Tag: Educação Participativa

15 out 2024
O Projeto Educacional e a Educação

O Projeto Educacional e a Educação

Resumo: Neste artigo, procuro identificar os possíveis responsáveis pelo caos educacional nacional, minimizar a culpabilidade atribuída ao professor, apresentar algumas premissas fundamentais para o estabelecimento da ordem educacional, propor maior envolvimento e participação efetiva da sociedade nas questões educacionais, para tentar resolver a situação da Educação no país

INTRODUÇÃO

Vou começar minha argumentação a partir de uma frase aparentemente óbvia: “da mesma maneira que não existe aluno sem escola, não existe educação formal sem professor”. Pois então, esta é uma frase verdadeira, que ressalta a importância do professor para o aluno e para a educação como um todo. Entretanto, é preciso deixar claro que existem outros atores a serem consideradas, além do aluno e do professor, quando se trata de educação. Assim, ainda que muitas pessoas automatizem a questão e passem a entender que o professor é o único responsável pela carência educacional nacional, temos que entender que essas pessoas extrapolam e sobrecarregam o professor e isso não é honesto e muito menos verdadeiro.

O professor, por si só, não pode ser o principal artífice da grande desgraça educacional desse país. Realmente, podemos até estar vivendo uma crise, no que se refere aos profissionais do ensino no país e isso é realmente bastante ruim, porém, nem todos os professores são culpados pelo que acontece na educação. Mas, podem ter certeza de que isso não é, nem de longe, uma verdade. Tenho absoluta certeza de que ainda existe no país, muitos professores sérios, competentes e imbuídos do firme propósito de tornar o país melhor, com os brasileiros educados, conscientes, capazes e mais felizes através da ação da educação.

Historicamente, no Brasil, tem feito de tudo para tornar a Educação, cada vez, mais chata, desinteressante, complicada, absurda e quase impossível aos interesses dos jovens estudantes. Aqui, nessas bandas brasileiras, a educação, que deveria ser a solução de quase tudo, acabou sendo um grande e quase eterno problema, mas essa questão não diz respeito exclusivamente ao professor e certamente existem outros possíveis culpados a serem considerados, como veremos mais à frente.

Como não se discute muito sobre as verdadeiras questões da Educação e apenas se joga a culpa no professor, a solução parece não existir, porque os problemas só se aumentam e se agravam. O país segue se arrastando na rabeira dos ranqueamentos internacionais sobre educação. Entretanto, fica a dúvida: então, de quem é a verdadeira culpa? Será do Governo? Será da Comunidade?  Será do Professor? Será da Escola, como Instituição? Será do aluno? Será dos pais ou responsáveis pelo aluno? Ou será de toda a Sociedade Brasileira?

Efetivamente, eu não sei responder quem é mais ou menos culpado, mas entendo que a verdadeira culpa seja oriunda do resultado produzido pela mistura de todas essas coisas citadas. Baseado nesta afirmativa, resolvi desenvolver e tentar esclarecer meu pensamento, a partir de cada um desses sete potenciais e parciais causadores da nossa triste situação educacional. Isso me levou a sete constatações que estou considerando como premissas para entendimento da situação.

Deste modo, pressuponho que essas premissas sirvam de base condutora para começar as discussões, que poderão nortear os caminhos que permitirão a resolução dos nossos graves problemas educacionais. Assim, vamos discutir um pouco sobre os possíveis culpados do atual estado da educação brasileira, tentando estabelecer critérios e prioridades para a construção coletiva do projeto de Educação que o país necessita.

O GOVERNO

O Governo, como todos sabem, é responsável por estabelecer as leis que tratam da Educação Nacional. Todavia, o governo muda a cada 4 anos e cada novo governo que assume propõe uma “nova educação”, porque a que está vigendo não presta e assim, novo projeto educacional se implanta. Desta maneira, nenhum projeto de educação tem continuidade e nunca é possível saber definitivamente se ele é bom ou é ruim. Nesse momento eu já coloco minha primeira premissa sobre a questão: “qualquer projeto de educação tem que ser completado e testado para poder ser realmente avaliado”.

