Categoria: Artigos

Artigos Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

05 jan 2019

Sobre a ocorrência de “cópula” entre indivíduos do sexo masculino em determinadas espécies animais

Resumo: O texto reúne as ideias que confrontam os interesses midiáticos e o conhecimento científico sobre a questão relacionadas as possíveis atividades sexuais entre os animais do mesmo sexo. Essa é uma questão bem polêmica, mas que precisa ser discutida mais tecnicamente, até porque muito tem sido falado pela mídia e por outros interessados, porém os assuntos são fornecidas à sociedade sem nenhuma base científica.


Sobre a ocorrência de “cópula” entre indivíduos do sexo masculino em determinadas espécies animais

Ultimamente tem sido muito comum surgirem artigos tentando demonstrar a existência de homossexualidade em animais e mais ainda, tentando relacionar esse pretensa existência com a homossexualidade humana. Devo dizer, de imediato, que tudo isso não passa de uma grande confusão que estão fazendo, alguns por desconhecimento e ao que parece, outros apenas para tentar criar problemas onde eles não existem e assim tentar justificar o injustificável a partir de exemplos da natureza, ou ainda para buscar o amparo natural para explicar determinadas situações sociológicas conflitantes e questionáveis de certos comportamentos humanos.
Na verdade é extremamente comum a ocorrência e consequentemente a observação de uma aparente cópula ou coito (talvez fosse melhor chamar de pseudocópula), entre machos de várias espécies de animais, nos mais diversos grupos zoológicos, mormente entre os mamíferos e os insetos. Entretanto, essa situação não condiz, de maneira nenhuma e nem se  aproxima biologicamente, com uma verdadeira cópula por vários aspectos, os quais tentarei demonstrar nesse breve texto.
Primeiramente deve ficar claro que muitas vezes não existe penetração e mesmo quando até ocasionalmente existe, ninguém pode efetivamente afirmar que essa condição tenha algo a ver com sexo ou com sexualidade, até porque o sexo na natureza e nos animais especificamente tem função única e exclusivamente reprodutiva. Num segundo momento é preciso
ficar claro definitivamente também, que existem situações comportamentais em algumas espécies, nas quais acontece de um indivíduo simplesmente trepar sobre outro, mas isso não se caracteriza como uma atividade sexual. Na verdade, essa situação costuma ser considerada como uma indicação de sua superioridade ou mesmo de inferioridade perante o outro e obviamente, isso também não tem nada a ver com sexo.
Existe ainda uma terceira situação que pode ocorrer em algumas espécies, relacionada ao transtorno produzido pelo excesso de hormônio sexual nas épocas reprodutivas, o que leva o indivíduo em questão a querer ter uma relação, a fim de se livrar do transtorno produzido pelos hormônios sexuais. Nesse caso chega mesmo a ocorrer uma “cópula”. Entretanto, em nenhuma dessas situações parece existir afinidade e nem interesse entre um macho e outro da mesma espécie na natureza e muito menos, qualquer situação relacionada ao prazer sexual efetivo ou ao mero hedonismo individual de certos humanos. Na verdade são situações comportamentais e
fisiológicas momentâneas e não condições perenes assumidas pelos indivíduos.
Quer dizer, de qualquer maneira, nenhuma dessas situações de “coito ou cópula” pode ser considerada como uma condição homossexual efetiva no animal que momentaneamente as apresenta, como pretendem alguns indivíduos. Aliás, é bom que se repita e se esclareça, que todas essas situações citadas são momentâneas. Isto é, nenhum animal não assume essa pretensa condição homossexual por toda a sua vida. Mesmo alguns Anfíbios Anuros (sapos da família dos Bufonídeos) que podem efetivamente trocar de sexo, pois nascem machos e posteriormente viram fêmeas, não podem ser considerados como homossexuais, porque eles passam a agir efetiva e
fisiologicamente como fêmeas. Isto é, eles tornam-se fêmeas real e funcionalmente.
Obviamente que esses animais não fazem isso deliberadamente, ao contrário essa é uma necessidade imposta em certas situações para dimensionar a paridade dos sexos entre os indivíduos das populações locais dos animais. Essa é uma condição populacional imposta naturalmente, que é controlada genética, fisiológica e ecologicamente que efetivamente existe em algumas espécies de Anuros.
Existem vários outros casos de hermafroditismo (presença dos dois genitais num único indivíduo) animal, onde a atividade funcional do sistema genital varia, como acontece em alguns Gastrópodes Pulmonados (caracóis terrestres), mas não vou discutir sobre isso no momento, porque vai fugir ao propósito desse ensaio. Situações de hermafroditismo são comuns no Reino Animal, mas elas não têm nada a ver com homossexualismo, porque não existem indivíduos machos ou fêmeas, haja vista que todos indivíduos possuem os dois genitais e, dependendo da espécie, pode ocorrer uma autofecundação ou então uma fecundação cruzada.
Os animais só fazem sexo porque isso é uma necessidade da espécie. Isto é, da mesma maneira que se alimentam, que dormem, que respiram, que migram, enfim que sobrevivem e por isso mesmo, eles não têm tempo para brincar com sexo, como muitos humanos costumam fazer. Em suma, o sexo entre os animais é coisa séria e não pode ser comparado com qualquer
manifestação sexual humana, até porque os humanos, além da efetiva prática consciente da manifestação homossexual, extrapolaram e transcenderam bastante a verdadeira questão sexual como maneira prioritariamente reprodutiva.
Falar de homossexualidade em animais, exige, antes de qualquer coisa, que, além da sodomia (“sexo anal”), se pense também em felação (“sexo oral”) e ainda em inúmeras formas de masturbação, atividades tipicamente humanas e que lógica e indiscutivelmente não têm como existir nas diferentes espécies animais. Assim, não pode haver homossexualismo real e efetivo, embora até possam ocorrer coitos ou cópulas (pseudocópula) fortuitas entre alguns indivíduos machos de uma mesma espécie, como já foi dito.
Cabe lembrar ainda que o ato sexual (coito ou cópula) entre humanos do mesmo sexo, em certo sentido, nem sempre pode ser considerado como uma atividade realmente sexual, exatamente porque essa ação supera a necessidade reprodutiva e implica em outras necessidades, ligadas ao hedonismo, que nada têm a ver com o sexo propriamente dito. Se me permitem, eu posso até afirmar que, por exemplo, a cópula ou coito com o uso de preservativos é uma atividade ligada ao sexo, mas não é sexo verdadeiro, porque visa exatamente impedir a função primária do sexo que é a reprodução.
Assim, mecanismos anticoncepcionais, na verdade são atividades antissexuais, ao menos nas suas origens (intenções), porque objetivam prazer (hedonismo), mas não reprodução e assim não se constituem em sexo verdadeiro. Na realidade o sexo com qualquer tipo de preservativo parece mais com uma maneira sofisticada de masturbação, pois pode satisfazer aos indivíduos envolvidos, mas não se traduz definitivamente em reprodução no sentido efetivo da palavra. Eu sei que essa afirmação é muito discutível, difícil de ser entendida e muito mais difícil ainda de ser aceita, mas é perfeitamente possível se pensar assim.
Outra coisa que precisa ser dita é que em todos os animais mamíferos, exceto nos seres humanos, as fêmeas têm o seu período sexualmente ativo, denominado de estro ou cio, em tempo definido e relativamente bastante curto, durante determinadas etapas de suas vidas. Fora desse período é como se o sexo não existisse para os indivíduos e na verdade ele não existe mesmo, pois não interfere em nada na vida dos animais fora do período do cio. Apenas as fêmeas dos seres humanos não apresentam esse período específico e assim, elas estão susceptíveis ao sexo durante o ano todo, em grande parte de suas vidas.
Acredito que a existência do cio nas outras fêmeas de mamíferos seja também para que o sexo não “suba à cabeça”, como acontece com muitas fêmeas de humanos, haja vista que para essas demais fêmeas de mamíferos existem outras necessidades vitais, que são cotidianas e mais importantes ou pelo menos mais prementes que o sexo. Aliás, cabe dizer aqui também, que o ato sexual é desagradável e dolorido para a grande maioria (senão todas) as fêmeas de mamíferos. Para as fêmeas de mamíferos o sexo é uma obrigação incomoda e que só será possível se todas as outras atividades vitais estiverem sendo satisfeitas a contento.
Em suma, antes de qualquer animal se preocupar com a reprodução é necessário que se esteja vivo. Assim, viver é o mais importante, ainda que a reprodução e o ciclo de vida sejam necessários eles não são vitais para o indivíduo. A reprodução é necessária à espécie, mas o indivíduo precisa estar vivo para concorrer à atividade reprodutiva e por vários fatores, nem
sempre é possível reproduzir, mas sempre é importante manter-se vivo, até mesmo para reproduzir, se este for o caso.
O fundamental, o preponderante é estar vivo e assim tudo é feito para permanecer vivo. Reproduzir é importante, mas definitivamente não é essencial a nenhum indivíduo animal. Nenhum animal do sexo masculino “comete loucuras” pelo desejo do sexo e muito menos vai ter uma relação com outro indivíduo macho, se não conseguir encontrar uma fêmea reproduzir, apenas porque se interessa por outro macho, ou porque tem que copular ou para satisfazer sua necessidade hedonista. Ora, pensar isso é um absurdo e certamente tal fato não tem nenhum cabimento fisiológico e não ocorre na natureza.
Obviamente, a princípio, todos os indivíduos terão o direito de tentar reproduzir, mas precisam estar em condições físicas para isso e deste modo, na época certa, no cio, eles deverão estar saudáveis, bem alimentados e muitas vezes têm que passar por uma competição com outros indivíduos para provar ser o indivíduo que deverá reproduzir com aquela fêmea especial da sua espécie e que deverá ser a mãe de seus futuros filhos que darão continuidade a espécie em questão. Qualquer coisa diferente disso é idiotice ou balela, ou ainda um grande delírio de quem se dá o direito de pensar diferente disso.
Meus amigos, a verdade é a seguinte, as atividades antrópicas relacionadas ao sexo, não podem, de maneira nenhuma, ser comparadas com as atividades sexuais efetivas dos animais. Sexo sem objetividade sexual (reprodutiva) efetiva, ou seja, sexo sem meta de procriação não é sexo. Quando muito, será apenas prazer e os animais “sabem” disso, não têm tempo e nem condições para perder nesse aspecto. A vida animal é uma “guerra” constante entre comer ou ser comido e não há como brincar de sexualidade com um indivíduo do mesmo sexo.
Os animais precisam viver, pois a vida que é o mais importante, sempre é muito complicada e extremamente curta aos interesses de quem está vivo. Assim, meus amigos, para o indivíduo de qualquer espécie animal continuar vivendo é o que consiste no mais importante de suas vidas. Obviamente, se for possível, quem sabe, ele pode reproduzir e trabalhar para dar continuidade à espécie, tentando gerar indivíduos fortes, cada vez melhores e mais bem adaptados. Isso até pode ser um bom negócio, mas certamente não é algo vital.
Apenas o Homo sapiens, atualmente com seus 75 anos em média de muita inutilidade temporal e mental, tem muito tempo para perder em pensar e fingir o sexo verdadeiro para satisfazer o seu prazer individual. Como eu disse antes, pensando naturalisticamente, qualquer atividade sexual que não vise a reprodução em si, acaba sendo uma forma diferenciada de masturbação, o que até pode satisfazer bastante ao corpo, mas que não produz nenhuma efeito reprodutivo real. Nos animais não existe nenhuma possibilidade de que isso aconteça, porque a vida do animal é uma luta interminável por permanecer vivo. Até mesmo para reproduzir existe luta e por isso mesmo nem todos os indivíduos conseguem reproduzir. Aliás, alguns estão tão preocupados em se manter vivos, que nem tentam reproduzir.
Espero que fique claro, de uma vez por todas, que copular ou “pseudocopular” não é reproduzir. Aliás, o que os humanos menos querem, quando eles “transam” é reproduzir. Os animais não têm essa dimensão de valor fisicamente e muito menos mentalmente, de copular por copular, sem querer reproduzir. A reprodução para os animais é algo inerente as suas respectivas vontades, a reprodução é algo que acontece, porque tem que acontecer, com um objetivo único, no momento certo, com o indivíduo certo e do sexo oposto. As espécies vivem e buscam continuar existindo através de seus indivíduos que demonstrem maior capacidade reprodutiva e isso está geneticamente condicionado nos indivíduos e em suas respectivas atividades reprodutivas, quando existentes, e não existe outra maneira de ser.
Posso estar enganado, mas entendo que quando alguém aplica o conceitode homossexualidade esse alguém está pensando na afinidade mútua entre indivíduos do mesmo sexo, muitas vezes até rejeitando o outro sexo, pois o indivíduo homossexual se interessa principalmente pelo indivíduo de sexo igual ao seu. Ora, esse tipo de situação simplesmente não existe na natureza animal. Nenhum indivíduo de uma determinada espécie animal deliberadamente fica atraído ou interessado em outro indivíduo de sexo igual ao seu. O sexo biológico é uma condição genética relacionada à vida e à continuidade da espécie e isso só é possível entre indivíduos de sexos diferentes. Por tanto é, no mínimo, um exagero comparar com a
homossexualidade a possível pseudocópula entre animais de uma mesma espécie.
Infelizmente certas buscas de padrões naturais para justificar ou para se tentar fazer entender melhor algumas situações sociológicas humanas acabam produzindo mais problemas e maior confusão. Além de também levar ao mal entendimento e mesmo à conceituações erradas dos fenômenos naturais. Os animais não têm culpa das necessidades humanas e vice- versa. É óbvio que somos biologicamente animais, mas a espécie humana desenvolveu padrões comportamentais exclusivos, os quais estão associados à cultura humana e que por isso mesmo não têm precedentes em toda a classificação zoológica, como vestir, cozinhar, rezar e outros.
Talvez a homossexualidade seja um desses padrões, justificáveis apenas pela cultura humana, pois ainda que alguns seres humanos queiram propositalmente empregar o termo homossexualidade erroneamente para os animais, certamente essa é mais uma das muitas falácias sociais impostas por determinados grupos à sociedade, para galgar outros objetivos. Eu só lamento que nesse caso, os bodes expiatórios que justificam essa ação infundada sejam os animais.
Repito mais uma vez: na natureza, em particular no Reino Animal, só existe atividade sexual com fins exclusivos de reprodução. Qualquer outra situação de coito, cópula ou pseudocópula não pode ser confundida e muito menos traduzida ou comparada com qualquer atividade existente na sexualidade humana, porque isso é, no mínimo, um abuso do direito e uma falta de respeito dos seres humanos com os animais.
É incrível, mas exatamente quando finalmente a sociedade humana parece estar conseguindo atingir um nível de percepção maior sobre a sua própria natureza animal, no qual os animais estão, cada vez mais, deixando de ser cobaias físicas, haja vista que cada vez menos se utiliza os animais em pesquisas laboratoriais, começam a acontecer essas situações absurdas. Pois é, exatamente nesse momento, que surge agora um novo modelo de cobaia para utilização dos animais. Agora os animais passam, lamentável e tristemente, a ser cobaias psicológicas ou virtuais, apenas para satisfazer o ego de alguns seres humanos. Estou aqui fazendo a minha parte para que
essa idiotice não prospere e não se propague.
Por fim, quero deixar claro a todos os leitores, que não tenho nada contra o interesse e muito menos a opção sexual de quem quer que seja, ao contrário, penso que cada ser humano é proprietário de sua mente, tem seu livre arbítrio e que pode e deve fazer o que quiser com seu corpo e principalmente com sua sexualidade, mas tenho vergonha de pessoas que se escondem atrás dos animais para tentar justificar suas dúvidas ou seu conflitos pessoais e assim minimizarem seus possíveis erros.
A homossexualidade, boa ou ruim, certa ou errada, moral ou imoral, até que provem o contrário, é uma característica exclusiva da espécie humana, essa é a realidade nua e crua, doa a quem doer. Não se trata aqui de defender a situação ou condição A ou B, na verdade o que se quer é apenas e tão somente defender os coitados dos animais das possíveis agressões físicas e éticas que lhes são arbitrariamente incutidas por pessoas que não têm absolutamente nenhum conhecimento biológico básico e muito menos conhecimento de etologia especificamente.
Para terminar, eu quero ainda dizer que não há prazer nenhum no sexo animal, o que existe é uma obrigação biológica, de causa genética e fisiológica das espécies animais na busca da continuidade da vida. Por conta disso, ao contrário do que muitos humanos pensam ou querem acreditar, para muitas espécies animais, particularmente para as fêmeas dessas espécies, o sexo algo muito ruim, dolorido e desagradável, mas que é necessário e que alguém (alguns indivíduos) precisam fazer, pois tem que acontecer para as espécies continuarem existindo.
Mas, se não fosse assim e se existisse outra alternativa, isto é, se o sexo não fosse uma questão de sobrevivência das espécies, provavelmente vários indivíduos animais de muitas espécies certamente prefeririam não ter que fazer relações sexuais. As fêmeas não sentiriam o incomodo do cio, não teriam que suportar o peso e a violência dos machos e muito menos a amamentação (no caso dos mamíferos), a criação e a orientação dos filhos. Os machos, por sua vez, não teriam que se desgastar fisicamente e nem travar batalhas violentas com seus pares e também não correriam o risco de se mutilarem. Além disso, todos poderiam dispor e utilizar o curto tempo de suas vidas em interesses particulares mais interessantes, como, por exemplo, se alimentarem quantitativamente mais e qualitativamente melhor.
Além disso é fundamental entender que, se o sexo com uma fêmea da sua espécie não é nenhuma maravilha para os indivíduos envolvidos e só acontece porque é obrigatório, me parece óbvio que o sexo com outro macho então deve ser bem pior. Desta maneira não dá para defender, de jeito nenhum essa lamentável e triste corrente que especulativamente vem tentando admitir a existência de uma homossexualidade deliberada entre certas espécies de animais.
Sinto muita tristeza e vergonha desse pretenso envolvimento dos animais para buscar justificativas de questões que são estritamente antrópicas e fico mais entristecido ainda, quando vejo alguns homens ligados às ciências naturais reforçando essas ideias absurdas e descabidas. As ciências naturais e a Biologia em especial, não deveriam ser lugares para esse tipo de sujeito que apoia, promove e proclama crendices em nome da ciência.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (62)
Biólogo (Zoólogo), Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista;
Presidente da Academia Caçapavense de Letras (ACL).

