Tag: Proteção Ambiental

18 fev 2015

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Resumo: Desta vez está sendo apresentado um texto recente que acabo de escrever, no qual procuro chamara atenção para uma questão cada mais esquecida e que precisa estar presente no pensamento coletivo do povo brasileiro. Trata-se da Biodiversidade do Brasil, a maior da Terra, e lamentavelmente esquecida pelas autoridades e em consequência disso, quase totalmente desconhecida da população brasileira. É preciso que se estabeleçam mecanismos que permitam informar melhor sobre essa questão e a grande mídia precisa se fazer presente nesse momento, para colocar os brasileiros cientes daquilo que possuem de mais relevante que a Biodiversidade existente no território nacional.


 

Biodiversidade Brasileira: uma ilustre desconhecida da população

Aqui no Brasil, lamentavelmente, as pessoas que militam profissionalmente nas áreas relacionadas com a biodiversidade parecem ser as únicas que são capazes de saber sobre a importância desse aspecto para o país. Não só porque as demais pessoas não sabem que o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, mas principalmente, porque mesmo aquelas que conhecem esse insigne fato, não compreendem o que isso pode representar. Aliás, mesmo os administradores públicos e os políticos do país, salvo raríssimas exceções, também não fazem a mínima ideia do venha a ser biodiversidade e nem a responsabilidade que o Brasil deveria ter em relação a esse aspecto, haja vista que cerca de 20% das espécies vivas do planeta estão aqui localizadas.

Quer dizer, as pessoas não são culpadas por não darem importância àquilo que elas se quer imaginam que possa existir e ser importante. Por isso mesmo, a maioria dos cidadãos brasileiros não está nem aí para a preservação dos Grandes Biomas ou dos inúmeros Ecossistemas degradados por conta da ação antrópica indevida e inescrupulosa. A visão geral da população infelizmente ainda é a seguinte: se a riqueza em alguma parte do Brasil vamos busca-la e transformá-la o mais rapidamente em dinheiro.

Pois então, foi essa visão que dizimou as populações do Jacarandá da Bahia, do Pinheiro do Paraná, do Palmito Juçara do Sudeste e que levou à míngua e quase extinguiu inúmeras espécies de animais utilizadas na alimentação ou temidas por conta de crendices absurdas como algumas espécies de aranhas, cobras, sapos e outros infelizes animais. O uso e a degradação das populações dessas espécies de organismos vivos foi feito sem nenhum critério, apenas para satisfazer o interesse de alguns seres humanos.

Vejam bem que eu só falei de organismos grandes facilmente visíveis e identificáveis. Entretanto, quem é capaz de dizer quantas espécies de pequenos organismos que já desapareceram, sem que a Ciência pudesse conhece-los, porque muitos deles, se quer foram vistos alguma vez por qualquer pessoa. É bom lembrar que a grande maioria dos organismos vivos é pequena e pouco conspícua. Pois então, por essas e outras é que a biodiversidade brasileira é desconhecida e naufraga cada vez mais por conta dessa falta de conhecimento que as pessoas têm a seu respeito.

Ao contrário do que se poderia pensar, essa situação está longe de melhorar e só tem piorado, porque os mais jovens (talvez não por culpa deles, mas por conta da situação imperante), acabam sendo os menos interessados em conhecer o patrimônio natural brasileiro, o qual é progressivamente sempre menos conhecido, tanto pela raridade maior dos diferentes indivíduos, quanto pela falta cada vez maior de informação sobre eles. Em suma, se observa menos, se conhece menos, se estuda menos, se identifica menos e por fim se importa cada vez menos com a realidade natural brasileira.

A biodiversidade do Brasil, que deveria ser enfatizada como a maior riqueza que o país possui, acaba sendo mais um apêndice burocrático aos entraves dos interesses econômicos de empresas que se utilizam de recursos naturais, mormente empresas mineradoras e agrícolas. As mineradoras na retiradas constante de recursos naturais não renováveis e na degradação ambiental desenfreada e as agrícolas na degradação de terras para aumentar as monoculturas, envenenado solos e plantando essências geneticamente modificadas, que além de ocuparem o espaço, são protegidas quimicamente para ficar livres de “pragas” (os outros organismos que poderiam habitar também a área).

