Resumo: Há um ditado antigo que diz o seguinte: “devemos aprender com os erros”. Nesse pequeno artigo, a partir da atual crise da água, estou exatamente tentando chamar a atenção para o fato de que esse ditado, ao menos na área do meio ambiente, parece não verdadeiro, porque até aqui ainda não demonstramos ter aprendido nada e continuamos fazendo as mesmas coisas erradas e observando essas coisas acontecerem como se nós não tivéssemos nada a ver com elas. Convido a todos para começar uma mudança de postura, haja vista que o fim prematuro de nossa espécie será inevitável se continuarmos parados como até aqui.
Em Tempo de Crise a União é a Melhor Solução
Ao longo de minha vida tenho tido muitas experiências, algumas boas, outras ruins e outras mais ou menos. Bem, isso é uma verdade absoluta que acontece com todo indivíduo nesse mundo e quanto mais se vive, mais se aprende porque mais experiências se efetivam com a idade de cada ser humano. Entretanto, atualmente estamos passando por algumas situações que tendem a contradizer diametralmente esse aspecto. O mundo vive uma crise ambiental sem precedentes e aparentemente ninguém está nem aí com esse fato. Os problemas se multiplicam, as dificuldades aumentam, as catástrofes se sobrepõem e os governos ficam marcando encontros para definir datas para marcar novos encontros e nada se faz na tentativa de resolver qualquer questão. Na verdade, parece que, nessa área as experiências não se efetivam, pois ninguém aprende nada.
Nos últimos 30 anos muito se discutiu sobre as questões ambientais planetárias. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos, discutidos, definidos, ampliados e divulgados, mas até aqui (2015) nada de concreto aconteceu em prol de melhorias ao ambiente global e à qualidade de vida no planeta. O Clima, a Pobreza, a Biodiversidade, a Sustentabilidade e a Poluição embora sejam palavras vivas e presentes em todos os idiomas, parecem ser ideias e conceitos quase mortos, porque, de fato, não se tem trabalhado na direção de atender as necessidades que derivam dessas e de outras questões ambientais mais específicas. Continua faltando educação, conhecimento e seriedade no tratamento do planeta e dos recursos naturais.
Na maioria dos países do mundo, as preocupações fora do universo estritamente econômico praticamente não existem, pois tudo é visto como moeda e cifrão. O ter superou o ser de tal maneira que: “a coisa que eu tenho é mais importante do que a coisa que eu sou”. Em contra partida, as catástrofes ambientais planetárias são cada vez maiores e piores. Porém, estão virando acontecimentos tão corriqueiros, que nem abalam mais as pessoas, a não ser aquelas diretamente atingidas, e acabam sendo apresentadas diariamente como situações absolutamente normais nos diversos noticiários. Estamos nos acostumando as cenas terríveis de tsunamis, de terremotos, de furacões, de grandes queimadas, de destruições ambientais coletivas e até mesmo de criminalidade, atentados contra vidas humanas e práticas de corrupção generalizada em todos os lugares. O que importa é ganhar alguma coisa economicamente, independentemente de quem perca. Como eu já disse, isso tudo está parecendo ser normal e comum, mas não deveria ser assim.
Ultimamente nossos aprendizados em consequência de nossas experiências ambientais não existem ou têm sido muito pouco aproveitados e nós inexplicavelmente não temos nos dado conta desse fato, porque estamos nos acostumando com as coisas erradas. Ou melhor, os seres humanos de todo o planeta estão se habituando de maneira tal aos eventos incomuns, que estão passando progressivamente a identificar esses eventos como situações cotidianas vulgares. Isto é, nós estamos iludidos com o dinheiro e com o consumo e por conta disso estamos vulgarizando os megaeventos naturais como se fossem questões diminutas e sem nenhuma importância à manutenção de nossa espécie. A prática imperante é a seguinte: “o que não acontece comigo não é problema meu e segue o barco”.
Aqui no Brasil, essa terrível situação parece ser mais grave ainda, por conta da sensação terrível de incapacidade daqueles que estão preocupados e da total impunidade dos responsáveis pelos acontecimentos. Dentre os vários absurdos, o Brasil, que é o país que tem a maior reserva natural de água em estado líquido do planeta, está vivendo a mais grave crise hídrica de toda a história nacional. O pior é que, como já estamos acostumados com as notícias ruins, ainda não nos atentamos para o fato de que uma crise hídrica é na verdade uma crise geral, porque a água se aplica em tudo e a tudo que fazemos. Falta de água é falta de energia, falta de alimento, falta de asseio e limpeza, falta de lazer. Falta de água traz consigo carência na indústria, carência na agricultura, carência na pecuária, carência no turismo, carência no comércio, carência nos serviços em geral e principalmente carência nos empregos. Enfim, a falta de água é um caos, porque produz uma carência total.
