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01 dez 2015

O Conceito de Ambiente Saudável e a Catástrofe Humana

Resumo: O texto atual é mais uma reflexão sobre a questão ambiental planetária e as perspectivas necessárias de mudança para a continuidade da espécie humana na Terra. É questionada a responsabilidade do homem como pretenso “Senhor da Terra” e citadas algumas coisas que deveriam ser feitas para a melhoria da qualidade de vida planetária. É citada também a COP 21 que está acontecendo em Paris, como efetiva fonte de acordo para começar a recuperação do Clima e do Planeta.


O Conceito de Ambiente Saudável e a Catástrofe Humana

O conceito de ambiente saudável deve ser compreendido numa amplitude que envolva objetivamente “aquele local (meio ambiente) que permite a geração, o desenvolvimento, a manutenção e a continuidade da vida”. Ao que parece, pelo menos até agora, a Terra é o único lugar no universo em que essas condições foram satisfeitas a contento e assim, somente aqui nesse planeta a vida se estabeleceu, evoluiu e diversificou. Entretanto, já faz muito tempo que o Planeta Terra vem progressivamente deixando de ser um ambiente saudável para grande número das espécies aqui viventes, inclusive e principalmente para a espécie humana. Aliás, sempre é bom lembrar que exatamente a nossa espécie é a principal responsável pela condição cada vez menos saudável do planeta Terra. Muitas espécies se extinguiram prematuramente e outras estão extremamente ameaçadas e certamente não terão mais salvação, por conta da situação lamentável situação de degradação que a espécie humana produziu no planeta até aqui.

Entretanto, nós temos certeza absoluta que não era para ser assim e o que o resultado deveria ter sido bem diferente, se o planeta tivesse seguido seu curso evolutivo naturalmente e sem a interferência humana. Com certeza, o ciclo planetário da vivência de grande número dessas espécies deveria ter sido bem maior e mais abrangente. Como o tempo de existência dessas espécies deveria efetivamente ser maior, eu estou me utilizando da expressão “extinção prematura” para o desaparecimento delas. Se a Evolução levou ao surgimento dessas espécies no planeta, certamente foi para que pudessem ter a oportunidade de lutar e tentar continuar evoluindo de maneira natural. A extinção poderia até acontecer para algumas delas, já que a extinção também é um fenômeno natural, mas essa extinção deveria ser decorrente de condições naturais aleatórias e não das imposições condicionadas pelas atividades humanas.

Os processos naturais de extinção normalmente costumam levar algum tempo para acontecer e quando se efetivam geralmente são resultantes de consequências evolutivas outras, oriundas das próprias atividades orgânicas (fisiológicas), genéticas, comportamentais, ou ainda ambientais das espécies e não provocadas quase que exclusivamente por ações antrópicas, como, por exemplo, a destruição de ecossistemas naturais. Algumas vezes, esses processos de extinção também resultam de atividades geomorfológicas catastróficas e grandes cataclismas, como foi o caso dos grandes dinossauros. Entretanto, esses fenômenos causam extinção em massa, o que não costuma ser uma regra, pois as extinções tendem a ser lentas e aleatórias, dentro do próprio processo de evolução biológica. Em outras palavras, as extinções naturais são consequências da própria evolução, onde umas espécies substituem as outras por estarem melhor adaptadas.

Pois então, nos últimos tempos, o que temos, infelizmente, observado é uma extinção prematura, rápida e progressiva de grande número de espécies, num padrão bem distinto daquilo que deveria ser naturalmente esperado. Isso significa que existe alguma coisa errada, talvez alguma coisa catastrófica e que por conta disso, a Terra não está mais parecendo ser um bom lugar para muitas dessas espécies viverem. É claro que as catástrofes ambientais “naturais” têm sido cada vez mais frequentes, o que também favorece à extinção.

Mas, o que realmente mudou ou está mudando? Que coisa é essa que está complicando cada vez mais os processos naturais? Por que o planeta vida, tem progressiva e acentuadamente rechaçado a própria vida?

Eu acredito que todas essas perguntas precisam ser respondidas sem paixão e lamento dizer que penso efetivamente que a causa de todos esses problemas seja a ação nociva da espécie humana no planeta. A ação do homem, talvez seja a maior catástrofe planetária já ocorrida até aqui e certamente muitos dos cataclismas que tem acontecido tem relação direta com as atividades antrópicas no planeta.

