Tag: Carência de Água

05 fev 2015

Em Tempo de Crise a União é a Melhor Solução

Resumo: Há um ditado antigo que diz o seguinte: “devemos aprender com os erros”. Nesse pequeno artigo, a partir da atual crise da água, estou exatamente tentando chamar a atenção para o fato de que esse ditado, ao menos na área do meio ambiente, parece não verdadeiro, porque até aqui ainda não demonstramos ter aprendido nada e continuamos fazendo as mesmas coisas erradas e observando essas coisas acontecerem como se nós não tivéssemos nada a ver com elas. Convido a todos para começar uma mudança de postura, haja vista que o fim prematuro de nossa espécie será inevitável se continuarmos parados como até aqui.


Em Tempo de Crise a União é a Melhor Solução

 

Ao longo de minha vida tenho tido muitas experiências, algumas boas, outras ruins e outras mais ou menos. Bem, isso é uma verdade absoluta que acontece com todo indivíduo nesse mundo e quanto mais se vive, mais se aprende porque mais experiências se efetivam com a idade de cada ser humano. Entretanto, atualmente estamos passando por algumas situações que tendem a contradizer diametralmente esse aspecto. O mundo vive uma crise ambiental sem precedentes e aparentemente ninguém está nem aí com esse fato. Os problemas se multiplicam, as dificuldades aumentam, as catástrofes se sobrepõem e os governos ficam marcando encontros para definir datas para marcar novos encontros e nada se faz na tentativa de resolver qualquer questão. Na verdade, parece que, nessa área as experiências não se efetivam, pois ninguém aprende nada.

Nos últimos 30 anos muito se discutiu sobre as questões ambientais planetárias. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos, discutidos, definidos, ampliados e divulgados, mas até aqui (2015) nada de concreto aconteceu em prol de melhorias ao ambiente global e à qualidade de vida no planeta. O Clima, a Pobreza, a Biodiversidade, a Sustentabilidade e a Poluição embora sejam palavras vivas e presentes em todos os idiomas, parecem ser ideias e conceitos quase mortos, porque, de fato, não se tem trabalhado na direção de atender as necessidades que derivam dessas e de outras questões ambientais mais específicas. Continua faltando educação, conhecimento e seriedade no tratamento do planeta e dos recursos naturais.

Na maioria dos países do mundo, as preocupações fora do universo estritamente econômico praticamente não existem, pois tudo é visto como moeda e cifrão. O ter superou o ser de tal maneira que: “a coisa que eu tenho é mais importante do que a coisa que eu sou”. Em contra partida, as catástrofes ambientais planetárias são cada vez maiores e piores. Porém, estão virando acontecimentos tão corriqueiros, que nem abalam mais as pessoas, a não ser aquelas diretamente atingidas, e acabam sendo apresentadas diariamente como situações absolutamente normais nos diversos noticiários. Estamos nos acostumando as cenas terríveis de tsunamis, de terremotos, de furacões, de grandes queimadas, de destruições ambientais coletivas e até mesmo de criminalidade, atentados contra vidas humanas e práticas de corrupção generalizada em todos os lugares. O que importa é ganhar alguma coisa economicamente, independentemente de quem perca. Como eu já disse, isso tudo está parecendo ser normal e comum, mas não deveria ser assim.

Ultimamente nossos aprendizados  em consequência de nossas experiências ambientais não existem ou têm  sido muito pouco aproveitados e nós inexplicavelmente não temos nos dado conta desse fato, porque estamos nos acostumando com as coisas erradas. Ou melhor, os seres humanos de todo o planeta estão se habituando de maneira tal aos eventos incomuns, que estão passando progressivamente a identificar esses eventos como situações cotidianas vulgares. Isto é, nós estamos iludidos com o dinheiro e com o consumo e por conta disso estamos vulgarizando os megaeventos naturais como se fossem questões diminutas e sem nenhuma importância à manutenção de nossa espécie. A prática imperante é a seguinte: “o que não acontece comigo não é problema meu e segue o barco”.