Vejam bem, só aqui no Sudeste do Brasil, nós somos mais de 85 milhões de seres humanos (mais de 40% da população brasileira). Dos quatro estados da região, três deles são os estados mais ricos e mais populosos de todo o país e simplesmente nós não temos água. Porém, o mais grave é que as pessoas e particularmente os governantes em todos os níveis, continuam vivendo como se isso não fosse algo importante, a vida segue igual e normalmente. Continuamos caminhando no mesmo passo, sem pensar em mudar absolutamente nada. Quando muito, aparece alguém falando em racionar aquilo que já não se tem ou culpando os céus pela falta de água.
Isto quer dizer que desistimos de lutar pela vida e pela sobrevivência como as demais espécies planetárias e que nossas experiências ruins não são mais motivadoras de mudanças. Estamos fadados a deixar as coisas acontecerem por si sós e não fazemos nada para impedir ou minimizar os danos. É como se existíssimos apenas por existir e aguardamos estática e drasticamente o “juízo final”, aproveitando o tempo livre e a falta de água e de energia, para assistir à novela, ou ao BBB, ou para “achar” uma bala perdida, ou ouvir aquela “notícia nova e diferente” sobre mais um caso de corrupção, ou ainda para reclamar do fato de que algum marginal brasileiro tenha sido morto em outro país porque burlou as leis lá existentes.
Aliás, para muita gente aqui no Brasil, esse tal de Indonésia é uma “coisa muito chata e absurda”. Caramba! Como pode existir um país onde as leis existem e são cumpridas e onde a pena para traficante de drogas é o fuzilamento? Que violência! Mas, eu penso exatamente ao contrário e ainda bem que nem todo país é igual ao Brasil, onde os bandidos mandam e desmandam. Mas, vamos voltar ao nosso assunto.
Para mim, que já estou mais perto do final da vida e que já vi muita coisa, isso é deprimente e apesar de minha idade, ainda me incomoda muito esse marasmo nacional, esse desgoverno, esse desmando generalizado e principalmente essa alienação, quando vejo que a maioria dos jovens brasileiros segue o mesmo padrão da coletividade e não está nem aí com os acontecimentos. É bom lembrar que: “pior que um velho inoperante, somente um jovem alienado”. Como e quando o povo brasileiro vai ser uma nação de fato? Quando os jovens serão novamente os motivadores das mudanças necessárias?
Estou preocupado, pois o planeta vai mal e o Brasil vai pior. O planeta ainda tem alguns países que podemos considerar que sejam “pequenas ilhas de felicidade”, mas certamente o Brasil não é um deles e continuará não sendo com esse governo repleto de safados e picaretas que aí está, cujo único objetivo é continuar roubando e mentindo ao povo. Meus amigos, precisamos acordar e demonstrar para esse pessoal que o governo somos nós. As questões educacionais e ambientais devem ser a porta de entrada principal para começarmos a resolver as questões pendentes nesse país e quem sabe ajudarmos o mundo a também reagir.
A crise estampada aqui no Brasil é a crise hídrica, mas estamos passando mundialmente por crises de moralidade, de responsabilidade e principalmente de respeito ao planeta e aos organismos nele vivente, inclusive dos próprios seres humanos, que parecem estar divididos em grupos sociológicos totalmente distintos, como se fossem espécies diferentes e contrárias, onde os interesses individuais são sempre maiores que os coletivos e os planetários. Nosso egoísmo está nos levando a um caminho sem volta, que é a extinção da espécie humana.
Todos os grandes problemas mundiais hoje, podem ser reduzidos a dois temas específicos: Educação e Meio Ambiente. Esses dois aspectos terão que ser as prioridades planetárias, pois todos os outros problemas decorrem desses. No caso específico brasileiro, poderíamos estar preocupados com qualquer outro tipo de problema ambiental, mas nunca com a água, se fôssemos efetivamente educados sobre a sua importância efetiva, sobre a responsabilidade que deveríamos ter em relação a água e se soubéssemos dos riscos oriundos de seu uso indevido. Porém, a nossa falta de educação, o nosso desleixo e descaso com esse recurso natural, que é o mais importante de todos, nos levou a situação atual.
Acorda ser humano, acorda mundo e principalmente acorda povo brasileiro. Temos que voltar a aprender com as experiências e não nos acostumarmos com as situações ruins. É preciso sentir e viver como organismos vivos que somos e lembrarmos que nossa espécie, ainda que mais inteligente, é também a mais dependente de todas que habitam esse planeta. Temos que ter em mente que só continuaremos nossa jornada no tempo, aqui na Terra ou em qualquer outro espaço que possamos encontrar, se trabalharmos e agirmos no interesse maior da coletividade.
Nossa existência só depende de nós mesmos e da existência de algumas condições mínimas planetárias que podemos cuidar e manter, muitas das quais nós infelizmente já suplantamos e degradamos de maneira perigosa, mas penso que ainda podemos corrigir. Agora temos que dar um basta e aprender com os erros do uso indevido e exagerado dos recursos naturais. Temos rever nossas posições em relação ao planeta, aos organismos vivos e principalmente aos demais seres humanos.
Luiz Eduardo Corrêa Lima
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