Resumo: Nossa abordagem está mais uma vez relacionada ao consumismo e suas consequências desagradáveis ao planeta e a nós mesmos. Dessa vez estou me atendo um pouco mais a respeito da influência nefasta da mídia sobre a opinião pública incentivando cada vez mais o consumo e, por outro lado estou chamando a atenção para as respostas catastróficas que o planeta tem dado em relação às nossas ações. Além disso, estou sugerindo uma mudança de hábitos urgentemente para garantirmos nossa continuidade aqui na Terra.
Consumo e Costumes Errados
Não sei o porquê, mas nós humanos temos naturalmente uma tendência a nos atrairmos pelo que é belo e fútil e de nos esquecermos das coisas não tão belas, mas que muitas vezes são úteis e extremamente necessárias. Nossa dificuldade em entender e discernir entre o que é necessário e o que é acessório parece ser cada vez mais incontrolável e assim a maioria de nós se acostumou a simplesmente continuar consumindo as coisas, havendo ou não necessidade. Parece que consumimos pelo simples prazer de consumir ou que assumimos um terrível vício compulsório de consumir indefinida e desesperadamente.
O homem, particularmente aqui, do lado ocidental do planeta, histórica e independentemente do país e do regime político imperante no local onde ele esteja, quase sempre consome de forma errada, ou seja, contra os seus próprios interesses econômicos e principalmente contra os interesses ecológicos planetários. Entretanto, embora tardiamente, parece que mais recentemente, alguns de nós estamos acordando para esse detalhe importante e tentando nos redimirmos dessa situação comprometedora que criamos para nós mesmos e que tem favorecido cada vez mais ao aumento da degradação ambiental e do desperdício e que consequentemente tem posto o planeta e a nossa espécie em risco cada vez maior.
Nosso hábito de consumir, por si só, já não é algo que mereça muito crédito, porque quase sempre consumimos de maneira errada. Além disso, quando se trata de consumir exageradamente e esbanjar recursos naturais sem nenhum critério, o consumo passa a ser uma ação drástica e temerária aos interesses planetários. Na maior parte do mundo ocidental, o capitalismo incentivou tanto o consumismo, que ficamos reféns da necessidade do consumo para continuarmos a manter os empregos e a suficiência econômica.
Temos visto de tudo ó que é possível para o incentivo ao consumo. A Propaganda e o “Marketing” nos ludibriam e entram nas nossas casas nos impelindo a consumir. As crianças têm sido os alvos principais para convencer os mais resistentes ao consumo exacerbado e assim quase ninguém resiste. Infelizmente ainda não temos uma legislação específica que possa coibir esse crime contra a sociedade, mas isso precisa existir brevemente.
É bem verdade que o homem como qualquer espécie planetária precisa de alimentos e de território. Além disso, nós humanos, também precisamos mais especificamente comer, beber, morar, descansar, construir e vestir. Entretanto, não precisamos comer a comida mais cara todos os dias, beber as bebidas mais sofisticadas todos os dias e muito menos comprar roupas novas todos os dias ou ter duas ou mais casas para morar. Mas, é assim que a maioria de nós age, não se satisfazendo com o que tem e querendo sempre ter mais, independentemente de sua necessidade individual, ou mesmo familiar. Assim, o consumo não para. O planeta, as demais espécies vivas e os futuros humanos (aqueles que ainda não nasceram) que se danem para suportar a nossa pressão exploratória e o impacto ambiental progressivo e insano que temos causado a todos.
Estamos viciados em consumir recursos naturais, independentemente de avaliarmos a verdadeira necessidade de quaisquer que sejam esses recursos. Hoje já acabamos com alguns recursos naturais não renováveis, já estamos quase ultrapassando o limite de 50% daquilo que é possível ao planeta regenerar naturalmente, ou seja, os recursos renováveis, e estamos prestes a não conseguir os níveis mínimos de suprimento alimentar e de água potável que precisamos para sobreviver, pelas mais diversas situações.
Agora o planeta também já está cansado e não aguenta mais a nossa pressão exploratória e a nossa apropriação indevida. Alguns alimentos já começam a faltar, a água está ruim e está até mesmo escassa ou ausente em várias regiões. Muitas matérias primas já desapareceram totalmente e outras estão com os dias contados.
Como vamos fazer? Continuaremos comprando bolsas, tênis, sapatos e vestidos, mas morreremos de fome e sede? Continuaremos comprando vinhos e cervejas, mas morreremos de sede? Continuaremos comprando casas e carros, mas não teremos onde morar?
A situação está efetivamente muito complicada. Temos tudo por um lado e não temos nada por outro. O “rei consumo” e o “príncipe dinheiro” não nos permitem resolver as questões mais fundamentais para continuarmos a nossa existência, exatamente porque consumimos mais do que podíamos e muito acima do que devíamos. Agora nosso caminho, que sempre seguiu na contramão dos interesses planetários, segue também na contramão de nossos próprios interesses como espécie viva. Não sabemos mais se conseguiremos resistir às pressões que nós mesmos impusemos ao planeta e a nós mesmos longo da história. Até porque o planeta também já vem reclamando e, de várias formas, ele está nos dizendo: “parem que eu não aguento mais”.
Diz o ditado que: “o futuro a Deus pertence”. Será que é isso mesmo ou será que nós mesmos deveríamos ser os protagonistas de nosso futuro. Deus talvez nem saiba ao certo sobre todos os males que temos causado ao nosso “planetinha azul”. De qualquer maneira, o futuro está aí batendo à nossa porta e nós estamos com medo de abri-la, porque não sabemos mais o que vai acontecer, pois perdemos o norte e não temos mais controle sobre a maioria das coisas. O aquecimento global é um fato que está aí. As catástrofes e eventos extremos são cada vez maiores e mais significativas. Os desastres ambientais matando seres humanos são cada vez mais comuns.
Em suma, considerando que somos a única espécie pensante e capaz de mudar, precisamos trabalhar no sentido de rever a nossa lógica de prioridades e voltar, enquanto ainda há tempo, para critérios que satisfaçam ao planeta, aos demais organismos vivos do planeta e a nós humanos, pois se mudarmos esta ordem de critério não teremos mais saída desta cilada em que nós mesmos nos inserimos. O uso de recursos naturais tem que ser feito a partir da efetiva necessidade desses recursos, para o nosso bem e principalmente para o bem do planeta e das gerações futuras. É preciso mudar costumes e gerar novas formas de consumo, que considerem prioritariamente a sustentabilidade planetária como mecanismo único a ser levado em consideração.
Luiz Eduardo Corrêa Lima
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