CEU fulano”. Mas, hoje isso mudou e mudou muito, pois os alunos e talvez muitos dos professores nem saibam o que é o Liceu de Aristóteles. Aliás, na Grécia Antiga também tinha a Academia de Platão, mas hoje os alunos só pensam na Academia de Ginástica e na musculação e pensam que ele é derivada do ideia de um filósofo grego que ficou muito forte fisicamente, porque comia muito e por isso mesmo ficou conhecido como “platão”. Nas Academias de hoje, o “platão” foi substituído pelos suplementos alimentares, isto é, as bombas que os alunos ingerem inadvertida e descontroladamente, para ganhar massa física. Pois é, antigamente a Academia era na Grécia, mas hoje, embora a Academia possa ser em qualquer lugar, ela continua sendo um programa de grego.

Hoje com a INTERNET, se o professor perguntar se o aluno leu alguma coisa ele responderá mais ou menos assim: “então mano prof, sabe como é, né? As mina pira e aí não dá para ficar, tipo, lendo… é melhor fazer um “curso”, quer dizer, é só pegar o “mouse”, tá sabendo, o “mouse”, e clicar com o cursor e fazer um curso no dicionário do Google. Pô, cara, é muito “manero”, já tá tudo lá. Então, porque eu vou ler, quando precisar eu pego e aí, sabe como é, né? As mina pira e é nós na fita. Em suma, o Computador é a Igreja, a Internet é Jesus Cristo, o Google é o próprio Deus, enquanto a escola, o professor, a leitura, o idioma e o país, que se …. Bem, deixa para lá.

Essa mania de eletrônicos também criou outra situação bastante interessante nas Escolas, que estão cada vez mais parecidas a grandes centros aeroespaciais. Digo isso, porque os alunos de hoje, mais parecem astronautas do que estudantes, pois eles não só estão ligados como estão efetivamente cheios de fios, cabos e antenas. Os estudantes se associaram tão intimamente com Smartphones, Ipods, Ipeds, Tablets, Laptops e outros produtos estranhos, alucinantes, coloridos e barulhentos, que parecem ter se transformado em verdadeiros “voyagers do futuro” e os professores, ainda que aparentemente sejam normais, na verdade são insignes “dinossauros arcaicos”. Desta maneira, enquanto os alunos seguem na escuridão, embora na velocidade da luz, os professores seguem luminosamente, esperando o dia em que o grande meteoro trará o clarão que extinguirá a todos.

Em suma, a Educação é uma coisa legal, desde que não haja regras e nem professores. A Escola é algo melhor ainda, desde que não seja diária e nem obrigatória. O Ensino é algo fantástico, desde que seja daquilo que a televisão e a mídia mandam fazer. O Professor é um bom sujeito, o que não quer dizer que seja um sujeito bom e obviamente que ele está sujeito às intempéries. Mas, o aluno…. Ah! O aluno. O aluno é o cara! O cara de pau, que tem que passar óleo de peroba na cara todo dia para evitar a proliferação de cupim. O pior é que a Educação deveria ser para ele, mas parece que nem ele e nem o governo ainda não se tocaram desse fato.

Enfim, eu pergunto: isso é ou não é muito engraçado? Ou será muito triste?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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31 out 2013

A Insistência no Petróleo e a Degradação Ambiental

A questão da dependência energética circula e se agrava cada vez mais pelos diferentes países que querem “crescer” (entenda gastar energia) progressiva e eternamente. Várias maneiras de adquirir energia já foram desenvolvidas, desde a queima direta da madeira, o carvão mineral, os mais diversos tipos de óleos vegetais e animais, o petróleo e todos os seus derivados, o sol, o vento, as correntes as marés e até mesmo o lixo. Enfim, já foram identificadas e desenvolvidas várias fontes e inúmeros mecanismos para a obtenção de energia.

Alguns desses mecanismos são totalmente avessos aos interesses ambientais e outros são alentadora e paradoxalmente benéficos ao meio ambiente. Pois então, em época de crise ambiental, era de se esperar que os seres humanos dentro de sua racionalidade dessem preferência e prioridade aos mecanismos de obtenção de energia que fossem favoráveis ao meio ambiente e vários países do mundo, mesmo os mais conservadores, estão trabalhando abertamente nesse sentido.

 Aqui no Brasil, como sempre, insistimos em andar na contramão da história e preferimos dar ênfase as práticas mais danosas ao meio ambiente. Além de nossa matriz energética ser altamente diversificada, pois exploramos energia de inúmeras fontes, nós quase sempre damos preferência aos projetos absurdos, como termelétricas onde não há fontes de material para queimar ou em áreas de interesse de empresas multinacionais, hidrelétricas em áreas planas de grandes florestas vivas e nucleares em áreas altamente populosas. Pois é, continuamos reinventando absurdos e, o que é pior, criando situações perigosas.

No momento presente, estamos enfeitiçados pela possibilidade de retirar o petróleo de camadas profundas e estamos achando que explorar o petróleo da camada do pré-sal para produzir energia é o melhor negócio na área energética, quando, na verdade, todos nós, inclusive o próprio governo brasileiro, sabemos que isso não é verdade. O petróleo do pré-sal é uma grande ilusão que certamente trará outras complicações operatórias, tecnológicas e econômicas, além das mais sérias ambientais.

O Brasil é um país tropical, com sol presente quase 365 dias por ano e que possui um litoral com mais de 8.500 Km de extensão, onde o vento sopra sem parar e não exploramos diretamente esse potencial de energia solar e eólica que possuímos. Entretanto, isso não parece ser suficiente e nem é o mais inacreditável de tudo.  O mais interessante é que oferecemos a capacidade de exploração dessa energia a outros países, através de alguns grupos internacionais, os quais obviamente vão se interessar porque vão destruir e degradar outros áreas e espaços físicos em terras alheias. Degradar os ambientes exóticos sempre é melhor do que os nossos.