Nenhuma outra espécie planetária é capaz de ocupar e modificar o ambiente natural tão diversificada, desastrosa e perigosamente como a nossa. A rigor, ao longo de nossa história, nós destruímos, degradamos e modificamos de alguma maneira, todos os ecossistemas terrestres. Nós fizemos uma apropriação indébita do planeta e assim, derrubamos muitas florestas; matamos inúmeros animais; construímos fábricas, usinas, estradas, áreas agrícolas e cidades; mudamos cursos de rio e secamos rios; comunicamos oceanos e ligamos continentes; transpomos montanhas, rios, lagos e mares. Enfim, fizemos e ainda estamos fazendo, uma mudança imensurável no planeta. Essa ações certamente têm trazido consequências drásticas ao clima do planeta e ampliado a ocorrência de eventos catastróficos. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: até quando, nós continuaremos a agir assim, com essa postura degradadora?

Tenho certeza que existem muitas pessoas, muitos seres humanos, que já possuem essa noção de que o homem é o único grande degradador da Terra e assim, para esses indivíduos, obviamente eu não disse novidade absolutamente nenhuma, mas precisamos fazer com que todos os seres humanos passem a ver, entender e efetivamente trabalhar para modificar esse procedimento degradador e errôneo de nossa espécie. Temos que mudar o nosso padrão comportamental urgentemente, porque falta muito pouco, para que o processo de extinção atinja nossa espécie também. É isso mesmo a nossa degradação, que até extinguiu algumas espécies, ali na frente extinguirá a nossa espécie também e, como o processo está cada vez mais rápido, devo concluir que temos pouquíssimo tempo.

A catástrofe humana precisa ter fim, para que a Terra, que jamais voltará a ser a mesma, possa, pelo menos, abrigar e manter a nossa espécie a algumas outras por mais algum tempo. Que o nosso processo natural de extinção, que já não será natural depois de tudo que fizemos, possa ser mais tardio do que está se projetando. Temos que criar uma nova filosofia para a vida humana no planeta, que privilegie sobre tudo a vida como fenômeno natural e o planeta como casa que permite e capacita à vida. Para tanto, será preciso que tomemos certos cuidados fundamentais, alguns dos quais, mesmo sem nenhum poder sobre a possibilidade de aplicabilidade deles, vou me atrever a mencionar, obviamente de maneira aleatória e sem nenhuma ordem de prioridade ou preferência, porque todos são igualmente importantes. Quem sabe alguns administradores públicos ou outros poderosos achem interessante e resolvam apoiar e até mesmo investir nessas ideias.

1 – Controlar imediatamente a população humana no planeta. Cada ser humano que nasce é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois aumenta a necessidade de espaço físico e de recursos naturais.

2 – Acabar imediatamente com o desmatamento de áreas naturais (desmatamento zero). Cada árvore nativa derrubada é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois, além de diminuir a taxa fotossintética que mantém a vida no planeta, diminui também a biodiversidade planetária e aumenta a possibilidade de conter mais a taxa de gases de efeito estufa.

3 – Acabar imediatamente com as práticas mineradoras degradadoras e desnecessárias. Cada novo projeto de lavra é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois destrói o ecossistema, aumenta o desmatamento, extermina e extingue espécies, degrada e decompõe o solo, polui a água e outras coisas mais.

4 – Controlar progressiva e atentamente as atividades industriais. Cada nova indústria é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois utilizam recursos naturais, água, ar e energia, além de poluir o ar, a água e o solo.

5 – Controlar progressivamente a Poluição Química, o Lixo e os Resíduos Sólidos. Cada grama a mais de resíduo é infelizmente um aumento significativo de problemas para a Terra, pois degrada e polui o meio ambiente, gerando condições insalubres que favorecem a doenças e outras coisas mais.

6 – Investir maciçamente em Educação Ambiental. Cada procedimento pessoal e coletivo ambientalmente correto produzirá uma significativa melhora planetária, pois as pessoas mais bem orientadas saberão tratar melhor o planeta e assim garantirão a qualidade de vida que se espera, para as gerações atuais e futuras.

7 – Mudar gradativamente da noção de valor, que deverá deixar de ser estritamente econômica e passar a ser preferencialmente ecológica. O que tem valor são as coisas e não o dinheiro, portanto é preciso proteger as coisas antes do dinheiro. Lembrar que: “o valor não vale, o valor é”. Se existirem as coisas para todos, não haverá necessidade de existir o dinheiro apenas para alguns.

8 – Limitar ao máximo o uso dos recursos naturais não renováveis e obrigar legalmente a renovação dos renováveis. Tudo o que existe na Terra deverá usado em benefício da própria Terra. O homem como espécie dominante tem que ter responsabilidade no uso dos recursos naturais e tem que estar claro que qualquer atividade não seja boa para o planeta, também não poderá ser boa para a humanidade.