]]>

03 set 2018

A Biologia e as Próximas Eleições

Resumo: O texto em questão é um lamento e ao mesmo tempo uma chamada aos Biólogos e pessoas sérias desse país, para que procurem votar coerentemente e de acordo com as necessidades efetivas do Brasil, considerando, além da falácia dos candidatos, principalmente os aspectos naturais e particularmente biológicos envolvidos nas suas respectivas candidaturas.


A BIOLOGIA E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Meus amigos Biólogos, colegas de profissão, chegamos a mais um dia 03 de setembro e completamos 39 anos que a nossa profissão está regulamentada no Brasil, entretanto isso ainda não possibilitou que a maioria de nós, biólogos, se tornasse capaz de viver e sobreviver satisfatoriamente. Nesse país de complicações inúmeras, ainda continuamos buscando nossa posição de destaque entre as diferentes profissões de curso superior. Ainda somos vistos apenas como uns “carinhas românticos” que estudamos muito para não fazermos nada de importante, ou seja, a formação em Biologia é considerada como uma profissão menor ou puro diletantismo e isso precisa ter fim. Quero aqui lembrar ainda que não faço distinção entre os Biólogos da Educação (Licenciados) ou da Pesquisa (Bacharéis), porque tenho certeza que todos nós pensamos e atuamos da mesma maneira fundamental, isto é colocando a vida antes de qualquer outro aspecto. E não posso admitir que quem se dedica ao estudo da coisa mais importante que existe, a vida, seja considerado como coisa sem importância no cenário de um país, mormente num país como o Brasil, onde a vida pulula e diversifica mais que qualquer outro lugar no planeta. Por conta do que foi dito acima, estou aqui, mais uma vez, para lembrar e dizer que essa condição absurda de “paria da sociedade brasileira” ou de “inútil fiscal da natureza” tem me preocupado muitíssimo e mais, que eu não vou descansar enquanto essa imagem totalmente estereotipada não for mudada e banida do pensamento coletivo nacional. No momento, ainda não sei se choro raiva ou se dou gargalhadas de alegria, mas certamente estarei rindo no futuro, dos muitos idiotas que puderam pensar que fariam de nossa profissão uma “lona de circo”. Nós Biólogos, profissionais da Biologia, somos hoje, os sujeitos mais importantes do planeta e temos que fazer o Brasil também entender e acreditar nisso. Só para lembrar um pouco de outros textos que produzi e publiquei, ao longo dos meus 40 anos como Biólogo, devo ressaltar que tenho escrito muito sobre os seguintes fatos: 1- O Brasil é um país de Megabiodiversidade, a maior do planeta; 2 – Os Biólogos são os profissionais que deveriam estar cuidando desse fato ativamente; 3 – A Biologia é reconhecidamente no mundo inteiro a “mãe das ciências” na atualidade; 4 – A população brasileira ter grande afinidade pelo trabalho dos biólogos; 5 – Os Biólogos são os guardiões da vida no planeta.  Entretanto, nada disso tem importado e muito menos justificado o nosso crescimento como profissão nesse país. Os nossos problemas maiores acabam sendo com os governos (em todos os níveis) e com certos setores empresariais. Os governos porque parecem não querer ver a importância no fato de possuirmos a maior biodiversidade planetária e nem na nossa existência profissional, que deveria estar cuidando ativamente desse patrimônio. Os empresários porque muitos deles pensam que nós não queremos deixá-los ganhar mais dinheiro, quando na verdade o nosso objetivo é exatamente o contrário disso, pois queremos que todas as pessoas ganhem muito dinheiro, inclusive os empresários. Bem, mas e daí? Por que será que, nesse momento, eu resolvi lembrar e comentar sobre essas coisas? Meus amigos, estamos às vésperas de mais um grande pleito eleitoral, no qual deveremos eleger o novo Presidente da República, novos Governadores, 2/3 de novos Senadores, novos Deputados Federais e novos Deputados Estaduais. Pelo que temos visto, em consequência do mar de lama que o Brasil se transformou, por conta da comprovação de inúmeros casos de corrupção e de várias prisões de políticos, o país inteiro está clamando por mudanças políticas, ou pelos menos mudanças nas posturas dos políticos. Embora muitos de nós Biólogos, lamentavelmente, sejamos avessos à política, temos que nos conscientizar de que é a política quem decide o caminho do país e assim temos que ter em mente de que a nossa participação e seriedade dentro desse processo eleitoral será de fundamental importância, para que a mudanças requeridas sejam efetivadas e quiçá para que nossos anseios específicos sejam ao menos minorados. Assim, dentro dessa mudanças, precisamos incluir também uma importância maior para a Biologia como ciência e à ação dos Biólogos como profissionais da Biologia, pois talvez sejamos uma das partes mais fundamentais das mudanças que se fazem necessárias, até porque somos os únicos profissionais capazes de solucionar certos problemas. Nesse sentido, nós precisamos estar atentos às escolhas que iremos fazer. A rigor, temos três caminhos que poderemos seguir: ou pensamos somente em nós e nossos interesses profissionais; ou pensamos somente no país e suas macro necessidades; ou fazemos uma mescla unindo as duas primeiras situações. Eu, particularmente, acho a terceira opção mais interessante, porque entendo que não devamos pensar apenas como Biólogos, porque também somos cidadãos brasileiros e devemos lutar para o desenvolvimento sustentável do país e para o bem cada vez maior da população brasileira. Obviamente, nós sabemos que é muito difícil conciliar os interesses estritamente biológicos com os demais interesses nacionais, mas temos que procurar ser sensíveis e coerentes com a maioria da população e pensar, talvez um pouco mais, no macro nível das necessidades nacionais, enquadrando a maior parte possível dos nossos interesses específicos dentro dessas necessidades. Historicamente o nosso país e a nossa população nunca foram muito preocupados com Ciência, Educação, Cultura, Tecnologia, Meio Ambiente e Biodiversidade, ou seja, as nossas áreas de interesse profissional, nunca foram nacionalmente interessantes, ou pelo menos, não foram interessantes até aqui, mas nós temos conseguido sobreviver. Os políticos brasileiros, ao contrário de políticos de outros países, não têm o hábito de ouvir os profissionais das diferentes áreas, e no nosso caso específico, quase sempre são avessos aos nossos reclamos, porque os “lobbies” sempre são na direção contrária e nós não podemos esperar que as coisas mudem radicalmente, da água para o vinho, numa única tacada. Seja lá quem for que vier presidir o país, com ou sem mudança aparente, certamente não acontecerá imediatamente nada de muito diferente do que temos visto até aqui, mormente no que se refere à Biologia e aos recursos naturais e aos interesses biológicos. Desta maneira, pensar no nível nacional parece ser mais interessante “a priori”, pois tentando garantir a melhoria do país, consequentemente estaremos criando condições e maiores espaços para melhorar também os nossos interesses profissionais. Considerando o que foi dito, devemos nos dirigir mais as candidaturas que tenham um viés genérico mais nacionalista do que um viés mais estritamente setorizado. Não devemos priorizar puramente os interesses biológicos, mas devemos priorizar os interesses nacionais de cunho biológico primariamente. Eu sei que é difícil colocar isso numa balança, mas essa é a função do âmago de cada um de nós quando votamos. Meus amigos, o Brasil tem jeito, até porque conhecemos uma infinidade de outros países que, apesar de tudo, tiveram jeito. Porém, o Brasil precisa de nós e de nossos votos para caminhar na direção correta e até mesmo de nosso interesse profissional. Assim, reflitam bem, antes de definir seus respectivos votos e votarem, antes de fazer qualquer bobagem em nome de ser contra os políticos e a política. É bom lembrar que a política não tem nada a ver com os políticos. A política é boa e necessária, os políticos é que costumam ser ruins e desnecessários, eles são colocados na condição de políticos, porque alguém (alguns de nós) vota neles. Talvez, apenas talvez, nós Biólogos possamos nos tornar os profissionais mais importantes do país, como acontece no resto do mundo, mas isso não acontecerá se virarmos as costas para a eleição e se o Brasil continuar sendo conduzido como tem historicamente tem sido até aqui. Se você quer mudança seja a mudança, mas se você é indiferente, por favor não reclame daquilo que virá. Você, amigo Biólogo, tem nas mãos a decisão sobre o que pode acontecer. É claro que eu sei que você sozinho não irá decidir uma eleição com cerca de 150 milhões, mas por favor, faça a sua parte coincidentemente. Isso será bom para o país, para você e para a sua profissão. Poderemos nos tronar, a exemplo do mundo, nos profissionais maia importantes do país, mas isso não acontecerá se o Brasil continuar sendo conduzido como foi até aqui e se nós não nos manifestarmos politicamente.  Amigos, só para lembrar, nós estamos vivos e somo sensíveis precisamos demonstrar isso claramente. Somos poucos em número, mas podemos ser muitos em ações e precisamos acreditar nisso para o nosso bem e o bem do país. Nossa Megabiodiversidade, nossa florestas, nossa fauna, nossos ambientes naturais, nosso ar, nossos recursos hídricos, enfim, nossa natureza depende de nós, dependem de nossa ação política ou, pelo menos, da expressão de nossa vontade política. Obviamente o nosso contingente não é significativo ao ponto de definir as eleições do Presidente, ou dos Governadores e Senadores, mas podemos e certamente devemos fazer bem as nossas escolhas para Deputados Federais e Estaduais, porque aí podemos interferir no resultado significativamente e assim garantir as eleições de alguns desses candidatos interessantes, considerando os nossos interesses nacionais e profissionais. O que a maioria dos brasileiros ainda não entendeu é exatamente isso: mais importante do que o voto para presidente é o voto para deputado, porque, num estado democrático de direito, são os deputados que decidem o que o Presidente vai fazer ou não. Se escolhermos pessoas boas, preocupadas com os interesses nacionais, certamente elas estarão preocupadas com os nosso interesses profissionais, porque o Brasil depende imensamente de seu patrimônio natural e de sua biodiversidade. Até onde eu sei, dos que estão aí, praticamente nenhum deles se mostrou efetiva e seriamente preocupado com o meio ambiente e com a biodiversidade brasileira, que deve ser a nossa meta primária, e tampouco com os profissionais Biólogos desse país. Assim, entendo que nenhum deles, a priori, salvo melhor juízo, mereça os nossos votos. Entretanto, independentemente disso, alguém será eleito e por isso temos que votar e votar bem. É preciso que escolhamos bem e que votemos e tenhamos critério, colocando o Brasil e a Megabiodiversidade Brasileira como condição básica e fundamental para a escolha de cada um de nossos candidatos, antes da definição do voto em si. Precisamos votar clara e objetivamente naquele sujeito que seja nacional e respeite o Brasil e que entenda que o Brasil só não é a mais importante nação do mundo se não quiser, porque detém o maior patrimônio natural planetário e por isso mesmo precisa ser respeitado pelo resto do mundo. A valorização de nossa profissão depende muito disso, portanto pesquisem a fundo a vida e os reais interesses do candidatos, antes de definirem seus votos. Independentemente dos resultados, que o Brasil possa sair vencedor e que a Biologia como Ciência possa ficar mais conhecida prelos políticos que virão, do que até aqui tem sido. Assim, talvez, a nossa profissão possa deslanchar no Brasil e atingir o seu verdadeiro local de destaque aqui no Brasil, como acontece pelo mundo afora. Estou casado de sermos vistos como “bonzinhos” e “pessoas muito bem intencionadas” pela comunidade; por “bobos da corte” ou “idiotas de plantão” pelos empresários e principalmente por “grandes idiotas românticos” pelos administradores públicos. Meus amigos, chega! Eu quero ser reconhecido pela importância do trabalho que exerço nesse país, por todos os setores nacionais e espero que os Biólogos, como eu, realmente passem a pensar da mesma maneira. Acreditemos na nossa força e independentemente do que alguns possam dizer ou do que a imagem ainda possa transparecer. Vamos continuar a nossa luta por importância para a sociedade e para o planeta e vamos, sobretudo, ocupar o nosso espaço profissional e desbancar tudo que nele existe atualmente. Mas, principalmente, vamos votar seriamente nas próximas eleições. Nós, melhor que ninguém, sabemos que na natureza tamanho não é documento e que podemos demonstrar, até mesmo inferiorizados numericamente, a nossa importância antrópica e nossa condição intelectual e sensitiva maior. Por favor, os Senhores não têm que concordar comigo, mas pensem nisso que acabam de ler e ótima eleição para todos vocês.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (62) Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista; Presidente da Academia Caçapavense de Letras.

29 jul 2018

A Verdade nua e crua sobre a Educação no Brasil

Resumo: O texto em questão é uma crítica que visa chamar a atenção da sociedade, tentando identificar os atores envolvidos e suas respectivas responsabilidades sobre o lamentável estado de carência da educação brasileira. Além disso, também destaca e comenta sobre algumas experiências ocorridas que poderiam ter evitado ou, pelo menos minimizado, o atual quadro generalizado de descaso com a educação por parte de quase toda a sociedade.