O pior é que tem brasileiro achando que isso é bom, pois nos trará a tão sonhada independência energética e econômica. Ledo engano! Na verdade estamos voltando a ser colônia, porque estamos cada vez mais presos a uma eterna dependência monetária e financeira de outros países mais ricos. Fomos colônia efetiva por 322 anos, por imposição do colonizador. Hoje estamos voltando a ser colônia por opção exclusiva de nossos governantes. Quer dizer, voltamos a ser colônia por prazer, haja vista que somos nós mesmos que escolhemos os representantes. Estranho esse nosso comportamento, não é?

O recém aprovado pregão do Campo de Libra do pré-sal, que certamente está abrindo um caminho perigosíssimo para novos absurdos do mesmo tipo, comprova o que disse no parágrafo anterior e nos leva a condição de colônia de países mais ricos, em pleno século XXI. O Brasil, que já é a sexta ou sétima economia do mundo, agora está de volta a mesma condição de colônia que teve no passado. Será que precisamos mesmo nos vender para outras economias?

Creio que a resposta a questão do parágrafo anterior é “obviamente não”. Mas essa é apenas mais uma das muitas falcatruas desse governo incapaz que está “administrando” o Brasil. Um governo que negocia tudo o que pode e o que não pode, empobrecendo cada vez mais a nação brasileira e que engana a população com nefastos engodos sociais e, o que é pior, também está destruindo os ambientes naturais brasileiros sem nenhuma necessidade. Por que essa turma não investe em tentar produzir mais energia solar e eólica? Eu me atrevo a dizer que é simplesmente por conta da possibilidade de ser um bom negócio e de dar certo, porque aí eles poderiam deixar de ganhar mais algum dinheiro no caixa 2.

A preferência histórica do governo brasileiro, já faz muitos anos, tem sido viver a reboque de empresas multinacionais do petróleo. No passado, quando fizemos a opção errada por investir no petróleo, de acordo com os interesses externos, ainda que eu não concordasse, conseguia entender a necessidade do capital estrangeiro, haja vista que precisávamos crescer economicamente. Mas, hoje, na condição econômica que já assumimos no cenário internacional, a qual nos coloca entre os 10 países mais ricos do mundo, por que temos que vender a alma para explorar o petróleo? Aliás, cabe ressaltar, que é petróleo da camada do pré-sal, o qual, além de não dever ser explorado, pertence ao povo brasileiro e se tivesse mesmo que ser explorado, não precisaria ser dividido com ninguém.

Quando nos referimos ao petróleo da camada de Pré-sal, em primeiro lugar, sempre é importante lembrar, que por várias questões nós não precisamos e nem devemos explorar por conta dos riscos ambientais e em segundo lugar devemos também lembrar que a Petrobrás tem tecnologia suficiente e todo o “no hall” na área de petróleo sob águas profundas, pois certamente está entre as melhores empresas do mundo nesse tipo de empreendimento. Então, por que precisamos pagar alguém para explorar o que é nosso e para fazer aquilo que sabemos fazer muito bem?

Eu devo ser realmente muito ignorante, mas me recuso a acreditar, entender e muito menos aceitar esse paradoxo.

Enquanto o mundo clama por sustentabilidade, por minimizar danos ambientais, nós, aqui no Brasil, por conta de dirigentes incapazes ou mal-intencionados, seguimos na contramão da história. Exploramos o que não devemos e pagamos a gringos para degradar o nosso ambiente. O governo brasileiro acaba de propor a nação brasileira um “contrato caracu”, no qual o governo entra com a cara e o povo brasileiro entra com o resto. Caramba! Esses caras estão brincando com o povo, estão vendendo o Brasil e ninguém fala nada e ninguém vê. Ou melhor, todo mundo vê, mas não há como impedir, haja vista que esse “governo democrático” controla tudo, desde a imprensa até a justiça e infelizmente até mesmo a opinião pública que, segundo as pesquisas eleitorais, continuará votando na sua manutenção.

Não sei, mas me parece que o Brasil está mesmo num mato sem cachorro e o meio ambiente brasileiro está fadado a total destruição depois da recente aprovação do Novo Código Florestal e agora com a aprovação da exploração petrolífera da Camada do pré-sal por um grupo multinacional, a farra está quase completa. Mas, aguardem porque ainda não acabou, pois certamente ainda vem por aí, mais uma vez, a tentativa do desarmamento da população e está chegando também o Novo Código de Mineração para tomarem conta de tudo e acabarem de vez com o Brasil.

Pois é, e dizem que Deus é brasileiro e pelo que estou vendo, além de brasileiro, Deus também é militante ativo do PT, porque com todas as safadezas e picaretagens, nada acontece em contrário aos interesses dos poderosos petistas. Nação brasileira, vamos acordar o Brasil.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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29 out 2013

É preciso reagir à Crise Ambiental Global

O mundo se arrasta numa crise ambiental sem precedência e ao que parece também sem limites, ou com limites drásticos à existência da espécie humana sobre a superfície do planeta, mormente depois da publicação e divulgação do 5° relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que confirmou o agravamento do Aquecimento Global. Por outro lado, a humanidade continua seguindo passiva na sua emblemática e infeliz missão de retirar e consumir recursos naturais, além de jogar cada vez mais CO2 (Gás Carbônico) na atmosfera e liberar resíduos tóxicos no ar, na água e no solo do planeta.

É incrível, mas nada muda nos planos dos governos e muito menos na filosofia e nas ações comportamentais das diferentes pessoas pelo planeta afora. O fim do mundo e da civilização humana atual parece ser realmente um mecanismo natural, bíblico e messiânico, para o qual toda a humanidade semelhante à ovelhas num rebanho uniforme e conformado está seguindo compulsória e mansamente. A realidade a nossa volta é bastante assustadora, mas nós continuamos agindo como se nada de importante estivesse acontecendo.