9 – Investir no conhecimento científico na área ambiental, afim de produzir novas tecnologias que propiciem a melhora progressiva e a recuperação do ambiente natural, pois isso nos conduzirá às novas práticas ambientais que nos permitirão progressivamente tratar o planeta de maneira menos degradante.

10 – Reduzir a uma escala compatível todas as atividades industriais que prejudicam direta ou indiretamente o meio ambiente, pois as indústrias a exemplo das demais atividades antrópicas deverão estar a serviço dos interesses coletivos da espécie humana, que serão primariamente condicionados pelos interesses planetários.

11 – Atuar para que as cidades devam ser espaços que permitam progressiva melhoria da qualidade de vida das pessoas e dos demais organismos vivos que nela habitem, pois as cidades, embora sejam ambientes modificados no interesse da humanidade, tem que guardar sua relação próxima com a natureza. O ser humano antes de ser urbano é natural e traz consigo para a cidade várias outras espécies que também ocupam a cidade e que competem com o humano sobre vários aspectos e que, por isso mesmo, o ser humano precisa aprender a conviver com elas.

12 – Atuar proativa e determinadamente visando sempre a sustentabilidade. Lembrar que tudo acontece num lugar (meio ambiente), que somos seres humanos (sociedade) e que compramos e vendemos coisas (economia). A sustentabilidade é o perfeito equilíbrio interesses três fatores e só seguiremos em frente se mantivermos esse equilíbrio.

13 – Garantir a manutenção da biodiversidade planetária, protegendo e preservando os bancos genéticos, pois no futuro será essa biodiversidade que poderá nos orientar e conduzir nos procedimentos corretos a serem tomados para continuar a nossa caminhada planetária.

 14 – Investir em tecnologia cada vez mais limpa para garantir a melhoria continua da qualidade ambiental e consequentemente da qualidade de vida. O planeta agradece e as gerações futuras também agradecerão para sempre aquilo que for feito hoje em prol delas.

O ambiente saudável que queremos, merecemos e que o planeta nos deu durante muito tempo, pode voltar a existir, só depende de nós mesmos. Apenas a espécie humana pode mudar as tendências que estão previstas, entretanto é preciso muita vontade e ação política para que isso aconteça. Nesse sentido cumpre a cada um de nós a obrigação de exigir que os governos dos entes federativos brasileiros nas três esferas do poder se envolvam seriamente se comprometendo com as questões ambientais.

 Por outro lado, no nível internacional, a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP21), que está acontecendo nesta semana e na próxima, em Paris e que reunirá pelo menos 190 chefes de estado, para discutir as questões relacionadas ao Clima da Terra, certamente é o melhor momento para que se consiga estabelecer alguns pequenos acordos que possam garantir o ambiente saudável. Se algumas das modestas citações aqui levantadas, forem de alguma maneira discutidas e implementadas, com certeza o resultado da COP 21 já terá sido positivo, mas é preciso que se procure estabelecer o número mais amplo possível de pequenos acordos relacionados aos diferentes temas citados. Os líderes estão confiantes e a secretária-executiva da convenção sobre mudanças climáticas da ONU, Christiana Figueres, afirma que efetivamente um grande acordo climático vai acontecer a partir do encontro.

Bem, ficamos por aqui aguardando as ações nacionais e internacionais, porque urge que a espécie humana se faça, de fato, “dona do planeta”, como tem historicamente se intitulado até aqui, mas sem o verdadeiro compromisso de cuidar daquilo que é seu. Doravante, esperamos que nossa espécie venha assumir a condição efetiva de proprietária da Terra, mas, que seja consciente da responsabilidade que tem, pensando e agindo como uma espécie planetária, isto é, no interesse coletivo de todas as espécies vivas da Terra e não somente no interesse de grupos de indivíduos humanos determinados que buscam solucionar suas questões particulares. Não sou pitonisa, mas acredito que apenas pensando e trabalhando coletivamente em prol do planeta é que poderá haver salvação da extinção prematura para o Homo sapiens.

Nossos filhos, netos, bisnetos e todos os que ainda virão, estão esperando que nós façamos a nossa parte, para que eles tenham condições de viver no nosso planeta azul.  A Terra ainda pode continuar a ser um ambiente saudável por muito tempo, apesar da catástrofe humana. Mais uma vez estamos sendo chamados e temos a oportunidade de minimizar problemas, para progressivamente começar a resolver algumas das principais questões ambientais e quem sabe garantir a manutenção de nossa espécie na Terra. Que Deus ilumine as decisões dos líderes presentes na COP 21, para que eles possam fazer o dever de casa corretamente.

 

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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