Aqui no Brasil, essa terrível situação parece ser mais grave ainda, por conta da sensação terrível de incapacidade daqueles que estão preocupados e da total impunidade dos responsáveis pelos acontecimentos. Dentre os vários absurdos, o Brasil, que é o país que tem a maior reserva natural de água em estado líquido do planeta, está vivendo a mais grave crise hídrica de toda a história nacional. O pior é que, como já estamos acostumados com as notícias ruins, ainda não nos atentamos para o fato de que uma crise hídrica é na verdade uma crise geral, porque a água se aplica em tudo e a tudo que fazemos. Falta de água é falta de energia, falta de alimento, falta de asseio e limpeza, falta de lazer. Falta de água traz consigo carência na indústria, carência na agricultura, carência na pecuária, carência no turismo, carência no comércio, carência nos serviços em geral e principalmente carência nos empregos. Enfim, a falta de água é um caos, porque produz uma carência total.

Vejam bem, só aqui no Sudeste do Brasil, nós somos mais de 85 milhões de seres humanos (mais de 40% da população brasileira). Dos quatro estados da região, três deles são os estados mais ricos e mais populosos de todo o país e simplesmente nós não temos água. Porém, o mais grave é que as pessoas e particularmente os governantes em todos os níveis, continuam vivendo como se isso não fosse algo importante, a vida segue igual e normalmente. Continuamos caminhando no mesmo passo, sem pensar em mudar absolutamente nada. Quando muito, aparece alguém falando em racionar aquilo que já não se tem ou culpando os céus pela falta de água.

Isto quer dizer que desistimos de lutar pela vida e pela sobrevivência como as demais espécies planetárias e que nossas experiências ruins não são mais motivadoras de mudanças. Estamos fadados a deixar as coisas acontecerem por si sós e não fazemos nada para impedir ou minimizar os danos. É como se existíssimos apenas por existir e aguardamos estática e drasticamente o “juízo final”, aproveitando o tempo livre e a falta de água e de energia, para assistir à novela, ou ao BBB, ou para “achar” uma bala perdida, ou ouvir aquela “notícia nova e diferente” sobre mais um caso de corrupção, ou ainda para reclamar do fato de que algum marginal brasileiro tenha sido morto em outro país porque burlou as leis lá existentes.

Aliás, para muita gente aqui no Brasil, esse tal de Indonésia é uma “coisa muito chata e absurda”. Caramba! Como pode existir um país onde as leis existem e são cumpridas e onde a pena para traficante de drogas é o fuzilamento? Que violência! Mas, eu penso exatamente ao contrário e ainda bem que nem todo país é igual ao Brasil, onde os bandidos mandam e desmandam. Mas, vamos voltar ao nosso assunto.

Para mim, que já estou mais perto do final da vida e que já vi muita coisa, isso é deprimente e apesar de minha idade, ainda me incomoda muito esse marasmo nacional, esse desgoverno, esse desmando generalizado e principalmente essa alienação, quando vejo que a maioria dos jovens brasileiros segue o mesmo padrão da coletividade e não está nem aí com os acontecimentos. É bom lembrar que: “pior que um velho inoperante, somente um jovem alienado”. Como e quando o povo brasileiro vai ser uma nação de fato? Quando os jovens serão novamente os motivadores das mudanças necessárias?

Estou preocupado, pois o planeta vai mal e o Brasil vai pior. O planeta ainda tem alguns países que podemos considerar que sejam “pequenas ilhas de felicidade”, mas certamente o Brasil não é um deles e continuará não sendo com esse governo repleto de safados e picaretas que aí está, cujo único objetivo é continuar roubando e mentindo ao povo. Meus amigos, precisamos acordar e demonstrar para esse pessoal que o governo somos nós. As questões educacionais e ambientais devem ser a porta de entrada principal para começarmos a resolver as questões pendentes nesse país e quem sabe ajudarmos o mundo a também reagir.

A crise estampada aqui no Brasil é a crise hídrica, mas estamos passando mundialmente por crises de moralidade, de responsabilidade e principalmente de respeito ao planeta e aos organismos nele vivente, inclusive dos próprios seres humanos, que parecem estar divididos em grupos sociológicos totalmente distintos, como se fossem espécies diferentes e contrárias, onde os interesses individuais são sempre maiores que os coletivos e os planetários. Nosso egoísmo está nos levando a um caminho sem volta, que é a extinção da espécie humana.

Todos os grandes problemas mundiais hoje, podem ser reduzidos a dois temas específicos: Educação e Meio Ambiente. Esses dois aspectos terão que ser as prioridades planetárias, pois todos os outros problemas decorrem desses. No caso específico brasileiro, poderíamos estar preocupados com qualquer outro tipo de problema ambiental, mas nunca com a água, se fôssemos efetivamente educados sobre a sua importância efetiva, sobre a responsabilidade que deveríamos ter em relação a água e se soubéssemos dos riscos oriundos de seu uso indevido. Porém, a nossa falta de educação, o nosso desleixo e descaso com esse recurso natural, que é o mais importante de todos, nos levou a situação atual.