Quando vamos acordar para a realidade?

Nossa história planetária registra inúmeros momentos de tensão e medo coletivo em várias situações e em diferentes civilizações e momentos. Entretanto, o momento atual que certamente é o mais crítico e perigoso que a humanidade já enfrentou, porque o risco agora é global e não apenas localizado, não parece oferecer nenhuma preocupação adicional a grande maioria dos seres humanos, principalmente àqueles humanos detentores de poder político e administrativo. Embora não haja carência de líderes, lamentavelmente parece haver grande carência de liderança efetiva no mundo engajada na questão ambiental e por isso mesmo a humanidade segue alienadamente contemplando a desgraça e investindo cada vez mais na degradação do planeta e na miserabilidade dos seres humanos.

Por que somos tão resistentes e insensíveis em relação a crise ambiental?

Estamos efetivamente tão enfeitiçados pela propaganda que perdemos as nossas identidades, nosso altruísmo e principalmente o nosso brio e a nossa capacidade de nos rebelarmos e de lutarmos para garantir um mundo melhor para nós e principalmente para os que ainda virão. (Se é que eles ainda virão mesmo.) Somos complacentes, condescendentes e vivemos como crianças num parque de diversões, apenas preocupados em contemplar, consumir e nos divertir. O pior é que não existe nenhuma tentativa de mudança ou de controle dessa condição de indiferença, apesar da natureza estar constantemente nos avisando, através de mecanismos catastróficos inusitados e cada vez mais violentos.

Onde foi parar a nossa capacidade de percepção dos problemas?

Vejam bem que existem três grandes questões pendentes a serem respondidas nessa pequena argumentação acima e nós precisamos responder clara e efetivamente a elas. Vou tentar manifestar minha opinião a esse respeito e dar alguns palpites, os quais talvez possam facilitar as ações e os mecanismos que viabilizem possíveis soluções para os problemas ou que, pelo menos, permitam orientar um pouco melhor as pessoas sobre o que acontece para que elas possam estabelecer suas próprias maneiras de tentar propor ou mesmo de estabelecer ações mitigadoras e controladoras ou até preventivas sobre determinados aspectos.

Sobre a primeira questão, eu penso que não vamos efetivamente acordar enquanto não houver uma ação coletiva que envolva a toda a sociedade, enquanto pensarmos como segmentos isolados que têm interesses diversos, nunca vamos acordar para a realidade e assim não haverá solução para o problema. Essa ação coletiva deverá partir das grandes entidades sociais, as quais precisam estabelecer uma política comum para tratar a crise ambiental global. Os governos, as corporações, as entidades educacionais e religiosas deverão ter destaque nesse mecanismo de orientar as populações sobre a realidade e sobre as potencialidades a serem desenvolvidas no sentido de minimizar a questão e de solucionar os problemas. É claro que os efeitos serão produzidos gradativamente, mas as perspectivas só serão boas se houver efetivo engajamento das partes e se não houver esmorecimento. A política estabelecida precisa ser cumprida a qualquer custo, pois ela será a única prioridade.

Precisamos demonstrar as populações que os fenômenos catastróficos, que temos observado progressivamente, não acontecem por acaso, mas sim porque as ações do homem no planeta têm produzido modificações ambientais e climáticas significativas que levam a ocorrência maior desses eventos violentos. As pessoas têm que entender que o clima muda naturalmente, mas que as ações do homem sobre o planeta têm modificado significativamente o clima e acelerado muito dos processos naturais e por isso, os eventos climáticos catastróficos têm sido mais frequentes e maiores. O processo de orientação em relação e esse fatos deverá ter que ser preciso, contínuo e constante para que as populações, em todos os níveis social, econômico e cultural possam estar atentos e sejam capazes de entender e perceber essa verdade.

A segunda questão me parece estar ligada com as nossas crenças religiosas que nos levaram a inferir que “Deus tudo fará para o bem da humanidade” e com as nossas crenças científicas de que a “tecnologia poderá resolver todos os problemas” que o homem criar. Ao meu ver ambos os argumentos são falhos e extremamente fracos, entretanto, embora falaciosos, esses são os argumentos que estão mais presente no pensamento comum. Para a grande maioria das pessoas Deus sempre dará um jeito de tirar a humanidade dessa enrascada. Sinto dizer, mas está na hora de sairmos dessa ilusão e passarmos à ação.

A crise ambiental, ao contrário de outras crises é sistêmica e globalizada, mas é pouco perceptível às pessoas na sua totalidade, porque os efeitos acontecem sempre localizadamente e a maioria das pessoas, talvez por falta de conhecimento, não faz a devida correlação entre esses diferentes efeitos. Seus resultados são sentidos em pequena escala e não chegam a comprometer grandes segmentos ou setores ao mesmo tempo e assim sua percepção se faz em escala pouco significativa nas diferentes áreas e populações humanas. Entretanto, como sua ação é sistêmica, a continuar assim, os efeitos acumulados vão sendo progressivamente mais abrangente e certamente irão atingir um ponto em que não vai haver mais possibilidade de controlar e muito menos de retroagir e aí o fim de nossa espécie e de muitas outras estará decretado.

Precisamos sair do marasmo e das crendices e estabelecer mecanismos efetivos que propiciem ações coletivas em favor do meio ambiente e da qualidade de vida planetária. Comecemos por parar de degradar, de utilizar recursos naturais alucinadamente e de lançar toda sorte de resíduos nos ambientes naturais, principalmente CO2 (principal agente do aquecimento global) na atmosfera, o qual é o maior causador das catástrofes climáticas.

