Tag: Controle Populacional

20 mar 2015

A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

Resumo: O texto desta semana é mais um daqueles textos “velhos”, pois publiquei pela primeira vez em 2005, mas que continua bastante atual, porque praticamente nada mudou ao longo desses 10 anos, no que se refere a população humana no planeta Terra. Ou melhor, mudou sim, mas para pior, porque ampliamos em pelo menos 1 bilhão de pessoas a população do planeta nesse período. Atualizei o texto para o memento e resolvi republicá-lo. O texto faz um relato da situação do crescimento população humana no planeta, como causa principal dos problemas ambientais e da necessidade de que seja desenvolvido algum mecanismo de controle desse crescimento.


A VERDADEIRA QUESTÃO AMBIENTAL

No dia 05 de junho de 2015, estaremos comemorando 43 anos do “Dia Internacional do Meio Ambiente”. Depois de, pelo menos, 3.000 anos fazendo somente coisas erradas, descobrimos, há apenas 42 anos atrás, que existe uma questão ambiental e que precisamos cuidar bem do único planeta que temos e de onde tiramos tudo o que usamos. Entretanto, é bom que se diga que o principal problema na questão ambiental que hoje estamos vivenciando não é, de forma alguma o aquecimento global, ou mesmo o desmatamento das florestas tropicais, ou ainda a poluição hídrica, ou atmosférica ou edáfica. Essas são meras consequências do único e grande problema que existe. O problema ambiental crucial é o crescimento descontrolado e absurdo da população humana sobre o planeta, porque é desse aspecto que decorrem todos os outros problemas ambientais.

Nossa espécie tem sido de uma eficiência reprodutiva tremenda, pois com todas as guerras, com todas as catástrofes, com todas as doenças e com todos os flagelos que a humanidade tem sofrido ao longo da história, nossa população nunca parou de crescer e nos últimos anos esse crescimento foi vertiginoso. Como uma bola de neve, o crescimento populacional da humanidade tem impulsionado os demais problemas ambientais, os quais, consequentemente, também crescem sem parar e estão cada vez mais difíceis de serem controlados. O planeta, por sua vez, tem nos avisado que não suporta mais, através da ocorrência de catástrofes cada vez maiores.

O aumento da população humana faz com que haja necessidade de aumentar a retirada de recursos naturais, aumenta a necessidade de espaço para os humanos e suas tarefas, aumenta a quantidade de resíduos, aumentando também a poluição e a degradação ambiental, além de várias outras coisas que prejudicam o meio ambiente global, danificando o planeta, extinguindo espécies e diminuindo a qualidade de vida da humanidade. Em suma: “não é possível controlar a degradação ambiental se não tivermos uma detenção no crescimento populacional da humanidade”.

Se fizermos uma revisão histórica e observarmos o que aconteceu com a curva do crescimento populacional humano, veremos que, para atingir o primeiro bilhão de humanos sobre o planeta foram necessários milhares de anos, pois isso ocorreu desde o início dos tempos humanos até aproximadamente o ano de 1750, coincidindo exatamente com a I Revolução Industrial. Para atingir o segundo bilhão, levou cerca de 190 anos, desde 1750 até mais ou menos o ano de 1940. Desta última data até o ano 2000, ou seja, em apenas 60 anos, atingimos a magnífica e assustadora marca de seis bilhões de humanos sobre a Terra. Quer dizer, levamos quase toda a história humana para atingir um bilhão, menos de duzentos anos para dobrar o bilhão e pouco mais de 50 anos para triplicar os dois bilhões e atingir a marca de seis bilhões e hoje já superamos os sete bilhões.

Não parece possível, mas alguma coisa tem que estar errado com a taxa de fecundidade de nossa espécie e com sua capacidade tão profícua de se reproduzir. Na natureza, não é comum uma população crescer tão rápido e as poucas que assim fazem, também decrescem muito rapidamente e não sobrevivem por muito tempo. Ou seja, a extinção chega muito rápido para essas espécies, exatamente porque elas esgotam os recursos à sua volta muito rapidamente.

Até onde iremos chegar? Até quando o planeta nos aguentará? Será possível reverter esse quadro? E se não for, o que faremos?

A situação e o momento que estamos vivenciando são, de veras, preocupantes, e não temos, efetivamente, produzido nenhuma resposta concreta para nenhuma das perguntas anteriores. Entretanto, não é esse o pior problema. A questão maior é que o tempo passa e continuamos coletivamente a não fazer absolutamente nada sobre a situação.