Acorda ser humano, acorda mundo e principalmente acorda povo brasileiro. Temos que voltar a aprender com as experiências e não nos acostumarmos com as situações ruins. É preciso sentir e viver como organismos vivos que somos e lembrarmos que nossa espécie, ainda que mais inteligente, é também a mais dependente de todas que habitam esse planeta. Temos que ter em mente que só continuaremos nossa jornada no tempo, aqui na Terra ou em qualquer outro espaço que possamos encontrar, se trabalharmos e agirmos no interesse maior da coletividade.

Nossa existência só depende de nós mesmos e da existência de algumas condições mínimas planetárias que podemos cuidar e manter, muitas das quais nós infelizmente já suplantamos e degradamos de maneira perigosa, mas penso que ainda podemos corrigir. Agora temos que dar um basta e aprender com os erros do uso indevido e exagerado dos recursos naturais. Temos rever nossas posições em relação ao planeta, aos organismos vivos e principalmente aos demais seres humanos.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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28 jan 2015

FALTA D’ÁGUA

Resumo: Aproveitando o lamentável momento que estamos atravessando, no qual vivenciamos a maior crise hídrica da história desse país e, particularmente aqui no Sudeste estamos à míngua de água e nem fazemos ideia do como as coisas vão ficar daqui para frente. Pois então, eu me lembrei de uma pequena poesia que escrevi em 1997 e que, mesmo naquela época, já esboçava muito bem a atual situação, pois ela fala exatamente sobre o fim da água e assim resolvi trazê-la para os senhores.


FALTA D’ÁGUA

As gotas gotejam nas gretas da gruta grande, guiadas pelos gritos grosseiros de guerreiros. Gritos de gigantes gentílicos e grotescos. Gritos de guris gazeteiros e gulosos. Gritos de gente genial.

Água, água, água.

E agora gigantes? E agora guris? Agora a água gastou. Agora a água acabou. E agora?

A gota, o gole, o gosto, a água. Como fazer grotescos gigantes? Como fazer gulosos guris? E agora?

Os gigantes gritavam. Guerra geral gigantes! Os guris gemiam. Guerra geral guris! Guerra, guerra, guerra. E agora?

Água, água, água.

Eram os gritos graves dos gigantes. Água, água, água. Eram os gemidos agudos dos guris. E agora?

Luiz Eduardo Corrêa Lima 29/07/1988

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19 nov 2014

Apesar da chuva, nós continuamos sem água

Resumo: Nossa abordagem dessa vez está relacionada ao grave problema que temos encontrado nesses últimos meses com relação à crise instalada por conta da carência de água. O atual desaparecimento da água no Sudeste, em especial no Estado de São Paulo tem causa conhecida, que é o desmatamento na Amazônia e assim, não é culpa particular de ninguém, ao contrário ele é o resultado coletivo do desleixo histórico com o meio ambiente e da pouca importância que nossa cultura deu a água, por conta de existir grande quantidade desse líquido precioso em nosso país. Assim, estamos vivendo uma situação difícil e estamos dependentes de fato de mais chuvas, até porque nada fizemos para o momento em que ela efetivamente faltasse, como está acontecendo atualmente.


 Apesar da chuva, nós continuamos sem água

As chuvas voltaram, mas lamentavelmente a água ainda não. Essa frase que parece ser um tremendo contrassenso, infelizmente é uma grande verdade. O pior é que, ao que está parecendo, tão cedo a água voltará, apesar das chuvas estarem aí, inclusive já virem castigando bem algumas áreas do estado, em particular alguns bairros da capital. Ora, se temos chuvas e continuamos não tendo água é porque alguma coisa está muito errado. Pois então, eu quero dizer que esse erro é histórico. A questão da água na grande São Paulo é um problema de mais de 100 anos e não é culpa desse ou dos últimos governos isoladamente, embora possa ser de todos eles coletivamente. Isto é, cada um tem a sua parte de culpa no processo. Mas, com certeza, os governos não são os únicos culpados.