Precisamos desenvolver mecanismos que permitam orientar e esclarecer sobre essas questões técnicas e suas características, além de convencer as pessoas de que a realidade é uma só: ou mudamos nosso comportamento em relação ao planeta ou nossa espécie será extinta. Não dá mais para ficarmos discutindo teoria fundamentalistas sobre a existência humana, temos sim que tomar atitudes que previnam o nosso fim, independentemente de acreditarmos ou não nessa possibilidade. As pessoas precisam estar conscientizadas de que a possibilidade de extinção prematura da espécie humana é real e precisam agir no sentido de evitar que isso possa acontecer. Os líderes terão que exercer uma liderança efetiva pois terão um papel fundamental na orientação dessa condição.

A terceira questão tem bastante a ver com a segunda, quando se refere a nossa falta de percepção, mas difere dela quando leva a entender que nem sempre agimos assim, ou melhor para muitas outras coisas nós efetivamente continuamos tendo percepção, mas para as questões ambientais não. Na verdade aqui se trata, muito menos de percepção e muito mais de importância. O que acontece é que nunca se deu a devida importância que os problemas ambientais merecem ter e assim a maioria não se apercebeu de sua importância e implicação para a humanidade e para o planeta. Há muita falácia sobre os problemas ambientais e poucas ações efetivas que levem ao entendimento e os devidos riscos oriundos desses problemas.

É exatamente nesse ponto que as lideranças deverão se manifestar e aparecer, pois somente sobre o comando de líderes bem intencionados e convictos da necessidade de mudança comportamental é que poderemos obter os resultados satisfatórios que objetivamos. A importância ambiental deve estar clara e deve ser priorizada, de forma tal, que não existam dúvidas sobre sua importância vital. Questões econômicas deverão ficar relegadas ao segundo plano. Os líderes têm a obrigação de convencer as demais pessoas sobre esse fato preponderante. Os objetivos traçados deverão ter o ambiente como prioridade única, pois todo o resto dependerá da melhoria ambiental.

O planeta clama por uma ação antrópica em prol de sua melhoria. A humanidade, por sua vez, precisa agir no sentido de tornar essa melhoria uma realidade, pois só assim a espécie humana poderá continuar sua história evolutiva na Terra. Vamos pois, cumprir o nosso compromisso conosco, com as demais formas de vida planetária e principalmente com a continuidade da vida humana e com as gerações futuras, as quais têm todo o direito de viver nesse planeta único e fantástico, como nós ainda vivemos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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18 out 2013

Educação Ambiental: uma modesta opinião

Nos últimos tempos tanto tem sido usada a expressão Educação Ambiental, que até parece o grande tema da novela do horário nobre. Entretanto, a prática cotidiana sobre a Educação Ambiental tem estado mais para aquele “programa maravilhoso” das 4 horas da madrugada que ninguém vê. Em suma, o discurso é bom, mas a prática quase não existe. Mas, por que isso acontece, por que a pratica da Educação Ambiental quase não existe?

Eu quero acreditar que seja porque se criou um monstro maior do que de fato ele possa ser. Isto é, a Educação Ambiental, embora seja muito importante, não é nenhum “bicho de sete cabeças”, não faz milagres e certamente não irá resolver todos os problemas da humanidade. Ou melhor, na verdade, se a humanidade continuar agindo contra os interesses da própria humanidade e do planeta, a Educação Ambiental não irá, infelizmente, resolver problema nenhum.

A Educação Ambiental consiste num modelo educacional que prepara os seres humanos para viver respeitando e considerando que os espaços e os recursos são limitados e que devemos nos preocupar com os usos devidos desses aspectos a fim de permitir que outros humanos possam também ter os mesmos direitos que nós em qualquer tempo atual ou futuro. É preciso que nós humanos estejamos devidamente educados a proceder dentro dessa linha de pensamento, porque somente assim poderemos continuar tendo condições de viver aqui na Terra ou em qualquer outro que, por ventura, possamos habitar no futuro.

A Educação Ambiental deveria estar tentando produzir um “novo modelo de homem”, bastante diferente daquele que historicamente conhecemos. Mas, eu estou há mais de 30 anos ouvindo falar nesse assunto e trabalhando no sentido de procurar desenvolver esse “novo homem” e até agora nada, porque as mudanças são muitas. Se considerarmos Estocolmo, 1972 como ponto de partida, na verdade, já faz 40 anos que esse “novo homem” deveria estar vivendo, mas, até aqui quase nada aconteceu.

Pois é, continuamos fazendo as mesmas coisas erradas que o meu avô fazia há 80 anos, quando ninguém ainda falava em Educação Ambiental e quando não havia nenhuma preocupação com os problemas ambientais. Obviamente, o meu avô e toda sua geração não tinha o nível de conhecimento que temos hoje sobre as questões ambientais planetárias e talvez, por isso mesmo, ele e sua geração não tivessem culpa de cometer alguns dos erros que cometeram.

Aliás, é necessário dizer que na época do meu avô e seus contemporâneos, existia pelo menos Educação, hoje nem isso existe mais. Muitas vezes, nós ambientalistas, estamos nos esquecendo de que Educação Ambiental é, antes de qualquer coisa, Educação e que esse é atualmente o produto que está cada vez mais em falta no mercado, principalmente aqui no Brasil. Basta observarmos os nossos níveis internacionais no que diz respeito a questão da Educação. Sinto dizer, mas nós não conseguiremos nenhuma Educação Ambiental se antes não conseguirmos Educação no sentido mais amplo que a palavra possa ter.