A Verdade nua e crua sobre a Educação no Brasil

” A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (Constituição da República Federativa do Brasil/1988, artigo 205)   Antes de qualquer coisa, eu quero deixar bem claro que não sou advogado e muito menos estudioso do direito. Sendo assim, é bem possível que eu cometa alguns erros e diga algumas besteiras na minha dissertação, mas tenho minha maneira de pensar e vou continuar meu raciocínio assim mesmo, tentando demonstrar minha visão sobre o assunto em questão, até que alguém, talvez algum especialista em direito, possa demonstrar e me esclarecer claramente acerca dos meus erros, se, por acaso, efetivamente existirem erros no raciocínio. Todos certamente já ouviram a afirmativa que encabeça esse texto ou alguma coisa bem parecida com o seu significado e eu devo dizer que, apenas em parte, eu concordo com a tendência generalizada que a opinião pública parece ter sobre o entendimento dessa afirmativa. Concordo em parte, porque tenho ciência absoluta de que a Educação é verdadeiramente um direito de todos, entretanto, penso que a educação não é e nem pode ser uma obrigação do estado ou da família. Assumir que aquilo que todos têm como direito é obrigação de alguns (o estado e a família no caso), a meu ver, consiste num grande erro, é exatamente aquilo que algumas pessoas chamam de “lógica burra”. É óbvio que o estado e a família (muito mais que o estado) devem providenciar as condições mínimas para o estabelecimento da educação das pessoas. O estado deve investir em promover a educação da população e estimular o máximo para que toda a população se eduque, enquanto a família deve fornecer os padrões morais básicos que permitam desenvolver uma convivência social cortês e ética para os indivíduos nela nascidos, particularmente durante o período infantil desses indivíduos. Entretanto, nem o estado e nem mesmo a família, a partir de determinado momento, não podem e nem devem obrigar as pessoas a se educarem, porque se a educação é um direito, ela não pode ser imposta por nada e nem por ninguém, principalmente pelo estado, principalmente quando se pretende viver num estado democrático de direito. Eu quero entender que o direito é algo que se manifesta como uma prerrogativa que pode ou não ser utilizada por quem a tem. Desta maneira, um direito não pode ser uma obrigação de quem quer que seja e sim uma opção de cada indivíduo numa sociedade. E se é uma opção, não existe porquê alguém se obrigar de cumprir e muito menos uma outra pessoa (entidade ou instituição) deverá “obrigar o cumprimento desse direito”. A pessoa é quem tem direito de se educar, se quiser, pois também pode não se educar, se quiser, e o estado e a família, quando muito, poderão apenas servir como orientadores de que esse ou aquele talvez não devesse ser o melhor caminho a ser seguido, mas, o estado e a família não podem de maneira nenhuma obrigar que a pessoa se eduque, se esta pessoa não quiser ser educada.  A tutela do estado ou da família sobre a pessoa não pode ser prioritária aos interesses da própria pessoa, a não ser no caso de transgressão do direito ou de uma agressão direta à sociedade. Sou consciente de que eu acabo de fazer uma afirmação complicada, dura, perigosa, sujeita à críticas e que certamente será propositalmente mal entendida por alguns ou ocasionalmente mal interpretada por muitos indivíduos, principalmente àqueles que não defendem nada, porque são ligados a partidos políticos ditos socialistas e acreditam que o estado tem que fazer absolutamente tudo na vida do cidadão e assim só sabem criticar as pessoas que pensam. Minha afirmação ainda deverá, pelo menos num primeiro momento, também ser bastante criticada por aqueles que defendem o ensino público e gratuito para todos e em todos os níveis de ensino.  Nesse sentido solicito a todos que não tirem conclusões prematuras e que leiam o texto até o fim, para poder avaliar exatamente o que estou tentando dizer. Infelizmente ao contrário de alguns seres humanos, eu sou um indivíduo que além de pensar, também resolvo falar e escrever, porque gosto de expressar minha opinião e de discutir para procurar melhor entendimento das coisas. Isso obviamente tem me criado inúmeros problemas e me feito muito mal dentro da sociedade em que estamos vivendo, haja vista que, por um grande mal sociológico, em geral as questões polêmicas não são discutidas, simplesmente alguém diz que é de uma maneira e os demais costumam seguir esse alguém. Sendo assim, fiquem à vontade, porque eu já estou acostumado a sofrer críticas. A propósito, é bom que fique claro, desde já, que eu também sou a favor do ensino público e gratuito, mas não sou a favor de que haja absurdos, como uma gratuidade generalizada, até porque, como já foi dito, a educação é um direito e o estado deve trabalhar para que esse direito possa ser efetivado na totalidade da população ou pelo menos para a maioria das pessoas, dentro de um mecanismo democrático. Mas, por outro lado, o estado não tem que ser tutor de todas as pessoas. A família, como já foi dito, tem uma responsabilidade maior com seus filhos nesse aspecto, mas o estado não é pai e muito menos mãe de quem quer que seja. O estado tem que fazer o que pode e o cidadão interessando deve trabalhar, buscar e conquistar os seus direitos. Não acredito que um direito deva ser encarado como uma benção da sociedade para o indivíduo. Durante minha vida educacional, até o dia em que ingressei na faculdade, sempre estudei em instituições totalmente públicas e mesmo a faculdade em que estudei era parcialmente pública. Sou do tempo em que a gente tinha que fazer exame de admissão para passar do primário para o ginásio, se quisesse continuar estudando numa escola pública e poucos passavam porque o número de escolas era relativamente pequeno. Para ingressar numa faculdade (raríssimas naquela época), independentemente do curso escolhido, havia um vestibular muito competitivo e não era qualquer indivíduo que conseguia passar e ingressar. Ou seja, eu não tive a vida fácil que alguns desconhecidos da história poderiam pensar de imediato. Ao contrário, tive que estudar e correr atrás para conseguir me manter na escola pública e não culpo o estado por conta disso, porque entendo que isso é correto e, naquela época, era sobretudo necessário, pois havia muitas crianças, muitos jovens e poucas escolas, mas hoje ocorre exatamente o contrário, porque o número de escolas aumentou e o número de crianças e jovens proporcionalmente diminuiu. Estudar em escolas públicas na minha época era, sobretudo, um prêmio oferecido àqueles que se dedicavam ao estudo e acreditavam que só assim poderiam projetar um “futuro melhor”. Grande parte de minha infância transcorreu numa época complicada, em que o país vivia sob a égide de uma ditadura militar. Porém, se esse fato era ruim, certamente era ruim apenas para quem também era ruim, pois a vida do cidadão comum se manteve do mesmo jeito e não se alterou por conta da ditadura, salvo raríssimas exceções. Se os militares erraram e também ficaram muito tempo no poder, foi porque houve necessidade ou talvez porque não fossem políticos e não tivessem o tino para a administração pública, mas com certeza eles não eram deliberadamente mal intencionados, como muitos administradores que vieram depois da chamada “abertura política”. Sobre vários aspectos aquela ditadura era muito mais democrática do que a pretensa democracia que a sucedeu até os dias de hoje. Hoje, eu não conheço pessoas boas que reclamem da época da ditadura militar, ao contrário, apenas os picaretas e os bandidos ainda reclamam. O que eu quero dizer é o seguinte: gente boa não reclama daquele tempo, embora possam ter ocorrido alguns exageros, certamente esses não foram de maneira nenhuma uma regra para a sociedade em geral. Naquele tempo, as escolas públicas não eram muitas, como eu já disse, mas o ensino era bom e quem queria estudar e aprender, com certeza conseguia. Sou um exemplo vivo desse fato e conheço vários indivíduos como eu. Mas, o que aconteceu depois de 1985, com a famigerada “abertura política”? O país, com raríssimas exceções, foi entregue na mão de um monte de vigaristas, que inventaram e, o que é pior, se debruçaram em cima de ideias idiotas preconcebidas por “gênios do mal” e sonhos de socialismos improváveis, para enganar a maioria das pessoas, que até hoje não conseguiram ser educadas, no sentido literal da palavra e estão por aí procurando “Papai Noel” e outras figuras mitológicas. O pior é que muitos realmente acreditavam e alguns ainda acreditam nessas coisas e infelizmente parece que não sabem que “Papai Noel” não existe. Alguns desses “gênios do mal” acabaram sendo eleitos e assim foram alçados ao poder. Desta maneira eles passaram a sugerir um caminho irreal, uma forma de educação que só interessava a eles mesmos e os seus instintos cada vez maiores de poder e de domínio. Eles criaram mitos modernos sobre questões morais e atribuíram conceitos absurdos sobre as inter-relações pessoais, fazendo as comunidades pensarem que o errado é que estava certo. Além disso, esses indivíduos resolveram, a bel-prazer, que os absurdos que eles inventavam é que deveriam ser conduzidos na educação a ser ministrada e ensinada nas escolas no país. Ora, é óbvio que isso não poderia dar certo e o desastre culminou, quando um grande idiota, semianalfabeto e declaradamente alheio à educação assumiu a direção maior do país. Nessa situação, a educação que já era ruim, ficou muito pior e passou, de fato, a ser um dever (uma obrigação) do estado. Mas graças a Deus o estado, nesse aspecto, não cumpriu o seu dever e grande quantidade dos absurdos não chegou a sair dos planos e projetos, mas infelizmente alguns foram publicados e até mesmo distribuídos nas escolas. Por favor, nesse momento, eu preciso esclarecer, que se antes a educação era ruim porque o estado era inoperante, nesse instante ela ficou bastante pior, porque o estado resolveu operar de maneira propositalmente errada. Foi exatamente nesse momento infeliz da história brasileira, que um apedeuta e sua trupe passaram a reger uma orquestra ruim e desafinada, onde a educação deveria ser a partitura e na verdade nunca foi, porque a estrutura educacional foi criada e dirigida dentro de uma forma de interesses estritos, que visavam apenas colocar nas comunidades somente aquilo que agradava a quem “administrava” (roubava, talvez fosse melhor) o país. Meus amigos, assim chegamos ao atual “status quo”, onde os políticos safados fazem o que querem e os cidadãos de bem pagam a conta, onde a “Lei de Gérson” é imperante, onde bandidos comandam o país de dentro das cadeias, onde o certo está errado e o errado está certo. Isto é, passamos a viver numa total inversão de valores morais. Tudo isso porque alguns malfeitores resolveram e decidiram que esse país seria propriedade deles eternamente. Mas, graças a Deus, nada é perene e o castelo dessa corja começou a ruir e espero que caia de uma vez por todas. Quero acreditar que esteja na hora de mudar e começar a reconstruir o Brasil. Aquele Brasil sonhado por Paulo Freire e por Darcy Ribeiro, senhores que, com toda a visão progressista, esquerdista ou mesmo comunista, nunca deixaram a educação de lado, porque não tinham um projeto de poder e sim um projeto de governo, de melhoria das pessoas e de desenvolvimento do país. Ao contrário, esses senhores sempre priorizaram a educação, porque, antes de tudo, eram brasileiros diferentemente de outros embusteiros. O que continuamos precisando hoje é exatamente isso, um projeto que possibilite a nacionalização do Brasil, que vislumbre primeiramente o desenvolvimento do país e de sua população e isso só acontecerá quando a educação for, de fato, uma prorrogativa, uma prioridade e um direito claramente estabelecido na mente de todos os brasileiros. O Governo atual, certo ou errado, parece que está tentando fazer a sua parte ao propor a mudança do ensino médio. Quero deixar claro que eu não votei nesse governo e consequentemente não votei no que acaba de sair, haja vista que é o mesmo governo, só mudaram algumas pessoas de lugar. Tenho minhas críticas e minhas dúvidas sobre ambos, ao governo e à reforma do ensino proposta, e até já publiquei minha opinião a esse respeito (LIMA, 2016a). Entretanto, tenho que concordar que essa proposta é algo que não se via nesse país desde a ditadura militar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (5692/1971), que ficou em vigor até 1996, quando foi substituída pela atual (Lei 9394/1996), foi essa lei que, dentre outras coisas, criou o ensino profissionalizante e começou a tirar esse país do marasmo e da incompetência generalizada, permitindo nos colocar no nível de capacitação mínima entre as nações do mundo civilizado. Essa lei é da época do governo militar e queiram os senhores ou não, foi essa lei, não por coincidência, relacionada à educação, que permitiu mudar a cara desse país no cenário internacional. O chamado “milagre brasileiro” certamente é o grande fruto dos resultados da Lei 5692/1971. A criação dos Centros Integrados de Educação Pública – CIEP no Rio de Janeiro e dos Centros de Atenção Integral à criança e ao Adolescente – CIAC no Brasil, graças ao trabalho de Darcy Ribeiro, na década de 1980 e 1990, também foram algumas grandes obras, as quais rapidamente foram sucateadas e destruídas, com duvidosos argumentos econômicos e financeiros, exatamente quando começavam a dar certo e produzir alguns frutos. É claro que educação custa caro, pois esse é exatamente o preço que tem que ser pago para que a nação possa se desenvolver e o país possa entrar verdadeira e integralmente no cenário internacional. Não adianta bradar que somos a sexta economia do mundo, se continuamos a amargar a condição de octogésima qualidade de vida do planeta e com uma das piores distribuições de riqueza da Terra. Como pode um país de 205 milhões de habitantes, ter cerca de 27 mil milionários, os quais concentram quase 30% de toda a riqueza financeira possuída nacionalmente? Cabe salientar que essas informações são fornecidas e publicadas pelo próprio Governo Federal (Brasil,2016). É preciso distribuir melhor e principalmente roubar menos, porque por mais caro que possam ser os gastos com a educação, certamente o seu custo total ainda será muito baixo, porque esse custo será tremendamente mais barato aos cofres públicos do que foram os “mensalões”, os “petrolões” e todos os inúmeros golpes (esses sim, foram golpes) e assaltos aplicados pelos governos recentes do país, os quais se diziam democráticos, progressistas e preocupados com os mais humildes. Além do que, obviamente, a população, de maneira nenhuma, estaria reclamando se os recursos financeiros que desapareceram do país, tivessem sido investidos e gastos totalmente na educação. É meus amigos, é isso mesmo. O que posso afirmar, como testemunha ocular é que a educação nesse país já foi muito melhor, mas isso ocorreu quando o roubo era menor e quando as pessoas, mormente as crianças, iam deliberadamente à escola e estavam preocupadas apenas em aprender e não em discutir questões outras que não cabem no cotidiano escolar. As pessoas que não queriam ir à escola, simplesmente não iam. Os pais mantinham as crianças sob suas respectivas guardas e isso não era crime. Algumas crianças trabalhavam e outras ficavam na vadiagem, mas, ainda assim, havia ordem no país e os problemas sociais, em todos os níveis, certamente eram infinitamente menores do que hoje. Não existia a demagogia da obrigação de estar na escola para se ouvir aquilo que não se quer ouvir e tampouco de se impedir que se pudesse, de alguma forma, trabalhar e ajudar a família para tentar melhorar de vida. Nesse país, nos últimos anos, tentaram fazer a doutrinação do povo com uma educação de mentira e não fosse a ganância insana e absurda, talvez esses malfeitores tivessem conseguido atingir o propósito estabelecido. Está na hora de voltarmos lá atrás, ainda na época do governo militar. Eu me lembro do então Ministro Eduardo Portela (1979/1980), que foi nomeado Ministro pelo Presidente Figueiredo e depois demitido pelo mesmo Presidente Figueiredo, apenas por ter se mostrado claramente favorável a uma greve estabelecida pelos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pois é, se vivia numa ditadura militar, mas havia a possibilidade de pensar diferente dos administradores. Obviamente podia se perder o emprego, como aconteceu com o ministro, e nada mais. Certamente isso era mais democrático do que se viu recentemente, pois o grande educador e Ministro Eduardo Portela ainda está por aí, vivendo até hoje. Antes de qualquer coisa, a escola tem voltar a ser um local de interesse da sociedade e de pessoas capazes de, por direito, escolherem o que é certo e o que é errado. A sociedade cabe o direito de julgar, mas nunca de impor. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948), no seu artigo primeiro: “todo ser humano nasce livre e igual aos demais seres humanos” e no artigo terceiro reafirma que, além disso: “o ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança”. Da mesma forma que o Ministro Portela teve o direito de escolher e ficou do lado oposto ao governo, hoje nós estamos sendo convidados a escolher entre a educação e a bestialidade. Espero que não sejamos bestas, apenas para agradar a quem quer que seja e nem por medo. É preciso ter coragem e parar de culpar alguns pelos erros de todos, porque o problema é generalizado e não existem responsáveis específicos. A família certamente tem muita culpa, o estado também, mas a questão transcende a esses dois agentes especiais, como relatei no artigo anterior (Lima, 2016b). A educação, embora não esteja escrito na Constituição Federal, ao mesmo tempo que é um direito, também um dever moral de toda sociedade e por isso mesmo é fundamental parar de apenas dizer não ao que é ruim, pois existe uma necessidade principal maior de que se diga sim para o que pode e deve ser melhor. Até aqui, a sociedade tem se mantido apática, ou só tem criticado e negado todas as possibilidades de melhoras educacionais preferindo continuar caminhando na desgraça eterna e obviamente isso é um erro que precisa ser corrigido. Graças a Deus que qualquer mudança real na questão da educação, até pelo seu efeito modificador da sociedade como um todo, acaba sendo necessariamente progressiva, pois do contrário, esse país de dirigentes safados e sem interesse na educação da coletividade, de famílias descomprometidas com seus filhos e de sociedade egoísta e alienada, já teria sucumbido totalmente e a situação poderia estar muito pior. É exatamente por conta dos efeitos graduais e progressivos que as mudanças educacionais produzem nas pessoas, mesmo aquelas sem educação formal, que lamentavelmente ainda são muitas nesse país, que a sociedade aprende a ver e a sentir o que é melhor para o Brasil e para si mesmas. Desta maneira, apesar de tudo, obviamente estamos sempre avançando, mas ainda estamos dando passos curtos e lentos, porém, se as pessoas e o governo quiserem acelerar o processo, o Brasil, em tempo relativamente curto, poderá sair do calabouço da brutalidade, do submundo da ignorância e da incompetência educacional generalizada. É lógico que o governo só vai querer acelerar o processo se a sociedade significativamente continuar querendo, ou seja, é fundamental que haja cobrança e imposição popular de toda a sociedade em prol da educação. Vamos acreditar e esperar que a mudança do ensino médio, mesmo modesta, defeituosa e ainda claudicante, seja um novo marco que conduzirá o Brasil anos luz à frente, porque nos últimos 50 anos, essa proposta está sendo a única coisa sugerida com vistas à melhoria generalizada da educação brasileira. Continuo acreditando que temos que priorizar a educação e que ela, dentro do possível, deve ser pública e gratuita, mas é preciso parar com esse negócio, essa demagogia, de achar que o governo tem que fazer tudo por todos. John Kennedy, em seu discurso inaugural como presidente dos Estados Unidos (20/01/1961) disse o seguinte: “não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país”.  Pois então, nós brasileiros precisamos fazer alguma coisa pelo Brasil e a educação, por vários aspectos que já citei neste e em outros artigos e, principalmente, por conta de ser um direito do cidadão, a educação tem que passar a estar destacada de maneira efetiva dentro das prioridades nacionais. A nossa realidade é que somos um país continental, o quinto maior do mundo e com a sexta maior população, mas precisamos assumir a nossa responsabilidade sobre essa condição brasileira no planeta. A educação tem que ser a mola mestra desse país e para tanto ela tem que deixar de ser uma máscara usada pelo estado para justificar uma obrigação que, a meu ver, o estado não tem, pelo menos direta e totalmente. Tiremos a máscara do estado e também aquela que colocamos em nós mesmos e vivamos a realidade que o país necessita. Isto é, mostremos a nossa cara e partamos para um Brasil infinitamente melhor, com um povo educado, que respeita as diversidades, garante os direitos e exige os deveres, mas sem tentar criar nenhum modelo absurdo, principalmente aqueles de interesses particulares ou oriundos de outras realidades. Referências
BRASIL, 1971. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 5692, de 11/08/1971). Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências, Legislação Informatizada da Câmara dos Deputados, Brasília.
BRASIL, 2012. Constituição da República Federativa do Brasil (1988), Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, 35ª ed., Brasília.
BRASIL, 2016. Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira (Dados do IRPF 2015/2014), Ministério da Fazenda, Brasília.
LIMA, L. E. C., 2016a. A “Medida Provisória” para o Ensino Médio e o “Notório Saber”, www.profluizeduardo.com.br , 27 de setembro de 2016.
LIMA, L. E. C., 2016b. Por que a Educação não dá certo no Brasil?,  http://oblogdowerneck.blogspot.com.br/2016/12/por-que-educacao-nao-da-certo-no-brasil.html , 17 de dezembro de 2016.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1998. Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948), Biblioteca Virtual dos Direitos Humanos/USP, São Paulo.
]]>

06 jun 2018

A Recuperação da Área Florestada na Região do Vale do Paraíba

Resumo: O texto faz menção as notícias veiculadas na mídia indicando que a região paulista do Vale do Paraíba, ampliou suas áreas florestadas com vegetação nativa e o autor sugere que as notícias, ainda que boas e necessárias, podem não ser de todo verdadeiras, por conta da grande quantidade de área reflorestada com essências exóticas na região.