Na verdade a coisa vem se perpetuando ao longo da história faz muito tempo, porque de fato, por uma questão cultural, nós brasileiros nunca demos a devida importância ao recurso natural água. Em nossa cultura, fomos ensinados e aprendemos que “a água cai do céu e vem de Deus” e também sabemos que Deus jamais pensaria em nos deixar sem esse líquido precioso. Por outro lado, além disso, aprendemos em Geografia, que o Brasil é o país do planeta que mais possui água em estado líquido e assim água nunca seria um problema nesse país, pois para acabar a água no Brasil, já teria que ter acabado no resto do mundo. Mas, a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/97), que está em vigor desde 1997, diz que “a água é um bem de domínio público e um recurso natural dotado de valor econômico” e portanto, nós precisamos reavaliar os nossos conceitos em relação a esse recurso natural tão precioso.

Exageros à parte, quando se fala de acabar a água, na verdade estamos cometendo um erro extremamente absurdo, porque a água existente no planeta jamais vai acabar. Ou melhor, quando a água acabasse, se isso efetivamente fosse possível de acontecer, certamente toda a vida no planeta já teria se extinguido e nós humanos seríamos, muito provavelmente, os primeiros a desaparecer da Terra se acontecer mais uma extinção em massa, porque somos possivelmente a espécie planetária mais dependente de todas. É bom lembrar que só existe vida na Terra, porque existe água no planeta, isto é a vida no planeta é dependência e consequência da água.

Entretanto, certamente ainda estamos muito longe do fim da Terra, ao menos por conta da carência de água, pois a água, embora em sua grande maioria salgada (97,2%), continua abundante no planeta. O que tem acontecido é que nós, os seres humanos, temos feito, ao longo da história, é simplesmente modificado, para pior, a qualidade natural da água e também temos mudado os cursos da água na natureza. Embora eu tenho certeza que está muito longe o fim da Terra, não tenho tanta certeza que esteja tão longe assim o fim da espécie humana, mas essa é uma outra questão que não vou discutir no momento.

Aqui cabe esclarecer que a expressão mudar os cursos da água na natureza, utilizada anteriormente, não se refere especificamente às mudanças feitas nos curso dos rios (embora isso também interfira na questão), mas sim, na mudança efetiva do ciclo natural da água como um todo, porque temos produzido significativas modificações nesse mecanismo e assim temos mudado geograficamente a ocorrência e consequente distribuição da água na Terra. Esses dois aspectos, a transformação físico-química da água e a sua mudança de rota na natureza são os fatores quem têm nos trazido muita dor de cabaça e atual carência de água em algumas regiões.

Ainda que talvez não fosse necessário, porque acredito que todos nós saibamos desse fato, mas devo dizer, até para reforçar, que a quantidade de “água doce” é apenas 2,8% de toda a água existente no Planeta e que apenas uma parte ínfima desses 2,8%, inferior a 1% desse total, podem ser utilizados pelos humanos como fonte de água potável. Vejam bem, agora chegamos ao problema verdadeiro, o que está acabando não é a água, o que está acabando é a água que interessa ao humano, porque essa tem ficado cada vez mais rara e mais difícil, em função das próprias atividades desenvolvidas pela humanidade, que geram mudanças físicas e químicas na qualidade (poluição) e mudanças físicas (falta de chuvas) no ciclo da água em algumas regiões.

Aqui na grande São Paulo, como de resto em todo grande centro populacional humano, essas modificações são mais acentuadas e assim os efeitos também são mais facilmente sentidos, principalmente porque aparentemente antes nunca havíamos tido problemas relacionados com a escassez de água. Obviamente, em regiões onde a quantidade de água já era historicamente baixa, a sua carência certamente foi menos sentida do que em regiões onde ela era abundante. Por exemplo, não é novidade faltar água na região do polígono das secas no Nordeste Brasileiro, mas é novidade faltar água na Serra da Mantiqueira, cujo nome significa “Mãe das Águas”, em consequência de tanta água que lá existia.

Pois então, estamos exatamente nessa situação, nesse momento novo, o momento de faltar água, onde nem se podia imaginar que isso fosse possível, porque simplesmente não tem chovido o necessário para manter a água naquele local. Mesmo com as chuvas, a retirada ainda está sendo maior do que a entrada. Mas, afinal, o que aconteceu? Será que São Pedro brigou com São Paulo? Ou será que Deus se esqueceu do Brasil?