A falta generalizada de Educação, que lamentavelmente, por vários fatores, só tem se ampliado ultimamente, tem elevado e incrementado muito a falta de valores morais e éticos. Ninguém está nem aí com a comunidade do seu entorno e muito menos com toda Sociedade. Os conceitos do que é certo ou do que é errado não existem mais, ou então estão totalmente esquecidos e muitas vezes foram deliberadamente invertidos para favorecer a outros interesses. A lógica social agora é a seguinte: desde que se ganhe (o verbo ganhar aqui tem o sentido mais abrangente possível) alguma coisa, tudo (tudo mesmo) se torna viável e possível de acontecer, independentemente do que ou de quem se possa estar prejudicando.

Infelizmente, essa é a regra, a já famosa “Lei de Gérson”. Temos visto de tudo, desde jogar filhos pelas janelas de apartamentos, até matar os próprios pais; roubar igrejas e instituições de caridade a até mesmo fazer relações sexuais com pessoas mortas. Não há nenhum parâmetro para delimitar a discrepância social e a insanidade humana. E nós estamos aqui tentando falar de Educação Ambiental, que envolve, além da Educação, também a Moral, a Ética e o exercício pleno de cidadania.

A libertinagem e o abuso são totais e estão cada vez mais descabidos. Mata-se do jogo de futebol à porta da casa, do cinema ao hospital, do mendigo ao milionário e do bandido ao Santo. E o pior é que ainda há quem fale em defender os direitos humanos. Pergunto eu: que direitos? Que humanos?

A vida humana passou a ser um brinquedo que alguns têm o direito de tirar e que outros não têm se quer o direito de reclamar, quanto mais de tentar defender. E Deus e as religiões, que postura (posição) essas entidades tomam nessa peleja de loucura?

Enquanto a desgraça acontece, há pastores brigando na mídia por mais audiência, e outros religiosos omitindo e escondendo crimes e criminosos para defender os interesses estritamente proselitistas de suas respectivas igrejas. Mas, não parece haver mais nenhuma religião indo além dessa simples questão de contrariar as outras para tentar aumentar o rebanho. Aonde vamos parar?

Pois então, como podemos tentar demonstrar a importância da Educação Ambiental se não temos Educação nenhuma? Temos uma Sociedade alijada de valores verdadeiros, os quais deveriam ser seus interesses primários e ainda por cima totalmente desinteressada em relação aos mecanismos democráticos que podem minimizar diferenças sociais. Além disso, temos uma mídia que está comprometida apenas com interesses venais, uma porção de religiosos de fachada, um nível de governança totalmente equivocada, no que diz respeito aos interesses da sociedade e, o que é pior, altamente corporativa e nefastamente corrupta.

O planeta está pedindo socorro e nós aqui pensando em fazer Educação Ambiental num mundo comprometido com causas sem significância nenhuma e com valores totalmente corrompidos e invertidos. Só o que importa é o dinheiro no bolso, todo o resto é secundário. Só o que se quer é ter. Só se pensa em ganhar mais dinheiro para consumir mais e ter mais. Onde vamos chegar com essa noção absurda de que estar bem é ter tudo de material para si próprio, independentemente de onde venha, de qual seja esse material e de quem possa estar, de fato, precisando dele?

Temos uma Terra só, mas há muito tempo já estamos vivendo como se tivéssemos duas ou três, porque o uso de recursos naturais, o consumo humano e a necessidade do lucro não querem mudar de procedimento e induzem a população, através da mídia e de muita picaretagem a manter o status quo. De repente, quando se tem uma grande oportunidade de tentar frear esse conjunto de absurdos, como aconteceu recentemente na Rio + 20, nós acabamos deixando tudo como está e continuamos mantendo o mesmo nível de incoerência e de insanidade com o planeta.

Meu Deus, será que a humanidade endoidou totalmente? Será que não há mais ninguém com sanidade mental suficiente para tentar acabar com esses absurdos? Por favor, alguém pare esse mundo maluco que eu quero e preciso descer? Que espécie estranha e inconsequente é o Homo sapiens!

Mas, a Educação Ambiental continua sendo necessária, porém, diante de tanta coisa errada na apropriação do homem pelo planeta, lamentavelmente ela é apenas mais uma das muitas necessidades. Esse quadro é grave e precisa ser modificado para o bem do planeta e da própria humanidade. Entretanto, infelizmente, não me parece que estejamos dando a devida importância que a questão necessita. Será que vamos continuar pagando para ver até onde é possível chegar?

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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01 set 2013

Os Biólogos Brasileiros precisam atuar mais nas questões nacionais de interesse biológico

Meus companheiros, mais uma vez estamos aqui para comemorar o nosso dia 03 de setembro, afinal são 34 anos de regulamentação de nossa profissão e quem estava presente naquela época lembra da luta que foi. Assim, obviamente devemos mesmo comemorar a data. No meu caso específico, completo em 18 de dezembro, 35 anos de formado e posso garantir que valeu a pena, ou melhor está valendo. Assim, quero desejar um Feliz Dia do Biólogo e parabéns para todos nós pela data.

Entretanto, nem tudo são flores e penso que devemos também ter a coragem de refletir e admitir que não estamos sendo muito coerentes com a nossa responsabilidade como Biólogos e particularmente com a nossa missão precípua de “Guardiões da Biodiversidade Brasileira”, porque até aqui, como profissionais, temos sido omissos sobre as inúmeras irregularidades produzidas pelo Governo Brasileiro, no que diz respeito à proteção da nossa Biodiversidade e do nosso Patrimônio Natural. Certamente nós sabemos o que representa a Biodiversidade Brasileira, mas os nossos dirigentes ainda não entenderam ou não querem entender que a Biodiversidade desse país é a maior riqueza que possuímos.

Ao longo do tempo e com a nossa anuência, o Governo Brasileiro têm dilapidado o nosso Patrimônio Natural e a nossa Biodiversidade de forma abrupta, ilógica e inconsequente. O pior é que não vejo os nossos Conselhos de Biologia se manifestar de maneira contrária a esses infelizes absurdos. Assim, lamento dizer, mas estamos sendo coniventes com o que acontece, porque o nosso silêncio é a nossa concordância com o que está acontecendo.

