Categoria: Cordéis

11 mar 2015

Cordel da Falta d´água na Bacia do Rio Paraíba do Sul

Resumo: O texto desta semana é um Cordel, que procura contar o que está acontecendo com a situação da água na Bacia Hidrográfica do Vale do Paraíba do Rio Paraíba do Sul e que propõe, numa linguagem clara e simples, como é típico na Literatura de Cordel, algumas sugestões do que pode ser feito para minimizar ou mesmo para resolver os problemas estabelecidos. Por outro lado, a história da Bacia Hidrográfica e da região do Vale do Paraíba do Sul, além da fé e da religiosidade da população valeparaibana também são trazidas à baila e demonstradas no texto.


 

Cordel da Falta d´água na Bacia do Rio Paraíba do Sul

Cadê a agua que vinha de riba e que descia pelo Paraíba? Cadê a água que vinha do alto e que corria pelo rio abaixo? Cadê a cheia das represas que sobrava nas barragens a mil? Cada a água de Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil? Onde está a água meu Deus? Por que será que ela sumiu? E agora que a água se foi, Para acabar de vez com a festa, Querem levar o que resta a outras paragens, outro local. Querem mandar para ribeira, fazendo subir pela Cantareira para abastecer a capital. Mas, e nós, donos da água, daqui na nossa terra natal, vamos ficar na seca total? Acho que isso não é legal. E mesmo que seja legal, certamente será imoral. Não faz sentido, eu lamento, tirar nossa alimento e sustento, trocando as águas com o tempo, deixando nosso povo ao relento. Povo que segundo a história, na passagem de muitos anos, ajudou o Brasil e sua glória. Da travessia para as alterosas, subindo ao topo da Mantiqueira, para encontrar pedras preciosas, chegando à produção cafeeira, a grande projeção brasileira, até o desenvolvimento industrial, hoje a maior riqueza regional. No que se refere a água, fazemos mais que a obrigação, doando parte dessa riqueza para gente de outra população, que segue pouco mais adiante, rio abaixo e a montante, lá no estado do Rio de Janeiro, outro grande estado brasileiro, cuja capital e cidade principal, também foi a capital Federal. No passado, naquela cidade, por sina, por vontade divina, ou apenas pura infelicidade, a falta d`água era quase total e seu solo era puro sal. Não fosse nossa colaboração, dando água àquela população, talvez toda a beleza e grandeza, daquela imensa cidade não pudesse existir de verdade. Mas, com o Rio Paraíba, nossa inteligência e prudência e também  com nossa bondade tiramos a capital da carência, com água e vida em qualidade. Nosso Vale da água abençoada, onde apareceu a famosa Santa, que apadrinha e protege o país, Aparecida, que nos encanta, e que nos torna mais feliz. A Santa que surgiu do rio, das águas Paraíba do Sul e hoje, coroada como rainha e vestida em seu manto azul, protege o Brasil de Norte a Sul. É essa água de origem mágica, o nosso manancial sagrado, que hoje está mal tratado, por desleixo, por descaso, falta de atenção e de zelo. Essa riqueza abençoada, agora está desaparecendo. Toda a Bacia do Rio Paraíba está carente e empobrecendo. A vida na região vai perecendo apesar do rio, da Santa, de nosso apelo e lamento. Esquecemos nossa missão relevante, compromisso com o futuro adiante, não cuidamos das fontes d`água, secamos muitas das nascentes, criamos situação preocupante para nós e para muita gente. Agora temos que rezar à Santa, para que ela apareça de novo e com sua força que é tanta, traga água para o povo. Nossa Santa forte e de luz, Aparecida, a mãe de Jesus, de certo nos devolverá nossa paz e o bem viver, porque a água voltará a verter. Fiquem atentos porque em breve, a nossa Bacia vai renascer, a água vai voltar a jorrar e correr e as represas de novo vão encher. Certamente não faltará água, pois Nossa Senhora vai interceder. E mesmo com nova transposição, a água seguirá abundante, e o Paraíba seguirá rumo adiante, indo atravessar o Rio de Janeiro, fertilizando aquele estado inteiro, até chegar na foz, em Atafona, onde o Atlântico lhe espera, e ele completa seu eterno ritual. Gradualmente o Paraíba se encerra, vai descansando devagar e pontual. Além de sua água milagrosa, leva o brio e força de homens e de mulheres belas e valorosas do vale a quem empresta o nome. Gente que conhece suas águas, sabem que elas são poderosas, que nunca vão parar de correr e muito menos de existir, muito embora, algumas vezes, novamente, até possam diminuir. Mas esse será apenas um recado. lembrete de Deus e da Santa, para a gente não se esquecer do rio que nos viu nascer. Cuidemos bem do Rio Paraíba e ele seguirá cuidando do Brasil, Cuidemos mal do Rio Paraíba e não haverá mais água por aqui. Nem aqui, nem na capital estadual e muito menos na ex-capital federal. Não haverá água nas represas, nem Paraibuna, nem Santa Branca, não haverá nem mesmo a pretensa transposição, do Jaguari para a Cantareira e isso soará como brincadeira. Assim, a água não chegará nem perto do lago de Funil. Todo cidadão no Rio de Janeiro de outra fonte dependerá, se quiser encher o seu cantil. Se não guardarmos toda a Bacia, qualquer coisa que se queira fazer, será apenas mais especulação, porque a água irá desaparecer e não haverá nenhuma solução. Para guardar a Bacia Hidrográfica Serão necessárias várias medidas. Manter a flora, com plantas nativas, reflorestando todas as nascentes e margens das águas correntes, controlando a erosão nociva, impedindo o desbarrancamento e controlando o assoreamento. Preservar e proteger as vertentes, garantindo o não secamento. Tratar o esgoto doméstico e industrial, evitando a poluição hídrica geral. Não usar os venenos e tóxicos, que vão se acumulando no solo, degradando todo seu potencial, exterminando os microrganismos, desertificando alguma área regional. Minimizar a poluição da atmosfera, limitando as fuligens e o metano, controlando a taxa de ozônio, óxidos de enxofre e nitrogênio, e do perigoso monóxido de carbono. Assim, melhorando o ar e garantindo nosso oxigênio. Diminuir os gases do efeito estufa, principalmente o gás carbônico, que além de causar poluição aérea, também interfere no clima total, e que hoje é causa mais séria do terrível aquecimento global. Acabar ainda com os particulados, Que há muito têm se acumulado E que causam preocupações Ao ambiente em geral, pois caem do ar sobre o chão e se acumulam por gerações, ou então correm para as água, causando mais poluição. Sigamos pois, nossa obrigação, cuidemos da Bacia inteira e auxiliemos a nação brasileira, pois Nossa Senhora Aparecida, lá do alto está nos vendo e podem estar certos que ela, com muito amor e paixão, seguirá sempre nos protegendo. Diante dessa clara situação, não faltará água à população e sobrará amor no coração, para superar outras crises e reverter qualquer situação.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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20 ago 2014

