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22 fev 2016

60 anos e agora?

Resumo: Meus amigos agradecendo as centenas de mensagens recebidas por conta da passagem de meu aniversário, aproveito a oportunidade para, além de agradecer, também compartilhar com os amigos a minha modesta reflexão sobre esse momento em que estou completando 60 anos de vida.


60 anos e agora?

Diz o ditado que a vida começa aos 40, então, se isso for mesmo verdade, aos 60, isto é, 20 anos depois da vida começar efetivamente, estamos atingindo o ápice da jovialidade. Desta maneira, eu posso me considerar um jovem que está na flor da idade, apesar dos 60 anos. Pois então, é assim mesmo que estou me sentindo.

Nesse período, obviamente deixei de fazer muitas coisas que gostaria, entretanto consegui fazer outras tantas que nunca havia se quer pensado, quanto mais planejado. Esse é lado interessante da vida, que só se descobre depois que se vive. Inúmeras coisas acontecem, simplesmente porque acontecem. Alguém que tenha efetivamente apenas 20 anos, certamente é incapaz de prever todas as situações boas e ruins que terá que passar ao longo da vida, mas quando chega aos 60 você olha para trás e diz: caramba! Eu já passei por tudo isso? O que importa é o resultado final da balança e no meu caso, apesar das dificuldades, pois trabalhei muito e lutei bastante, tive glórias e tristezas, mas tenho absoluta certeza de que o saldo foi (está sendo) tremendamente positivo.

Ao longo da vida viajei muito, estudei bastante e conheci muita gente pelo Brasil e pelo mundo afora. Saí de minha cidade e de meu estado natal e vim para o Vale do Paraíba e aqui em Caçapava conheci uma mulher maravilhosa com quem estou casado a 34 anos e com quem tive a felicidade de gerar duas filhas e um filho, que graças a Deus só me deram alegrias e que hoje estão todos formados e trabalhando. Aliás Caçapava é uma cidade especial na minha vida, pois Caçapava me deu tudo que tenho de mais importante: minha família, minha casa, meu trabalho e me deu o direito de tentar melhorar também a vida das pessoas, quando me permitiu ser Rotariano, me elegeu Vereador e assumir o maior posto no Legislativo local. Aqui em Caçapava, me tornei um sou um artigo definido e respeitado, o “Professor Luiz Eduardo”. Acredito que em qualquer outro lugar do mundo eu seria apenas mais um sujeito, um artigo indefinido e sem nenhum crédito pessoal particular.

É claro que essa condição especial para mim, aqui em Caçapava, só foi possível porque realmente sou muito responsável e procuro fazer bem o meu trabalho e também porque conheci pessoas especiais, tive alunos especiais que falaram bem de mim e dentre essas pessoas, selecionei amigos, muitos deles sempre presentes na minha vida, os quais me ajudaram e me orientaram no caminho certo entre as pedras. Mas, obviamente, como nem tudo são flores, também adquiri vários desafetos e também aprendi bastante com eles, pois me ensinaram o que eu não deveria fazer. Infelizmente, como eu sou teimoso, algumas vezes repeti os erros, mas a vida ensina e, na maior parte das vezes, a gente acaba aprendendo ou então morre acreditando naquilo que faz e eu não sou diferente das demais pessoas.

Depois de 60 anos a gente já aprendeu muito, porém, ainda falta muito, eu quero e preciso aprender mais. Tem muita coisa que eu ainda quero e certamente vou fazer. Aliás, agora é mais fácil porque a vida já me modelou melhor e já sou mais consciente daquilo que quero, que posso e que devo. Pois então, perceberam a diferença, quando a gente tem apenas 20 anos, a gente não reflete sobre aquilo que pode ou sobre o que deve fazer, a gente só consegue pensar naquilo que quer fazer e acaba descobrindo, às vezes de maneira árdua e sofrida, que nem sempre é possível. Todos nós passamos por isso.

Eu me lembro que quando era menino, eu vivia fazendo contas para chegar ao ano 2000, quando o mundo iria se acabar, e como eu nasci em 1956, eu teria que viver até os 44 anos, um tempo interminável, uma imensidão, que eu achava que seria muito difícil alcançar, porque com 44 anos eu provavelmente já estaria morto e assim não presenciaria o fim do mundo. Quando olho para trás e vejo que o ano 2000 já foi fazem 16 anos é que eu entendo como a idade ensina a gente a viver. Na verdade, o tempo passa e a gente não percebe. Ninguém, efetivamente ninguém, por mais velho que seja, sente que tem a idade que tem e eu que achava quase absurdo chegar aos 44 anos, hoje acho pouco ficar nos 60, porque, como quase todas as pessoas, eu não sinto o peso da idade.

Como Biólogo, sei que a vida; esse fenômeno fantástico, que até aqui, parece só estar presente no nosso planetinha azul esverdeado e que infelizmente nós humanos temos progressivamente tornado marrom. A vida é algo temporário e transitório, pois um “belo” dia certamente a morte vem. A morte é contundente, compulsória e implacável, mas ela também faz parte da vida e precisamos estar preparados para ela. Depois de 60 anos, o que vier é lucro, pois já vive bastante. Porém, não estou querendo dizer que vou jogar a toalha e esperar a morte chegar. Não é isso. Na verdade, o que estou dizendo é que não estou nem aí para a morte. Meus avós morreram, meus pais morreram, e vou morrer e minha mulher e filhos também, o que a gente torce é que a ordem natural das coisas seja mantida, ou seja, que os mais velhos morram primeiro e que os demais continuem vivendo, cada segundo como se fosse o último.

No meu caso específico, quero que a morte venha sorrateira, sem avisar. Assim, como um infarto no meio de uma aula, porque certamente ela vai me pegar trabalhando, porque não vou esperar por ela. Ela que venha atrás de mim e que me pegue de surpresa. Ainda tenho muitos sonhos e vou continuar trabalhando para torna-los realidade. Enquanto minha cabeça funcionar e meu corpo responder estarei buscando aprender mais e fazer mais. Quero que meus filhos, meus amigos e meus alunos me vejam como exemplo, como um bom exemplo de trabalho e busca constante pela felicidade minha, de minha família e das demais pessoas, a quem eu puder de alguma maneira colaborar e auxiliar.

Bem meus amigos, como sempre, acredito que já falei demais. Agradeço pela amizade de todos vocês e vou continuar minha caminhada sonhando, fazendo e seguindo para os 70, 80, sei lá…, mas sempre pensando que tenho apenas 20 anos e assim vou até onde Deus permitir e espero continuar com vocês ao meu lado.

Abraços a todos.

Caçapava, 22 de fevereiro de 2016.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Texto escrito na madrugada (entre 4 e 5 horas da manhã) do dia 26 de janeiro de 2016.
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