Nós Biólogos sabemos que o Brasil é um país de Megabiodiversidade. Aliás, cabe ressaltar, para que a gente não se esqueça, o Brasil é o país de maior Biodiversidade do planeta, abrigando quase 20% de tudo que é vivo na Terra e nós, Biólogos Brasileiros, temos um compromisso com a manutenção dessa condição ímpar. Nós temos que lutar para garantir que essa condição que foi estabelecida naturalmente seja mantida, apesar das históricas e estapafúrdias ações do Governo Brasileiro em sentido contrário.

Enquanto a ONU, ano após ano, declara temas ligados a Biodiversidade como seus temas anuais para destacar a relevância da questão, nós aqui no Brasil temos andado na contramão da História e fazemos coisas que destoam dos interesses das Nações Unidas. Recentemente aprovamos um Novo Código Florestal absurdo, onde perdoamos dívidas de destruidores da natureza, além de autorizarmos a possibilidade deles desmatarem e degradarem ainda mais os nossos ambientes naturais. Por outro lado, cabe ressaltar que está tramitando também o novo Código Minerário, que traz um amontoado muito maior de incoerências e que se for aprovado da maneira como está provocará imensos danos a biodiversidade brasileira.

O Governo Brasileiro está brincando com fogo e nós Biólogos estamos aqui olhando a banda passar como se não tivéssemos nada a ver com a questão. Nós somos cidadãos brasileiros e talvez sejamos os únicos que possamos, de fato, opinar sobre a questão da perda da Biodiversidade, porque não atrelamos nossa opinião sobre essa questão a nenhum fator econômico ou a outros interesses quaisquer, que não sejam a manutenção da vida, à preservação dos bancos genéticos dos Biomas brasileiros e dos ecossistemas naturais neles contidos. Estamos preocupados com a Biodiversidade apenas e tão somente por conta da própria Biodiversidade.

A Biodiversidade Brasileira tem sido significativamente destruída, porque os governantes não se sabem direito e parece que nem querem saber, o que é esse negócio. Assim, as listas de espécies ameaçadas de extinção só aumentam, as áreas naturais são destruídas e os organismos nelas viventes não têm como sobreviver. Várias espécies animais e vegetais estão à mingua. Todos grandes vertebrados desse país estão extremamente ameaçados e alguns já se extinguiram totalmente em determinadas áreas, por conta de obras infundadas e projetos absurdos de implantação de grandes hidrelétricas, de transposições inconsequentes, de práticas agrícolas insanas e de construções de estradas e outros grandes empreendimentos ilógicos. É preciso dar um basta nessa situação e creio que o Conselho Federal de Biologia e os Conselhos Regionais deveriam se manifestar de maneira mais ativa e contundentemente contrária a essas imensas incongruências ambientais que têm ocorrido em determinadas regiões do país.

Como Biólogos, aqui no Brasil, ainda não conseguimos o respeito que a nossa profissão alcançou em outros países pelo mundo afora. Infelizmente, ainda falta muito. Como profissionais nós estamos muito longe de chegar onde queremos, merecemos e devemos. Entretanto se quisermos mesmo atingir o nível desejado, temos que parar de fazer concessões e de fazer de contas que não estamos vendo as coisas erradas que acontecem por aí. Nossa postura precisa mudar. Afinal já são 34 anos e continuamos na mesma, ou seja, enquanto o mundo respeita os Biólogos, aqui no Brasil somos considerados pelas “autoridades” como sendo poucos mais que “meros idiotas”. Mas, isso acontece porque sempre agimos isoladamente, não nos organizamos, como grupo social ativo e funcional. Infelizmente, apenas alguns de nós se manifestam e dão os seus palpites e opiniões sobre o que acontece. Dessa maneira, agindo individualmente, não temos força e fica efetivamente muito fácil desconsiderar cada uma das nossas posições.

Por outro lado, quero salientar que a opinião pública, de maneira geral, parece estar conosco. Isto é, os Biólogos são profissionais muito bem vistos pela população e nós precisamos passar a tirar vantagens desse detalhe importante. Temos que confrontar o governo nas suas impropriedades naturais, tentando fazer com que a população se sensibilize às nossas reivindicações. Nesse sentido é que vejo como fundamental a ação dos nossos Conselhos Profissionais na busca de unir os Biólogos brasileiros em torno de temas que possam produzir campanhas nacionais e que reivindiquem situações que tragam à luz as insanidades que os Governos, principalmente o Governo Federal, vêm causando a maior riqueza do país que a nossa Biodiversidade.

Acredito que o contingente de Biólogos brasileiros devidamente registrados já é mais que suficiente para opinar ativamente sobre questões de interesse e mesmo para propormos e até mesmo bancarmos campanhas nacionais em prol da defesa de nossa Biodiversidade e não tenho dúvida que a população brasileira caminhará lado a lado conosco, porque como já foi dito, nós somos muito bem vistos pela comunidade em geral. Nossa profissão tem um grande trunfo que ainda não explorou, que é o uso da opinião pública a nosso favor.

Penso que está na hora de começarmos a mudar essa situação de desmando que impera no país historicamente no que diz respeito a manutenção da biodiversidade e quiçá, até mesmo de outros temas de interesse biológico. Aliás, penso mesmo que já passou da hora dos Biólogos brasileiros se unirem em torno de alguns interesses comuns. Precisamos deixar de ser os “bobinhos de plantão”, para sermos os profissionais respeitados que queremos ser. É óbvio que nós só conseguiremos atingir os nossos objetivos como profissionais, se começarmos a mostrar que efetivamente existimos e que somos um grupo social ativo de cidadãos da sociedade brasileira. Enquanto continuarmos quietos não seremos considerados.