Como estamos sempre começando e terminando, ainda no início da implantação do projeto, nunca sabemos se esse projeto é bom ou ruim. Ou melhor, podemos até imaginar, mas não podemos afirmar enquanto o ciclo não se completar e um ciclo educacional completo, leva de 16 a 20 anos. Quer dizer, não dá para ficar mudando de projeto por qualquer picuinha ou por puro interesse político de 4 em 4 anos, como se faz aqui no Brasil.

É preciso que se defina um modelo educacional e se desenvolva um projeto que seja aplicado integralmente. Isto é, não é possível que a cada 4 anos, surja um novo governo e um novo projeto educacional. Não conseguimos continuidade de nada, porque todo governo novo, simplesmente, acha que o projeto do governo anterior estava totalmente errado e muda tudo. Desta maneira, estamos sempre começando um novo projeto e nunca caminhamos para frente.

No que tange a educação, é preciso que o Governo faça uma análise mais criteriosa das coisas, antes de simplesmente descartar o que é do outro governo, porque em qualquer projeto educacional sempre deverá existir algo útil e interessante. Somente uma análise fria, sem paixões e interesses políticos, pode separar o joio do trigo e construir uma base educacional sólida e satisfatória aos interesses nacionais. Obviamente, esta análise tem que ser democrática, com a participação de todos os interessados na questão.

A COMUNIDADE

Infelizmente, a Comunidade é sempre a mesma e segue sempre alheia e apática aos interesses nacionais. Não se vê a comunidade se manifestar sobre as questões, principalmente as questões referentes à Educação. Parece que a comunidade não entende, não quer entender ou é levada propositalmente a não entender, aquilo que consiste na minha segunda premissa básica: “a educação é a questão social mais importante que existe para todos os seres humanos de uma nação”. Obviamente, se a educação não funcionar de modo correto, todas as demais questões sociais também não funcionarão de forma devida, porque a educação está na base de todo o sistema organizacional social do ser humano.

Quer dizer a educação tem que ser a prioridade e a comunidade tem que estar na vanguarda da defesa dos interesses educacionais. Contudo, aqui no Brasil, a educação, que historicamente não é prioridade dos Governos, também não é prioridade para a população. Ou seja, a própria sociedade ainda não vê a educação como um interesse prioritário. Infelizmente, a escala de valores e de necessidades sociais manifestadas pelas nossas comunidades ainda é bastante falha.

Talvez, essa inoperância da Comunidade em defender os seus interesses primários seja o maior problema do Brasil. Essa situação tem que urgência de mudar para o bem de toda nação brasileira. No que tange à Educação, que, como já foi dito deveria ser a prioridade nacional, essa questão é mais que urgente e necessita ser observada por todos. É preciso que as comunidades se posicionem de maneira mais objetiva e contundente na defesa de seus interesses primários.

O PROFESSOR

O Professor, na sua tarefa de ensinar, é o agente social responsabilizado por desempenhar e desenvolver a educação para a comunidade em atendimento aos projeto (sistema) proposto pelo governo. O Professor não é responsável pelo Projeto Educacional e embora seja considerado o principal culpado pela péssima situação da educação nacional, que fique claro que o professor nem participa diretamente da elaboração do projeto.

Entretanto, tristemente, a maioria dos professores, a exemplo da comunidade, também não questionam e nem se manifestam sobre o projeto que está sendo obrigado a seguir, eles apenas recebem o “pacote” e tem que despachá-lo. Deste modo, a coisa quase sempre limitada e insatisfatória aos seus interesses.  A partir disso, apresento agora, a minha terceira premissa: “o professor precisa estar diretamente envolvido em qualquer projeto educacional, para que esse projeto possa ter pleno êxito operacional”.

Isto é, projeto educacional não é uma questão de governo, nem de Partido Político, o projeto educacional é uma questão de estado e o profissional fundamental para auxiliar o estado na conformação do projeto educacional é o professor, haja vista que é ele quem vai trabalhar direta e efetivamente o projeto. O Professor, preocupado e envolvido com a Educação, sabe ou deveria saber desse fato e não deveria estar se atendo e defendendo valores menores em sala de aula.