Tirando uns poucos cientistas e ambientalistas que vira e volta lembram do problema, ninguém mais discute e nem diz nada sobre esse tema. Parece haver um grande tabu, quanto ao crescimento populacional humano. Os governos, a sociedade civil e as instituições (principalmente as religiosas), não parecem estar preocupados com o assunto e continuam indiferentes ao problema. Todos falam da necessidade de resolvermos a questão ambiental, porém ninguém faz menção ao crescimento populacional, que precisa ser atacado e assim, nada acontece. Seguimos como se nada pudesse nos acontecer.

Enquanto a gente continuar se preocupando apenas com os efeitos produzidos pela degradação ambiental contínua e não nos detivermos e investirmos em nenhuma ação efetiva contra a causa primária, que é o crescimento populacional, não haverá como resolver os problemas ambientais. Quer dizer, tudo o que se fizer, será sempre paliativo. Estamos trocando seis por meia dúzia. E no fim o resultado é sempre zero. Ou melhor, na verdade, o resultado é sempre negativo, porque o empate, nesse caso, é uma derrota, haja vista que a degradação sempre acaba aumentando.

A ONU e todas as nações do mundo devem conduzir uma grande discussão internacional sobre a temática dos males produzidos pelo crescimento populacional desenfreado da população humana e sobre a necessidade de serem produzidos mecanismos que promovam o controle da natalidade. Esses mecanismos deverão ser viabilizados o mais rápido possível. Acordos internacionais são prementes nessa área e hoje, já virão com grande atraso.

O planeta que hoje abriga, além de toda a diversidade biológica (cerca de 20 milhões de espécies vivas), mais de sete bilhões de humanos e cujos recursos naturais já estão, em várias situações, quase totalmente exauridos, não suporta mais. A continuar assim, com esse crescimento populacional humano desenfreado e absurdo, o fim estará próximo, pelo menos para nós, humanos e talvez para todo o planeta. A Terra não suportará mais uma dobrada da população humana, nos próximos 30 a 50 anos.

Olhe para o seu lado e tente imaginar que a quantidade de tudo o que você vê (exceto de recursos naturais que já deverão ter se exaurido totalmente), daqui a 50 anos estará, no mínimo, dobrada. Ou seja, onde você está agora, existirão duas pessoas com todas as necessidades humanas que você tem, daqui a 50 anos. Acho que fica muito claro, que, por uma questão física, isso não vai ser possível.

Urge que alguma coisa seja feita para impedir o colapso que nos espera. É preciso que a sociedade como um todo e principalmente certos segmentos religiosos, caiam na realidade e parem de fazer devaneios e acreditar em milagres, pois efetivamente, pelo menos nessa questão, eles não existem. O mundo é físico e não metafísico e o que não cabe no mundo físico não pode ser discutido, por uma simples questão de sobrevivência humana.

A verdade física está na Lei de impenetrabilidade da matéria que diz que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” e sendo assim, não há como colocar mais humanos no planeta sem tirar outras coisas dele. Lamentavelmente, o planeta não cresce como a população humana. Nessa escalada, haverá (talvez, já esteja havendo) um momento em que faltará um dos dois, ou seja, ou faltam humanos ou faltam as coisas que os humanos e as demais criaturas vivas do planeta tanto necessitam. No caso em questão, algumas coisas já estão faltando há muito tempo para alguns humanos.

Sendo assim, o crescimento da população é, indiretamente, também o seu extermínio, pois a competição entre nós e as demais criaturas da Terra é cada vez maior e para sobrevivermos estamos sempre destruindo alguma coisa, até mesmo outros humanos. Ao invés de nos destruirmos, certamente será bem melhor mantermos a medida devida do equilíbrio para nós e para o planeta. O tamanho de nossa população parece já ter chegado nesse nível satisfatório e não deve crescer mais para o bem da Terra e de toda a humanidade.

Como espécie biológica só buscamos a nossa manutenção no planeta e, nesse sentido temos que tentar sobreviver a qualquer custo. Mas, por outro lado, como seres humanos, buscamos a felicidade e para tanto precisamos refletir e avaliar o que temos feito com o planeta, pois não poderemos ser felizes sem a nossa casa, a única que temos, o planeta Terra.

A maneira correta de mantermos o meio termo entre a nossa condição de ser biológico (natural) e a nossa condição de ser humano (social) é controlando o tamanho de nossa mancha populacional e o uso de tudo o que precisamos para nos manter vivos no nosso planeta azul. O Desenvolvimento Sustentável e a Sustentabilidade que tanto se fala, não são possíveis sem o controle do crescimento da população humana no planeta.