A Recuperação da Área Florestada na Região do Vale do Paraíba

Mapeamentos feitos a partir de imagens de satélite revelam que,
entre 1985 e 2015, as áreas de floresta passaram de 250 mil para 455 mil hectares,
o que representa um acréscimo de 83% em floresta nativa na porção paulista do Vale do Paraíba
(EMBRAPA, novembro de 2016).
Trabalhos recentes (GALINARI, 2016) nos têm dado conta de que a região do Vale do Paraíba tem sido a que mais tem conseguido crescer no que se refere a recuperação de sua cobertura vegetal no Estado de São Paulo. Obviamente, para nós cidadãos vale-paraibanos, essa é realmente uma notícia alvissareira, pois nos coloca à frente das demais regiões do estado, numa área de significativo interesse e preocupação nos tempos atuais, que é a questão da recuperação das áreas desmatadas, haja vista que São Paulo é o estado mais desenvolvido e, por isso mesmo, também é ambientalmente um dos mais desmatados do país. Entretanto, por outro lado, é preciso que se discuta e avalie muito bem os detalhes que norteiam esses resultados que nos colocam nessa condição de superioridade quanto e esse considerável aspecto.   Nossa região, em seu estado primitivo, possuía quase 90% de sua área totalmente florestada (LIMA, 2015a), mas a partir da chegado do homem branco a coisa começou a ficar complicada, pois o desmatamento aconteceu contundente e progressivamente, por conta da ocupação desordenada, do plantio do café, das fazendas de gado leiteiro e inúmeros erros. Depois de 1920, com o fim da cultura intensiva do café, pouca coisa sobrou e a vegetação nativa praticamente desapareceu nas áreas de várzea e nas encostas mais baixas das serras que margeiam o vale. No que se refere aos cuidados com a vegetação nativa, praticamente nada aconteceu, pois historicamente apenas desmatamos, degradamos e destruímos a região e sua vegetação primitiva.   O que a natureza levou séculos, talvez milênios para produzir, nós destruímos quase completamente em pouco mais de 200 anos.  A região que outrora era coberta de matas naturais e de vegetação exuberante em vários lacais, ficou com áreas totalmente desmatadas em consequência do fim da exploração do café e depois, muitas dessas áreas ainda foram pisoteadas e compactadas pela ação do gado, o que inviabilizou totalmente qualquer possibilidade de recuperação natural.   Algumas dessas áreas inviáveis chegaram mesmo ao nível total de desertificação em algumas localidades específicas e por volta de 1980, a região chegou atingiu menos de 20% de áreas naturais florestadas. E essas parcas áreas florestadas que foram mantidas se deveram principalmente à dificuldade de plantio e pastoreio em algumas localidades do topo da Serra do Mar, onde hoje se localiza grande parte do Parque Estadual da Serra do Mar do Estado de São Paulo. Assim, nesses 200 anos, secaram inúmeros olhos d’água e muitas nascentes, foi derrubada quase toda a mata ciliar e foram desmatados os morros de fácil acesso e solapadas muitas de suas bases. Várias das marcas produzidas pala erosão sofrida ainda estão por aí, muito bem visíveis em diferentes áreas da região.   A partir de meados dos anos 1980 foi iniciado um grande programa de “reflorestamento” da região, inicialmente com Pinus elliottii, originária do Sul dos Estados Unidos, e mais recentemente com Eucalyptus grandis, oriundo do Leste da Austrália. Apenas a partir do início dos anos 1990 é que a região começou a se preocupar realmente com o que aqui se estava plantando em larga escala e aí se passou a dar ênfase e a se preocupar um pouco com a necessidade do plantio de essências nativas, mormente nas áreas de mananciais e nas proximidades de parques e reservas.   Resumindo tudo, nós destruímos até 1980 e de lá para cá resolvemos começar a recuperara região e hoje temos mais de 30% de área florestada no Vale do Paraíba, o que realmente é um índice muito bom e bastante expressivo. Entretanto, o fato de ser muito bom essa grande ampliação da área vegetada, não garante nada quanto à recuperação florestal da região, porque esse número esconde outro aspecto relevante, que é a grande massa de eucaliptos plantados na região. Existem municípios que possuem mais de 20% de suas áreas cobertas com plantação de eucalipto (LIMA,2015b).   O Vale do paraíba constitui-se efetivamente numa monocultura de eucalipto (LIMA, 2016). Só como exemplo, existe uma empresa de papel e celulose na região, que por conta dessa necessidade faz plantio de eucalipto e que possui cerca de 250 fazendas exclusivas para esse fim. Os números da área total vegetada aumenta, mas muito dessa ampliação é apenas e tão somente de eucaliptais e não vegetação nativa como sugerido pela EMBRAPA (2016).   A vegetação é maior, porém a imensa maioria das áreas florestadas está coberta de eucaliptos, que além de exótica, é uma essência que exige grande quantidade de água, principalmente nos primeiros anos de vida e como se trata de uma produção florestal estritamente comercial, essa florestas são cortadas e replantadas alternada e constantemente. É óbvio que entre nenhuma cobertura vegetal e uma floresta de eucalipto, certamente a preferência será pela floresta de eucalipto, mas sempre é bom lembrar que isso está longe de ser o ideal que a região necessita.   É necessário que faça uma avaliação apurada dessa acentuada monocultura regional de eucalipto, sem paixões e sem interesses, para que se possa estabelecer os devidos critérios de plantação no interesse regional e não empresarial e também entender os devidos benefícios e malefícios desse plantio. A monocultura de eucalipto, da maneira que se estabelece, só traz vantagens significativas para as empresas de exploração dessa essência para produção de papel e celulose, além de acabar iludindo as pessoas, quando ajuda a produzir números significativos de ampliação e recuperação de nossas áreas de “vegetação natural”.   Quero deixar claro, que eu pessoalmente não tenho nada contra o eucalipto, que obviamente é uma madeira realmente importante, pois além da produção de papel e celulose, assume inúmeras outras utilidades, na construção civil, na indústria moveleira, na indústria química, na medicina e mesmo na produção de carvão vegetal. Por outro lado existe a necessidade de que se tenha em mente que esse mesmo eucalipto que dá números positivos a área vegetada na região é uma planta exótica, que requer água, que é extremamente competitiva, que empobrece o solo e principalmente não é uma árvore que será perene no local onde foi plantada, ao contrário ela será cortada periodicamente em intervalos relativamente rápidos.   É preciso que tenha sempre em mente essa imagem de que o eucalipto que acaba dando números positivos a área total vegetada na região não é uma cultura perene e que as áreas onde essa cultura se encontra são limpas a cada 6/7 anos e novos eucaliptos são plantados no local ou não, porque esta é uma “floresta comercial”. Quer dizer, o objetivo da floresta de eucalipto é produzir eucalipto e não reconstruir floresta. Desta maneira, quase nunca se deixa a “floresta” atingir um estágio adulto, considera-se apenas o tamanho comercial interessante para o corte da planta, que leva em média 6/7 anos.   É preciso dizer ainda que uma planta jovem está sempre requerendo muitos nutrientes e muita água e assim acaba retirando muitos recursos do solo na área onde está plantada. Como essas plantas são plantadas e cortadas ainda jovens, a área acaba sendo explorada em excesso e seus recursos naturais tendem a estagnar. Além disso é bom ressaltar que qualquer monocultura explora sempre o mesmo tipo de recurso natural e isso também vicia o solo do local. Em suma, o excesso de florestas jovens numa mesma área tende a esgotar o solo em alguns nutrientes muito exigidos e em água. O resultado disso é que depois de alguns cortes sucessivos (3 a 4) o solo estará praticamente estagnado e seco, necessitando de muito investimento para sua recuperação e para seguir sendo capaz de manter uma floresta qualquer.   Que bom que temos aumentado nossas áreas florestadas, mas que ótimo seria se plantássemos mais essências nativas ou se cortássemos menos eucaliptos e deixássemos as florestas terem continuidade temporal. A experiência tem demonstrado que, mesmo em florestas de eucaliptos, depois de 30 a 40 anos, o sub-bosque se refaz e os processos sucessórios acontecem naquele ecossistema. É claro que esse será sempre um ecossistema artificial, mas muitos dos trâmites ecológicos naturais se reestabelecem, pois progressivamente o solo se refaz, a água reaparece, a biodiversidade aumenta, a fauna gradativamente aumenta e algumas espécies nativas vão novamente se desenvolvendo.   Por outro lado, enquanto plantamos e cortamos somente eucaliptos, estamos apenas tendo a impressão de que a vegetação está aumentando, porque, na verdade, o que está aumentando progressiva e assustadoramente é a área geográfica total plantada de eucaliptos, já que é cada vez maior o espaço total ocupado por essa monocultura. Se amanhã ou depois o homem descobrir outros mecanismos para substituir as funções produzidas pelo eucalipto e essa essência deixar de ser tão útil quanto tem sido até aqui, fico imaginando e tenho medo do grande vazio que resultará com o desmatamento que ocorrerá no Vale do Paraíba com a retirada do eucalipto hoje existente, mais de 10% de toda região (Carriello & Vicens, 2011) sem nenhuma substituição.   Infelizmente estamos habituados a pensar somente em lucro econômico e não em lucro ambiental, até porque muitos de nós, por conta do imediatismo, ainda não compreendemos que o lucro ambiental tem como consequência o lucro econômico. Assim, enquanto existir somente preocupação com o lucro estritamente econômico numa determinada atividade, certamente essa se manterá, porém quando a atividade deixar de ser interessante por parar de produzir esse tipo de lucro, ela tenderá a acabar rapidamente e nesse caso a região vale paraibana, que hoje é uma grande monocultura de eucalipto (“um deserto verde”), no futuro, poderá vir a se transformar num deserto de fato. É bom lembrar que o Vale do Paraíba já viu esse filme e já vivenciou exatamente esse tipo de história com a monocultura cafeeira. O plantio de café aqui se estabeleceu no final do século XVIII e que teve seu auge entre 1830 e 1880, até se extinguir totalmente em 1920 (CONCEIÇÃO, 1984).   Vamos cair na realidade lembrar que a recuperação da região exige muito mais do que apenas plantar eucalipto para fins puramente comerciais. É preciso de grandes projetos de recuperação e restauração florestal para garantir a verdadeira ampliação de áreas florestadas nativas na região.   O fim do desmatamento, que lamentavelmente ainda existe, alcançando efetivamente o desmatamento zero na região, a recuperação das matas do entorno das nascentes, a recuperação das matas ciliares dos rios, o estabelecimento de corredores ecológicos e a ampliação das Unidades de Conservação são algumas das ações que se fazem necessárias para nos permitir um efetivo incremento de áreas vegetadas na região do Vale do Paraíba.   Além disso, a recente criação da Câmara Técnica de Restauração Florestal pelo Comitê das Bacias Hidrográficas do Paraíba do Sul (CBH-PS, 2017), também deverá trazer significativos benefícios e consequentes avanços à recuperação da vegetação da região, mas, salvo melhor juízo, ainda estamos muito longe de nossas necessidades reais e de celebrarmos qualquer grande melhoria nessa questão.   Referências Bibliográficas e Eletrônicas
CBH-PS, 2017. DELIBERAÇÃO CBH-PS 13 de 14 de dezembro de 2017. “Cria a Câmara Técnica de Conservação dos Recursos Hídricos e Restauração Florestal”, no âmbito do CBH-PS e especifica suas ações.
CARRIELLO. F & VICENS. R. S, 2011. Silvicultura de eucalipto no vale do Paraíba do Sul/SP no período entre 1986 e 2010, Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6403.
CONCEIÇÃO, A. A. B. & SANTOS, A. P. 2014. O Café no Vale do Paraíba: Origem e Decadência, III Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, 20 a 22 de outubro de 2014, Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Universidade de Taubaté.
GALINARI, G. 2016. Florestas nativas crescem mais de 805 no Vale do Paraíba Paulista
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
LIMA, L. E. C., 2015a. A Ocupação e a Preservação do Vale do Paraíba: Ontem, Hoje e Amanhã, www.profluizeduardo.com.br
LIMA, L. E. C., 2015b Considerações sobre a Monocultura de Eucalipto no Vale do Paraíba, www.profluizeduardo.com.br
LIMA, L. E, C., 2016 A Monotonia e o Perigo das Monoculturas, www.profluizeduardo.com.br
]]>

30 abr 2018

CONTEXTUALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Resumo: O texto trata da real necessidade de regionalização da Educação Ambiental como mecanismo norteador (orientador) de uso sustentável dos recursos naturais. É uma abordagem abrangente que propõe uma avaliação contextualizada para o Patrimônio Natural Regional e os diferentes usos dos recursos naturais encontrados nesse patrimônio.


CONTEXTUALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ultimamente, muito tem sido discutido sobre a Educação Ambiental e como se poderia e se deveria fazer para colocar esse modelo de Educação dentro dos conteúdos curriculares das escolas brasileiras, mas até aqui a tarefa de concluir essa discussão ainda não se demonstrou objetivamente tão clara e eficiente como deveria se supor que fosse num primeiro momento. Ao contrário da expectativa, do modo em que a situação se encontra, na verdade se fala muito e acaba se fazendo muito pouco sobre educação ambiental de fato. Alguns dos muitos envolvidos nessa questão resolveram decidir que educação ambiental é orientar para se fazer reciclagem, outros que educação ambiental é cuidar e tratar do lixo, outros ainda assumiram que a Educação Ambiental é despoluir as águas e conservar a natureza e vai por aí afora, porém ninguém produziu um mecanismo suficientemente abrangente para estabelecer um bom programa educacional. Em suma, cada um vê a Educação Ambiental daquela forma que quer ver ou daquela forma que acha mais significativa e importante, mas sempre com um olhar sectário e caolha da realidade maior a sua volta. Desta maneira a Educação Ambiental segue sendo um ideal a ser atingido, mas que ainda está bastante longe da realidade necessária. De certa forma, todos estão parcialmente certos, mas por limitarem o foco, também acabam estando grandemente errados, porque a Educação Ambiental não pode ser dirigida diretamente a esse ou aquele aspecto, ela deve ser abrangente e globalizante. As ideias por trás das práticas educativas devem ser ampliadas, ainda que as ações e a eficácia devam ser localizadas. A Educação Ambiental precisa ser trabalhada dentro de um conceito mais amplo, numa visão mais generalista, de acordo com os padrões precípuos da sustentabilidade. Os aspectos considerados são importantes, mas só podem fazer sentido se forem avaliados dentro de um contexto geral, que envolve todos concomitantemente, ou que os individualizem na temática, mas globalizem nas ações a serem postas em prática, considerando todas as três vertentes fundamentais da sustentabilidade (ambiental, social e econômico), obviamente priorizando a temática (o viés) ambiental do referido tripé. Entretanto, na maioria das vezes, não é isso que tem acontecido, porque cada aspecto considerado é individualizado e especificado para determinada questão e isso não alcança os objetivos maiores propostos na Educação Ambiental. Assim, os temas a serem tratados podem ser boas premissas como enfoques principais, mas precisam ser considerados no seu todo e nas suas relações com as demais questões ambientais e não serem isolados e tratados separadamente. Além disso, também é fundamental que as questões a serem trabalhadas pela Educação Ambiental digam respeito à realidade próxima do grupo envolvido. Não adianta tentar trabalhar Educação Ambiental fora da realidade próxima e imediata da comunidade, porque desse jeito não vai haver percepção real. A contextualização é preponderante para que o entendimento daquilo que se quer demonstrar seja efetivamente alcançado. A ordem a ser priorizada deve seguir o seguinte sequencial: primeiro a realidade contingente do local, depois a realidade próxima do regional e por fim, a realidade intencional do estadual, do nacional, do internacional e do global (planetário). A Educação Ambiental também tem que ser produzida a partir dessa premissa, isto é, quanto mais próximo do local em que se está, mais interessante, mais oportuno e principalmente mais prioritário. Os grandes problemas planetários começam a ser resolvidos por cada um de nós, na nossa própria casa, ou seja, no lugar mais próximo, dentro daquela máxima que diz: “pensar globalmente, agindo localmente”. Chega de pensar numa Educação Ambiental imaginária, irreal e para outro mundo. É preciso pensar, trazer e fazer uma Educação Ambiental para dentro da realidade cotidiana que se vive. Nossa região é o Vale do Paraíba e aqui estão as nossas cidades e nossas comunidades, então esses devem ser os nossos norteadores da Educação Ambiental que precisa ser desenvolvida. Nossos problemas prioritários dizem respeito às nossas necessidades imediatas e não se trata de puro egoísmo, mas sim da real manifestação daquilo que é preciso resolver em primeiro plano, para garantir o verdadeiro envolvimento com as questões ambientais e tratar essas questões dentro das possibilidades situacionais que podem ser verdadeiramente operadas na região. Até porque em regiões diferentes da nossa, existem condições diferentes e obviamente as soluções possíveis também tenderão a ser bem diferentes. Assim, apenas o contexto real poderá lançar luz efetiva sobre a necessidade devida da Educação Ambiental a ser ensinada no local. As soluções são locais e por isso mesmo, as orientações também têm que ser locais. Não posso me preocupar com os problemas dos outros, por mais importantes que eles possam ser, enquanto os meus problemas não estiverem resolvidos. É uma grande utopia, um sonho, achar que a minha preocupação resolve qualquer problema longe de mim. Contextualizar é exatamente o contrário disso, ou seja, contextualizar é trazer para si próprio o problema e buscar a solução a partir das condições ambientais externas e internas do próprio problema, sem qualquer importação de valores e outras condicionantes. É claro que grande parte dos modelos existentes conhecidos e que são aleatoriamente aplicados sempre poderão ser úteis, mas na maioria das vezes eles não serão aplicáveis “in loco”, até porque são modelos e não podem ser verdades absolutas. Obviamente os modelos devem sim ser considerados, mas mudar o meio para adequar o modelo é uma tarefa irrisória e idiotizante, porque certamente isso não vai permitir resolver o problema. A solução está exatamente na postura contrária, isto é, deve ser adequada ao meio para começar a funcionar. Além do mais, transferir a mudança do meio para a adequação do modelo, sobretudo é artificial e antiecológica. Desta maneira não pode ser identificada em essência como Educação Ambiental. Pois então, até aqui o muito que se viu da Educação Ambiental foi exatamente isso: alguém propunha um modelo e todos repetiam aquele modelo em diferentes lugares. Ora isso, salvo melhor juízo, não pode ser considerado como Educação Ambiental, isso, quando muito é aplicação de modelos genéricos para Educação Ambiental, o que, na maioria das vezes, é extremamente artificial. O Meio Ambiente não é como a Matemática que eu posso teorizar para qualquer lugar ou situação. O Meio Ambiente é muito diverso e infelizmente não existem padrões totalmente aplicáveis.  Assim, é preciso que sejam construídos modelos locais, que identifiquem e interpretem as situações próximas e permitam solucionar problemas intrínsecos a esses mesmos locais, para se possa fazer Educação Ambiental de fato.   CONCEITOS AMBIENTAIS Na área do Meio Ambiente, como em qualquer área, existem muitos conceitos genéricos aplicáveis, entretanto é preciso que se dimensione exatamente a abrangência daquilo que se quer operacionalizar. Por exemplo, aqui no Vale do Paraíba existe uma questão que afeta a todos os envolvidos na região e até mesmo fora dela, que é a situação da água da Bacia Hidrográfica. Sendo assim, obviamente é necessário e interessante se trabalhar com os conceitos de Bacia Hidrográfica, de Ecossistema Hídrico Limnológico, com o conceito de ambientes lóticos e lênticos. Enfim, há várias terminologias que precisamos ter em mente e aplicar no interesse da Educação Ambiental para a região. Entretanto, não são apenas esses os conceitos que podem interessar, porque muitas vezes a questão local transcende a questão regional, fazendo com que a terminologia seja outra e outros conceitos adicionais sejam necessários. O Meio Ambiente é uma espécie de caixa preta que o homem ainda não conseguiu entender na sua plenitude. Na verdade, o homem tem apenas uma vaga ideia de algumas coisas, mas não conhece a maioria das verdades ambientais próximas, principalmente num país com diversidade geológica, biológica e cultural que o Brasil possui. Aqui no Brasil, nós ainda não somos capazes de identificar grande parte das espécies a nossa volta, quanto mais saber exatamente as respostas que elas poderão dar às diferentes situações naturais ou artificiais produzidas e muito menos nos casos de mudanças ambientais, os quais, infelizmente, têm sido cada vez mais comuns. Muitos conceitos ambientais regionais e particularmente locais, ainda terão que ser construídos, definidos, entendidos e por fim popularizados a partir de suas ideias genéricas, para que a população tome ciência e consciência exata daquilo que possui, daquilo que existe à sua volta e de como deve proceder no seu interesse próximo para garantir que aquilo continue existindo. As noções de bem natural, de patrimônio ambiental e de manejo ambiental ainda estão muito distantes da realidade próxima das pessoas nas diferentes comunidades e enquanto for assim não será possível falar em Educação Ambiental efetiva. É preciso que as pessoas saiam do empirismo e do continuísmo sociológico no uso dos recursos naturais e que se apropriem conscientemente desses recursos, inclusive e principalmente considerando a finitude desses recursos. Para que isso ocorra, a noção de patrimônio ambiental e sua transformação em recurso e ainda a maneira de utilizar esse mesmo recurso, têm que ser noções precípuas que a Educação Ambiental necessita produzir e orientar nas diferentes comunidades. Outro aspecto a ser considerado no que diz respeito aos conceitos ambientais é aquele que se relaciona com o próprio conceito ambiental em si. Nos ecossistemas antrópicos, essa é uma falha extremamente comum, quando se pensa em Educação Ambiental, porque o homem muda as condições de acordo com seus interesses particulares e os demais, inclusive os demais humanos que partilhem o ambiente em questão, que se danem. A Educação Ambiental precisa considerar essa questão dentro do modelo educacional que se quer propor naquele momento ou situação. Por exemplo, se o meu negócio é gado e se o seu é horta, nós não temos os mesmos requisitos básicos quanto a qualidade de alguns recursos naturais. De repente, o que é poluição hídrica para uma comunidade pode ser uma condição natural essencial para outra comunidade. Essas situações têm que ser pensadas e esclarecidas pela Educação Ambiental com toda a parcimônia necessária, considerando a relação de custo e benefício ambiental, social e econômico. Obviamente, essa não é uma tarefa simples, entretanto existe grande necessidade de sua consideração, se é que se quer mesmo fazer Educação Ambiental. Veja por exemplo, a água tratada que serve as populações humanas, esse tipo de água não presta para ser utilizada por determinados tipos de organismos vivos, porque o tratamento que é vital para os humanos, pode tornar essa água tóxica para outros organismos. Por outro lado, algumas vezes acontece o contrário, os agrotóxicos que um fazendeiro usa na sua plantação, pode ser vital para suas plantas, mas certamente será letal para os humanos que por ventura tenham contato estrito com essa material. Assim, como já foi dito, é preciso que sejam estabelecidos alguns critérios de prioridade. A situação é realmente bastante complexa e fica mais conflitante ainda quando se considera que infeliz e lamentavelmente, embora o patrimônio natural seja de todos, os recursos naturais “pertencem” a alguns proprietários que tem esse ou aquele interesse e aí já se está falando de sociedade, de relacionamento interpessoal e de economia. Nessas alturas, na maioria das comunidades, o Meio Ambiente e a Educação Ambiental passam para um plano inferior, mas a situação não pode continuar sendo assim, se é que existe pretensão real em fazer Educação Ambiental. Ora, se não houver concordância no mecanismo de exploração do patrimônio e no uso dos recursos naturais, obviamente não haverá bom relacionamento social e muito haverá vantagens econômicas compatíveis para todos os envolvidos. É por isso que as questões ambientais têm que ser tratadas com visão sustentável e generalizada, considerando todos os problemas possíveis e também é por isso que o Meio Ambiente tem que ser a base principal do tripé da sustentabilidade. Se não houver recurso, não há sociedade organizada e não há lucro econômico. Em suma, tudo pode ficar insustentável e ruir se o Meio Ambiente ruir. A Educação Ambiental tem que estar concatenada com essa situação, pois do contrário não existirá Educação Ambiental de fato e assim, o problema continuará não sendo entendido e muito menos resolvido.   CONTEXTUALIZAÇÃO Considerando que existe consenso sobre o tamanho do problema que é a necessidade de construir um efetivo trabalho de Educação Ambiental, agora vem o que acabaria sendo mais simples, isto é, trazer à realidade daquilo que se quer demonstrar para uma condição tangível e verdadeira para os aprendizes. A contextualização deveria ser a parte mais fácil, desde que as demais condições estejam estabelecidas a contento. Quer dizer, depois que se tem a verdadeira dimensão do local, das suas possibilidades, das suas necessidades e das suas aplicações e ainda depois que se sabe exatamente aquilo que se quer dispor ou degradar para adquirir lucro com os recursos daquele lugar, aí é que a gente deveria contextualizar as diferentes situações possíveis. O problema é que historicamente os processos foram atropelados e as coisas quase nunca aconteceram dentro dos princípios que se tentou demonstrar aqui nesse ensaio como sendo os mecanismos corretos de ação, de ocupação e principalmente de uso dos recursos oriundos do patrimônio natural. Infelizmente os ambientes foram usurpados, ocupados e explorados indevidamente sem nenhum critério e sem nenhuma parcimônia. Mas, por outro lado, Educação Ambiental exige que os acontecimentos se deem dentro de padrões que priorizem a utilização e manutenção do patrimônio natural dentro de preceitos claros. O patrimônio natural só pode ser transformado em recurso natural dentro de critérios muito bem estabelecidos, para que o não haja dana significativo ao patrimônio e que seja garantida a sustentabilidade do Meio Ambiente e a continuidade dos recursos e da comunidade. Ou seja, que seja garantida a manutenção daquele mecanismo que gera o uso do patrimônio como recurso, ao longo das gerações, produzindo condições sociais e econômicas, mas sem o comprometimento integral daquilo que se fez recurso e também sem que haja uma degradação do local onde se explora a atividade. A degradação não é só do recurso, mas é do ambiente como um todo. Na verdade, quando se explora algo, se compromete todo o local (ambiente) onde esse algo se encontra. A Educação Ambiental tem que estar atenta a esse detalhe e tem que ser capaz de demonstrar que isso é um fato e também deve tentar transformar esse fato numa forma menos degradante possível, por isso há que procurar as, já citadas, alternativas locais para a resolução dos problemas. Os materiais explorados devem mesmo ser explorados? Essa é uma questão que muitos jamais aceitarão que a resposta possa ser não. Entretanto, cabe a Educação Ambiental permitir a interpretação real dessa possibilidade e produzir mecanismos que façam os envolvidos entenderem essa necessidade ambiental, porque esse é o contexto real que se estar vivendo. Aqui se chegou numa condição de verdadeira contextualização que desagrada e aí como se resolve o problema? Como eu disse no início contextualizar é fácil, o que é difícil é aceitar aquilo que a contextualização pode pedir para que se faça. Muitas vezes a Educação Ambiental deixa de ser interessante e assim, sempre é possível se dar um “jeitinho” para agradar a quem quer que seja e o patrimônio ambiental que se lasque. A sustentabilidade que se exploda, pois o ambiente não vai ser protegido, a sociedade não vai deixar de fazer o que sempre fez e a economia não pode parar de crescer. É aquele velho sonho absurdo do crescimento ilimitado num planeta limitado. Isso é impossível e a Educação Ambiental tem que demonstrar esse fato a todos os envolvidos pelas diferentes situações! É preciso entender que não há como manter crescimento eterno e a sociedade e a economia precisam estar prontas para isso, porque o Meio Ambiente já está ciente de que não dá mais. A Educação Ambiental precisa informar e caracterizar isso. A Terra está gritando por socorro das ações humanas e a Educação Ambiental tem que demonstrar essa verdade. A pergunta que fica é a seguinte: será que vai se querer mesmo contextualizar a Educação Ambiental?   REGIONALIZAÇÃO Ainda que já tenha sido dito, que não se pode partir de situações específicas para fazer Educação Ambiental, é preciso que se concorde que há necessidade de algum ponto de partida para que a prática da Educação Ambiental possa se estabelecer. Por outro lado, como também já foi dito, é fundamental que aquilo que se trabalha tenha a ver com a realidade próxima e nada é mais próximo do que aquilo que acontece localmente. Desta maneira, se existir algum aspecto que seja local e que, por contingência geopolítica ou mesmo situacional também seja regional, esse aspecto deve ser priorizado e considerado como possuidor de uma forte capacidade de interesse comunitário e consequentemente de grande contextualização. Aqui na região existem vários aspectos que podem se enquadrar nessa condição de local, com interesse regional e facilmente contextualizado para a Educação Ambiental. O principal desses aspectos certamente é o Rio Paraíba do Sul, que empresta o nome e atravessa toda a região e, por isso mesmo, acaba sendo o elo comum a todos e um fator preponderante à região como um todo. O Rio Paraíba do Sul e toda a sua Bacia Hidrográfica, certamente têm mais detalhes regionais em comum do que contrastantes, embora esses também existam. Assim, talvez as questões hídricas possam e devam ser o ponto de partida para um estudo ou mesmo para um programa básico de Educação Ambiental regional. Vejam bem, não vai aqui qualquer referência sobre esse ou aquele pedaço do rio, mas sim sobre a sua importância que é comum a todos, porque suas águas é que atendem direta ou indiretamente às necessidades regionais. O Rio Paraíba do Sul integra e qualifica interesses regionais e assim se apresenta como uma das características mais importantes no interesse de toda a coletividade da região. Ele está em todas as comunidades e mais, todas as comunidades dependem direta ou indiretamente dele. O Rio Paraíba do Sul é, por assim dizer, um ícone capaz de definir aspectos locais e regionais, além de ser forte indicador de como proceder para garantir a qualidade ambiental regional. Quer dizer, o Rio Paraíba do Sul é sim um excelente parâmetro para servir de base a qualquer projeto de Educação Ambiental na região do Vale do Paraíba, haja vista que de uma forma ou de outra, ele interessa e participa na vida de todas as comunidades locais, que compõem a população da região como um todo. Outros dois bons aspectos para definir padrões peculiares e desenvolver programas e projetos de Educação Ambiental na região são a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar, que abrigam formas vivas de grande biodiversidade, riquezas geomorfológicas e belezas cênicas incomparáveis. Ambas acompanham e margeiam de cima, lá do alto, o Rio Paraíba do Sul e toda a região. Assim, essas serras, de alguma forma, também estão associadas direta ou indiretamente a quase todos os municípios, porque derramam seus nutrientes diretamente em alguns deles. Suas realidades geomorfológicas também são bem parecidas e ambas guardam peculiaridades históricas bastante semelhantes. Ou seja, ambas as serras são fatores comuns de interesse regional, mas que também apresentam importância local em grande parte dos municípios da região. Enfim, além desses, existem vários outros aspectos que depois de muito bem trabalhados, podem servir de ponto de origem para demonstrar o que deve ser feito com a região do Vale do Paraíba e em cada um dos seus municípios, usando, preservando e também mantendo as condições básicas e fundamentais da região como um todo. Qualquer programa ou projeto de Educação Ambiental a ser desenvolvido e implantado no Vale do Paraíba tem que partir desses tipos generalizados de aspectos ou, pelo menos, de um pressuposto integrador que reúna todas as características que aglutinam a região como uma unidade, apesar das individualidades específicas e das diferenças notórias.   CONCLUSÃO Pois então, a situação de fazer Educação Ambiental não é tão simples quanto aparentemente se gostaria que fosse, porque na verdade existe uma grande montanha de questões que se contrapõem à Educação Ambiental. Até aqui o que tem sido feito, como foi dito no início é apenas “perfumaria”, os problemas são muito mais profundos e suas possíveis soluções são muito mais drásticas e conturbadoras do que alguns pensam. Tratar de Educação Ambiental com seriedade vai envolver uma gama muito maior de argumentos e de dispositivos que possam justificar as ações e além disso, vai necessitar de muita vontade política de quem administra e de quem acredita “ser dono” de alguns produtos naturais. O patrimônio natural é do planeta e não do homem e o planeta deve ser a prioridade máxima na questão da Educação Ambiental, mas não se pode ter dois pesos e duas medidas na hora de decidir sobre como proceder. O Meio Ambiente SEMPRE deve estar em primeiro lugar, porque somente o que for bom para o ambiente poderá ser bom para toda a sociedade e poderá trazer avanços econômicos reais até um determinado limite, o qual também SEMPRE será imposto pelo próprio Meio Ambiente. A Educação Ambiental de verdade deverá contemplar claramente o que está aqui proposto, porque do contrário ela será mera falácia sobre o Meio Ambiente, sem nenhuma vinculação efetiva com a realidade que precisa existir. O ser humano é a espécie mais dependente do planeta e do patrimônio natural, mas usurpou a Terra sem nenhum cuidado e agora está na hora de se preparar para tratar o planeta como ele merece, porque começou a entender o óbvio. Somente uma Educação Ambiental coerente e verdadeira, sem falsas alternativas, poderá mudar o comportamento humano e conduzir a humanidade um pouco mais à frente. Do contrário a espécie humana está fadada a extinção prematura. Somente uma vivência com implicação direta na sustentabilidade poderá conduzir a humanidade para um futuro um pouco mais longínquo. A Educação Ambiental regionalizada é exatamente o caminho metodológico que poderá permitir que isso aconteça dentro de padrões convincentes e esclarecedores, porque esta é a única maneira objetiva de envolver toda a comunidade na questão ambiental e assim fazer com que haja um efetivo interesse na resolução dos problemas ambientais, locais, regionais, estaduais, nacionais, internacionais e globais.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (61) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista.