Bem, fica aqui o meu recado aos Conselhos de Biologia e principalmente o meu manifesto de repúdio contra as situações degradantes que os ambientes naturais brasileiros tem passado, além do meu protesto veemente contra a ignorância dos governantes brasileiros, quanto a importância da preservação da biodiversidade do Brasil.

Mais uma vez, eu quero parabenizar a todos pelos nosso 34 anos de profissão, mas quero ressaltar que não existe glória sem luta e que o único lugar em que o prazer e o sucesso vêm antes do trabalho é no dicionário e por isso mesmo quero lembrar de novo que é preciso mais ação, mais atuação e mais luta, para sermos os verdadeiros profissionais da vida e da natureza, ou como eu disse no início os “Guardiões da Biodiversidade Brasileira”.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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05 ago 2013

O tempo é hoje e a hora é agora

Morrer é uma consequência natural de já ter vivido, porque obviamente só morre aquilo que está vivo e, como tudo que é vivo um dia morre, quanto mais o tempo passa, maior é a possibilidade natural de morrer. Assim, quanto mais velho for um indivíduo, mais próximo da morte certamente ele estará. Eu estou velho e assim, cada vez mais próximo da morte, principalmente se o meu tempo for comparado com indivíduos mais jovens. Porém, tem me preocupado muito o fato de que muitos dos indivíduos jovens, os quais praticamente ainda nada viveram, já estarem tão ou mais próximos da morte do que eu e outros velhos como eu.

Quero ressaltar ainda minha crença de que a condição de juventude não se relaciona apenas a idade (tempo). A meu ver a juventude também é um estado de espírito e tenho certeza que há muitos velhos com juventude, assim como há muitos jovens que estão gagás de tão velhos. Quer dizer, eu entendo que o tempo pode ser parâmetro para algumas coisas, mas certamente ele não serve para medir o estado de espírito das pessoas e nem a vontade de mudar a realidade a sua volta. Embora o tempo exista e seja importante e significativo, não é ele quem condiciona exclusivamente a capacidade do indivíduo se manter jovem.

Eu estou biologicamente e cronologicamente velho, mais ainda estou suficientemente vivo e intelectualmente ativo, em contra partida tenho visto muitos indivíduos cronologicamente jovens que, embora biologicamente sejam vivos, intelectualmente estão morrendo ou já morreram, porque são indiferentes a qualquer coisa e estão totalmente abúlicos. No exercício da minha profissão de professor, costumo dizer para os meus jovens alunos que: “pior que a incompetência e a inoperância de alguns velhos, somente a apatia, o desleixo e a alienação de muitos jovens”, mas infelizmente é isso que mais tenho visto cotidianamente em grande parte da juventude. Antes que me crucifiquem, devo dizer que é claro e óbvio que existem inúmeras e honrosas exceções, mas infelizmente são exceções.

Não sei de quem é a culpa desse quadro de alienação e desinteresse e nem quero discutir sobre esse fato aqui, porque isso me parece mais um estado geral de coisas, um marasmo coletivo, que relaciona-se com o comportamento geral do gênero humano na atualidade, o qual levou a juventude a se preocupar apenas com futilidades e fazer somente aquilo que se refere ao dinheiro, ao conforto, ao consumo, ao diletantismo e ao prazer. A vida tornou-se mera atividade ociosa, que se valoriza mais por aquilo que menos tem valor vital e moral. Os valores morais e éticos foram esquecidos, os valores sociais e humanos também e os valores sentimentais mais ainda. Bem, mas como eu disse, não vou me ater a isso nesse momento.

A verdade é que o ato de viver passou a ser uma contingência resultante de um misto de obrigação e continuidade, sem nenhum projeto claro de melhoria do status quo. É mais ou menos assim: “Estou aí e desde que eu esteja me divertindo de alguma maneira, está tudo bem e eu continuo aí. O resto que se dane”. Lamentavelmente esse parece ser o slogan mais adequado à realidade presente, particularmente no que tange a maioria dos jovens de idade. Não há expectativa de mudança e nem de desenvolvimento de nada. As coisas são porque são e continuarão sendo porque já vinham sendo. É como se tudo já estivesse absolutamente pronto e assim não há mais nada para fazer, além de aproveitar e usar, usar tudo, usar ao máximo e inconsequentemente, o que já está aí.

Nessa perspectiva de vida lastimável e infeliz, muitos jovens se entregaram a droga, a marginalidade, ao sexo, ao ócio e inúmeras futilidades. Educação, respeito, dignidade e justiça passaram a ser valores que não fazem nenhum sentido. Só para citar algumas frases que eu já ouvi e tenho certeza de outros também já ouviram coisas parecidas. “Escola é apenas mais um ponto de encontro social, como o cinema ou a praça”. “Voluntarismo é coisa de otário que trabalha para os outros”. “Política é coisa que não serve para nada e só existe para safado que quer se dar bem”. “Servir é coisa de quem tem tempo a perder e dormir é sempre melhor do que servir”. “Dignidade é dinheiro no bolso e justiça não é para todos os indivíduos”. Em suma a maioria dos jovens se alienou e não está nem aí para o que está acontecendo no mundo e muito menos aqui no Brasil. Virtude é poder se dar bem e não ter compromisso e nem responsabilidade nenhuma.