Por outro lado, a legislação brasileira tem no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), uma lei (Lei 9985/2000) que tenta cumprir o previsto no Artigo 225 da Constituição Federal (1988) e ampliar as áreas de preservação, a fim de garantir a manutenção da biodiversidade do país. É bom lembrar que segundo a própria Constituição Federal, preservar áreas significativas dos diferentes biomas brasileiros é uma obrigação do governo e de todos os cidadãos desse país. Entretanto, esse mesmo governo atua na contra mão da constituição, quando deixa de assinar o acordo internacional da biodiversidade, como aconteceu no ano passado, e a população em geral nem ficou sabendo desse fato, porque infelizmente a “grande mídia”, aqui no Brasil, não divulga aquilo que o governo não quer que seja divulgado. Assim, a população segue sem saber o que acontece e o governo continua fazendo o que não deve nessa questão.

É preciso que se estabeleça rapidamente alguma maneira de informar a população do país sobre o verdadeiro significado e a grande responsabilidade que o Brasil tem, sendo o país de maior biodiversidade planetária, a fim de que seja possível exigir que o governo brasileiro cumpra os compromissos estabelecidos e respeite a legislação, principalmente não permitindo a utilização de áreas de preservação permanente para interesses de segmentos sociais específicos, mormente os ruralistas e os grandes mineradores.

Além disso, também é necessário que se divulgue o que já foi destruído da Biodiversidade brasileira e o quanto ainda existe desse patrimônio natural. Infelizmente, quando se fala de biodiversidade, a maioria das pessoas só relaciona o termo com a Amazônia, que é apenas parte do problema. Essa grande falação sobre o desmatamento da Amazônia, além de não resolver nada, porque até aqui o desmatamento só aumentou, também só tem servido para esconder o que está acontecendo nos outros biomas do país. A Mata Atlântica, quase desapareceu, o Cerrado está à míngua, a Caatinga praticamente inexiste, a Vegetação Litorânea (Manguezal e Restinga) sumiu com a especulação imobiliária no litoral brasileiro, o Pantanal está virando um grande areal. Enfim, a situação dos grandes Biomas brasileiros é muito grave na maior parte de suas respectivas áreas.

Mas, o pior de tudo é o que acontece com os microrganismos e com a fauna que habitam os diferentes biomas brasileiros, haja vista que esses tipos de organismos são os mais dependentes dos ambientes naturais e onde se degrada o ambiente natural eles tendem a desaparecer. Assim, a lista de espécies animais ameaçadas de extinção também só tem aumentado. A degradação da biodiversidade que se observa no macro nível, obviamente é significativamente maior no micro nível e produz um grande empobrecimento na biodiversidade das espécies que ocupam os diferentes biomas, principalmente das espécies de microrganismos do solo e de animais invertebrados, que constituem a grande maioria das espécies vivas.

A falta dos microrganismos torna solos pobres e incapazes de reter água e nutrientes. A falta dos pequenos animais invertebrados também empobrece solos e inclusive inviabiliza a polinização de algumas plantas, o que também atua no impedimento da regeneração natural dos próprios biomas. Quer dizer, a degradação ambiental também prejudica sensivelmente a possibilidade da própria recuperação dos ecossistemas naturais.

Enfim, é fundamental que se divulgue a biodiversidade brasileira aos habitantes do Brasil para que seja possível entender que essa é a maior riqueza do país e que o exercício de cidadania se faz necessário na defesa desse patrimônio brasileiro. O povo brasileiro precisa saber mais sobre os recursos naturais que o Brasil possui e precisa estar ciente de que proteger esses recursos é uma obrigação comum a todos os brasileiros.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

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