A prioridade brasileira tem que ser a Educação, principalmente, a Educação que deverá ocorrer nas salas de aulas das escolas. Qualquer outra coisa, por mais importante que possa parecer, certamente vem depois e tem menos relevância no processo educacional como um todo. Na escola, professores e alunos devem falar e discutir a respeito de tudo, mas não pode e nem deve tomar partido sobre nada. Tem que existir neutralidade na educação. O professor precisa estar atento para o fato de que o objetivo educacional é formar pessoas e não desenvolver fantoches.

Por sua condição, o Professor assume uma posição estratégica e preponderante no estabelecimento do projeto educacional. Por isso mesmo, ele necessita estar bem-preparado para atuar na sua função e deve ser sempre orientado em melhorar suas competências e habilidades para agir em prol da melhoria da educação do país, deixando seus interesses pessoais de lado. Talvez, seja difícil, mas isso é fundamental e precisa ser trabalhado. Além disso, também é importante que os professores sejam estimulados em suas atividades, através de uma infraestrutura mínima compatível com as suas necessidades e de salários dignos que lhes permitam investir nas suas formações e sobreviver de maneira equilibrada.

Afinal, os professores são os sujeitos mais importantes no desenvolvimento do processo educacional, porque são eles que estão na linha de frente com os alunos. Por outro lado, sempre é bom lembrar que os professores são os formadores de todos as outras profissões e devem, pelo menos, ter suas necessidades básicas satisfeitas. Valorizar os professores e o trabalho que eles desenvolvem tem que ser uma tarefa fundamental e obrigatória dos governos que querem melhorar a educação.

A INSTITUIÇÃO ESCOLA

A Escola como instituição, costuma ser entendida apenas como o local onde a educação formal se manifesta. Ou seja, é somente um prédio físico onde a educação acontece. A instituição escola precisa passar a ser entendida, não como um prédio, mas, como o conjunto de elementos humanos (comunidade escolar) que atuam diretamente e indiretamente naquele prédio e que fazem parte da educação. Isso me traz a quarta premissa: “a comunidade escolar é parte integrante, interessada e fundamental para o desenvolvimento do projeto educacional e devem ser considerados e respeitados os seus limites regionais geográficos e culturais na conformação final do projeto”.

A escola é o lugar certo e mais discutir as questões educacionais e o Professor não pode se omitir dessa discussão, haja vista que ele deveria ser o mais preocupado com o destino da Educação Nacional. Nós, professores, temos um compromisso maior com a formação de nossos alunos e com a atividade que escolhemos, quando assumimos o magistério como profissão. A educação sempre será muito mais do que o queremos individualmente e precisamos estar atentos a isso, para não cometer injustiças com nossos alunos e principalmente, com a comunidade local e com a sociedade.

Um país das dimensões do Brasil não pode desconsiderar as diferentes regiões, os ambientes e os costumes regionais, no momento de pensar e fazer um projeto educacional e entender o conceito de escola. Nossa diversidade social, ambiental, cultural e mesmo econômica não deveria permitir que ficássemos amarrados a uma legislação única, no que se refere à Educação. Aliás, ao contrário, deveríamos tentar estabelecer alguns critérios regionais, a fim de que fossem respeitadas as condições regionais mais gerais, inclusive, os próprios interesses de determinadas comunidades específicas. Não se trata aqui de preferir ou preterir, mas sim, de respeitar e incluir.

O ALUNO

O Aluno deveria ser o maior interessado na educação, haja vista que ele é o agente que sofre os efeitos diretos do processo educacional, ou seja, a educação é feita para ele. Por sua condição fundamental, o aluno deve ser o sujeito mais empenhado em que as coisas aconteçam da forma mais coerente possível e ele também deveria fazer parte da construção do projeto. Entretanto, o aluno geralmente não está muito interessado, já recebe o pacote pronto e não participa da construção.

Ou seja, tristemente, na atualidade, os alunos estão progressivamente menos envolvidos e interessados com as questões educacionais, haja vista que existem inúmeras outras coisas mais chamativas e que acabem parecendo mais interessantes que a educação e que, drasticamente, são muito promovidas pela mídia em geral. Isso me leva a quinta premissa: “enquanto a mídia continuar sendo incentivada por todos a desestimular a escola como instituição fundamental para a sociedade, o aluno será cada vez menos interessado na sua própria educação”.