]]>

30 jan 2018

Discurso aos Formandos de Licenciatura Plena em Biologia do Centro Universitário UNIFATEA/2017

Resumo: Discurso proferido, como Paraninfo da Turma de Formandos do Curso de Licenciatura Plena em Biologia (2017) do Centro Universitário Teresa D´Ávila – UNIFATEA, em 24/01/2018, Lorena/SP.


Discurso aos Formandos de Licenciatura Plena em Biologia do Centro Universitário UNIFATEA/2017

Senhor Reitor, Professores e Professoras, Pais e Amigos dos Formandos, Senhoras e Senhores, Meus caros ex-alunos e colegas de profissão, Boa Noite. Meus queridos formandos, não sei se vocês estão lembrados, mas no primeiro dia de aula eu disse para vocês: “doravante vocês são meus colegas de profissão, eu vou fazer a minha parte tentando passar um pouco do que aprendi sobre a Biologia, mas espero que vocês façam sua parte também. Para mim, todos aqui já estão aprovados e eu não gostaria que se preocupassem muito com notas, mas sim que se dispusessem a estudar e aprender”. Pois então, como eu disse, eis que minha previsão estava certa e vocês estudaram, procuraram aprender e hoje estão confirmando o que eu já sabia, desde o primeiro dia em que vi vocês. Posso dizer, sem medo, que certamente vocês constituem uma das melhores turmas que já passaram nesses 15 anos do Curso de Biologia do UNIFATEA.  Muito obrigado por terem me permitido fazer parte dessa bela história que vocês estão escrevendo. Por outro lado, eu também disse para vocês que: “eu sou muito bom naquilo que faço e desafio a quem quiser mostrar o contrário e gostaria que vocês também fossem assim”. Certamente vocês se assustaram com a minha audácia e pretensão. Alguns até disseram para si mesmo: “qual é a desse “velho metidão?” Porém, mais uma vez, parece que eu estava certo, porque se hoje vocês me colocaram na condição de Paraninfo da turma é porque concordaram com aquela afirmativa. Obviamente, que eu fico feliz e envaidecido, porque depois de 62 anos de idade, 42 anos de magistério e quase 40 anos formando Biólogos, ainda sou capaz de ser lembrado e homenageado pelos meus alunos. Muito obrigado mesmo e podem ter certeza que é exatamente isso que me dá força e anima a continuar falando da nossa Biologia. Bem, mas vamos ao que interessa, isto é, a mensagem do Padrinho aos Afilhados. Diz a lenda que o Padrinho é o segundo Pai e que na falta do Pai, o Padrinho assume a responsabilidade de seu afilhado. Sendo assim, quero desde já reafirmar o meu compromisso e no que tange à Biologia e à Educação, podem continuar contando comigo, enquanto eu ainda estiver por aqui, vivendo nesse planeta, o único que parece abrigar essa coisa maravilhosa denominada vida e que hoje está poluído, degradado e esquecido, graças às ações de indivíduos de nossa espécie.  Pois então, vou conduzir minha fala exatamente nesse tema da degradação ambiental planetária pelo Homo sapiens e da grande possibilidade de que brevemente desapareçamos da superfície terrestre, por conta exclusiva de nosso egoísmo e de nossa pretensa superioridade sobre as demais formas vivas. Enganados e pretensamente apoiados por Deus, por conta de uma leitura errada e mal entendida do livro do Gênesis, os seres humanos resolveram se assumir como “Herdeiros de Deus” e “Donos do Planeta”. Nos apropriamos da Terra de forma tal, que não medimos as consequências dos nossos atos. Particularmente, nos últimos 100 anos, reproduzimos e crescemos a população humana de maneira tão absurda, que mesmo com duas grandes guerras e outros flagelos significativos, dos pouco mais de 2 bilhões que haviam nos idos de 1930, hoje já passamos dos 7,5 bilhões de seres humanos e precisamos de espaço para ocupar, de casas para morar, de água para beber, de ar para respirar, de alimentos para comer, de roupas para vestir e de inúmeras outras coisas que a Terra nos fornece gratuitamente. É bem verdade que, apesar de tudo o que fazemos de errado, temos vivido mais tempo, porém às custas daqueles que ainda não nasceram e que talvez nem consigam nascer, porque talvez esgotemos tudo antes de suas vindas e nem tenhamos muito tempo para produzir novos seres humanos para o futuro. Nunca nos preocupamos coletivamente com a espécie, só nos preocupamos individualmente, como se fôssemos seres absolutos. Nossos maiores problemas são o “Rei Dinheiro” e o “Imperador Consumo”, que nos iludem e nos levam rapidamente ao caos, esgotando os recursos naturais. Esquecemos do “Ser” e só pensamos no “Ter”. É preciso lembrar que antes de ter precisamos ser e que só seremos realmente, enquanto o planeta, nosso verdadeiro e único eldorado, nos permitir, porque tudo que utilizamos é o planeta quem nos fornece. Entretanto, a maioria dos humanos não está nem aí com as coisas de natureza, nem com a diversidade planetária. O que a história geológica e toda a evolução levou de 5 bilhões de anos para produzir, nós destruímos em poucas séculos, particularmente no último, e nem demos uma parada para descansar e olhar para trás. Na verdade, somos um grande foguete à busca do “armageddon” que infelizmente deverá levar nossa espécie ao apocalipse final, ao extermínio e a extinção. Em suma, estamos acabando com todo o patrimônio natural, utilizando os recursos de maneira insana e inconsequente. Ocupamos os espaços a nosso bel prazer sem considerar o equilíbrio e a manutenção dos ecossistemas naturais. Passamos toda a nossa história humana produzindo resíduos de todo tipo e nunca nos preocupamos efetivamente em entender o grande mal que isso causa ao planeta, à todas espécies vivas e principalmente à nossa própria espécie, que é a mais dependente de todas. Victor Hugo, famoso poeta francês, que viveu entre 1802 e 1885 já dizia: “é triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve”. Pois então, tem gente, assim como Victor Hugo, preocupada com a situação planetária faz mais de 200 anos, mas os governantes historicamente pertencem ao grupo daqueles que não ouvem a natureza e assim nada fazem para minorar essa situação caótica. Bem, meus amigos, essa é uma formatura de Biólogos, de Licenciados em Biologia e eu também sou Biólogo e Licenciado em Biologia e nós homens da Biologia, melhor que ninguém, sabemos que a humanidade tem caminhado de maneira errada e acreditamos que ainda é possível mudar o rumo, minorar a situação e progressivamente caminhar na linha contrária de tudo que temos visto e feito até aqui. A tecnologia que nos levou ao caos, há de ser a mesma tecnologia que nos levará ao “éden” novamente e que garantirá a vida, além da vinda efetiva e da sobrevivência dos futuros seres humanos. Nós, biólogos do mundo inteiro, temos uma obrigação com o planeta e com a humanidade, porque nós somos os mensageiros da “boa nova”, que permitirá a continuidade da espécie humana na Terra. Infelizmente, temos que estar sempre mostrando o lado ruim, para que as pessoas entendam, mas também temos que apresentar os caminhos que permitirão as devidas soluções. Poucos seres humanos e pouquíssimos profissionais tem a dimensão real da vida como nós temos. Nós sabemos que a Terra é uma grande aeronave e que todos que nela estão são apenas passageiros. Precisamos continuar a nossa viagem evolutiva nesse planeta fabuloso, junto com outras espécies vivas. Aqui no Brasil, nossa responsabilidade é maior ainda, porque apesar de sermos o país possuidor da maior biodiversidade planetária, suportamos os piores administradores públicos do planeta. Um bando de políticos embusteiros e incompetentes que não visualizam, nem de longe, a importância e o significado do Brasil ser um país de megabiodiversidade. Além disso, adicione-se o fato desses sujeitos serem corruptos contumazes e insaciáveis que só se preocupam consigo mesmo, com suas contas bancárias e que se aproveitam do patrimônio natural brasileiro, apenas para aumentar suas riquezas pessoais. Mas, deixemos essa discussão para outro momento. Nós Biólogos sabemos que a Evolução é uma imensa viagem e também sabemos que nossa espécie ainda está muito jovem para chegar ao fim de sua linha evolutiva. A nossa extinção não pode e nem deve continuar sendo antecipada nesse um suicídio coletivo que a humanidade está cometendo e o tempo, cada vez mais curto, segue na direção contrária aos interesses da continuidade de nossa espécie. Nós, os amantes da Biologia, não podemos desistir e temos que lutar firmemente para mudar esse quadro. Para tanto, necessitamos de vontade efetiva, de uma fé imensa, de muito conhecimento e de bastante esperança. Pois então, além de Biologia, foi exatamente isso que procurei colocar na cabeça de vocês, ao longo desse quatro anos de convivência efetiva: “nós Biólogos, temos um compromisso com a vida e com o planeta e não podemos desistir dele”. Meus amigos, colegas de profissão, tenham fé na humanidade, trabalhem para que ela continue existindo e desenvolvam todo o conhecimento possível para demonstrar que tudo pode ser diferente e melhor. É bom lembrar que o impossível não existe, que a esperança é a última que morre e, principalmente, que enquanto há vida há esperança e nós ainda estamos vivos. Desta maneira, enquanto houver vida humana e esperança, tudo sempre será possível. Eu já estou naquela fase em que a gente tem menos tempo para viver do que já viveu e por isso mesmo brevemente não estarei mais aqui na Terra, pelo menos nessa forma humana, mas tenho vontade que a humanidade prossiga e acredito piamente no desenvolvimento científico e na ampliação do conhecimento humano para o bem maior da humanidade. Espero sinceramente que os netos, bisnetos, tataranetos e toda a linhagem evolutiva daqueles que herdarão a Terra, constituam uma plêiade de seres humanos renovados e preocupados com a planeta e com a continuidade de nossa espécie na Terra. Doravante, na condição de Biólogos e Professores de Biologia, cada uma de vocês tem uma missão que vai além da vida de todos nós e de muitas gerações à frente. Biólogos, façam o dever de casa e trabalhem duro para cuidar do planeta para garantir o bem de nossa espécie. Conto com vocês e espero ter feito a minha parte, como exemplo vivo, daquilo que acredito. Vocês me fizeram de espelho ao me escolher Paraninfo, então acreditem como eu e, por favor, façam as suas respectivas partes, porque Deus e a própria humanidade certamente um dia agradecerão a todos aqueles que não mediram esforços para manter a vida no planeta, em particular a vida humana. Abraços a todos e sejam felizes. Lorena, 24 de janeiro de 2018

Professor Luiz Eduardo Corrêa Lima

]]>

27 out 2017

Chega de tanta baboseira na Escola

Resumo: Nesse texto em que tento comemorar mais um 15 de outubro, venho chamar a atenção do pessoal ligado às escolas e a população brasileira como um todo da necessidade de que sejam estabelecidos limites e regras para o que estão querendo colocar atualmente dentro das escolas brasileiras para doutrinação da sociedade. É preciso que a sociedade brasileira fique atenta aos absurdos que estão tentando estabelecer como regras para as escolas desse país.


 

Chega de tanta baboseira na Escola**

Neste 15 de outubro, quero chamar a atenção para a figura do professor como indivíduo inserido na sua Comunidade e na Sociedade como um todo. Estamos vivendo momentos pouco interessantes de discussões fúteis que têm procurado mudar o foco da Educação para outros objetivos menos nobres e nada importantes, com o pretexto de estabelecer discussões político-sociais de relevância duvidosa, as quais também não fazem o mínimo significado dentro de uma escola, como instituição de ensino e de educação. Estou me referindo a esse emaranhado de baboseiras sobre ideologia de gênero, escola sem partido, homofobia, racismo, chauvinismo, machismo, empoderamento feminino e outras babaquices de menor importância sociológica e sem importância nenhuma dentro da escola que têm sido muito faladas atualmente.

Aliás, antes que me critiquem, deixem eu primeiramente me defender. Entendo que a escola é um local importante para a formação cidadã, mas não de imposição programada de pensamentos e filosofias particulares. É na escola que se deve conhecer as coisas, mas não é na escola que se deve ser dirigido a esse ou aquele caminho, sobre essa ou aquela coisa.  Essa mania desses sujeitos da pseudoesquerda brasileira que anda por aí desorientada, querendo condicionar a população em geral na ideia de que as pessoas que não pensam como elas querem que pensem, não podem e, o que é pior, não devem existir. Isso mesmo não devem existir, pois alguns desses sujeitos chegam mesmo a sugerir a morte dos que pensam de maneira diferente deles. Infelizmente a maioria desse pessoal é que não parece ser capaz de pensar, pois sequer tem parado para refletir sobre algumas dessas posturas radicais, violentas e agressivas que têm constantemente conduzido, em prol de questões menores e, com o agravo de estar relacionando tudo isso com a escola e com a educação.

Ora, vamos ser francos, esse povo não sabe, de fato, o que é educação, até porque votou no safado do Lula e em seus seguidores, que sempre foram avessos ao tema educação, pois se gabam de nunca terem estudado e mesmo assim terem conseguido chegar ao poder. Talvez seja por isso mesmo que tenham feito tanto mal ao país e ao povo brasileiro, como estamos descobrindo cotidianamente. Mas, vamos deixar isso de lado, voltar ao nosso assunto presente e seguir em frente.

Daqui para frente, vou pontuar e discutir a respeito de meu pensamento pessoal sobre determinados aspectos referentes a alguns dos temas citados acima. Se achar que devem, me processem, mas acho que ainda tenho direito de pensar e como educador, tenho a obrigação de dizer aquilo que penso. O que não posso, não devo e não quero, como educador, é fazer proselitismo de minhas ideias, tentando fazer delas regras, mas, posso e devo sim, falar sobre elas e emitir minhas opiniões.

Com relação a Homofobia, realmente não dá para dizer que não existam pessoas que sejam lamentável e efetivamente homofóbicas, porque isso é um fato, embora triste, mais que comprovado. Entretanto, será que é na escola que surge esse sentimento absurdo ou é a própria sociedade que impõe essa questão? Eu tenho certeza que não é na escola que isso se origina. A meu ver, essa questão transcende e muito, aos limites da escola.

Vejam bem, na comunidade escola, as pessoas envolvidas, ou seja, os alunos, os professores e os funcionários, devem viver e conviver, independentemente da escolha sexual que tenham e isso, a meu ver acontece muito bem. Não creio que a escola seja o foco principal da Homofobia, até porque, dependendo da faixa etária, essa questão ainda é pouco entendida pelos próprios estudantes e não há porque fazer barulho, nem dar qualquer destaque a esse fato, já que ele é um ilustre desconhecido da maioria, ou seja, os alunos.

Na escola, só se deve dar destaque àquilo que é importante para os alunos e para a educação deles. Penso que está questão da Homofobia é uma condição lamentável e que infelizmente é comum para muito humanos, mas a comunidade escola aceita e supera muito bem as opções sexuais de quem quer que seja dentro de sua comunidade. Em suma, dentro das escolas Homofobia não existe e, se não existe, não pode ser considerada como um problema. A opção sexual de cada um é um problema de cada um e não da escola ou da educação escolar.

Já a Ideologia de gênero, esse sim é um absurdo sem tamanho, que foi criado apenas para traduzir anseios de algumas pessoas com problemas de ajustes psicossociais em função de seus interesses e afinidades sexuais. Para começar é melhor lembrar que eu já procurei deixar claro, na questão anterior que não sou contra nenhuma posição sexual de quem quer que seja. Entretanto, devo dizer que é fundamental entendermos que a nossa espécie pertence ao gênero Homo, que resolvemos traduzir como Gênero Humano e que não existe outro gênero e nem espécies de humanos. No passado até existiram outras espécies, mas atualmente somos uma única espécie humana, denominada de Homo sapiens.