O Cordel da Energia

O tempo passa e todo dia,

se precisa de mais energia.

Energia para coisa boa

e energia para porcaria.

Energia que traz desgraça

e energia que traz alegria.

Energia que cresce as cidades,

mas também destrói suas crias.

Energia que desenvolve

e energia que contraria.

Dos vários tipos de energia

há uns que são muito bons

e outros que são bem pior,

então temos que conhecer melhor.

Tem a tal da Energia Eólica,

que está contida no vento

e dá para usar todo o tempo,

em qualquer situação comum,

com garantia e segurança,

sem causar perigo algum.

Também tem a Energia Solar,

essa é mesmo boa de amargar,

pois parece que nunca vai acabar,

enquanto o rei sol brilhar.

O sol, a nossa estrela imensa,

é mesmo uma dádiva de Deus.

O calor que ele manda ao planeta,

desde o começo dos tempos

é que mantém a vida na Terra

e gera todo nosso alimento.

Das pior, tem a Hidrelétrica,

embora não cause poluição do ar.

É ruim porque destrói a vegetação

e tudo que nela possa se encontrar.

Toda beleza que há na mata,

desde os bichos até as cataratas,

acaba tudo debaixo da água

e a paisagem se transforma.

O que era belo e diverso

fica na água, preso em comporta.

Mas também tem Termelétrica.

Essa tem vários modelos ruins.

Tudo que dá para queimar,

em princípio pode se utilizar.

Mas, carvão, óleo, madeira e gás

costumam ser mais comuns.

Porém, como todas são muito más,

é melhor nenhum delas usar.

As Termelétricas não prestam,

causam degradação de assustar.

Além da poluição do ar,

usam a água sem parar,

para tentar diminuir o calor.

Muito da água desaparece,

pois acaba virando vapor,

o resto dela, ainda quente,

é levada para dentro de um rio,

através de um novo efluente,

que mudará todo seu ambiente.

a quantidade de água é ampliada

e sua temperatura elevada.

prejudicando a vida que o rio tem

e as criaturas aquáticas também.

Mas, não para por aí não.

As Termelétricas são bem pior.

Elas também geram resíduos sólidos,

que não podem ser guardados,

precisando ser transferidos para longe,

para lugares determinados,

onde possa ser garantido,

que eles jamais serão reutilizados.

Mas ninguém sabe direito se isso

é verdadeiro e também se é melhor.

Termelétrica é mesmo muito ruim,

mas tem uma tal de Nuclear,

essa, então é uma desgraça.

a danada da Nuclear é muito pior.

Também não causa poluição do ar,

mas pode matar muito melhor.

Essa serve até para matar gente.

Isso mesmo, gente que nem nós,

gente de tudo quanto é ideal,

Basta aproveitar a Usina para o mal

ou não tratá-la com segurança.

que muita gente pode morrer,

acabando com a toda esperança.

A Nuclear usa metais radiativos,

césio, urânio, plutônio e polônio.

deles se aproveita a tal radiação,

mas a coisa é danada de perigosa,

não havendo como controlar

e qualquer descuido na ação

pode gerar um pandemônio.

Há muitos casos conhecidos

dos problemas causados pela Nuclear,

desde produção de Bombas Atômicas

até doenças crônicas no lugar.

O mundo ainda se lembra da bomba

que explodiu em Hiroshima,

e hoje, lá no mesmo Japão,

acompanha a usina de Fukushima,

Onde já até morreu gente

e a radiação ainda domina.

Mas eu poderia falar aqui

de Goiânia, Chernobyl ou Mururoa,

Pois em qualquer um desses lugares

Morreram gente e organismos à toa.

Nuclear é mesmo um pecado,

é arriscada e dá muito medo.

É melhor deixar ela de lado

e cuidar da Terra e da vida com apego.

Mas então, como fazer,

já que precisamos tanto de energia?

Como vamos arranjar a energia

necessária ao nosso sossego?

Como vamos superar as necessidades

do nosso dia a dia?

É simples, basta pensar numa fórmula,

que não é nada original.

Não há nem porque inventar,

vamos investir em energia eólica e solar,

além de descobrir novas fontes,

desde que mal não venham causar.

Desta forma teremos energia

e a vida no planeta vai continuar.

Então, nossa obra maior será

garantir energia e vida bem melhor.

Rio de Janeiro, 21/22 de abril de 2011.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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