É urgente que o aluno volte a entender que a escola é fundamental na sua formação como indivíduo e que sem a escola ele não poderá normalmente progredir como ser humano. A educação é a única ferramenta que habilita ao crescimento humano e por isso mesmo, a escola tem de ser uma prioridade social na vida do aluno. Todos os indivíduos de qualquer comunidade e da sociedade como um todo devem atuar no trabalho precípuo de fazer o aluno entender essa realidade.

O governo deveria fazer mais ativamente a sua parte, tentando conter os desmandos e os excessos da mídia, que acabam por agir contra o principal interesse nacional, que é educar o povo brasileiro, em especial os jovens. Não se trata aqui de se propor qualquer tipo de censura, mas de tentar minimizar certos momentos e condições, de exigir a verdade da informação e de coibir atividades que incentivem a ações claramente anti-educacionais que só prejudicam o desenvolvimento humano e o país.

Se os governos quiserem agir, certamente, por óbvio, eles sempre serão capazes de desenvolver mecanismos que permitirão que a mídia possa ser contida nos seus atos, sem qualquer ação de censura.  O que precisa ser garantido é que o aluno não poderá continuar sendo capacho dos interesses midiáticos e a educação, como função social prioritária, também não poderá continuar sendo prejudicada por causa desses interesses menores.

Por mais que possam existir alunos que realmente não estejam interessados na escola e na educação, por óbvio, também sempre existem alunos que vislumbram a educação como forma de crescimento e esses não podem ser prejudicados nos seus objetivos e funções por conta dos desinteressados. Por conta disso, dentro das escolas, os alunos, quaisquer que sejam, devem ser tratados de maneira igual e a prioridade é a educação de todos. Não pode, de maneira alguma, existir distinção entre alunos.

OS PAIS E RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS

Os pais ou responsáveis pelos alunos necessitam entender suas missões como curadores dos alunos e isso tristemente não costuma ocorrer, porque, na maioria das vezes, os pais e responsáveis costumam estar alheios à educação de seus dependentes e assim, não se envolvem na questão educacional deles. E aí, vem a minha sexta premissa: “se a família não se importar e não se envolver na formação educacional de seus dependentes, a educação sempre será falha no país”.

 É preciso colocar os pais e responsáveis como agentes diretos de observação da inclusão dos seus dependentes na questão educacional. As leis devem ser mais rigorosas nessa questão, porque, quando a família perde seus dependentes para a mídia, começa a acontecer o fim do processo educacional, porque tudo sai do controle. Aliás, sai do controle na escola e na família. Ou seja, o responsável também perde o controle sobre o seu tutelado, fato que tem se ampliado bastante na sociedade.

A família e a parte mais fundamental da comunidade escolar em que o aluno está inserido e ela precisa estar sempre incentivando e motivando esse aluno a fazer bom uso da escola, ainda que possam existir outros interesses agindo na direção contrário, a família tem que atuar em prol da escola. A família precisa entender que a mídia não tem compromisso com seus expectadores, mas os pais e responsáveis têm total compromisso com seus filhos. A responsabilidade é um atributo natural e legal dos tutores em relação aos seus tutelados e isso precisa ser cobrado das famílias.

A SOCIEDADE BRASILEIRA

A Sociedade Brasileira carece de agir como uma sociedade de fato, porque não questiona, não discute e não participa das questões a ela relacionadas. A Educação é apenas uma dessas questões, que a Sociedade infelizmente costuma deixar de lado e prefere deixar a responsabilidade nas cargas do governo. Esta é uma verdade dura e triste, mas é a única verdade e dela eu manifesto a minha sétima premissa: “enquanto a sociedade continuar não se importando e deixando as coisas acontecerem sem assumir a sua devida responsabilidade, haja vista que vivemos num país democrático, dificilmente as coisas mudarão e, particularmente, no que se refere a educação, as melhoras estarão cada vez mais difíceis e distantes”.

Senhores leitores, nossa sociedade é omissa e por conta disso chegamos ao atual estado de coisas. A educação virou terra de ninguém e a sociedade vê, ouve e não fala absolutamente nada. Parece que está tudo normal, quando um jovem aos 15 anos sai do Ensino Fundamental Analfabeto, passa pelo ensino Médio da mesma maneira e ingressa na Faculdade sem nenhuma condição de discernimento entre o certo e o errado. Alguém dirá, mas “isso sempre aconteceu”. Talvez seja verdade, mas hoje, isso acontece de maneira extremamente frequente. Como é que o Brasil poderá crescer com a incremento de pessoas analfabetas ou semialfabetizadas?