Infelizmente eu devo dizer que não ocorreu nada de anormal e que nem São Pedro e muito menos Deus, nenhum dos dois certamente não têm nada a ver com isso. Na verdade o único culpado é o ser humano que habita a região da grande São Paulo, que acabou com quase todas as florestas, modificou curso dos rios e canalizou alguns deles, impermeabilizou o solo, contaminou os lençóis freáticos, fechou olhos d` água e nascentes, aumentou a temperatura do ar e a evaporação, jogou porcarias das mais diversas na água e que NUNCA se preocupou com isso. Dessa maneira a água foi “desaparecendo” progressivamente, até que sumiu. Um belo dia ela “saiu para comprar cigarros e não voltou”, como diz a lenda.

Esse desaparecimento vem acontecendo faz muito tempo, mas a grande São Paulo, a capital do maior e mais desenvolvido estado brasileiro, não pode parar de “crescer” (inchar) e assim “nunca se teve oportunidade” de trabalhar essa questão. Historicamente, o que se fez foi o seguinte: toda vez que parecia que ia acontecer algum problema relacionado com a carência de água, os administradores públicos mandavam buscar água em outra localidade, cada vez mais longe. Assim foram surgindo os diferentes mananciais de São Paulo. Entretanto, nunca se procurou saber e muito menos controlar as verdadeiras causas da carência de água que acontecia.

Hoje estamos numa encruzilhada do tempo e numa sinuca de bico da história, pois não dá mais para buscar água mais longe, porque vai custar muito caro trazer essa água (trazer água do Rio Ribeira de Iguape) ou porque a água já está comprometida com outras localidades (água do Rio Paraíba do Sul que vai para o Rio de Janeiro). Além disso, todas as medidas emergenciais até aqui anunciadas são paliativas e certamente não irão resolver o problema. Então, como fazer?

Só existe uma saída e esta saída remonta em voltar na História e fazer o dever de casa que não foi feito lá atrás. É preciso estudar um mecanismo que garanta a água para todos e esse mecanismo talvez passe por ter que fazer São Paulo parar de “inchar”, a exemplo do que acontece em Londres, que vem diminuindo a sua área. Além disso, obviamente, deve ser controlado o eterno desperdício de água que ocorre naquela área, onde se joga fora 34% de toda água já tratada, por conta de “gatos” (ligações clandestinas), vazamentos e os inúmeros usos indevidos. Por fim, também é fundamental que se promova o uso da água dentro de condições compatíveis com a realidade local, que hoje é de uma região carente de água e que não pode mais achar que água vem do céu e que Deus vai resolver tudo. Usar racionalmente talvez seja a única alternativa viável ao racionamento da água.

Estamos em São Paulo, aqui temos a maior população do país, a maior universidade do país, a maior agência ambiental do país (uma das maiores do mundo), o maior centro de pesquisas meteorológicas do país (um dos maiores do mundo) e não podemos mais achar que Deus ou São Pedro vão resolver os nossos problemas físicos, químicos e muito menos a ocupação dos nossos espaços urbanos. Não é possível morar tanta gente numa área de manancial como ocorre no entorno da Represa de Guarapiranga, por exemplo. Não é possível achar que buscando água mais além vai se resolver o problema. Temos que usar a ciência e principalmente a consciência para resolver a questão.

Não dá mais, independentemente dos governos, acharem que medidas paliativas vão resolver os problemas, porque a gente sabe que na verdade só estaremos adiando a morte e produzindo problemas maiores para o futuro. No que tange a água, estamos fazendo coisas erradas há mais de 100 anos e possivelmente no início não conhecíamos os nossos erros, mas hoje nós sabemos o que está errado e não podemos de maneira nenhuma continuar errando mais. É preciso ter coragem para dar um basta nessas coisas absurdas que estão aí e começar a mudar o quadro para que São Paulo possa subsistir no futuro com as próprias pernas.

A propósito Deus e São Pedro já estão fazendo a parte deles, porque já está chovendo novamente, mas agora é preciso que nós façamos a nossa parte. Comecemos encarando o problema de frente e aceitando que precisamos mudar a nossa maneira de tratar o recurso natural água e já estaremos fazendo alguma coisa mais útil do que se viu até agora. Vamos parar com esse nosso comportamento histórico semelhante aos bombeiros, isto é, nós até aqui só agimos apagando incêndios, mas agora a realidade terá que ser outra, até porque sem água não seremos capazes de apagar mais nenhum incêndio.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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