O planejamento familiar deve ser item prioritário nas pautas das reuniões dos governos e também deve ser matéria obrigatória nos programas de Educação. A Educação Ambiental, hoje tão em moda, deverá tratar a questão da reprodução humana e do planejamento familiar da maneira mais objetiva que puder, ressaltando as consequências desagradáveis e maléficas do aumento da população humana no planeta.

O mundo precisa saber que não podemos mais reproduzir indefinidamente, pois há um limite de suporte para a Terra. A imprensa precisa trabalhar essa questão da forma mais agressiva possível, para que as pessoas tomem consciência do que significa cada ser humano a mais no planeta.

No passado errávamos porque desconhecíamos, mas hoje, não há mais porque errar. Somos cientes dos males que produzimos ao planeta e a humanidade e quanto maior for a população humana maior será esse mal, até o momento em que entremos numa situação irreversível. Até aqui, só extinguimos prematuramente outras espécies, mas ao que parece, ainda não estamos satisfeitos e caminhamos para causar também o fim prematuro da espécie humana.

Apenas uma espécie nesse planeta é capaz de julgar os seus erros e modificar suas ações conscientemente. Se nós humanos não nos lembrarmos desse fato e se não quisermos, efetivamente, mudar a realidade das coisas, dificilmente o Homo sapiens sobreviverá.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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22 jan 2015

Do ponto de vista ambiental, 2015 começou muito bem

Resumo: Voltando às atividades o Professor Luiz Eduardo começa o ano de 2015 cheio de esperança, trazendo aos leitores algumas novidades que sacudiram esse início de ano. A julgar pelos primeiros acontecimentos 2015 será um ano em que as questões ambientais preponderantes deverão ser tratadas com merecem e isso certamente implicará na melhoria da qualidade de vida dos humanos no planeta Terra. Leiam o artigo e as notícias alvissareiras que ele traz.


Depois de curtas e merecidas férias, eis que estamos aqui de volta, esperando que 2015 seja uma no maravilhoso para todos. A partir dessa semana, toda semana teremos um novo texto no site. Para começar o ano vou me ater a três notícias que foram trazidas à baila pela grande mídia na última semana, mas que não tiveram os devidos destaques que deveriam, porque a própria grande mídia não faz muita força em discutir um assunto, quando ele realmente interessa a todos.

Notícia 1 – O ano de 2014 foi mais quente da história.

A exemplo do que já havia acontecido em 2013, o ano de 2014 bateu novo recorde e continuou sendo o mais quente de todos os tempos e a julgar pelo mês de janeiro que estamos tendo agora, certamente 2015 irá superar 2014.

Mas, aí eu pergunto: onde está a novidade?

Qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabia que essa situação iria acontecer, porque vivemos em pleno aquecimento global e continuamos não fazendo nada para tentar amenizar o problema. Os grandes grupos econômicos e alguns países ainda insistem em não querer aceitar essa verdade e continuam a justificar o injustificável com argumentos torpes e mesquinhos, cujo fundamento é exclusivamente econômico. Mas as pressões são cada vez maiores e alguns governos estão começando a forçar barra para o controle de algumas coisas nessa área, com é o caso da China. Já é tempo desse pessoal entender, a exemplo do que disse o economista Paul Singer; “a economia é uma pequena parte da ecologia”.

Notícia 2 – Apenas 1% da população mais rica detém 50% de toda a riqueza do planeta.

Essa notícia chega a chocar de tão violenta, pois é inadmissível apenas 80 mil pessoas possa ter a mesma quantidade total de riqueza que 3,1 bilhões de pessoas. A pobreza planetária é muito grande e só tem aumentado. Cada vez mais o hiato entre ricos e pobres é maior e desse jeito não será possível resolver nada. Do ponto de vista ambiental, social e econômico, isto é, dentro dos preceitos da sustentabilidade é impossível manter a vida humana dentro desse status quo. Assim, ou dividimos as riquezas de maneira melhor ou nossa espécie estará fada a se extinguir pereceremos.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, porque está claro que precisamos dividir melhor as riquezas entre as diferentes nações e progressivamente acabar com a pobreza no mundo. Porém, os países e as pessoas ricas não parecem estar muito interessados nisso e assim os pobres vão sobrevivendo como puderem, onde puderem e até quando puderem. Os ricos precisam saber que eles só existem porque os pobres ainda existem e que se todos os pobres forem esmagados economicamente, certamente os ricos também não terão como continuar vivendo. O único consolo é que eles viverão um pouco mais tempo, mas seu fim também chagará. O Presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, está iniciando um trabalho interno naquele país, visando aumentar impostos dos indivíduos mais ricos para auxiliar no estabelecimento de medidas que favoreçam economicamente os indivíduos mais pobres.