Nos meus quase 50 anos de magistério, só vi a situação piorar e agora ele está mais que crítica. Não acredite em mim e nem nas inúmeras pesquisas feitas pelos mais diversos setores do jornalismo nacional sério, que ainda existe. Assim, faça você mesmo a sua pesquisa. Basta sair pelas ruas fazendo qualquer pergunta aos jovens. Faça a pergunta mais idiota possível e você entenderá o que eu estou dizendo. É triste, mas a maioria dos jovens não tem conhecimento absolutamente nenhum sobre nada e a sociedade brasileira não se manifesta sobre isso. Quando muito, a sociedade ri do que acontece e esquece que ela está rindo dela mesma, porque esses jovens também fazem parte da sociedade e mais, serão o futuro do país.

Senhores, vamos encarar a coisa com a devida seriedade e vamos cobrar posturas mais enérgicas de todos os setores, em particular do governo (em todas as esferas), sobre as posturas e atividades educacionais, pois, do contrário, estaremos fadados a virar uma sub-raça, porque só temos andado para trás e o que é ruim tem ficado pior mais rapidamente do que se poderia esperar. A culpa dessa continuidade absurda e lamentável é da nossa sociedade inoperante e dos políticos irresponsáveis que elegemos e não cobramos as suas ações. É preciso colocar essa questão em pauta urgentemente, porque já estamos muito atrasados. Se a sociedade não se manifestar nada continuará acontecendo e o fim será terrível. Volto a lembrar que “a educação é a base de tudo” e temos que mudar essa situação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Então Senhores leitores, enquanto não nos posicionarmos seriamente sobre essas questões que acabo de levantar, independentemente de qualquer proposta política de quem quer que seja, dificilmente melhoraremos a educação no país e certamente não deixaremos a rabeira da educação no cenário internacional. Temos que trabalhar coletivamente para criar e fazer a educação que o Brasil necessita e que os brasileiros merecem.

A educação brasileira é uma obra a ser construída por muitas cabeças e mãos. A educação não pode ser ação isolada de qualquer governo ou de qualquer pretenso “gênio” da educação. O projeto educacional que dará certo será aquele que tiver participação e envolvimento de todos da comunidade escolar e que for testado efetivamente em todo o ciclo educacional. Somente desse jeito teremos condições reais de olhar e caminhar para o futuro e competir de maneira semelhante com qualquer nação do planeta.

Além disso, as escolas devem ser abertas às comunidades e devem funcionar como grandes centros culturais locais As escolas devem procurar associar as comunidades interna e externa, possibilitando o estabelecimento de interesses integrados e comuns a todos e promovendo eventos culturais que transcendam os limites mínimos estabelecidos pela legislação, obviamente sem comprometer a qualidade educacional.  Ao sair da escola, o aluno deverá ter orgulho de ter estudado naquela instituição de ensino e deverá ser um divulgador das boas práticas educacionais nela desenvolvidas.

Senhores, meu sonho é realmente imenso, mas não ele é nenhuma utopia, pois meus pés ainda continuam no chão. Tenho absoluta certeza de que isso tudo é possível e acredito que o Brasil pode mudar a sua história futura, se quiser. Para que isso aconteça, o país deve investir seriamente na educação de seu povo, mormente de seus jovens, para que eles não se percam pelo caminho. Entretanto, também estou convicto de que isso depende muito da vontade maior da sociedade e da participação efetiva de todos.

Para terminar, quero dizer que, da mesma maneira que não existe aluno sem escola e que não existe educação sem professor, é preciso termos ciência de que também não existe democracia sem participação popular. Se a Sociedade brasileira realmente quer uma educação séria e de qualidade, esta sociedade tem que trabalhar com afinco e exigir que esta educação aconteça. Nós não podemos mais continuar culpando apenas os professores e esperando pela “boa vontade” dos políticos e administradores.

Luiz Eduardo Corrêa Lima (68) é Biólogo, Professor, Pesquisador, Escritor e Ambientalista.