Agora, por outro lado, também é preciso ser entendido que todas as espécies que compuseram o gênero humano, inclusive a espécie atual, é composta de indivíduos de sexos separados, isto é, somos uma espécie dioica, (unissexuada), onde os indivíduos possuem individualmente apenas e tão somente um único sexo, dos dois sexos que existem na natureza: o sexo masculino (homem) ou o sexo feminino (mulher). Na natureza também existem espécies Monoicas (Hermafroditas), em que um indivíduo possui os dois sexos, mas essa situação efetivamente não existe nos seres humanos. Podem ocorrer até casos de pseudo-hermafroditismo masculino ou feminino, porém, mesmo assim o sexo fisiológico nos humanos é apenas um, masculino ou feminino. Assim, a condição dioica representada é a única possível e aceitável para a espécie humana, biologicamente falando. Entretanto, agora estão querendo contrariar a Biologia, criando situações intermediárias biologicamente inexistentes. Desculpem-me pelo pleonasmo e pela redundância, mas, ao meu ver, ambos são extremamente necessários para o entendimento dessa questão.

Na verdade, penso que estão confundindo opção sexual, com gênero e com sexo e, a partir disso, estão criando uma série de absurdos e incoerências, as quais ficam mais violentas e desagradáveis quando querem enfiar isso goela abaixo das demais pessoas. E tudo fica mais violento ainda, quando se quer que isso seja discutido dentro das escolas, porque muitos insistem que essa é uma questão de educação, o que certamente não é verdade. Essa é uma questão que está mais para um erro conceitual ou para uma desvirtualização intencionada da verdade, a fim de defender questões ideológicas desconexas e justificar os padrões de comportamento antibiológico que se quer inserir por força na sociedade.

Vejam bem, eu não estou querendo dizer que não existam modificações psíquico-sociais fora do padrão biológico básico, o que estou dizendo é que não se pode querer enquadrar essas situações diferentes como regras. Obviamente existem pessoas que têm um sexo biológico e um sexo mental (psíquico-social) diferente, mas de qualquer maneira essas pessoas sempre são, biológica e primariamente, masculinas ou femininas, não tem como ser diferente, à luz da Biologia. Nenhum homem que tenha sexo psíquico feminino vai poder biologicamente ser mãe, assim como nenhuma mulher que tenha sexo psíquico masculino vai poder ser pai. Essa é uma verdade biológica e natural que derruba e transcende qualquer tentativa de conceituação artificializada sobre essa questão.

Na aula de Biologia se aprenderá sempre Biologia e na aula de Sociologia se aprenderá sempre Sociologia, mas ninguém deverá discutir questões de ordem ou de interesse pessoal, porque assim a escola estará fugindo ao seu propósito precípuo, qual seja a educação e o ensino coletivo e comunitário. Desta maneira, questões sócio-políticas, de interesse pessoal, não devem ser tratadas direta e abertamente na escola, mormente no nível fundamental do ensino como querem alguns e muito menos devem ser intermediadas como sendo questões de interesse prioritários à sociedade, que certamente não são. A sociedade tem coisas mais importantes com que se preocupar, independentemente das novelas da rede globo e dos interesses pessoais de alguns indivíduos.

Essa questão de ideologia de gênero também não é um problema das escolas, mas é um problema que algumas pessoas tem e que alguns mal-intencionados estão tentando levar para as escolas, a fim de aflorar primariamente a sexualidade das crianças, para ganhar mais apoio e tentar justificar a incoerência daquilo que tentam defender e isso sim é que deve ser tratado com atenção por parte da sociedade e da justiça.

Outra questão absurda é a tal da “escola sem partido”, expressão que em si mesma acaba sendo um pleonasmo, porque de fato nenhuma escola é, nem pode ser vinculada diretamente a qualquer partido. A escola necessariamente tem que ser livre e isenta. Quando alguém fala em “escola sem partido”, na verdade está querendo dizer “escola sem doutrinação ideológica”, como aliás, também deve ser qualquer escola. Isto é, sem tentar impor filosofia de gênero, homofobia, racismo ou outro tipo qualquer de orientação para um fim definido.

Pois então, da mesma maneira que ninguém quer que seu filho seja orientado incorretamente a cometer um crime, também ninguém quer que seu filho seja instigado a seguir tal conduta, condição ou partido político. Dessa forma, toda escola tem que ser efetivamente sem partido e sem doutrinação ideológica, para continuar sendo uma escola de fato e de direito. Por isso mesmo, essas coisas também não devem e nem podem ser discutidas com as crianças nas escolas.

O Racismo é outra questão que o homem poderia acabar se apenas observasse o que acontece no comportamento animal e não precisaria fazer uso das escolas para discutir essa questão. Imagine que existe uma onça albina, uma onça pigmentada, com sua coloração mais comum, e uma onça negra. Agora, por favor, pare de imaginar, porque isso é um fato que existe mesmo e podem acreditar: nenhuma onça se sente mais ou menos onça do que outra apenas por ter uma coloração diferente.

É simples para as onças e deve ser simples também para os humanos, basta querer entender que a coloração é um aspecto desenvolvido por adaptação ambiental ao longo da evolução de nossa espécie, mas como nossa espécie transcendeu os limites das barreiras geográficas e culturais que separavam os grupos, a mistura se estabeleceu entre as diferentes raças humanas e a coloração, que nunca teve, passou a ter menos sentido diferencial ainda entre os humanos. É bom lembrar que esse fato também aconteceu com outros aspectos morfológicos, fisiológicos e até mesmo com algumas características culturais.

Meus amigos, esse tipo de situação ocorre tanto com onças, quanto com homens e obviamente com quaisquer outros animais. O Racismo é uma aberração da mente de alguns humanos, que além de não fazer sentido social, também não faz qualquer sentido biológico e não pode ser fator de relevância numa escola.

O Chauvinismo também é um outro aspecto que para muitos deve ser tratado na escola e eu penso que não deva, exatamente porque o patriotismo é fundamental e a escola deve ensinar sim, mas a exacerbação do patriotismo ou de outra causa qualquer, como alguns grupos tem se tentado inserir, não é fundamento da escola e muito menos motivo de educação. Aliás, talvez seja de deseducação, de fanatismo e de irresponsabilidade civil. Não se pode discutir, por exemplo, o erro do nazismo propondo um outro modelo semelhante. A escola deve informar, mas não pode tomar partido para esse ou para aquele aspecto. Qualquer defesa insistente, forçada, abusiva e tendenciosa de qualquer argumento específico não cabe ser discutida na escola

O Machismo é uma maneira infeliz que alguns idiotas ainda têm, de achar que o homem é o representante do sexo superior da espécie, isto é, que o sexo masculino é mais importante que o feminino e por isso mesmo, deve ter mais poderes. Lamentavelmente ainda existem países e culturas que alimentam essa idiotice. Nos últimos anos as mulheres puderam, por si sós, demonstrar que esse tipo de pensamento, além de ser um grave preconceito, é também uma grande besteira e se existe alguém que ainda pense desse maneira em nossa sociedade, isso é motivo de ação criminal e não de aprendizado escolar.

Entretanto, em contra partida ao machismo, uma das expressões que mais se escuta atualmente é “o empoderamento feminino”, como se a mulher precisasse de poder para demonstrar o que efetivamente é, ou seja, que é um ser humano, assim como o homem, dotado de todos os mesmos predicados.  Não existe esse tal “empoderamento feminino”, existe sim as mulheres e homens que fazem e aqueles que não fazem a diferença. A escola deve tratar as pessoas como pessoas, independentemente do sexo.

Ora, se eu não se quer falar de machismo, também não se deve falar de empoderamento feminino, porque essas duas coisas se equivalem na essência e uma é tão preconceituosa quanto a outra. Na verdade, o que existe é o ser humano, que é representado indistintamente pelo homem e pela mulher, todo o resto é balela e discussão sem fundamento. É preciso pensar sim em justiça social, mas não em tratamento sexual diferenciado da sociedade e da justiça para os dois sexos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelecidos pela ONU em 1948, que vai fazer 70 anos no ano que vem, já estabeleceu os critérios fundamentais de igualdade entre todos os humanos independentemente de sexo, raça, origem e se há concordância com a declaração, então não existe necessidade de se ficar rediscutindo sobre essas coisas, basta apenas se seguir o que está estabelecido. Agora, para quem não está em concordância com a declaração, aí é que talvez haja necessidade de propor mudanças. Mas, as escolas também não são os lugares devidos para manifestar diretamente essas propostas particulares de mudanças.

Bem, enfim, vou ficar por aqui, até porque acho que já fui muito repetitivo. Pois então, a escola não é o local prioritário e devido para se discutir sobre questões já estabelecidas e ajustadas na sociedade. A escola é o local primário de educação, cultura, ensino e aprendizado, qualquer outra discussão deve ter caráter apenas informativo, principalmente quando se trata com crianças e jovens, que estão na escola para aprender sobre as matérias escolares e não para serem adestrados sobre ideologias. Enquanto continuarmos fazendo da escola mais um motivo para discussões políticas, nossas crianças ficarão cada vez mais confusas e serão sempre mais incapazes do que as crianças de outros países, que vão à escola apenas para estudar e aprender. Questões outras, que fogem ao foco educacional não têm, de maneira nenhuma, que ser inserida na formação de nossos jovens por via escolar.

O mal cidadão, que lamentavelmente cada vez mais se vivifica em nosso país, certamente é fruto desse absurdo que se criou, de tentar confundir escola com centro político e de agir para transformar as escolas em bases eleitorais do partido “A” ou do partido “B”. O coronelismo dos guetos do poder, tradicional em algumas regiões desse país e que foi tão combatido no passado, parece que agora está migrando para dentro das escolas com nova maquiagem e até parece que hoje muitos não estão mais querendo combater essa forma drástica de transgressão da liberdade humana. O pior de tudo é que os grupos interessados nessa maquiagem estão usando as crianças e os jovens, dentro das escolas, tristemente com o apoio de alguns “professores”, que acabam servindo como massa de manobra dos interesses mais mesquinhos e promíscuos.

Senhores Professores, nesse 15 de outubro deem um basta a esses absurdos que estão criando e dizendo por aí, voltemos a fazer das escolas um lugar de aprendizagem intelectual e não de discussão política de baixo nível, para defender os interesses de qualquer grupo social ou de quem quer que seja. A grande maioria das escolas, particularmente as escolas públicas, se transformaram em antros perniciosos exatamente por conta disso. A mistura proposital e a confusão conceitual entre o certo e o errado, entre cidadão de bem e o bandido, prospectada por essas discussões absurdas fizeram da escola essa balbúrdia progressiva e essa desordem catastrófica. Esse fato tem que ser combatido e contido o mais rápido possível. É preciso voltar as ações para tentar colocar a educação novamente nos eixos.

A escola necessita urgentemente ser escola outra vez, para que o país possa começar a sair do atoleiro em que se meteu. Isso só será possível se abolirmos de uma vez por todas certas questões perniciosas que só comprometem a escola e a qualidade do processo de ensino-aprendizagem como um todo.

Meus amigos, pensem nisso e ajam proativamente contra essa situação, se quiserem, como eu, um Brasil melhor no futuro, porque do contrário infelizmente continuaremos andando para trás e sendo motivo de chacota do resto do mundo. Por favor, reflitam profundamente sobre essas questões e para aqueles, que como eu, ainda têm lutado bastante pelas escolas desse país, porque ainda acreditam no Brasil e na educação como principal fonte de solução dos nossos problemas, deixo aqui o meu desejo verdadeiro de um Feliz Dia dos Professores.

 Luiz Eduardo Corrêa Lima **Discurso proferido no dia 13/10/2017, em comemoração ao dia dos professores.

]]>

07 jul 2017

Avante Nação Brasileira

Resumo: O artigo atual contém uma crítica à situação lamentável de bandidagem em que se encontra o país e considera que o grande culpado é o modelo socioeconômico estabelecido por outros interesses que só priorizam o dinheiro e o consumo sem nenhum critério. Propõe que existe uma necessidade imediata de mudança e que esta deve ser pautada exatamente num modelo socioeconômico embasado na realidade brasileira.


Avante Nação Brasileira

Não sei se sempre foi assim e nem quero saber, até porque não estou aqui para discutir essas questões históricas da corrupção e da roubalheira no Brasil de hoje, mas sim para avaliar a situação atual do país de ladrões em que nos transformamos, por conta de darmos valor apenas para aquilo que não tem, ou que não deveria ter nenhum valor, isto é, o dinheiro. O dinheiro é algo que deveria representar o valor das coisas, mas ele mesmo não deveria valer nada. Infelizmente o capitalismo maluco que se instalou no Brasil é consequência direta do capitalismo cruel e selvagem que englobou boa parte do mundo e que se desenvolveu a partir do modelo norte-americano. Aliás, que fique claro, não tenho nada contra o modelo norte-americano, porque para eles o modelo funciona muito bem, até porque eles são ricos. O problema é que o Brasil é um país de pessoas na maioria das vezes pobres e por causa do modelo seguido, algumas dessas pessoas resolveram achar que podem e devem viver como ricos. Aí é que a coisa pega, porque nesse ponto a situação fica muito difícil, ou melhor, fica impossível sem falcatruas, sem picaretices e principalmente sem corrupção e roubalheira. Pois então, esse modelo absurdo de “pseudonorteamericanismo econômico social” que foi implementado, principalmente pelas elites, pelos políticos e pelos administradores brasileiros, foi quem nos levou a esse “status quo”, essa condição absurda e situação vexatória que estamos vivendo cotidianamente. Chegamos ao nível tal que estamos literalmente dependendo dos bandidos e salafrários da nação, pois estamos tendo que implorar que um bandido denuncie outro bandido, oferecendo benesses, para ver se o país consegue achar rumo e se a nação, que hoje é a mais aviltada do mundo, consegue sobreviver. Que o Lula, a Dilma, o Temer, o Aécio, o Renan e tantos outros são os bandidos nós já estamos carecas de saber, pelo menos aqueles brasileiros que pensam, certamente já sabiam disso há muito tempo.  Que a Odebrecht, a OAS, a JBS e outras tantas empresas desse país são administradas por bandidos, nós também já sabíamos, ou melhor, aqueles que pensam, já sabiam. Que a Globo, o SBT, a Record e outros grandes grupos de mídia são comprados e envolvidos com os interesses pessoais dos empresários e governantes bandidos, nós também já sabíamos, ou melhor, aqueles brasileiros que pensam, já sabiam. Pois então, sendo assim, existem dois Brasis: o Brasil daqueles que pensam, que infelizmente é uma minoria e o Brasil daqueles que não pensam, que tristemente se constitui na grande maioria da população, a qual é dirigida, esmagada e humilhada pela mídia marrom que se apoderou da opinião pública do país. Aqueles brasileiros que pensam, também sabem que a saída para o Brasil é um investimento maciço em Educação. Investir aqui não significa apenas gastar dinheiro, até porque o dinheiro da educação tem sido gasto, mas certamente tem se prestado a outros fins. Investir aqui quer dizer trabalhar, acompanhar, atuar em prol da educação, melhorando as condições do ensino, da educação e dos educadores de fato. A nação brasileira se transformou numa população de 206 milhões de almas totalmente idiotizadas pelo dinheiro e dirigida por malfeitores que iludem e promovem cada vez mais a ideia infeliz de que ter dinheiro é o mais importante e que os fins justificam os meios. Assim, de alguma maneira, toda a nação brasileira passou a ser constituída de bandidos: bandidos pequenos, representados pelo povo em geral, que é orientado, incentivado e manuseado pelo outro grupo, os bandidos grandes, que é composto pelos políticos, os empresários e a mídia. Como eu disse no início, não vou aqui me ater e nem vou discutir, o porquê, o quando ou o como essa situação drástica se instalou no país, estou apenas confirmando que esse fato, embora lamentável, certamente é verídico. O modelo norte-americano de capitalismo cruel e selvagem que assumimos com unhas e dentes, infelizmente só nos tem trazido exatamente isso: crueldade e selvageria. Crueldade quando o governo engana deliberadamente os mais pobres através de engodos ridículos que, além de esconder a realidade, só favorecem as falcatruas, as roubalheiras e as ações fraudulentas dos próprios governantes. Selvageria porque gera uma competição insana, mentirosa e injusta, onde as presas fáceis que compõem o povo brasileiro são massacradas, comidas e dizimadas por poderosos e perversos tubarões predadores do ramo empresarial, da mídia e da política nacional, que se associam numa caçada insana para retirar cada vez mais dinheiro da nação. Mas, então, como vamos nos desvencilhar dessa situação incômoda? Onde e quando vamos com esse absurdo? Nosso país é muito rico. Aliás deve ser muito mais rico do que qualquer um de nós consegue imaginar, haja vista que a cada dia surge uma notícia nova de um golpe novo e de mais uma grande roubo. São bilhões e bilhões de reais contingenciados nas veias da corrupção e o país, apesar de tudo, ainda está sobrevivendo. Se o Brasil sobrevive a esses parasitas da nação; ou melhor, a esses crápulas, porque parasitas prejudicam por necessidade, para sobreviver e não querem a morte do hospedeiro, mas esses vigaristas fazem isso por puro prazer, sem nenhuma parcimônia e muito menos necessidade; certamente é porque tem muita riqueza mesmo. O negócio é retirar e pilhar o que for possível, independentemente de quanto os de quem vais sofrer com a consequência da pilhagem. Isso é de uma perversidade única, que só o “bicho-homem” conhece, pois não tem nenhum registro similar na natureza. Nossa história de corrupção e pilhagem é realmente muito transcendente a esse governo, entretanto foi esse governo que está aí, que graças a Deus, resolveu brincar e abusar da facilidade imperante de roubar e assim parece (tomara que seja verdade) que acabou se dando mal. Obviamente o Brasil já teve muitos bandidos no poder, mas o grande apedeuta, o molusco acéfalo, “a lula”, superou tudo que podia existir e roubou além do limite concebível, principalmente depois que ele resolveu colocar em seu lugar o mamífero ungulado, “a mula”, que ele mesmo inventou, a coisa ficou sem controle e eles se atrapalharam sozinhos. Agora é preciso colocar ordem na casa. Para tanto, há necessidade de que as forças armadas cumpram a principal missão constitucional que têm, que é manter a ordem política e administrativa do país. Mas também é preciso que a sociedade cumpra o seu dever e faça a sua parte, agindo no interesse da coletividade e da nação brasileira. O que vimos ontem (24/05/2017) foi um descalabro, uma hecatombe, um desafio à nação produzido por uma corja de safados a serviço do mal e, até aqui, ninguém fez absolutamente nada contra esses safados, alegando questões democráticas. Ora bolas! Se aceitar a destruição daquilo que é de todos, por um grupo de bestas é democracia, então eu não sou democrata, porque penso que esses arruaceiros merecem é muita porrada e cadeia. Além disso, eles têm que pagar toda a conta da destruição que causaram no patrimônio público. Se eles não podem pagar, alguém, que os mandou fazer o que fizeram, pode e deve pagar, mesmo que seja com o dinheiro que foi roubado da própria sociedade, que somente assim irá tê-lo de volta. Meus amigos, me desculpem, mas para mim, sociedade justa é aquela que se humaniza e se unifica nas conquistas benéficas e no interesse da maioria, mas que também considera, sem humilhação, os interesses das minoria. Entretanto, quando uma minoria resolve surtar e extrapolar a ordem, para defender os bandidos que roubaram dinheiro público descaradamente, o interesse coletivo, a maioria, tem que se fazer presente e dizer basta. A Sociedade precisa ser, antes de tudo, uma sociedade humana, isto é, da humanidade, e deve estar preocupada com o atendimento primário da maioria dos indivíduos que a compõe. Se os políticos e administradores públicos desse país são malfeitores, a sociedade brasileira não é e nem precisa ser, senão certamente não haverá cura para o mal. O câncer, depois que se espalha e vira metástase, só leva a um caminho que é a morte. Não podemos deixar que a sociedade brasileira morra por conta de alguns baderneiros financiados por picaretas e malfeitores. A Sociedade brasileira precisa sobreviver e mais ainda, tem superar, suplantar e enquadrar punitivamente essa corja de safados que roubou a nação e tomou conta dos interesses do país e que financia vândalos para destruir o bem comum. Só assim voltaremos a ser uma verdadeira nação, composta de homens e mulheres de bem que trabalham e lutam para levar essa país ao topo, que é o seu devido lugar. Temos tudo para chegar ao topo, me parece que só está nos faltando coragem. Precisamos acreditar que isso é possível e fazer a nossa parte no contexto, pois se cada um fizer a sua parte, o todo estará sendo feito. Avante nação brasileira, pois o Brasil necessita de cada um de nós. Comecemos exigindo cadeia eterna para os larápios, malfeitores e para os seus bonecos mascarados e manipulados. Vamos deixar à moda americana e vamos trabalhar juntos para começar a “abrasileirar” o Brasil e honrar o que está escrito na nossa bandeira: ordem e progresso.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