Para muitos os movimentos ocorridos nas últimas semanas têm demonstrado que talvez eu esteja extremamente errado nessa minha ótica e que possivelmente as coisas estejam mudando e uma nova safra de jovens esteja surgindo para tentar mudar a conjuntura atual. Tomara que isso seja verdade, mas eu tenho minhas dúvidas e tenho me perguntado: será mesmo que estão querendo mudar alguma coisa? Ou será que este é mais um brinquedinho que alguns sujeitos inventaram para se divertir? Não sei, mas confesso que não sinto firmeza nessa movimentação, a qual, aliás, até aqui, só auxiliou a alguns baderneiros e diminuiu o preço das passagens de forma insignificante em algumas localidades. De concreto mesmo para o país, não aconteceu absolutamente nada. Foram criados inúmeros tumultos, mas os políticos e administradores continuam agindo da mesmíssima maneira. Ninguém modificou uma palha do status quo imperante na sociedade brasileira. Não saímos da falácia e tudo continua seguindo “como dantes no quartel de Abrantes”.

Mas então o que precisa acontecer para que eu e os demais velhos desconfiados e incrédulos, muitos dos quais, em outras épocas, correram da polícia e tomaram pancadas no lombo (eu inclusive) para que o país pudesse caminhar um pouco melhor, possam se convencer de que “a coisa é séria” e que os jovens estão mesmo a fim de mudar a cara do Brasil?

Eu penso que está faltando cobrança efetiva. Não basta apenas fazer barulho e passeatas, é preciso objetivar e exigir as mudanças. Lembro que em 1968, o Governo Militar estabeleceu o AI-5 e em 1969, através do fatídico decreto Lei – 477, estendeu a abrangência do AI -5 para as Universidades. Esse fato passou a proibir qualquer tipo de organização estudantil, mas ainda assim, os estudantes resolvidos a tentar mudar aquela situação de falta de liberdade no país, se organizaram e ao longo do período de 16 anos de luta (de 1969 a 1985) trabalharam bastante em conjunto com outros segmentos da sociedade para que a Ditadura Militar acabasse por ser extinta. Naquela época nós sabíamos o que queríamos e porque queríamos. Não éramos rebeldes sem causa, tínhamos um objetivo, que era a volta do governo às mãos dos civis e à Democracia efetiva. Mas hoje, o que querem mesmo esses jovens que estão aí fazendo passeatas?

Aquela lista que andou circulando rapidamente, com os 5 itens de reivindicações, precisa ser lembrada e repetida insistentemente para que não saia da pauta e nem dos comentários da mídia, mas ao que parece ela já saiu da mídia e muita gente nem tomou conhecimento do assunto. É preciso definir, direcionar o trabalho e bater naquela mesma tecla que indica um determinado norte. Infelizmente grande parte da mídia desse país não é muito (nada) confiável e principalmente a grande mídia sempre acaba tendendo para os mais poderosos e isso obviamente atrapalha qualquer movimento popular, porque dirige os interesses e interfere de forma maléfica na opinião pública. Talvez seja por isso mesmo que as reivindicações não aparecem na mídia, mas há necessidade de lembrar e fazer a mídia apresentar aquilo que se está reivindicando sempre.

Diante disso, é preciso que se reorganize o movimento e que ele seja direcionado em relação àqueles objetivos listados, pois do contrário nada acontecerá. É preciso também ter consciência e firmeza de propósito para não esmorecer, porque a luta não é fácil e a vitória é sempre árdua. É preciso ainda aproveitar as oportunidades e não deixar passar em branco os inúmeros momentos de deslize dessa corja de políticos safados que estão surgindo por aí. Tem que ser feita a efetiva cobrança para que toda a sujeira seja apurada e todos os culpados, principalmente os chefes da quadrilha, sejam presos e punidos. Dessa maneira o movimento crescerá e aglutinará novos seguidores e ao final será imbatível. É como diz o conhecido slogan: “o povo unido jamais será vencido”.

Eu quero acreditar que hoje seja muito mais fácil trabalhar nesse sentido, até porque a concentração e o movimento não estão proibidos e o movimento tem que aproveitar isso e também tem que tirar toda vantagem possível que a mídia puder oferecer. Ao contrário do que aconteceu no passado, o texto da Constituição continua em vigência e esse texto garante a liberdade de expressão e a reivindicação. Precisa apenas focar no que fazer e tentar impedir que os vândalos e os picaretas de plantão se intrometam e acabem prejudicando o trabalho e o movimento.

Bem, como disse no início a morte é uma consequência natural da vida e espera-se que os mais velhos morram primeiro, mas numa guerra nem sempre é assim e algumas vezes os velhos de idade são os mais jovens de espírito. Deste modo há necessidade de que a luta não fique sobrecarregada nas mãos de alguns, independente de idade e de capacidade intelectual. As lideranças do movimento devem ser consequência do próprio movimento e os líderes surgirão das evidências depois do trabalho desenvolvido. Todos são responsáveis até que as mudanças se manifestem e determinem quem deverá atuar distintamente em cada uma delas. Nem todos que participam querem o poder e eu conheço muitos velhos que mesmo não querendo mais o poder estarão colaborando para efetivar as mudanças. Mas, por uma questão de vigor físico a presença dos jovens de idade sempre será mais chamativa, mas sempre haverá necessidade da vivência e do conhecimento dos velhos atuantes.

Não quero morrer logo, mas sei que falta pouco tempo para mim e tudo farei para ver mudar a cara desse país, enquanto ainda estiver por aqui. Podem acreditar que ainda existem muitos velhos que pensam como eu. Desde menino ouço dizer que “o Brasil será o país do futuro”. Caramba! Que futuro é esse que nunca chega. Acho que está mais do que na hora de fazermos o presente ideal para o futuro que tanto queremos.

Bem, antes de terminar quero lembrar mais uma vez de minha época. Um sujeito chamado Geraldo Vandré fez uma canção, que eu sei que mesmo o jovem de hoje conhece e que diz assim: “vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Pois é, me parece que a hora é agora. Vamos à luta! Viva o Brasil e toda a nação brasileira.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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