Notícia 3 – O Papa disse que a Humanidade precisa parar de reproduzir igual aos coelhos.

Essa talvez tenha sido a mais importante notícia desse início de ano, porque finalmente, a maior autoridade da igreja Católica, o Papa Francisco, resolveu sair da toca e, mesmo sem contrariar os preceitos estabelecidos pelo catolicismo, sugeriu que a reprodução precisa ser responsável e que talvez fosse interessante não gerar muitos filhos.

Ora, estamos no meio de uma grande conturbação em consequência dos acontecimentos ocorridos na revista francesa Charlie Hebdo e da manifestação lamentável assumida pelos muçulmanos mais radicais. Não vou aqui discutir quem está certo ou quem está errado, mas acho que matar os autores das charges não resolve a questão, ao contrário, só trará mais problemas e mais charges. Entretanto, em meio a tudo isso, o Papa, resolve apresentar um argumento, ainda que tímido, em favor do controle da natalidade, o que também é uma afronta as essências das ideias, tanto católicas quanto muçulmanas.

Mas, aí eu pergunto mais uma vez: onde está a novidade?

E mais uma vez a resposta é a mesma, isto é, qualquer pessoa de bom senso e minimamente ligada às questões ambientais já sabe disso, simplesmente porque não há recursos e nem espaço para todos. É preciso estabelecer critérios de ocupação planetária e de tamanho mínimo populacional, porque senão os recursos se findarão e aí não haverá como nossa espécie e muito menos as nossa religiões sobreviverem.

O Papa, toda a igreja católica e todas as religiões do mundo já sabem disso. Todos têm certeza de que não dá para a população humana continuar crescendo loucamente como aconteceu até aqui e que a violência, em certo sentido, é consequência direta desse crescimento populacional absurdo e aproveitou o momento de crise e de violência para sugerir uma maneira de pensar melhor sobre a aleatoriedade da reprodução humana nos diferentes credos religiosos, mormente nos dois maiores segmentos religiosos, os católicos e os muçulmanos. Na minha opinião o recado do papa foi o seguinte: “quanto mais reproduzimos mais ampliamos as nossa diferenças e radicalizamos os nossos pensamentos em relação aos diferentes e isso não é bom para nenhum de nosso segmentos”.

O estabelecimento de critérios populacionais também seria interessante para amenizar outros problemas de ordem ambiental e principalmente de ordem social. Além de diminuir as pressões econômicas sobre os recursos. Ou seja, o Papa Francisco está dando aulas de sustentabilidade ao tentar lembrar aos seguidores do catolicismo que o homem não é um coelho que reproduz por mero instinto, mas sim que precisamos ter consciência do que representa cada humano a mais no planeta Terra.

Pois então, meus amigos e leitores, creio que o ano de 2015 começou cheio de esperanças para todos os ambientalistas como eu. A China investindo mais em energia limpa. Os Estados Unidos pensando em taxar grandes fortunas. O Vaticano sugerindo reproduzir menos. Pelo que vimos nesse curto período, o ano está prometendo mudanças significativas e os grandes encontros internacionais na área ambiental, terão que se manifestar quanto a esses três assuntos e quem sabe as respostas, ainda que tardias não comecem a chegar, até porque nunca é tarde para começar e o planeta Terra e principalmente os mais de 7.2 bilhões de humanos, ricos e pobres, necessitam que algo seja feito.

Estou realmente acreditando que 2015 venha a ser um divisor de águas para o meio ambiente e espero particularmente que o encontro que já está acontecendo em Davos, na Suíça (World Economic Forum Annual Meeting 2015), onde se discute mais uma vez sobre a questão da pobreza no mundo, possa trazer posições extremamente importantes e positivas para as grandes questões ambientais planetárias. Tomara que eu tenha razão e que meus “feelings” se concretizem. Mas, só o fato do Papa pensar e falar em reproduzir com responsabilidade, já torna esse começo de ano muito especial para os ambientalistas e para as perspectivas planetárias futuras.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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