]]>

25 jun 2017

Políticas Públicas Ambientais no Brasil: uma questão de prioridade e de vida

Resumo: Nesse texto estou tentando chamar a atenção da população brasileira para a necessidade de Políticas Públicas Ambientais no país, haja vista a importância do Brasil como parte físico-geográfica e político-social que compõe o planeta e também proponho que a população brasileira deve procurar se esclarecer mais sobre esse assunto e deve cobrar mais dos poderes constituídos.


Políticas Públicas Ambientais no Brasil: uma questão de prioridade e de vida Há muito tempo eu venho publicando artigos na tentativa de chamar a atenção das autoridades brasileiras para a efetivação e se possível a ampliação do estabelecimento de Políticas Públicas na Área do Meio Ambiente. Aliás, ao meu ver, depois das Políticas Públicas Educacionais (que também não têm acontecido no tempo e na necessidade devida), as Políticas Públicas Ambientais deveriam ser as principais prioridades de qualquer país. No caso específico do Brasil, por conta de sua dimensão geográfica, sendo o quinto maior país do planeta; da sua grande quantidade de recursos hídricos, com a maior Bacia Hidrográfica planetária e abrigando a maior reserva de água doce no estado líquido da Terra e de sua megabiodiversidade, com a principal e mais exuberante floresta tropical do planeta, além de possuir a maior diversidade faunística do mundo. As Políticas Públicas Ambientais obrigatoriamente deveriam ser preocupação e ação constante de quem administra esse país. Pois, mais importante que possuir as citadas características naturais notáveis, é o fato de entender que todas essas coisas constituem um patrimônio pertencente à nação brasileira, que hoje consiste de cerca de 205 milhões de pessoas (quinta maior população do planeta) e que zelar pela manutenção desse patrimônio é uma necessidade planetária, ou seja, que ultrapassa os limites da responsabilidade brasileira. Nós, a população brasileira, que compomos a nação brasileira, somos os humanos proprietários do Brasil, então somos todos sócios e assim todos também somos responsáveis pelo que aqui acontece, tanto governantes, como os cidadãos comuns. Por conta disso, os dirigentes nacionais e a população brasileira deveriam estar efetivamente muito mais preocupados com seu patrimônio natural e deveriam estar tentado proteger, preservar e dentro do possível ampliar as áreas de proteção das riquezas naturais do país, conforme está estabelecido no capítulo 225 da Constituição Federal (BRASIL,1988). Ou seja, todos os brasileiros deveriam estar preocupados com a garantia da manutenção das características naturais do Brasil, para que elas não sejam consideradas apenas como sendo meros detalhes geofísicos e geográficos interessantes no mapa ou somente como belezas cênicas fortuitas, que por acaso estão em nosso território. Cada cidadão brasileiro precisa entender o real significado, a verdadeira importância de ter nascido no Brasil e relevância desse fato no cenário mundial, para assumir de maneira clara e objetiva as devidas responsabilidades oriundas dessa condição natural ímpar que o país possui. No mundo atual não existe nenhum caminho satisfatório que esteja alheio aos interesses ambientais primários, mas no Brasil esse fato e essa conceituação de grande magnitude na histórica contemporânea ocorre de maneira oposta e ainda é motivo de insatisfação de alguns, chacota de outros e principalmente de pouca importância ou nenhuma, para muitas pessoas da sociedade em geral e principalmente para a grande maioria dos políticos. Na verdade, parece que não haver quase nenhum conhecimento real a respeito do Patrimônio Ambiental brasileiro por parte dos políticos e da população e, o que é pior, parece haver um interesse do Estado de que essa situação absurda persista.  Esse artigo objetiva primeiramente tentar suprir esta falha, orientando a população e tentado chamar a atenção dos políticos sérios que ainda possam existir no país sobre essa questão fundamental. Infelizmente, a nossa população, historicamente vem sendo ludibriada pelos maus políticos, que se elegem apenas para fazer manobras e conchavos visando seus interesses particulares escusos. Além disso, a população ainda é manuseada e claramente enganada pela mídia nacional, que não faz o seu papel devidamente e sobrevive do “jabá”, a reboque dos interesses dos maus políticos e dos administradores corruptos. Desta maneira, há necessidade urgente de mudar o atual “status quo”, para que seja possível trabalhar mais ativamente na melhoria da qualidade de vida da população. Num segundo momento, o artigo também, humildemente, procura ser capaz de demonstrar o que precisa ser feito para garantir que essa necessidade seja suprida. Para começar, é preciso dizer que os administradores públicos têm que ser pessoas de uma visão ampla, a qual, além de ser globalizada, ao mesmo tempo tem que integradora, para poder propor soluções de amplitudes significativas e que permitam agir de acordo com prioridades que envolvam as ações coletivas prementes. As prioridades não podem ser aquelas que os políticos e administradores querem, ou que eles acham interessantes por qualquer motivo pessoal, mas sim aquelas que as comunidades específicas e a sociedade em geral efetivamente precisam. As Políticas Públicas devem ser estabelecidas visando o interesse público, o interesse coletivo das comunidades e os agentes políticos têm que trabalhar unicamente direcionados nesse sentido, até porque eles são eleitos com esse objetivo. Desta maneira, nenhum dos agentes políticos, em qualquer nível de poder, pode agir no sentido de discriminar prioridades a partir de seus interesses pessoais. As prioridades têm que ser públicas e somente a sociedade é capaz de democraticamente definir quais são as prioridades. Os dirigentes podem propor, mas sociedade é quem tem que definir, pois do contrário, não existe democracia. Nesse sentido, a área de Meio Ambiente é hoje a principal área de interesse, pois é exatamente a que mais interage com as demais áreas e portanto afeta vários setores e segmentos das comunidades e assim, a sociedade como um todo. O Meio Ambiente se relaciona diretamente com a educação, com a saúde, com o transporte, com o planejamento, com a economia. Enfim, o Meio Ambiente é uma grande teia que se espalha por todos os níveis da administração pública e desta forma, precisa ser uma prioridade primária para os agentes políticos, em todas as esferas administrativas. Entretanto, até pelo seu enraizamento com os outros setores, não é possível pensar o Meio Ambiente isoladamente e assim as Políticas Públicas Ambientais devem ser propostas a partir de bases efetivas de conhecimento das necessidades reais dos entes federativos envolvidos. Por conta disso é que os dirigentes, em qualquer nível, têm obrigatoriamente que possuir uma visão sistêmica da administração pública como me referi anteriormente. Políticas segmentares e fragmentadas desta ou daquela área algumas vezes até podem produzir efeitos específicos positivos e benéficos nas respectivas áreas definidas, porém certamente terão efeitos colaterais e também produzirão efeitos negativos em outras áreas, se a ocupação do espaço físico não for pensada como um todo. A única maneira de integrar os espaços é através de um planejamento embasado nos interesses de ocupação sustentável e viável desse espaço físico, que pode ser observada a partir de suas próprias características e principais afinidades. Isto é, qualquer ação inicial deve ser estudada, planejada e tem que levar em consideração a vocação do ambiente físico, suas potencialidades e as consequências benéficas e maléficas oriundas dos possíveis impactos produzidos. O licenciamento ambiental não é mera formalidade como ainda pensam alguns, mas é sim uma necessidade preponderante para o ocupar qualquer espaço, mormente nas cidades. Não é mais possível propor políticas públicas totalmente isoladas ou mesmo distanciadas dos interesses ambientais, até porque nós já sabemos que não existem mais espaços significativos e viáveis para permitir o desenvolvimento de certas atividades, principalmente quando nos referimos às áreas urbanas. Além disso, também existe a necessidade de preservar e proteger as áreas naturais remanescentes ou mesmo as possíveis áreas degradadas em estado de regeneração. O espaço físico e sua forma de ocupação devem ser prioridades de qualquer governante e as comunidades devem estar acompanhando proximamente, fiscalizando e denunciando o mal uso desse espaço para que a qualidade de vida não continue se deteriorando cada vez mais. A vida é o bem maior que temos e nós só temos uma vida, num tempo definido e que é relativamente curto. É preciso que vivamos da melhor maneira possível esse pouco tempo de vida que temos, mas isso certamente dependerá muito de como vamos continuar tratando o planeta que nos abriga. Até aqui nós só “pensamos” como indivíduos isolados e está na hora de pensarmos como população, como espécie planetária, se quisermos ter continuidade em nossa caminhada aqui na Terra. Ou nos preocupamos e tomamos todos os cuidados necessários com o planeta ou desapareceremos dele muito mais rápido que a maioria de nós é capaz de imaginar. Como eu tenho dito, desde 1995, em vários artigos anteriores: “nossa espécie não pode se extinguir tão jovem, num planeta tão velho” (LIMA,1995). Nossa preocupação, nossa visão de ocupação e uso do Planeta Terra deve começar pelo nosso quarto, pela nossa casa, nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, nosso estado, nosso país e assim progressivamente. Isto é, de baixo para cima. Quem sabe dos problemas é quem convive com eles e não necessariamente os administradores públicos. Aliás, cabe lembrar, que os administradores públicos são empregados da população. Doravante, qualquer ação antrópica desenvolvida deve ter significado positivo para o planeta, pois até aqui nós só fizemos o contrário e o passivo ambiental que temos é bastante grande e não podemos, nem por acaso, permitir a contínua ampliação dessa situação caótica que produzimos ao longo da história. Desta maneira, precisamos de agentes políticos que procurem desenvolver Políticas Públicas Ambientais sérias, benéficas e embasadas no interesse da comunidade próxima e do desenvolvimento sustentável, porque essas terão que ser os alicerces primários para a continuidade da vida humana na Terra. Alguns administradores pelo mundo afora já se aperceberam dessa necessidade e já estão a algum tempo trabalhando em conjunto de suas comunidades e assim, estão produzindo Políticas Públicas que visam favorecer ao Meio Ambiente e manutenção ou a melhoria das condições ambientais e da qualidade de vida da população, ou seja, sempre no sentido progressivo de minimizar os riscos ambientais e também estão traçando programas interativos e projetos sustentáveis.  Entretanto, essa ainda não é uma regra, pois a maioria dos dirigentes ainda não possuem (ou não querem possuir) a devida visão sistêmica, que é fundamental para atuar nesse contexto. A maioria dos dirigentes ainda põe a moeda e o cifrão num primeiro plano e acaba se esquecendo que o dinheiro é apenas um símbolo, pois o verdadeiro valor está nos recursos naturais. O esgotamento dos recursos certamente produzirá o fim do dinheiro, mas antes acabará com a espécie humana, que é a mais dependente de todas as espécie planetárias, Aqui no Brasil, estamos tão distante dessa realidade que ainda tratamos o Patrimônio Natural Brasileiro como algo que está aí apenas para servir ao homem e seguimos numa rota louca de exploração e utilização até que tudo seja destruído. As explorações de minério e de madeira e também o uso absurdo de agrotóxicos, por exemplo, exemplificam bem essa situação em nosso país. Nós desmatamos, explotamos, contaminamos, poluímos, exploramos, degradamos e destruímos muito além das necessidades e, o que é pior, sem nenhum critério e sem nenhuma parcimônia. A maioria da população não reclama e grande parte dessa população, tristemente, ainda faz coro com os governantes e empresários safados para que a degradação prossiga, alegando aquela premissa de que o país precisa economicamente “crescer” e “desenvolver”. Lamentavelmente, o crescimento econômico, ainda é a única coisa que a maioria dos brasileiros é capaz de entender como forma de crescimento. Meus amigos, sinto dizer, mas é preciso mudar de paradigma e passar efetivamente a pensar sustentavelmente, estabelecendo as Políticas Públicas devidas que permitirão que o Brasil se destaque e que a nação brasileira seja menos infeliz. Entretanto, antes de tudo, é óbvio que será fundamentalmente preciso educar e orientar a população brasileira para a realidade planetária. O Brasil necessita urgentemente entrar no mundo real ou nunca ocupará o lugar que tem direito no cenário internacional, até porque não haverá tempo, pois a humanidade perecerá antes. Infelizmente ainda estamos vivendo no tempo da carochinha, mas na realidade estamos no século XXI, tempo de aumento da taxa de carbono na atmosfera, de aquecimento global, de grandes cataclismas e de desastres “naturais”. Apesar de tudo, ainda temos a grande chance de pular na frente, porque somos naturalmente privilegiados, mas o país tem insistido em continuar “deitado eternamente em berço esplêndido”. Brasil: é preciso acordar!
Referências 
BRASIL, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil (Livro Digital), Senado Federal, Secretaria de Editoração e Publicações – Coordenação de Edições Técnicas, Brasília, 514 p, 2016.
LIMA, L. E. C., 1995. A Transitoriedade do Homem, Ângulo (61): 4 – 5, Lorena.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

]]>